Corria apressadamente, sem ao menos observar a paisagem ao seu redor, queria chegar o mais cedo possível em sua casa. Estava ansiosa para voltar a Konoha. Havia quatro anos que estava fora, em uma viagem de treinamento junto com seu pai e primo, ambos também estavam ansiosos para regressar ao lar.

– Vamos fazer uma pausa – disse o mais velho do grupo, Hiashi. Os jovens pararam para recobrar o fôlego, estavam há quase oito horas viajando fazendo poucas pausas de, no máximo, quinze minutos. Precisavam descansar.

– Hai – disseram uníssono.

Passaram a noite naquele lugar, no meio da floresta, revezando para fazer vigia. Hinata mal conseguia dormir, queria rever seus amigos – Kiba, Shino, Akamaru, Tenten e, principalmente, Naruto. Hiashi ansiava ver sua filha mais nova, Hanabi. Neji esperava rever Tenten e, talvez, resolver as coisas com ela – caso a moça ainda estivesse solteira.

Mal amanheceu e os três shinobis já estavam na estrada novamente, ainda faltava seis horas. Mas na velocidade que estavam correndo, provavelmente fariam todo o percurso em três. Trocavam poucas palavras, não eram grandes falantes e cada um estava preso a sua própria expectativa. Então, por fim, chegaram.

Atravessaram os grandes portões de Konoha. Como sentiram falta daquele lugar tão cheio de vida. Passaram todo esse tempo em uma vila afastada aperfeiçoando o estilo Hyuuga, era uma vila quase que fantasma. E o regresso deles vinha acompanhado com a nomeação da nova líder do clã, Hyuuga Hinata.

Ela havia se tornado uma kunoichi poderosa, sua dedicação transformara-a em uma ninja mais forte que Haruno Sakura. Também se tornara uma belíssima jovem, com seus vinte e três anos, com certeza ultrapassara todas as expectativas do pai.

Mais alguns minutos e estavam nos limites do clã Hyuuga. Foram recebidos com um banquete e todos os membros da Souke presentes. Não que estivessem felizes com o regresso, mas estavam para receber o atual e a futura líder do clã, além do gênio Neji.

Após a breve comemoração Hinata resolveu caminhar um pouco pelas ruas de Konoha para ver se algo havia mudado, mas tudo parecia igual, então resolveu ir ao escritório do Hokage para deixá-lo ciente de seu regresso – e do seu pai e primo – e também para resolver tudo o que haviam deixado de lado há quatro anos.

Flash Back /on

– Naruto-kun, por favor, entenda, eu preciso fazer essa viajem – dizia quase que em prantos.

– Hinata, se você for estará tudo acabado entre nós – o garoto parecia não se importar com as lágrimas da namorada.

– Mas é o meu clã, minha família. Preciso ir para me tornar forte. Eu sou a futura líder e eles esperam muito de mim, papai está apostando tudo nessa viagem de treinamento.

– Pois bem, vá. Quando voltar podemos tentar algo, se eu ainda estiver sozinho... – Hinata ficou chocada com a colocação do Uzumaki.

– Não sabia que você era assim Naruto, achei realmente que você me apoiaria. Afinal você mesmo sabe como é se sentir rejeitado. Sabe como é querer ser forte para ser reconhecido, talvez tenha razão, tentaremos algo quando eu voltar. Se eu ainda quiser você – disse enquanto as lágrimas corriam livremente por sua face e saiu correndo. O Uzumaki apenas a observou ir embora com um aperto no coração e profundamente arrependido de suas palavras. De alguma forma sabia que havia perdido a pessoa mais importante de sua vida.

Flash Back /off

Em poucos minutos chegou ao prédio Hokage, afinal essa era a nova função do Naruto. Ele era o Sexto Hokage de Konoha. No caminho encontrou o velho amigo de time Kiba junto com Akamaru que latia animadamente ao ver a garota.

– Hinata-chan! – gritou o rapaz que estava visivelmente eufórico.

– Yo Kiba-kun! Como você está? – sorriu sinceramente, sentiu muita falta do amigo.

