Disclaimer: Bloodrayne e seus respectivos personagens não me pertencem. Esta fanfiction não possui fins lucrativos.

Categoria: Terror/ Romance/ Sobrenatural.

Censura: M

Sinopse: Na distante e misteriosa Romênia do século XVI, o lorde das sombras, Andrei de Tulcea tem uma dívida a pagar com Lorde Elrich, o único homem de fora de seus domínios que sabe seu maior segredo. Com a morte de Elrich, Andrei é chamado a pagar sua dívida cumprindo uma importante missão, resgatar a filha única do Lorde da lendária sociedade secreta de Brimstone e levá-la para Bucareste onde deve arranjar um casamento vantajoso para a moça e assegurar a continuação da antiga linhagem dos Elrich.

Nota: Esta fanfiction é inspirada na versão para o cinema de Bloodrayne.

Casting da fic:

Michelle Rodriguez é Katarin de Elrich

Gerard Buttler: é Andrei de Tulcea

Ben Kingsley é Vladimir

Jessica Alba é Eleanor

Matt Davis é Sebastian

Kristanna Loken é Rayne

Billy Zane é Lorde Ares de Elrich

O Diário da Lady

Prólogo

Brimstone, 17 de agosto de 1708.

Não vejo razão alguma para minha existência. Eu, Katarin Elena de Elrich, jamais deveria ter nascido. Amaldiçôo o dia em que vim a este mundo e causei a morte de minha mãe. Ela se chamava Angélica, e era um anjo como seu próprio nome dizia. O mais formoso anjo de Bucareste. Todos ao seu redor a amavam. Era como se a cada passo que Lady Angélica de Elrich dava, o próprio sol a acompanhava, querendo banhar-se em sua beleza e benevolência.

Mas então ela se foi, esvaindo-se em sangue e sofrimento ao dar à luz a mim, sua filha. Não houve tempo para que a pobre Angélica pudesse segurar seu bebê ou dar um nome àquela pequena e desgraçada criatura que cresceria sem mãe em um país onde os pesadelos são reais, onde as criaturas da noite podem vir te buscar a qualquer momento e te condenar ao sofrimento da existência eterna.

Meu pai, Lorde Ares de Elrich era um homem bondoso e inteligente, mas a morte de sua bela esposa o transformou em alguém sem vida, sem propósitos. Elrich perdera sua alma antes mesmo de se tornar um vampiro. Foi quando ele decidiu ingressar na sociedade secreta de Brimstone. Ele queria ser um guerreiro e lutar contra o mal que impedia pais de família honestos e trabalhadores de pregar os olhos à noite porque temiam pela vida da esposa e dos filhos. Ele queria ajudar os aristocratas a viverem em paz, a poderem dar seus bailes e saraus sem temer serem assassinados ou transformados em mortos vivos ao deixarem as festas. Foi por isso que fomos viver em Brimstone.

A princípio, meu pai não fez muito caso de mim. Eu era uma menina doente e fraca que todos achavam que não ia sobreviver, mas eu sobrevivi e com isso ganhei o respeito de meu pai e aos poucos, seu amor. Meu pai lutou em muitas batalhas sangrentas por Brismtone e saía sempre vitorioso. Ele me tornou uma guerreira e me ensinou que a única coisa que eu poderia chamar de melhor amigo era a minha espada. Que eu não deveria confiar em ninguém além da lâmina afiada que desde cedo eu carregava comigo.

Então houve uma última batalha na distante Isaccea e pela primeira vez em dez anos lutando por Brimstone, meu pai, o temido Lorde Ares de Elrich foi derrotado. Eu estava em Brimstone quando aconteceu e levei cerca de dois meses para descobrir o que havia acontecido, mas tenho certeza que no momento em que meu pai foi morto, eu pude sentir, foi como uma queimação dentro do peito, eu não conseguia respirar. Eu perguntava a todos se tinham notícias de Isaccea, mas ninguém sabia me dizer nada.

Algum tempo depois, chegou à Brimstone um homem chamado Vladimir. Ele veio acompanhado de mais outros homens e também trazia consigo um garoto sujo, magrelo e muito assustado, que depois eu fiquei sabendo chamava-se Sebastian.

Aquele homem dizia que ele era o novo líder de Brimstone, que Lorde Ares de Elrich havia sido derrotado na batalha em Isaccea. Eu não podia acreditar naquilo. Acho que foi naquele dia que eu comecei a odiar Brimstone, no dia em que eu soube que meu pai morrera lutando por aquela organização, lutando para proteger aquelas pessoas que sequer choraram sua morte.

