Shipper: Severus Snape e Personagem Original

Gênero: Romance/drama/aventura

Censura: + 16

Aviso: A fic é um pouco lenta e densa no início, espero que não desistam porque depois ela engrena. É minha primeira fic, porém está completa, ou seja, só vou postando. Espero que gostem.

Declaro que a maioria dos personagens envolvidos e o universo-potter não são meus, só peguei emprestado.

Resumo: A história é sobre uma aluna que está com problemas, e o único que pode ajudar é o mestre de poções. Ao precisar dele e consequentemente se envolver, ela acaba se apaixonando por Snape, que permanece irredutível. Pré-Harry Potter.

Na metafísica do amor ¹.

Prólogo

Ano de 1984. Mais um ano letivo inicia-se na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts no dia primeiro de setembro. É com uma forte tempestade acompanhada de ventos uivantes que são dadas as boas-vindas aos antigos e novos estudantes bruxos, que sempre são realizadas com a Cerimônia de Seleção acompanhada de um glorioso banquete, no Salão Principal.

Tudo era muito novo para os primeiranistas, aquelas criaturinhas assustadas, mas algo lhes chamava a atenção: o Chapéu Seletor. Uma velha bruxa de aparência austera, que lhes parecia ser uma professora, organizava-os em fila; logo após foram convidados a sentarem-se em uma rústica banqueta e a colocarem o estranho chapéu, que a pouco havia cantado, afinadamente, sobre cada casa.

- Ludwing Schiller.

- Lufa-Lufa. – disse o chapéu.

Aplausos.

- John William Keats.

- Sonserina.

E assim seguiu-se a seleção dos alunos para suas casas, que eram: Corvinal, Grifinória, Lufa-lufa e Sonserina.

- Sulis Scathach².

- Sonserina. – anunciou o chapéu feliz em cumprir sua função de chapéu-seletor.

E mais aplausos! Terminou a seleção daqueles novatos que já se viam em companhia de seus veteranos, em suas mesas de suas respectivas casas. Todos eles começaram uma nova fase em suas vidas, e todos se sentiram ou ansiosos, acanhados, ou até mesmo felizes, mas este não foi o caso de Sulis Scathach, aluna que tomaremos conhecimento a seu respeito devido à sua suma importância para a presente história.

Aos onze anos, superfluamente, poder-se-ia dizer o quão mediana Sulis era. Bruxa de sangue puro, não era exatamente rica, mas muito bem de vida, não era nem feia e nem possuidora de beleza extraordinária. Já fazia idéia de como seria a escola em si, pois seus pais estudaram lá e tinham alguns registros de Hogwarts, como fotos e quadros. Ora, é de nosso conhecimento que Sulis não sentiu nenhum sentimento supracitado, como seus colegas, nenhum tipo de emoção quanto a sua nova vida, pois nem imaginava o quão fabuloso seu destino era, e que ali, em Hogwarts, estava a chave para tal destino. Podemos dizer que o máximo que sentiu foi curiosidade quanto às pessoas a sua volta.

Como já sabemos, é aparentemente uma garota mediana, mas ninguém a conhecia realmente como era. Nunca fizeram uma análise de seu caráter ou interioridade, como será de nosso conhecimento, mas deixaremos essas análises de sua essência ao decorrer desta história.

1- A origem da palavra Metafísica vem do grego Meta= além e Physis= física. Utilizo-me da palavra no sentido de transcendência de um amor físico, e ir para a essência do próprio.

2- Origem do nome Sulis Scathach: são duas deusas da mitologia celta. Sulis deusa de profecia, inspiração, sabedoria e morte. Scathach seu nome traduzia-se como A Sombra, Aquela que semeia o medo. Deusa do submundo, Scathach era a deusa da escuridão, aspecto destruidor da Senhora. Mulher guerreira e profetisa que viveu em Albion, na Escócia, e que ensinava artes marciais para os guerreiros que tinham coragem suficiente para treinar com ela, pois era tida como dura e impiedosa. (fonte: ./deuses&magia_celta=as_deusas_)

Capítulo um:

Sete anos se passaram da vida Sulis dentro daquelas paredes do castelo de Hogwarts; ora passaram-se rápidos demais, ora lentos. E como, em certos momentos, ela sentira-se feliz em estar no sétimo ano e em pouco tempo deixaria de freqüentá-lo, já em outros se sentia um pouco tristonha em deixá-lo. Sete anos era muito tempo ou pouco tempo? Tempo³. Afinal, o que é o tempo? O passado, o presente ou o futuro? Ora, se é o passado, já não existe mais, pois já se passou, se é o futuro ainda nem existe, não poderia ser, então era o presente o tempo? Mas sendo o presente, sem virar pretérito, como poderia existir se o presente consiste em deixar de existir? Aliás, quanto tempo tem o tempo? E por aí se seguia os devaneios de Sulis, sempre pensando em coisas tão cotidianas para todos, mas essas eram as grandes questões da vida, o que realmente importavam.

