Prefácio

Fascinante, é essa palavra que eu uso para descrever o Planeta Terra. As pessoas, as mentes, os sentimentos bons e ruins, a paz, o amor, os laços familiares, as aparências. Tudo fascinante. Para quem vê tudo por cima.

Há muito tempo que eu os observo em meu pequeno cubículo sensorial na Lua. Muito tempo, vejam bem, é realmente muito tempo se tratando de seres como nós: Os Observadores.

Todos humanos do Planeta Terra acreditam e ainda criam "provas" de que a Lua é o satélite mais próximo da Terra e que ela gira em torno deles. Em certo aspecto, estão certos, mas os nossos detalhes fazem toda a diferença.

A Lua é o satélite de observação da Terra, que ao longo dos anos estuda e cria verdadeiras teorias, e não as "provas" sobre os humanos e tudo que gira ao seu redor. Temos acesso a tudo, aos pensamentos, emoções, e ações, e por mais que eles tentem ganhar o que chamam de privacidade, eles nunca terão. Só se privacidade incluir entre as pessoas da Terra, porque nós vemos tudo e todos. Funciona como um "espião" e "coletor de dados", e tudo que reunimos vai para o verdadeiro mandante de todo esse processo, o verdadeiro motivo para observarmos um mundo que não é nosso: O Grande Saturno.

O motivo ninguém sabe, ou ninguém nos informa. Se for para o bem ou para o mal, ninguém sabe... A única coisa que sabemos é que temos que os observar.

- Nº2, o chefe quer falar contigo. – Nº4 que estava do cubículo ao lado do meu me chamou enquanto a porta de borracha e plástico se abria.

Assenti com a cabeça. O chefe era na verdade um observador como nós, a diferença é que tinha mais contato com o Grande Saturno, onde se encontrava o verdadeiro motivo disso tudo.

Antes de ir decidi por olhar mais uma vez para ela. Há muito tempo que a sociedade como um todo não me interessa tanto quanto antes, apesar de continuar fascinante, porém ela atraia uma atenção especial para si, como uma nuvem de energia que irradiava ao seu redor, fazendo com que fosse quase impossível não olhá-la. Ela era a fascinação de nome e sobrenome, Isabella Swan.

Desde o dia que fui encarregado de observar o estado de Washington, EUA, e que a vi pela primeira vez com sua nuvem de energia em volta, em Forks, tudo pareceu parar. Como um pause em um filme.

Desde então todos os dias eu tenho a minha dose diária de informações sobre ela. Estudo cada pensamento, cada sentimento, emoção, ação, tudo nela me interessa. Aprendi a entendê-la, a saber, o que queria o porquê dos sentimentos. Eu a compreendia como ninguém mais, mesmo sem nunca "conhecê-la". Ela era diferente dos outros. A maioria da sociedade pensa uma coisa e faz outra, ela não, é genuína e sincera. O que me fez ficar mais fascinado ainda.

Nós, observadores, não dormimos, nós não somos humanos em totalidade. Somos como cópias deles, só que melhorados em vários aspectos. Somos a junção de tudo que é bom... Pelo menos tudo que os humanos acham que é bom. Escrevemos quase todo tempo relatórios sobre eles, só que eu tinha alguém em especial para observar.

Foi com ela que eu aprendi a ser o "homem perfeito". Estudando sua vida, e seus pensamentos, e todas as mulheres do planeta, eu me programei do jeito que elas queriam um cara. Eu me programei como o cara perfeito para Bella Swan.

Foi por causa dela que os EUA pareceu o lugar mais perfeito do planeta, mesmo anteriormente preferindo o Brasil. Por causa dela que inglês se tornou a minha língua preferida, como uma espécie de língua natal, já que tínhamos que saber todas as línguas existentes. Por causa dela que senti sentimentos esquisitos, alguns que queriam ela do meu lado para protegê-la, e aqueles que queriam matar de algum modo aqueles que a machucavam ou a feriam ou estivessem no lugar que eu queria ocupar, que era o caso do namorado dela, Jacob. Que eu sabia que não a merecia.

Por causa dela que pela primeira vez em minha existência eu quis largar o cubículo na Lua só para vê-la de perto, ou tocá-la. Por causa dela que eu deixava até de pensar nos outros, e só ficava vendo, fascinado, seus pensamentos e sentimentos.

Segundo os meus relatórios, os humanos descrevem isso como "paixão" ou "amor", e que também dizem que quem ama, precisa lutar para ficar junto da pessoa, o que não é o meu caso.

É impossível. Eu não posso sair da Lua, o único lugar que eu chamo de lar, eu não posso ir á Terra ao menos que me mandem, e se eu for verão que eu sou diferente... Um observador extraterrestre.

- Nº2, você não me ouviu? – Nº4 insistiu falando em turco que era a língua preferida dele.

- Claro. – Respondi me levantando e a porta se abriu mostrando dezenas de milhares de cubículos cada qual com seu ocupante.

Fui andando até o cubículo mor que era o do chefe que ficava na outra extremidade do saguão. Poderia pegar um "móvel" e chegar lá em dois segundos, mas eu gostava de olhar o que acontecia ao meu redor.

Quase chegando, vi os números 33, 102 e 5 rirem enquanto observavam astronautas "explorando" a superfície da Lua. Eles se divertiam com eles, pois não sabiam que bem ao lado deles existiam milhões de cubículos e milhões de observadores. Ou seja, a tal cobiçada, vida fora da Terra!

