Presente de aniversário mega-atrasado para Rajani Devi Lakishimi (Anya-san).

Tal Vez

Talvez

Tal vez sera que esa historia ya tiene final

(Talvez será que essa história já tem final)

No se porque hoy te siente tan distante de mí

(Não sei porque hoje te sinto tão distante de mim)

Que a pesar que lo intento de nuevo

(Que apesar de que o tento de novo)

Tal vez llegue tarde, ya no hay nada que hacer

(Talvez chegue tarde, já não há nada que fazer)

Y no puedo creer que el tiempo que hemos temido

(E não posso achar que o tempo que temos temido)

Tal vez se nos gastó

(Talvez nos gastou)

Ela se lembrava, tão claro como a água do rio que corria na floresta perto de sua vila, o dia que vira-o pela primeira. Parecera-lhe... Inalcansável. E agora confirmava-se que o era. E por isso estava ali.

Tal vez fui yo que no te dio una noche entera

(Talvez fui eu que não te dei uma noite inteira)

Tal vez nunca te he dado lo que tú esperabas

(Talvez nunca te dei o que você esperava)

Y no estaba cuando me necesitabas

(E não estava quando precisava de mim)

Tal vez no te escuche, tal vez me descuide

(Talvez não te escutei, talvez me descuidei)

Tal vez se me olvido que yo te amaba

(Talvez me esqueci que eu te amava)

Os fios de ouro cascateavam pelas costas, presos numa trança frouxa. Os olhos azul-claro como o de sua terra observavam por entre as árvores, além do que seria seguro. Pudera, estava fascinada. Via Rhiannon à lutar contra os Vikings. Admirava a amiga. Admirava sua força, sua habilidade. Num passado distante, quando pequena, invejara-a e desejava estar em seu lugar, mas com o tempo essa futilidade parou de ser importante.

Viu o rapaz loiro contra o qual Rhiannon começou a lutar, mas então os Vikings encobriram sua visão. Ouvia seus clamores, torcendo pelo líder, mas então, passando o olhar pelo que estava inteiro de sua vila, o avistou.

Tinha o cabelo negro como as profundezas do mundo inferior, trançado à moda do seu povo. Os olhos eram verdes, um verde profundo como o mar de sua terra. A pele pálida como a de qualquer Viking. A espada longa em sua mão, suja de sangue, mas nem mesmo uma gota nele. Alto, majestoso. O porte de um rei.

E parecia vê-la entre as árvores, oculta pelos arbustos e troncos. Sentia seu olhar perfurando-a.

Viu o movimento sutil de sua mão, que a intimava. Tal como se houvesse uma corrente ligando-a a ele, sentiu seus pés se moverem na direção dele, quase como se seu corpo tivesse vontade própria.

Tal vez... Ay, ay, ay, ay

(Talvez... Ai, ai, ai, ai)

- Qual o seu nome? – sua voz perguntou, e era profunda como uma tempestade. Uma tormenta na qual adorou perder-se, sem possibilidade de achar o caminho.

- Aingeal... – ela murmurou com a voz quase completamente inexistente. Ele tinha um cheiro inebriante. Cheiro de proibido.

Ele sorriu de um jeito um tanto sádico estava consciente do efeito que provocara na jovem de no máximo dezessete anos. E sabia que poderia usá-la à seu bel prazer. Bastava ensinar-lhe algumas coisas e seria a espiã perfeita.

Enquanto todos se ocupavam da garota que lutara contra Shaka, cuidou de levá-la para o seu barco sem que a vissem, ocultando-a com a capa. Ela tinha os passos silenciosos e leves e o acompanhou sem dificuldades. Era perfeita para fazer o que queria que fizesse.

Tal vez será que por ahora ya no hay nada que hablar

(Talvez será que por agora já não há nada para falar)

Tal vez esta vez necesitamos tiempo para pensar

(Talvez desta vez precisamos tempo para pensar)

Y yo por mi parte propongo

(E eu de minha parte proponho)

Intertarlo de nuevo, volver a empezar

(Tentar de novo, voltar a começar)

Que por más que lo pienso no encuentro

(Que por mais que penso não encontro)

Uma sola razón para seguir sin tí

(Uma só razão para seguir sem você)

O nome dele era Hades. Vinha lutando há tempos para tirar do irmão as terras que herdara do pai. Tinha a sua parte, mas queria a do irmão também. Mas precisava de alguém que lhe ajudasse.

E ensinara a Aingeal tudo o que precisava saber: sua língua, seus costumes, o que teria de fazer e como fazer.

E ela, ela seguira-o, obedecera-o, cega. O amava, e quando ele lhe acariciava o rosto ou a beijava de leve, sentia que também a amava. Sabia que era casado, mas também que os costumes de seu povo permitiam que tivesse outra mulheres com a qual tivesse filhos e acolhesse em casa, desde que a primeira esposa não sentisse ciúmes o suficiente para matá-las ou pelo menos tentar. E Perséfone parecia pouco se importar. Pelo contrário, ela a tratava como uma irmã.

Mas não pasara de doce ilusão achar que ele a amara.

E por isso estava ali.