Vladimir pareceu compreender minha revolta e veio até mim uma noite quando eu recusei o jantar que a Sra. Florina tentava me fazer comer a todo custo. Pequena Katarin, ele disse, de maneira muito gentil. Acaso alguém já lhe disse que possui os olhos mais bonitos de toda a Romênia? Eram os olhos de minha mãe, o único legado que me restara dela, mas eu não estava com humor para ouvir galanteios. Na verdade, era a primeira vez que alguém me fazia qualquer tipo de galanteio. Fui criada para ser um soldado e não uma mocinha fútil que ficava esperando à janela o namorado voltar da batalha. Então respondi, da melhor maneira que pude, colocando para fora todo o sofrimento que a morte de meu pai tinha me trazido. Odeio Brimstone e amaldiçôo este lugar, bradei. Vladimir riu quando eu disse isso e perguntou: És uma bruxa então, pequena Katarin?

Não respondi e ele sentou-se ao meu lado, ficando em silêncio por alguns segundos antes de dizer, queres saber o que realmente aconteceu a teu pai?Não respondi novamente e Vladimir continuou: Teu pai foi desgraçado por uma das criaturas da noite. Foi condenado à solidão eterna, ao desejo incessante por sangue. Até hoje quando me recordo dessas palavras, estremeço. Não consigo precisar o quanto àquela revelação me deixou chocada, mas permaneci fria como gelo, dura como pedra, eu era uma guerreira e precisava ser forte, assim como meu pai me ensinara.

O que pensas disso, Katarin? Vladimir perguntou. Respondi sem hesitar: Penso que meu pai deve ser morto. Vampiros não devem viver. Vladimir sorriu ante a minha resposta e tocou um cacho do meu cabelo. Foi um gesto paternal, o qual acabei aceitando e de fato Vladimir transformou-se num pai para mim e Sebastian depois disso.

Tornar-te-ei uma guerreira! Continou Vladimir. Eu sou uma guerreira, retruquei. Meu pai ensinou-me a manejar minha espada. Sei disso, concordou Vladimir. Mas teu pai, antes de partir para o exílio, disse-me que tomasse conta de você e a transformasse numa guerreira tão poderosa que os inimigos irão tremer à menção de seu nome. Ele quer que você lute por Brimstone, Katarin. Que você honre o compromisso que seu pai foi impedido de continuar cumprindo. Ele quer que você mate as criaturas da noite, que você acabe com os seres responsáveis pela desgraça dele.

Obedeci porque era uma ordem vinda diretamente de meu pai e apesar de ser leal a Vladimir e Brimstone, eu sentia que estava obedecendo ao meu pai e não a ele. Vladimir colocou o colar com o símbolo dos guerreiros de Brimstone em meu pescoço e também me deu mais um presente. Um livro com capa de couro vermelha e páginas brancas. Eu sabia ler. Meu pai me ensinou a ler quando eu ainda tinha cinco anos, o que era um prêmio para uma mulher. A maioria das mulheres na Romênia era analfabetas.

Onde estão as letras e gravuras do livro? Indaguei tentando entender que espécie de presente era aquele. Vladimir sorriu e explicou-me: Isto, pequena Katarin é um diário. Todas as vezes que você se sentir sozinha ou zangada, você poderá escrever neste diário sobre tudo o que a aflige e ninguém lerá estas palavras de desabafo e consolo além de você. Agradeci pelo presente, mas nunca escrevi uma palavra no diário até o dia de hoje. Acho que porque nunca me senti tão perdida e sem rumo em toda a minha vida. Nem mesmo quando meu pai morreu.

Os anos foram se passando e eu fui me tornando o que sou hoje, uma guerreira, uma matadora de vampiros. Odeio os vampiros. Não tenho nenhuma misericórdia por eles ou qualquer tipo de culpa quando enfio minha espada em suas entranhas ou corto-lhes as cabeças.

Sebastian tornou-se meu melhor amigo em Brimstone e por anos alimentei por ele uma paixão secreta. Eu também recebia cartas de meu pai, vez por outra, querendo saber como eu estava indo. De início as cartas eram preocupadas e carinhosas, mas com o tempo, elas foram se tornando sombrias e escassas. E então, um dia elas começaram a retornar, vinham com bastante freqüência. Eram cartas de apelo. Meu pai falava sobre Kagan, um vampiro poderoso e perigoso que pretendia transformar os humanos em escravos e fazer da Romênia, o lar dos vampiros.

Kagan não era uma novidade para Brimstone, é claro. Nós sabíamos da existência dele e há tempos tentávamos encontrá-lo e matá-lo. Mas meu pai estava preocupado porque ele dizia que Kagan havia se apoderado da costela do vampiro Beliar, o vampiro mais poderoso que já existira e que tivera seu corpo desmembrado para evitar que ele ressuscitasse. Foi então que Rayne veio à Brimstone. Como eu a odeio! Uma damphir! Uma espécie de vampira que já nasceu vampira e que por causa disso se diz aliada de Brismtone.