Passei por cinco cubículos que juntos monitoravam os pensamentos e ações de comandantes e soldados em guerra. Humanos que tivessem o acesso que nós temos á eles, tentariam colher as informações para 'resistir', ou mesmo roubar idéias, e defender-se, mas nós estávamos mais interessados em ver as diferenças entre o que as pessoas pensam e o que fazem em seguida.

Mais adiante, os números 12 e 13 comprimiam os relatórios e transformavam em energia. Essa "energia" viajava a anos-luz e chegava ao Grande Saturno, onde se transformava em relatórios novamente. Um tipo de tele transporte.

Chegando a sala, a porta prontamente se abriu, e o chefe emergia na frente da grande paisagem do planeta Terra. Na sua frente estavam projetados alguns relatórios e fotos recém tiradas.

- Olá Nº2! – O chefe falou em inglês, sabia que era minha língua preferida.

- Olá. – Respondi, guardando meus pensamentos para mim mesmo, pois ali todos liam mentes.

- Bem pensando... – O chefe sorriu. – Se bem que é difícil guardar os pensamentos...

- Faço o que posso e você também. – Ninguém nunca conseguia ouvir o que o chefe pensava.

O chefe riu. E me indicou uma cadeira defronte ele.

- Nº2, continua achando fascinante o Planeta Terra?

- Sim. Como sempre. – O chefe e todos os outros observadores, me achavam um doente por achar o planeta Terra tão fascinante. Para a maioria deles, não passavam um monte de idiotas destruindo o lugar onde viviam.

- Bem... Acho que nossa última conversa não foi muito satisfatória. Mas acho que você conseguiu não é?

Fiz que sim, e guardei ainda mais meus pensamentos. Ele se tratava de Bella, não que ele soubesse o nome. Mas ele sabia que eu estava fissurado por uma mulher na Terra, e isso contra todas as regras da organização. E ele me chamou para me informar que eu tinha que me "desligar" dela. O que obviamente não havia conseguido.

Fiz que sim com a cabeça, sabendo que se eu contasse a verdade iria ser punido de alguma forma.

- Ótimo. – Ele sorriu mais ainda. – Nº2, está vendo essas fotos?

Olhei para as fotos projetadas. Eram fotos do Planeta Terra. Era-me familiar aquela paisagem, tantas vezes que observava as pessoas indo e vindo, com suas roupas e poses importantes.

- Sim.

- Esse foi o último local que o Nº1 foi encontrado... Ele mesmo tirou as fotos, e depois que mandou, perdeu todo contato conosco. E temos dúvidas se ele continua vivo ou não.

- O que? Mas nós não morremos!

- Aqui, Nº2! Lá é outra história...

- Não pode ser! Nº1 era como um irmão para mim!

- Ele era querido por todos também, Nº2. E não podemos fazer nada. Ele nunca cortaria a transmissão conosco, nunca iria esconder o paradeiro dele! Por isso nos leva a crer que morreu, como ou onde eu não sei. Mas não é porque uma coisa nunca aconteceu que seja impossível.

Abaixei a cabeça, transtornado, sabendo que não tinha como argumentar.

- Então, Nº2... Você agora passará a ser o Nº1.

- Mas o número um, é... é...

- Sim. O número um é o HOSPEDEIRO.

Isso significava...

- Significa que você ira ao Planeta Terra, você será o mais novo infiltrado de lá.

Eu não acreditava. O número 1 de toda organização era o observador que ia á Terra, para viver como humano, e tirar informações mais precisas sobre lá. Eu nunca havia pensado na possibilidade de ir até lá. Já que o número 1 gostava tanto da Terra. E só muda de Hospedeiro quando esse último cansa do Planeta.

- E posso ir aonde quiser?

- Não. Primeiro você tem que descobrir algo sobre o ex- Nº1. É o lugar que é mostrado nessas fotos. Nova York, EUA. Depois você pode ir a qualquer lugar que desejar... Você deve colher todas às informações e mandá-las com perícia e discrição. Será a mesma coisa que o observador, só que agora você irá se tornar um deles... Humanos em todos os sentidos e pode esquecer o Nº1 você terá que ter um nome de preferência que use nos EUA. Você terá moradia, e você terá todas as coisas necessárias para viver lá. Lembre-se que você vai se tornar o humano com as características que você criou aqui, portanto não é mais imortal, ao menos que volte. E não cometa erros. E nunca conte a ninguém o que você é, mesmo que ninguém irá acreditar. – Eu não me contentava de felicidade. –Você ficará um mês no tempo dos humanos em preparação. Nesse tempo você não continuará seu trabalho. Boa sorte...?

- Edward... Edward Cullen. Será meu nome. – Eu sempre gostei daquele nome. Edward era o nome do avô de Bella, que ela amava muito e sofreu muito com sua morte. E Cullen era o inverso do sobrenome do namorado dela, Jacob Nelluc!

- Ok, então. Edward Cullen. Boa sorte.

Mal podia acreditar. Ser o hospedeiro era o que todos queriam, mas para mim significava somente algo: ver Bella Swan de perto. E me tornar o homem dos sonhos dela. Porque eu conhecia os seus sonhos. E eu seria aquele cara.

E é lógico que antes de Nova York eu tinha outro lugar para ir. Para onde mais eu poderia ir?