Tal vez fui yo que no te dio una noche entera

(Talvez fui eu que não te dei uma noite inteira)

Tal vez nunca te he dado lo que tú esperabas

(Talvez nunca te dei o que você esperava)

Y no estaba cuando me necesitabas

(E não estava quando precisava de mim)

Tal vez no te escuche, tal vez me descuide

(Talvez não te escutei, talvez me descuidei)

Tal vez se me olvido que yo te amaba

(Talvez me esqueci que eu te amava)

- Por que a engana desse jeito, Hades? – estava prestes a abrir a porta para relatar seu progresso como espiã, mas parou quando ouviu a voz de Perséfone.

- Não se meta, Perséfone. Ela me é útil. Quando deixar de ser, mas que não me entregue, irei cuidar de fazê-la deixar de respirar. – ele respondeu no costumeiro tom seco.

Uma risada sarcástica e límpida cortou o ar. Sabia que era de Perséfone. Apenas ela possuía aquela voz límpida, aquele riso que consolava Aingeal quando a saudades da irmã Síl apertava-lhe o peito.

- Cuidado, querido... Pode perdê-la antes do necessário para concluir seus planos.

Tal vez me sorprendió la vida por la espalda

(Talvez me surpreendeu a vida pelas costas)

Y tira y tira y se rompió la cuerda)

Tal vez nunca entendí lo que eras para mí

(Talvez nunca entendi o que era para mim)

Tal vez yo nunca supe a quien amaba

(Talvez eu nunca soube a quem amava)

Então, era isso. Ele nunca a amara. Usara-a apenas para chegar aos seus objetivos imundos. Seu olhar claro ficou escuro, carregado de ódio, angústia e amargura. Mas no fundo de seu peito, ainda sentia o amor que a movera até ali.

Mas não continuaria a ser usada. Basta.

Começou a correr para a floresta, as lágrimas rolando desoladas pelo rosto.

Uma mentira... Uma pérfida mentira contra ela e uma vil traição para com o próprio irmão... E ela ajudara nisso. Sentia-se imunda.

Não percebeu que derrubara um balde com o qual pegavam água de manhã.

E por saber da pérfica mentira e da vil traição, foi para lá.

Y yo por mi parte propongo

(E eu por minha parte proponho)

Intentarlo de nuevo, volver a empezar

(Tentar de novo, voltar a começar)

Que por más que lo pienso no encuentro

(Que por que penso não encontro)

Uma sola razón para seguir sin tí

(Uma só razão para seguir sem você)

E por isso estava lá, a beira do lago gelado. Ainda não congelara, mas em breve o Inverno cuidaria disso. Só quando o Verão chegasse iriam encontrá-la.

Avançou decidida, a água abraçando-lhe convidativamente. O frio não incomodou. Pelo contrário, era um alento ao seu sangue fervente como magma.

Ouviu a voz dele, sempre naquele tom comedido e frio. Olhou para trás, o ódio no olhar. A água já lhe chegava aos seios, e logo se deixaria ir para as profundezas do mundo.

- O que pensa que está fazendo?

- Me livrando de você. De sua pérfida mentira e de sua vil traição ao próprio sangue. – e se deixou submergir. A água aceitou-a como uma igual. Os sentidos ficando entorpecidos, o frio lhe invadindo o peito... Tão aconchegante como o abraço de sua mãe e de sua irmã.

Hades olhava incrédulo para a superfície da água. As poucas ondas que haviam se formado já haviam parado, e não havia qualquer vestígio de Aingeal sumira.

E só lhe restara as lembranças de seu sorriso infantil e do olhar apaixonado... Dos olhos claros e dos cabelos de ouro... E só então percebeu que nem tudo era fingimento.

Perséfone sorriu de um jeito triunfante e escarnecedor, jubilosa de sua dor.

E o deixou abandonado à sua dor. Talvez se não tivesse percebido que a amava tarde demais... Talvez...

Tal vez fui yo que no te dio una noche entera

(Talvez fui eu que não te dei uma noite inteira)

Tal vez nunca te he dado lo que tú esperabas

(Talvez nunca te dei o que esperava)

Y no estaba cuando me necesitabas

(E não estava quando necessitava de mim)

Tal vez no te escuche, tal vez me descuide

(Talvez não te escute, talvez me descuide)

Tal vez se me olvido que yo te amaba, Tal vez

(Talvez eu me esqueci que te amava, talvez)

FIM

Notas:

Aingeal, segundo o tradutor do Pai Google, significa Anjo em Irlandês

Fanfic inspirada descaradamente no romance entre Catelyn e Throst da série A Saga das Pedras Mágicas '-'

Não sei o que deu em mim pra levar Hades lá pro Norte e transformá-lo em Viking, provavelmente os trabalhos, tarefas e provas do colégio me fritaram os miolos...

Para saber mais sobre a jovem descrita lutando leia My Destiny.

Créditos Finais:

Parabéns mega-atrasado, Anya!

Muitas felicidade, anos de vida, saúde e Hades na sua vida! xD

Ficou trágica e dramática, estou numa fase trágica e dramática... u.u

Espero que tenha gostado mesmo assim! *-*

Beijos!

Tenshi Aburame

Música: Tal Vez – Ricky Martin – Álbum Almas del Silencio