Disclaimer: Lost e seus respectivos personagens não me pertencem. Esta fanfiction não possui fins lucrativos.
Categoria: Romance/ Sobrenatural
Censura: Smut
Shipper: Sana
Spoilers: Sexta Temporada
Sinopse: Desmond afirmou que Ana-Lucia ainda não estava pronta para deixar o purgatório, Sawyer decide que ele também não. Uma nova chance para Sana.
Especialmente para minha fieis leitoras, outra que eu achei no baú. Essa foi uma história que eu escrevi em 2010 logo depois de assistir ao final de Lost. Presente de natal para vocês, meninas.
I got you, baby!
Capítulo 1
Familiaridades
Prisioneiros fugitivos. Isso era tudo o que o detetive James Ford precisava naquela noite. Prisioneiros que ele não se lembrava de ter autorizado a transferência, mas que o sargento que autorizara insistira que fizera porque recebera um papel com a assinatura dele.
Ora, já não bastava seu parceiro Miles Straume ter praticamente o intimado a ir a um maldito concerto beneficente no museu onde ele veria novamente a linda ruiva Charlotte Lewis que o odiava, ele ainda tinha esse maldito abacaxi para descascar?
James queria saber quem tinha falsificado sua assinatura e por que o interesse em ajudar aqueles prisioneiros a escapar. Da garota sardenta ele esperava de tudo. Pelo que lera nos arquivos de Kate Austen, ela poderia fazer absolutamente qualquer coisa para fugir, mas os outros dois, ele duvidava muito. O árabe que ele prendera no restaurante, Sayid Jarrah, parecia mergulhado profundamente em seu mundo particular. O sujeito não dissera uma palavra desde que fora preso, sequer se declarou culpado ou inocente. O terceiro sujeito Desmond Hume era o mais estranho de todos os três. Ele veio à delegacia pela manhã dizer que tinha atropelado um homem aleijado covardemente e que queria se entregar. Depois daquilo, James pensou o que mais faltava lhe acontecer?
A resposta estava bem ali diante dele, no momento em que ele se preparava para deixar a delegacia. Um agente chegou lhe informando que os três prisioneiros em questão tinham fugido durante sua transferência. O policial havia acabado de receber a notícia pelo rádio. James respirou fundo e checou seu relógio, faltavam exatamente quinze minutos para as seis da tarde e o concerto começaria às oito.
- Tá legal!- ele resmungou e foi buscar a chave do carro. Tinha pelo menos uma hora para encontrar os fugitivos antes de ir se preparar para o tal concerto. Tudo isso antes que o chefe do departamento viesse atrás dele tirar satisfação sobre como os prisioneiros fugiram.
Ele já estava ligando o carro quando Miles telefonou para ele. Resmungando, James atendeu o telefone:
- O quê?
- E aí? Já está em casa? Eu quero que você venha ao meu apartamento pra gente ir junto.Tenho outra garota pra apresentar pra você! Não se atrase.
- Eu já não te falei que é pra parar de dar uma de cupido pra cima de mim, Straume? Ainda mais depois que não deu certo com a Charlotte.
- Estarei te aguardando lá!- disse Miles ignorando o comentário dele e desligando o telefone.
James jogou o celular de lado. Foi sorte de seu parceiro ter saído mais cedo do trabalho naquela sexta-feira. Ele, como sempre tinha o costume de trabalhar até mais tarde, por isso qualquer problema depois do expediente sobrava para ele resolver.
Girando o volante e deixando o estacionamento da polícia, James pensou, "o que não tem remédio, remediado está."
- Vamos pegar os caras maus!- ele disse consigo mesmo. – E a moça malvada também!
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Vinte e cinco mil dólares. A policial Ana-Lucia Cortez mal podia acreditar que estava com todo aquele dinheiro escondido no banco de trás do carro. Talvez aquela tivesse sido a pior coisa que já fizera em toda a sua vida. Mas era o único jeito. Mesmo que isso significasse entrar oficialmente para o mundo da corrupção na polícia. Mas tudo tinha um preço e afinal ela já não havia debandado para o lado errado das coisas há muito tempo?
