Disclamier: Naruto pertence à Masashi Kishimoto.
Revisado em: 08/09/2014
Don't Stay
Sakura andava pelas ruas de Konoha. Tinha agora 25 anos e exibia um lindo sorriso, olhos incrivelmente expressivos e cabelos que lhe atingiam a metade das costas presos em uma trança frouxa, além de um corpo esguio e belo apesar das cicatrizes que evidenciavam sua condição shinobi. Fazia tempo que não entrava em um campo de batalha, contudo os treinos garantiam que, se fosse necessário, daria conta do recado. No momento, entretanto, não queria pensar nisso. Queria somente aproveitar a paz que aquele lugar emanava. Sentia saudades daquela sensação.
Há quanto tempo não o via? Foi impossível não pensar em Sasuke quando passou pelo campo de treinamento do extinto time 7. Aos 12 anos era apaixonada por ele. Amor de criança. Agora mais velha via o quanto dava importância para algo sem futuro. Ele queria vingar-se. Ela precisava crescer. Eram incompatíveis demais. Nem mesmo se lembrava do porquê de amá-lo tanto. Ele era forte, bonito, esforçado. O que mais? Não se lembrava de mais nada que justificasse a obsessão que sentia por ele.
Sometimes I
Ás vezes eu,
Need to remember just to breathe
Preciso lembrar como se respirar
Sometimes I
Ás vezes eu,
Need you to stay away from me
Preciso que você fique longe de mim
Sometimes I'm
Às vezes eu,
In disbelief I didn't know
Fico tão descrente que nem sei
Somehow I
De alguma maneira eu,
Need you to GO
Preciso que você vá
Antes de partir, ele lhe agradeceu. Mas na verdade, era ela quem devia dizer-lhe obrigado. Se não fosse por ele, ela não seria quem era hoje. Precisou ser abandonada para abrir os olhos. A vida é estranha. Mas ela aprendeu o que todos já sabiam. Só se sai de um buraco por cima.
Treinou muito. Aperfeiçoou-se. Ultrapassou seus limites e as expectativas de todos. Superou seus mestres. Fez o considerado impossível para ela só com o objetivo de resgatá-lo. Ele era sua vida.
Como pode ser tão cega? Como pode esquecer-se de si mesma por ele? Não tinha amor próprio. O que hoje já não era sua realidade. Poucas coisas eram mais importantes para ela do que ela. No entanto, por esses, daria sua vida se fosse preciso.
Sometimes I
Às vezes eu,
Feel like I trusted you too well
Acho que confiei demais em você
Sometimes I
Às vezes eu,
Just feel like screaming at myself
Sinto como se estivesse gritando comigo mesmo
Sometimes I'm
Às vezes eu,
In disbelief I didn't know
Não creio eu não sabia
Somehow I
De alguma maneira eu,
Need to be alone
Preciso ficar sozinho
- Sakura? – O chamado a fez voltar-se e se surpreender com o dono da voz.
- Sasuke? Não sabia que já tinha retornado. – Era sincera em suas palavras. O Uchiha percebeu que ela falava suavemente. Mal parecia uma kunoichi com tanta delicadeza nos movimentos.
- Pedi para Naruto abafar o máximo possível o caso. Pelo menos isso ele fez direito. – A menção do melhor amigo a fez sorrir verdadeiramente. Ele percebeu que nisso ela não tinha mudado. Continuava com o sorriso mais belo que ele já vira.
- Ele mudou muito. Acho que parte da "culpa" é da Hinata.
- Se for, eles deviam ter começado a namorar na época do time 7.
- Resolveria muitos dos nossos problemas, não? – A jovem ria alto enquanto perdia-se em diversas lembranças. Algumas da época em que eram um time e que o loiro era atrapalhado e desligado. Outras do trabalho que teve para ajudá-lo a notar a herdeira Hyuuga. Por fim o amadurecimento do mesmo e a dedicação dele para com a esposa.
- Pois é. – Sasuke a analisava durante o silêncio que se instalou. O tempo fizera muito bem à jovem. Ele não negaria.
- Ficou bonita.
A jovem abriu um singelo e magnífico sorriso.
- Obrigada. Acho até que sei o motivo.
- Diga-me. – Ele tentava a todo custo manter um diálogo. Não estava acostumado ao silêncio por parte dela. Queria ouvir a voz dela, saber o que fizera durante todos esses anos e, principalmente, se ainda possuía uma chance.