– Vou bem e você? Alias, está muito diferente da ultima vez que a vi – analisava a Hyuuga de cima abaixo. Ela não usava mais o habitual casaco. Agora usava apenas uma regata lilás muito colada ao corpo – para facilitar seus movimentos – uma calça preta bem larga e de tecido leve(com elástico nas barras). Seu cabelo estava curto novamente e, por conta do aperfeiçoamento do próprio estilo, carregava consigo uma katana.

– Como futura líder do maior clã de Konoha, fui obrigada a me aperfeiçoar. Afinal, serei a melhor líder que os Hyuuga já tiveram – disse com firmeza – Mas e por aqui, o que mudou?

– Bom, o Sasuke agora é o líder da ANBU e o Naruto está casado com a Sakura – as últimas palavras foram muito dolorosas para Hinata, mas não tanto quanto ela imaginou que seria. Porém lá no fundo ela acreditava que eles voltariam a ficar juntos – Com a sua partida, Sai entrou no nosso time como seu substituto. Ino mudou para Suna e está casada com o Kazekage. Tsunade-sama tornou-se uma das conselheiras do Hokage juntamente com Shizune. E, bem, por ultimo acho que você sabe, Naruto é o novo Hokage.

– Sim, sei sim – disse com a voz tremula – estava indo até o escritório dele pra falar a verdade.

– Você tem certeza de que quer vê-lo Hinata-chan? – ele estava visivelmente preocupado com moça.

– Encontrá-lo vai ser inevitável. Devo me acostumar com a situação. Eu sei que vai ser difícil, mas ambos somos lideres, nos encontraremos em diversas ocasiões – ela sorriu de leve – Agora tenho que ir Kiba-kun. Tenho que voltar o quanto antes para o clã. Até mais.

– Até mais Hinata-chan – seguiram por caminhos opostos.

Logo Hinata estava em frente a uma grande construção vermelha, ficou admirando aquele prédio por alguns minutos, aquele lugar era tão nostálgico, porém ao lembrar o que estava prestes a fazer, hesitou por um momento, mas, por fim, entrou. Passou pela porta de madeira sem muita cerimônia, o rapaz assustou-se com a entrada repentina, mas ao identificar a garota abriu um pequeno sorriso. Ela o fitou longamente, respirou fundo.

– Boa tarde Naruto-san – disse sem mudar a expressão, o sufixo que usou fez Naruto ficar totalmente surpreso, ela nunca foi tão formal assim com ele – Digo, Hokage-sama – forçou um sorriso.

– Boa tarde Hinata – disse um pouco nervoso. Sentiu seu estômago se revirar e o coração acelerar – Por favor, não seja tão formal. Como foi a viajem? – sua vontade era de ter a moça em seus braços. Ela estava tão bela, tão segura e tão distante.

– Satisfatória. Creio que muito melhor que meu pai esperava – mantinha a postura firme.

– Ótimo, quando será sua nomeação? – o rapaz tentava manter a calma.

– Será realizada daqui um mês, até lá estarei disponível para fazer qualquer missão. Agora devo me retirar. Até logo Naruto-san – fez uma breve reverência e logo se virou, quando estava prestes a abrir a porta ouviu o moço dizer.

– 'Kun', p-por f-favor – ficou um pouco envergonhado com o pedido que fizera.

– As coisas mudaram, Hokage-sama, creio que devemos ser mais formais – disse friamente, sem ao menos se virar, mas seus olhos estavam marejados e ela se esforçava ao máximo para não derramar uma lágrima sequer. Estava prestes a sair quando uma figura simplesmente escancarou a porta sem ao menos bater.

– Yoo Dobe – disse num tom divertido o moreno de orbes ônix – aqui está o relatório da minha ultima missão.

– Theme! Eu sou o Hokage, você deveria me respeitar – gritou junto num tom quase natural, apesar de estar tendo um conflito interior, tinha que manter a compostura – Ah, você se lembra da Hinata? – apontou para a moça que permanecia de costas. Sasuke, que estava mais próximo desta, notou de pronto os olhos marejados.