Ela suspirou e continuou dirigindo. Tentava não pensar naquele ricaço que a contratara para que libertasse aqueles prisioneiros. Mesmo tendo prometido a si mesma que não investigaria nada e que era melhor não ficar sabendo o que eles tinham feito, Ana-Lucia não resistiu ao impulso de vasculhar nos arquivos da polícia tudo o que podia sobre eles.
Acabou descobrindo que Katherine Austen, a única mulher entre os fugitivos era procurada por dois homícidios. Sayid Jarrah era um ex-torturador da Guarda Republicana do Iraque que estava sendo acusado de chacinar quatro homens em um restaurante e o próprio homem que a contratara, Desmond Hume, se entregara na delegacia afirmando ser o responsável por atropelar um professor paralítico em uma escola de ensino médio. E ainda assim ela aceitou o maldito dinheiro. Por que fizera isso?
A resposta estava clara em sua mente. Para realizar o maior sonho de sua vida. Um sonho que se transformara em obsessão. Se sua mãe soubesse o que ela estava planejando provavelmente a chamaria de louca, mas Ana não se importava com isso. Tanto que fora capaz de fazer aquela coisa hedionda de aceitar o dinheiro. Mas agora o que estava feito, estava feito. Ela não pretendia voltar atrás. Por isso calou os protestos de sua própria mente e seguiu em frente, dirigindo o mais rápido que podia para sua casa, precisava esconder aquele dinheiro antes de retornar à delegacia.
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James avistou a placa do carro de polícia que transportara os prisioneiros mais cedo. "Estou com sorte."- ele pensou. Depois de vinte minutos dirigindo pelos arredores do local aonde os prisioneiros tinham debandado, ele encontrara a viatura. Passou a segui-la até que esta dobrou em uma esquina. O detetive estava achando muito estranho que apesar da fuga dos prisioneiros ter sido reportada, a viatura ainda não tinha retornado para a delegacia e o policial responsável também não tinha chamado por reforços.
A primeira coisa que ele faria assim que conseguisse fazer com que o policial que dirigia a viatura parasse, seria questionar o que diabos o sujeito estava pensando quando levou os prisioneiros da delegacia? Nenhuma transferência foi assinada, pelo menos não com a assinatura dele. Pelo menos, a assinatura que o sargento lhe mostrara confirmando que os presos deveriam ser transferidos e que constava como sendo dele era falsa. Perfeita, mas falsa e James descobriria quem tinha sido o desgraçado que ousara aplicar um golpe contra a polícia usando-o daquela maneira.
Ele queria muito saber para onde aquela viatura estava indo e esperava descobrir isso logo. De repente, a viatura parou em um sinal vermelho. Ele ficou lado a lado com o carro.,James não perdeu a oportunidade e buzinou bem alto.
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Ana-Lucia ouviu a buzina e sentiu um nó na boca do estômago. Era só uma buzina pelo amor de Deus. Não deveria se sentir tão nervosa. Ninguém sabia o que ela havia feito. Ela tinha sido discreta. O detetive, o qual Ana falsificara a assinatura para conseguir tirar os prisioneiros da delegacia estava fora em alguma missão e não voltaria a tempo de saber para onde o carro tinha ido. Ela só precisava esconder o dinheiro e se livrar da viatura depois.
O som da buzina insistiu e Ana resolveu abrir o vidro para ver do que se tratava. Talvez ele quisesse apenas avisar que uma de suas portas estava aberta ou also assim. Porém, quando ela viu o motorista do carro que buzinava sentiu algo estranho dentro de si. Um sentimento de familiaridade inexplicável combinado a um sentimento de hostilidade em relação àquele homem que olhava para ela com uma expressão zangada nos olhos.
- Policial, pare no acostamento por favor!- disse ele mostrando a ela seu distintivo. Faltavam poucos segundos para o sinal abrir.
O sentimento de hostilidade dentro de Ana-Lucia aumentou e ela não se deu ao trabalho de olhar mais uma vez para o homem quando disse: - Vai se danar!
O sinal verde abriu e ela arrancou com o carro.
- Son of a bitch!- James exclamou e seguiu atrás dela em alta velocidade.
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Aquela policial era mesmo louca, James pensou enquanto perseguia a viatura que ela dirigia. Quando falou com ela no momento em que o sinal estava fechado, ele esperava que ela o cumprimentasse de volta e tentasse pelo menos fingir que não tinha nada a ver com as suspeitas dele sobre ter retirado os prisioneiros da delegacia sem autorização, mas ao invés disso a garota fugiu.