Após o café da manhã, Sulis verifica sua rotina escolar para os setimanistas da sonserina; e às 08h45min desce rumo aos perímetros da Cabana do Guarda-Caça para a primeira aula do ano: Trato das Criaturas Mágicas, juntamente com seus colegas. Sim, colegas, Sulis nunca cultivara alguma amizade e nem fazia questão de ter alguma, embora sempre fora gentil trivialmente para com todos que se dirigiam a ela. Preferia voltar-se sobre si mesma, e ali permanecer.

A manhã seguiu-se bem, afinal ninguém morreu com as criaturas que Hagrid lhes apresentou: Explosivins. Eram de aparência horrível, mas pelo simples fato de serem animais, Sulis via alguma beleza ou tinha amabilidade para com eles. Óbvio que não era o tipo de beleza que manda os rigores estéticos, ou como admirava sua gata Miúcha, mas uma beleza que só existia naquela estranha mente da nossa sonserina.

-Sulis, acorda! Estou falando com você.

-Hãn, oi! Que você falou Martin? – disse friamente por interromperem seus pensamentos.

- Viajando outra vez Sulis? Perguntei o que você está achando dessa aula, por que está uma porcaria, isso sim, esses bichos estão prestes a nos machucar.

-Ah... Acho que poderiam ser úteis, poderíamos colocá-los para explodirem na sala comunal da grifinória, quem sabe? De qualquer maneira, são legais e... Pelo visto acabou a aula. – disse Sulis consultando seu relógio ao ver alguns alunos rumarem ao castelo.

- É uma idéia extremamente interessante, porém não vejo como colocá-los lá sem me machucar. – acompanhou um Martin extremamente pensativo e com um leve sorriso em seu rosto.

Martin era seu colega de casa. Tirava boas notas e por isso, considerado inteligente. Era na maior parte do tempo irritante. Tinha cabelos castanhos claros que acompanhavam a cor de seus olhos. Era de uma beleza admirada pelas meninas de Hogwarts, e como ele sabia muito bem disso! Sulis não era exceção, também o achava bonito, mas de uma maneira bem sem graça, explano aqui, nunca tivera segundas intenções com ele, assim como o interesse dele pela pessoa dela era pela simples especulação ou travamento de idéias com uma pessoa tão "de outro mundo", como ele às vezes costumava referir-se a ela, e é claro, para também ter o maior número de amigos, que era seu objetivo: a popularidade.

Para Sulis não passava de um medíocre. Sua aparente inteligência se resumia em decorar a matéria para prova. E salvas exceções, ele raciocinava. Sulis não simplesmente raciocinava, ela pensava. Era um ser pensante, algo raro, principalmente para uma jovem de 16 anos.

Em certos momentos, Sulis demonstrava à Martin seu desprezo por ele, e o ridicularizava. Entretanto, como ela sempre se utilizava apenas de ironias e sarcasmos para fazer tais críticas, provavelmente ele nunca teve uma real compreensão de suas palavras. Se, por acaso, compreendia suas palavras, sabia muito bem fingir que não entendia.

Ora, Sulis está com 16 anos e ainda não descrevemos nossa personagem principal. Já havíamos dito que não havia nenhuma beleza extraordinária em sua aparência. Porém agora ela estava com seus 16 anos quase 17. E continuava sem essa beleza extraordinária. Não usava maquiagem, exceção às festas. Não era gorda, mas não era magricela, pois como gostava de comer! Adorava chocolate, e queijo também, assim como a cerveja amanteigada. E é justamente por que gostava de comer (e com calma para apreciá-la, pois "comer é uma arte") que quase se atrasou para a terceira aula do dia, também dupla, assim como a aula de Hagrid, que era Poções.

Dirigiu-se para as masmorras correndo, pois sabia como era seu professor e diretor de casa, sabia que se atrasasse perderia pontos ou até mesmo poderia pegar uma

detenção. Com sorte, chegou na hora.

- ...e estejam cientes que este ano não os tolerarei como sempre. Os deveres de casa que eu pedir no decorrer do ano, não aceitarei após a data que eu estipularei. Não aceitarei retardatários em minhas aulas... – dizia Snape, em um tom tão calmo, como quando está, um segundo antes de dar seu bote, uma serpente.

"Como se algum dia tivesse nos tolerado...". E assim começou suas observações em relação ao seu mestre.

Esse era o tipo de homem que Sulis adorava analisar: irônico, sarcástico, enigmático, extremamente inteligente. Ela sabia que era extraordinário em oclumencia. Ah! Como ela gostaria de aprender a arte da oclumencia... Mas isso era um caso a ser pensado muito pra frente, em um futuro não tão próximo.

E ao longo de sete anos nossa protagonista vem analisando-o e não chega a um resultado satisfatório. Sabe de cor e salteado de seu humor: sempre gélido. Sabe que, assim como ela, ele se utiliza das ferramentas ironia e sarcasmo. Mas ela gostaria de saber mais além desses dados: queria saber seu âmago. Ela não sabe quem ele é, mas sabe quem ele não é. E isso já é um passo a frente de todas as outras pessoas que já tiveram curiosidade sobre este negro ser.

