Projeto Ficwriters Estações – Inverno. Tema k. viagem em busca do calor
Classificação: Angst
Ship: Severus/Hermione
Sinopse: Tudo é silencioso como o escorrer do sangue na minha pele sem vida.


silêncio
por Bruh M.

Tudo está como o silêncio.

Tudo tem o som do silêncio. Vazio, vazio. Sem cor, nada.

As luzes piscantes fazem sombras nas paredes, e, da sombra nada se vê. Escuro, é branco, amarelo, vermelho, verde. Não vejo cor alguma.

Lugar frio, sujo, há poeira por toda a parte. Acima, embaixo, nos cantos. Velharia destruída, roída do tempo. Nada, não há nada.

Tem alguém aí? Ouço som em algum lugar, sinto o aroma podre de luta, o amargo do sangue, terror dos gritos. Do ódio, da guerra… tem alguém aí?

Silêncio.

Silêncio.

Alguém ouve este silêncio? Meu corpo treme, gelado está. Sinto o frio. O chão é duro e áspero e vermelho, vermelho, vermelho… tem aroma de veneno. Tem paladar amargo, sujo, ardente.

Indistinto.

Tem alguém aí? Vozes… são vozes de ninguém. Ninguém ao longe grita, berra. Todos podem por socorro.

Macabro, negro, doentio. Queima na pele, nas veias encharcadas do veneno.

Não há mais um corpo para protestar. As pernas não se movem, os braços não reagem. É frio, a garganta queima.

Queima, queima.

Arde.

Envenena.

Sufoca.

Não vejo. Não sinto, não ouço nada. Nada.

Tudo é silencioso como o escorrer do sangue na minha pele sem vida.

-x-

São dedos. Quentes, muito quentes. Maciez desliza no ressecado ardido. É uma voz urgente. Mas, ainda assim, uma voz melodiosa, pois parece que canta. Está cantando um profundo encantamento.

Um feitiço. Dois, três.

Sinto-me cansado, sem forças. Doentio. Um ruidoso ar sai dos meus pulmões. Há calor em minhas pernas, sinto o peso de cobertas.

Não há mais frio.

Suor. O calor me trás o suor frio. Tremores, tosse, sangue… e a voz mais uma vez, consigo escutar. A mesma voz. Do feitiço, os dedos. O calor.

E então eu adormeço. Mergulho no nada. Na escuridão conhecida.

O silêncio novamente.

-x-

Quando, em uma manhã fria, o sereno ofuscava o dia e as nuvens lá fora da pequena janela, ele abriu os olhos.

Por muito tempo não se lembrava a última vez de tê-lo feito. Sua garganta clamava por água, um alívio para cessar a sede, ele julgou.

Um movimento, no súbito, tampou-lhe a visão embaçada. Ele distinguiu com dificuldade a confusão castanha e não reagiu ao reconhecimento.

Os olhos castanhos brilharam antes que a voz, um tanto contida, temerária, dissesse palavras sem importância.

O escuro e o frio ou talvez fosse o quente e o confortável. Não importava. Ao menos não agora.

"Bem vindo de volta, Professor Snape" – disse a voz quietamente.

Ele tinha sono. Queria o silêncio.


N/A: só digo que nada coerente pode sair de uma mente sã as 6:00 da manha de uma segunda feira. E que, mesmo que esteja tudo sem sentido, sempre foi algo que quis fazer. Desse jeitinho todo torto mesmo. Estranho né?, é eu sei. Reviews?