Perseguir uma policial como um louco pelas ruas de Los Angeles não era o tipo de programa que James estava esperando para uma sexta-feira à noite, mas estava acontecendo e ele precisava resolver aquele assunto antes de ir para o concerto. Miles o mataria por chegar atrasado, mas James não tinha escolha.
Cansado de correr atrás da garota que perseguia, James optou por jogar sujo e bateu propositadamente no carro dela, quebrando a parte traseira da viatura e arruinando a frente de seu próprio carro. Foi o único jeito de fazê-la parar. Ele cobraria as despesas do conserto de seu carro com o capitão depois. Naquele momento era muito mais importante descobrir do que aquela garota estava fugindo e se tinha mesmo algo haver com a fuga dos prisioneiros.
Quando ele desceu do carro, caminhou calmamente até o carro dela que tinha batido de frente contra um muro. Algumas pessoas vieram correndo ver o acidente. Por um momento James ficou preocupado se ela teria se machucado, mas logo sua preocupação se dissipou quando ele a viu descer do carro depressa, batendo a porta contra ele e correr para longe.
"Ei, eu tô passando aqui!-" Aquelas palavras vieram na mente dele, acrescidas de uma estranha visão de si mesmo, passando ao lado de um carro e tendo uma porta batendo contra o seu corpo. Aquela visão foi tão forte que ele quase perdeu a garota de vista, mas James logo voltou a si e foi atrás dela.
As pessoas ficaram olhando a batida dos carros e comentando, mas ele não perdeu tempo com elas, perseguiu a policial a pé. Ela correu. Trazia algo nas mãos. Um envelope. James correu o mais depressa que suas pernas podiam agüentar, mas ela era muito rápida. Foi o jeito ele sacar sua arma.
Ana-Lucia parou de correr quando ouviu o som de uma pistola sendo engatilhada atrás de si. Ela também tinha sua própria arma presa ao coldre, mas não teria tempo de retirá-la e se voltar contra o homem que a perseguia. Por isso, ela largou o envelope no chão com seu precioso dinheiro dentro e ergueu as mãos para cima.
- Isso mesmo!- disse James quando a viu render-se. – Nada de gracinhas, moça. Agora acabou!
- E se eu sair correndo agora mesmo?- Ana-Lucia o provocou, sentindo uma vontade inexplicável de fazer isso.
- Então eu vou ter ainda mais certeza de que é culpada de alguma coisa e eu não teria problemas em usar a minha arma para detê-la.
- Por que acha que sou culpada?- Ana perguntou sem se voltar para ele.
- Porque você é uma policial e saiu correndo de mim quando te abordei no sinal vermelho. Por que correu?
Ana não respondeu.
- Sabe quem eu sou?- James indagou diante do silêncio dela.
- Detetive James Ford.- Ana respondeu retirando os óculos escuros.
James sentiu o coração batendo mais forte, mas não entendeu a própria reação. Limitou-se a sorrir charmosamente para ela.
- Se sabe meu nome, então sabe que está muito encrencada agora. Não faz ideia!.- ele caminhou para mais perto dela, ela manteve as mãos para o alto.
Ana-Lucia sentiu uma onda de ansiedade involuntária na boca do estômago quando ele sorriu.
- Eu não sabia o seu nome. Li no seu distintivo.
- Por acaso a senhorita sabe quem falsificou a minha assinatura em um documento oficial autorizando três prisineiros a serem transferidos da delegacia?- questionou ele, ainda apontando sua arma para ela. - Prisioneiros esses que estavam sendo transportados nesta viatura antes de escaparem.
Ela engoliu em seco, mas não respondeu, embora sentisse que a palavra "culpada" agora deveria estar tatuada em sua testa.
Ana ouviu o barulho das algemas e sentiu o metal frio contra seus pulsos e não acreditou no que estava acontecendo. Ele estava logo atrás dela e sussurrou em seu ouvido, fazendo com que os pelos de sua nuca se eriçassem:
- Hoje não é o seu dia de sorte, chica. Estou prendendo-a por suspeita de ajudar três prisioneiros perigosos a escapar da prisão.