- O Sr. Uchiha curioso? Tá aí uma coisa que nunca imaginei.
- Só me diga. Ok? – Queria ouvi-la falar sobre ela não responder perguntas. Essa garota continuava a mesma distraída de sempre. Ou fazia de propósito para enervá-lo? Uma dúvida que não chegaria a encontrar a resposta, visto que jamais pronunciaria a pergunta.
- Tá bem. Se você quer mesmo saber... – Após o silêncio vindo por parte dele, ela resolveu revelar a novidade. - Estou no terceiro mês de gravidez.
O choque não poderia ser maior. Ele simplesmente ficou quieto, observando-a, sem saber o que responder. Deveria parabeniza-la quando não queria realmente fazê-lo? Questionar quem seria o pai?
Don't stay
Não fique
Forget our memories
Esqueça nossas recordações
Forget our possibilities
Esqueça nossas possibilidades
What you were changing me into
No que você estava me transformando
Just give me myself back and
Apenas faça-me voltar ser o que eu fui e
Don't stay
Não fique
Forget our memories
Esqueça nossas recordações
Forget our possibilities
Esqueça nossas possibilidades
Take all your faithlessness with you
Leve toda sua fidelidade consigo
Just give me myself back and
Apenas faça-me voltar ser o que eu fui e
Don't stay
Não fique
- Sakura! Posso saber por que você ainda não foi me ver? – Com o grito de Temari, o casal voltou à realidade. Sasuke não teve que descobrir que reação expressar perante a novidade que não lhe agradava.
- Desculpe Temari. Eu já estava indo. Verdade. – A rosada estava constrangida por ainda não ter visitado a amiga e seu ressentimento era genuíno.
- Só vou te perdoar porque vejo que estava ocupada. Como vai Uchiha? – A loira finalmente percebia a presença do moreno e o cumprimentava.
- Bem. – A empolgação do rapaz voltou a ser a mesma de quando era gennin. A surpresa em saber que a Haruno estava grávida e não era dele ainda o transtornava.
A loira, agora utilizando o sobrenome Nara, era grande amiga de Sakura. Ambas conversavam sobre tudo. Confiavam uma na outra e, quando estavam tristes, sempre se procuravam. Quem não gostava dessa amizade era Ino, já que seu posto de melhor amiga estava sendo ameaçado. Se bem que as loiras também eram inseparáveis.
- Diga a verdade Temari. Por que você vai me perdoar?
- Porque se eu brigar sério com você, a Hanako e a Miyuki também não vão me visitar. – A mais velha respondia à pergunta de Sakura.
- Isso não é verdade.
- Sem você elas não saem de Suna.
- Como? – As duas riam enquanto conversavam. Sasuke, que já não entendia nada, ficou muito perdido ao escutar os nomes que desconhecia e de descobrir que eles possuíam alguma ligação com a rosada. Também se perguntava o que Sakura poderia fazer em Suna.
- Mamãe... – Um grito infantil foi ouvido chamando a atenção de todos. Ambas as mulheres sorriram ao avistar quem se aproximava. Sasuke, por sua vez, ficava ainda mais intrigado. Não bastava os nomes desconhecidos e o fato de ninguém lhe explicar nada, agora havia esse chamado ainda mais intrigante.
I don't need you anymore
Eu não preciso mais de você
I don't want to be ignored
Eu não quero ser ignorado
I don't need one more 3ay
Eu não preciso de mais um dia sequer
Of you wasting me away
Ser consumido por você
With no apologies
Sem desculpas
Três crianças vinham correndo em direção ao grupo. Lentamente atrás delas vinham o Kazekage e o maior estrategista de Konoha. Sakura sabia que estaria encrencada.
- Não devia estar aqui. – Gaara chegava e, sem nem mesmo cumprimentar os presentes, já repreendia alguém.
- Eu sei. – A rosada, após concordar com o ruivo, se abaixou e abraçou as três crianças ao mesmo tempo. Adorava cada um dos três. Seu coração abrigava a filha recém nascida de Ino e Sai, o filho de cinco anos de Neji e Tenten, os dois filhos de Naruto e Hinata e o filho de quatro anos de Shikamaru e Temari que nesse exato momento beijava-lhe a barriga.