Vladimir deixou que Rayne entrasse em nosso esconderijo e Sebastian apaixonou-se por ela, o maldito! Ele nunca sequer olhou para mim como mais que uma irmã, mas mesmo assim nunca deixei de amá-lo e queria afastar a tal Rayne dele. Uma noite em que ele supostamente ficou vigiando-a em sua cela, eu fui levar um pouco de comida para ele e quando estava entrando no aposento ouvi gemidos e sussurros que me deixaram desnorteada. Eu não podia acreditar que Sebastian estava tendo relações carnais com uma vampira! Aquilo me deixou tão enojada que decidi que faria qualquer coisa que meu pai me pedisse, até destruir Brimstone se fosse preciso, afinal Vladimir já não era mais o mesmo, ele estava perdendo sua força.

Meu pai me contou em uma de suas cartas, que o coração, outra das partes desmembradas de Beliar estava escondida em Brimstone havia séculos. Senti-me traída porque Vladimir nunca me contara sobre isso. Eu sabia que Rayne tinha a parte que faltava, o olho. De alguma forma ela o tinha absorvido. Foi então que tracei meu plano para destruir Brimstone. Meu pai me prometera que eu seria uma líder e que a Romênia estaria a salvo de Kagan se ele pudesse governar.

Aproveitei que Vladimir pretendia levar Rayne à cidade para consertar as armas dela que estavam enferrujadas. Aconselhei-o de que ele deveria levar Sebastian com ele. Como sempre, Vladimir me ouviu e prometeu que o faria para me deixar mais tranqüila. Foi quando Vladimir estava fora que eu agi. Enviei o mapa de Brimstone a meu pai, mas eu não esperava que ele me traísse. Eu esperava que ele mandasse seus próprios homens para Brimstone, mas foi Domastir e os homens de Kagan que apareceram.

Uma batalha sangrenta começou em Brimstone e eu só tinha uma coisa a fazer: pegar o coração de Beliar e entregá-lo a meu pai. Eu teria conseguido se Rayne não tivesse me impedido. Ela quase me afogou no fosso enquanto lutávamos para ficar com o coração. Mas ela me venceu e me trancafiou na mesma cela onde ela estivera presa antes. Estou presa desde então.

Eu soube que não houve grandes estragos em Brimstone com a invasão de Domastir. Nossos guerreiros conseguiram derrotá-los e Rayne, fazendo uso dos membros do vampiro Beliar, derrotou a Kagan, seu próprio pai e assumiu o castelo de trevas dele.

Estou presa há quase uma semana. Tenho sido bem alimentada e também não foi punida, pelo menos não fisicamente. Mas meu julgamento acontecerá em alguns minutos. Foi Sebastian quem me contou. Ele agora me olha de um jeito que é pior do que se tivesse me infringido um castigo físico.

Não posso acreditar no que você fez, Katarin! Disse ele. Você quase destruiu a todos nós. Por pouco mulheres e crianças não morreram pelas mãos dos homens de Kagan. E você ainda foi capaz de machucar Sabina!

Sabina era uma das líderes do conselho de Brimstone. Quando eu pedi a ela que jurasse fidelidade a Ares de Elrich, ela me disse que preferia estar morta. Usei minha espada contra ela, mas pretendia apenas machucá-la, não matá-la. Ela está bem? Peguei-me perguntando a ele. Está viva, mas nunca a perdoará pelo que fez, foi a resposta dele. Sinceramente, Katarin, eu, temo por sua vida. Foi a última coisa que Sebastian disse antes de me deixar sozinha novamente.

Enquanto esperava pelo meu julgamento, decidi escrever no diário que Vladimir me presenteou há dez anos atrás. Se no final de meu julgamento, o júri decidir pela minha morte, deixarei registrada minha triste história. Minha condição humana me impõe o medo natural da morte, mas ao mesmo tempo minha condição de guerreira me diz que não tenho nada a temer ou mesmo perder. Não existe lugar para Katarin Elena de Elrich neste mundo, então por que temer a morte?

Katarin fechou o diário quando ouviu passos vindos pelo corredor de pedra em direção à sua cela. Seu carrasco estava vindo levá-la para o julgamento. Ela tentou limpar as mãos sujas com o nanquim que Sebastian lhe trouxera mais cedo para que ela pudesse escrever. Mas seus dedos permaneceram sujos.

Vladimir entrou em sua cela e lançou-lhe um olhar extremamente ferido quando a fitou. Ele não tinha ido vê-la desde que ela fora trancada naquela cela. O coração de Katarin contraiu-se dentro do peito ao ver aquele olhar. Doeu muito mais que o olhar de Sebastian para ela.

- Levante-se Katarin de Elrich.- disse Vladimir com voz áspera. – Está na hora! Você será julgada sem consideração ou piedade pelo seu crime.

Katarin levantou-se de queixo erguido. Cumpriria seu destino sem lamentações. Ela já esperava por isso.

Continua...