– Sim, lembro-me muito bem dela. Boa tarde Hinata-san – o tom grave de sua voz tomou a atenção da moça, ela o fitou, quase implorando para que ele a tirasse logo dessa situação – Creio que já estava de saída – ela apenas moveu a cabeça e ele continuou lançando uma leve provocação a Naruto – meu relatório já está entregue, então vou acompanha-la – deu uma discreta piscadinha, sem Hinata notar, para o Hokage e ambos saíram da sala.

Andavam em silêncio. Um silêncio muito constrangedor para falar a verdade. Hinata não entendia o porquê de Sasuke ainda estar ali. Ele caminhava ao seu lado, olhando-a de relance algumas vezes, mas não podia fazer nada mais do que isso. Ele adorava olhar para ela, mas não podia fazer diretamente.

– Obrigada – finalmente quebrou o silêncio – acho que eu não seria capaz de virar e encará-lo novamente – não se importou em dizer, afinal Sasuke era o melhor amigo de Naruto e estava totalmente ciente da situação.

– Eu sei. Não se preocupe – ele deu um pequeno e sincero sorriso, o que deixou Hinata estupefata. Jamais vira o Uchiha sorrir daquele jeito antes – estranho, não estamos fazendo o caminho da sua casa – Hinata mudou o percurso e estava indo até o antigo local de treinamento do time oito.

– Não quero ir pra casa – disse num tom triste, quase choroso – não precisa me acompanhar, quero ficar sozinha – Sasuke nada respondeu, mas continuou a acompanha-la.

Sasuke preferiu guardar para si mesmo a resposta que pretendia dar, não queria que ela pensasse algo errado dele; "Mas eu não quero que você fique sozinha". Afastaram-se dos arredores da cidade, Hinata se sentia um pouco incomodada com a presença de Sasuke, mas sabia que um, ou muitos, pedido para que ele se afastasse não surtiria efeito algum e, sinceramente, preferia a presença dele a adentrar o clã e depois ter de explicar o motivo das horas ociosas dentro do quarto.

Adentraram uma pequena, porém densa floresta e ao final desta havia uma clareira. Hinata se sentou em uma árvore e observou o gramado, estava tão baixo e macio que mais parecia um tapete verde de veludo. Havia algumas, poucas, flores do campo ali, o que a fez sorrir. Sasuke parou poucos metros antes de sair da floresta, podia ver Hinata dali, aquele ângulo permitiu que ele admirasse um pouco do pequeno sorriso da garota e também permitiu que visse as primeiras lágrimas rolarem por uma de suas bochechas.

– Hinata... – chamou baixo, não sabia se deveria mesmo fazer isso ou se deveria deixa-la em paz. Mas em resposta a esse questionamento mental seu corpo dera alguns passos para frente, o suficiente para estar ao lado dela.

– Eu não entendo Sasuke-san. Eu fiz tudo por ele. Eu o amei como ninguém amou. Eu o amei muito mais do que Sakura certamente o ama e mesmo assim não foi o suficiente – suspirou alto, as lágrimas corriam livremente por seu rosto e ela nem se importava muito com isso, sabia que seria inútil secá-las a essa altura – S-sabe Sasuke, eu já tenho v-vinte e três ano-os, dev-veria ter sido nom-me-ada líder com vinte e um, mas meu pai insistiu nessa viajem de treinamento, ele confiou mesmo que daria certo. Eu não podia simplesmente deixar minha família... – os soluços e o pranto não permitiram que ela concluísse.

– Hinata, apesar de o meu clã ter sido totalmente dizimado, eu sei bem como são essas responsabilidades. A família vem em primeiro lugar, fomos criados para ela ser a prioridade. Meu pai era líder do clã Uchiha, apesar de eu não ser o progênito, eu também sofria muita pressão por ser um possível substituto. E outra, não venha me dizer que tudo o que você fez não foi o bastante porque foi até demais, apesar de ele ter demorado muito para enxergar. Ele te amou – ele se ajoelhou, ficando no mesmo nível da moça que o encarou por um instante absorvendo tudo que Sasuke dissera – e, se isso vai te confortar, saiba que ele ainda te ama.