- Como está hoje priminho? – O pequeno Kingo, apesar de lembrar a mãe em muitos aspectos, era gentil e cuidadoso quando se tratava do futuro bebê da Haruno. Sasuke observava a cena com curiosidade. Não conhecia nenhuma das três crianças, porém analisava atentamente cada movimento de cada um dos presentes.
- Vai ser menina! – Uma das duas meninas que acompanhavam o grupo recém chegado disse convicta de sua resposta. Se não fossem os cabelos vermelhos, o Uchiha poderia jurar que era um pequeno clone de sua antiga colega de equipe. Fato que lhe apertou o coração.
- Para brincar com a gente. – Completou a outra garota, idêntica a primeira.
- Não. Vai ser menino. E vai treinar comigo. – Kingo discutia com as garotas como se fossem irmãos.
- Menina! – Porém, nenhuma das duas desistia facilmente.
- Menino!
- MENINA!
- Hanako, Miyuki, comportem-se meninas! Temari é bom providenciar um irmãozinho para o Kingo. – Sakura aconselhava a amiga ao perceber o desejo do garoto.
- Não diga uma coisa dessas Sakura. Imagina se puxa a mãe de novo. Eu vou enlouquecer. – O Nara estava apavorado perante a possibilidade. Mesmo sabendo que mais um filho de sua problemática só o faria feliz, por mais que não admitisse.
- Shikamaru! – A loira emanava uma aura assassina.
- Isso é, se eu viver até lá. Kazekage, Sakura, Uchiha. Com licença. - O mais preguiçoso dos shinobi desapareceu na frente deles.
- Shikamaru. Volta aqui. Vamos Kingo. Temos de encontrar seu pai.
- Tá bem mamãe. Até depois tia Sakura. – O pequeno se despedia para seguir sua mãe, mas não sem antes mostrar a língua para as gêmeas alegando que o bebê seria um menino, atitude que irritou as duas.
- Até mais Sakura. Gaara, vê se a deixa sair mais de casa. – A senhora Nara se despediu do irmão e da amiga e partiu em sua busca.
A ninja dos ventos passou a procurar seu marido. Se dependesse dela, se tornaria viúva. Porém havia aprendido a se controlar e sabia exatamente o que fazer. Shikamaru não queria ter mais filhos? Pois bem; ótima hora para contar que em breve teriam mais um bebê. Mal sabia a loira que o castigo viraria motivo de festa.
- Você precisa descansar. – Após a partida da irmã, Gaara voltou ao ponto inicial da conversa: fazer Sakura descansar.
- Sou médica Gaara. Sei cuidar de mim. – A intimidade com a qual se tratavam comprovava as suspeitas do moreno que, agora, era totalmente ignorado.
- Mas, mamãe. – A gêmea de nome Hanako voltava a falar.
- E nossa irmãzinha? – Miyuki sempre completava as frases da irmã.
- Ela está bem, meninas. – Sakura sorria ternamente para as filhas. Amava aquelas crianças mais que tudo. Gaara, olhando o diálogo das mulheres de sua vida, como gostava de dizer quando estava sozinho com a esposa, sorria.
A família rumava ao hotel no qual estavam hospedados. As gêmeas de três anos riam de maneira alta e extrovertida. Era impossível não se apaixonar por elas. De repente, a kunoichi parou e se virou para observar o último Uchiha vivo, que ficava para trás sendo, mais uma vez, ignorado.
- Obrigada. – A kunoichi que há anos fora abandonada por ele em um banco durante uma noite fria simplesmente agradecia.
- Pelo quê? – Mais uma vez naquele dia ficava confuso.
- Por ter me deixado. Se não fosse você, hoje eu não seria tão feliz. Obrigada por tudo. Vamos querido? – Após tudo esclarecido, ela chamou o marido e, de mãos dadas, eles partiram.
- Mamãe, papai...
- Venham logo... – Novamente, uma menina começava e a outra concluía. Sasuke já não saberia dizer qual era qual.
Ele a observava ir embora. O marido ao lado era o Kazekage de Suna. Duas filhas lindas e felizes. Um bebê no ventre. Sorrindo como nunca. Linda como nunca. E tudo graças a ele que a ajudou a se tornar realmente forte. Agora ela partia. Livre. Enquanto ele precisava aprender tudo o que a ensinou.
Música: Don't Stay do Linkin Park
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