- Senhorita, Senhorita Scathach! – Sulis se deparou com olhos tão negros quanto os seus encarando-a, de uma forma realmente zangada. – Mas que tipo de autista ou lunática você é? Menos cinco pontos por não prestar atenção na aula.

- Mas mestre Sna...

- Será que a senhorita já não tirou pontos suficientes da Sonserina? – falou um Snape com um tom tão manso e baixo, que Sulis teve uma seqüência de arrepios gélidos, pois sabia que aquele tom de voz, bela voz explano aqui, era um tom realmente ameaçador e perigoso.

Ruborizada, decidiu-se calar. Ora, era só ele repetir a pergunta que provavelmente ela saberia responder. Ou não. Era melhor se concentrar no mestre, hoje especialmente irritado.

- ...e acho que não preciso desenhar para que suas inidôneas mentes possam entender o que eu quero. Em todo caso, está na lousa o dever para a próxima aula. E agora comecem a fazer a Poção Murtisco, que também está na lousa.

"Poção pra Confundir... propriedades, ingredientes... efeitos... 40 cm de pergaminho... para o dia 30 de setembro...".

E assim passaram-se os dias em Hogwarts até chegar a primeira visita em Hogsmade, no dia 28 de setembro. Sulis já adiantara seus deveres e trabalhos, por isso resolveu, sem cogitar, ir ao vilarejo. Como sempre, vagou só pelas ruas, entrando em uma loja aqui e outra ali, até que entrou no Cabeça de Javali. Gostava do bar, pois, por mais que freqüentavam pessoas estranhas naquele lugar, sem contar a sujeira, não tinha nenhum aluno para pertubá-la. Sulis era uma criatura só, como um lobo da estepe4, e tudo que queria naquele momento eram a sua amada solidão e um copo de cerveja amanteigada.

Pensou na figura negra que habitava o castelo (aliás, não tinha caído em si como ela pensava constantemente nele) tão distante do mundo, assim como ela. Mas ele tinha classe ao ser alheio à sua volta. E nem tão velho era, se tivesse era no máximo uns trinta e cinco anos, e já chegou num ponto de sua vida que não suportava mais as pessoas à sua volta. E ela nem trinta anos tinha e já estava assim? Mas ainda assim, ela fazia esforços por não rir das ações humanas, mas sim compreende-las5.

Já era umas 18 horas, horário de voltar à Hogwarts. Saiu do bar, já estava muito escuro, principalmente porque o dia estivera nublado. Começou a caminhar em direção ao centro da vila para se encontrar com o restante dos alunos, ia se atrasar, fato!

Como o bar se localizava nos perímetros afastados do vilarejo, havia um atalho por uma mata atrás do bar, que chegaria bem mais rápido ao local onde combinaram os alunos.

- Lumus.

Escuridão. Medo.

Agora Sulis se encontrava, sabe-se lá como, em frente ao Castelo. E como correra para chegar até o local. Estava abalada, em estado de choque, e como faria pra entrar no castelo?

Viu a Professora MacGongall vir em sua direção, ofegando, não, bufando pelas suas finas narinas de raiva.

- Espero que tenha alguma explicação plausível por não ter voltado com o restante dos alunos. Estava voltando agora mesmo para Hogmeade para lhe procurar, senhorita Scathach. É simplesmente um absurdo...

Sulis já nem ouvia mais o que sua professora de transfiguração lhe falava. Notou que sua saia estava rasgada. E havia lama em suas pontas. Precisava escrever, anotar o que lhe acontecera há pouco.

Minerva retirou 30 pontos de sua casa, após uma esfarrapada explicação que perdeu a hora por que o dia ficou escuro desde manhã. O diretor de sua casa iria ficar furioso quando soubesse de onde foram retirados 30 pontos da casa.

Correu em direção à sala comunal sonserina. Após informar a senha "serpente sangrenta" entrou sem olhar para os presentes na sala, rumou seu quarto. Pegou um pergaminho e enfiou em sua mochila, precisava registrar aquilo. Voltou à sala comunal para sentar-se em uma mesa e escrever confortavelmente. Sentou no local mais isolado para não ser incomodada, se bem que os sonserinos tivessem bom senso o bastante para saber quando uma pessoa deseja a solidão. E no caso de Sulis, todos já sabiam que odiava ser interrompida quando estivesse fazendo algum dever ou escrevendo alguma carta.

Pegou a pena e o pergaminho e, para que ninguém fosse perguntar o que estava a fazer, pegou também o trabalho de Snape, para fingir algum término. Pegou sua pena. Escreveu. Guardou seus pergaminhos e foi dormir.

3- essa noção de tempo pensada pela Sulis é na realidade uma tese do filósofo Santo Agostinho, encontrada no livro Confissões.

4- Referência a obra O Lobo da Estepe, de Hermann Hesse.

5- "Tenho-me esforçado por não rir das ações humanas, por não deplorá-las nem odiá-las, mas por compreendê-las." Frase do filósofo Baruch de Espinosa.