– De que adianta ele me amar se está com outra Sasuke-san? – disse entre soluços, antes de conseguir raciocinar sobre sua ação Sasuke envolveu os ombros Hinata com seus braços e, sentando em seus próprios pés, a puxou-a para seu colo em um abraço e a moça que não teve tempo e nem coragem de reagir contornou o troco do rapaz e, com as pequeninas mãos, agarrou com força o fino tecido da camiseta em suas costas; afundou o rosto no peito do rapaz e continuou o choro por alguns longos minutos. Ali se sentia protegida, sentia Sasuke acariciar seus cabelos, mas quando cessou o pranto precisou reunir muita coragem para desfazer o abraço. Não sabia como encará-lo, aquela situação estava estranha demais – Me desculpa por isso – sussurrou sem encará-lo. Sasuke deu um pequeno sorriso e tocou o queixo de Hinata forçando-a a encará-lo.

– Não se preocupe com isso – por fim ele desmanchou o abraço para que a moça não ficasse ainda mais constrangida – você acha que vale a pena voltar a chorar por ele? – Hinata apenas balançou a cabeça negativamente – Não precisa ficar assim pelo que acabou de acontecer. Somos amigos. E eu sei muito bem o que você está sentindo – a moça arqueou a sobrancelha e Sasuke achou melhor trocar de assunto – Está melhor?

– Estou sim – Hinata percebeu que Sasuke estava desconversando, obvio, mas achou melhor deixar para lá. Obviamente ele estava se referindo a Sakura, já que esta e Sasuke namoraram por algum tempo; alias, elas estava bem curiosa para saber o motivo do termino, mas eram tão íntimos assim para que ela pudesse perguntam e outra, o rapaz não estava choramingando em um campo por causa de seu coração partido – Obrigada Sasuke-san – deu um pequeno, porém sincero, sorriso. Então levantaram, chacoalharam suas roupas e decidiram partir. Já estava tarde e ambos ainda tinham muito que fazer.

Conversaram pouco no caminho de volta. Sasuke perguntou a Hinata sobre a sua viajem e ela contou um pouco sobre o treinamento e a mudança de estilo, o uso de katanas que utilizavam para alongar o chakra – o que fazia com que sua defesa absoluta apenas jogasse o inimigo para longe como também o retalhava. As lâminas dessas Katanas eram feitas de um metal especial e eram capazes de reconhecer o chakra do seu portador, eram mais leves e canalizavam bem o chakra. A técnica exigia extrema flexibilidade, pois qualquer movimento em falso poderia arrancar um membro. Hinata foi a única que conseguiu dominar completamente. Apesar de Neji e Hiashi serem muito fortes, também eram duros feito rocha, o que os impossibilitou de dominar tal técnica.

– Foram realmente muito proveitosos esses anos, sei que isso me fez perder o amor da minha vida, mas, de certa forma, sinto que valeu a pena – riu, meio sem vontade. Sasuke ficou alguns minutos em silêncio antes de prosseguir com o diálogo.

– Essa viagem irá te recompensar muito, seu clã irá prosperar e você será uma ótima líder – falou sinceramente – e Hinata, ele não era o amor da sua vida. Se fosse, teria te esperado. Teria contado os dias. Você é linda e jovem. Pode viver outro amor – se Hinata não estivesse próxima o suficiente para saber, não acreditaria que tais palavras foram proferidas por Sasuke. Porém, depois de muito ponderar, concluiu que esse mesmo Sasuke a abraçou e a colocou pra cima também, então talvez não devesse se espantar. Resolveu simplesmente absorver as palavras do jovem que, apesar de românticas, eram claras e sensatas.

Pararam em frente a um grande portão de madeira, extremamente bem trabalhado, muito antigo, mas de uma com a total imponência Hyuuga. Hinata fez uma breve mesura e Sasuke apenas sorriu. Este sorriso fazia a moça se sentir inexplicavelmente estranha.

– Nos vemos em breve – entrou correndo e foi direto para o escritório de seu pai estudar alguns papéis sobre famílias aliadas aos Hyuugas, precisava conhecer todas, afinal seu clã era extremamente influente até mesmo fora do país do fogo.