- Não pode prender assim sem mais nem menos, detetive!- disse Ana-Lucia. – Se acha que eu sou culpada de alguma coisa, poderemos ligar para a Capitã da minha lotação e ver o que ela acha.
- Tarde demais.- disse James. – Você não deveria ter fugido! – O que tem no envelope?
- Itens pessoais.- Ana respondeu.
- Isso é o que vamos ver!- rosnou ele pegando o envelope do chão.
Ana teve que agüentar passiva quando ele a levou consigo e chamou um táxi. Que espécie de detetive era aquele que levava seus prisioneiros para passear de táxi?
- Para onde o senhor está me levando?- Ana-Lucia perguntou quando se deu conta de que aquele não era o caminho da delegacia.
O detetive não respondeu e Ana quis socá-lo. James percebeu que ela estava muito irritada e sussurrou pra ela:
- Escute, eu tenho um compromisso muito importante hoje à noite e não posso me atrasar e ainda preciso te interrogar, portanto você vem comigo pra minha casa.
- Pra sua casa? Como assim?- ela retrucou.
O homem que dirigia o táxi fingia não escutar nada do que eles estavam dizendo, dirigia tranquilamente, olhos focados na avenida a sua frente. Olhos negros com um leve traço escuro debaixo deles, que era natural mas que fazia com que parecesse que o homem usava maquiagem. Ele sorriu, olhando de relance pelo espelho retrovisor para o detetive e a policial que ainda discutiam.
- O senhor não pode me levar pra sua casa! Por que não me coloca em uma cela e me interroga amanhã?
- Porque amanhã a señorita vai contactar sua Capitã e arrumar um jeito de evitar ser interrogada por mim e eu preciso descobrir se você está envolvida na fuga dos prisioneiros ou não.
- Que prisioneiros?- indagou Ana-Lucia ainda.
James riu.
- Ok.- disse. – Parece que você vai me dar trabalho.
Quando o taxista os deixou na entrada do prédio dele, James pagou pela corrida e agradeceu ao taxista:
- Obrigado, Alpert!
- Sem problemas, detetive.- o taxista respondeu.
James deu um jeito de colocar seu braço no da policial enquanto eles caminhavam para dentro do prédio para que ninguém notasse que ela estava algemada. Ela ficou em silêncio durante todo o trajeto até o apartamento dele. James sabia que não estava fazendo a coisa certa. Deveria tê-la levado sim para a delegacia, mas tinha algo sobre aquela moça que ele não conseguia explicar. Sentia que se a levasse para a delegacia nunca mais a veria novamente.
Quando eles entraram no apartamento, James apontou o sofá para ela e disse:
- Mi casa es su casa.
- O senhor é sempre assim tão cínico, detetive Ford? Não me parece uma postura muito profissional.
Ela estava certa e geralmente James deixava seu sarcasmo para as horas de folga, mas não conseguia parar a si mesmo. Sentia vontade de provocá-la.
- Por que ajudou os prisioneiros a fugir?- James indagou.
- Não sei do que está falando.- ela respondeu.
- Ok, me dê um segundo e vamos começar de novo.
Ele virou as costas para ela e pegou o celular. Ana-Lucia começou a estudar o fecho das algemas discretamente. James ligou para Miles que atendeu prontamente.
- Straume.
- Ei, sou eu, Miles.
- Jimmy!- ele exclamou. – Já está se arrumando para o concerto?
- Ainda não, acho que vou chegar mais atrasado do que eu imaginava.
- Por quê?
- Porque houve um acidente com o meu carro. Bati numa viatura. Um acidente muito estúpido.
Enquanto ele falava ao telefone, não percebeu quando Ana-Lucia agarrou um parafuso solto que achou na mesinha de centro da sala de estar dele e começou a usá-lo para abrir as algemas.
- Por isso eu preciso que você me faça um favor. Preciso que mande alguém do departamento pra esse endereço...
Ana-Lucia conseguiu retirar as algemas. James continuava falando:
- Sim, pra pegar o meu carro porque...
Ele não percebeu quando ela se aproximou por trás e o pegou de jeito. James já estava no chão quando a policial mostrou-lhe o punho, preparada para socá-lo em cheio no rosto.
Continua...
