QS Virginis

Você a amou no momento em que a viu. Não foi preciso mais do que um único minuto para que a escolhesse; seus cabelos tão intensamente vermelhos e seus olhos tão perdidos. Você sabia, claro, que era tolice e saudades, que você via nela oportunidades perdidas e uma possível reparação. Mas a tonalidade da voz dela, a força que se fazia transparente nos contrastes e matizes de sua figura eram por demais atraentes. Você a amou, sua beleza e sua personalidade, sua mágica e sua ignorância, e a levou contigo através das estrelas, através do tempo, do espaço e das possibilidades.

Você tinha jurado não ter mais companheiros, mas não podia resistir. Ansiava por suas perguntas, pelas colocações, pelo brilho no olhar que ela exibia ao te olhar. Você sabia que estava sendo egoísta, sabia que de certa forma a estava iludindo com coisas que não poderia dar. Você contou a ela todos seus segredos, mostrou como você mesmo era feito de contrastes intensos entre belo e maldito, alegria e tristeza, bom e mau.

Você estava fraco, você estava apagado, você era cinza opaco antes dos tons reluzentes da jovem Ginevra se espelharem em ti.

Você era como fogo, gelo e ira; como a noite escura e as tempestades douradas no coração do sol. Você queimava no centro do tempo e podia ver o universo se transformar em uma miríade de nuances explosivas e brilhantes.

Mas ela era como uma cascata tocada por um sol vermelho onde os olhos podiam ver cores como em um prisma; era como o cintilar ininterrupto das montanhas de diamante de Meia-Noite; era como o frescor suave de uma nebulosa em formação. Cada pedaço dela te lembrava da glória do Mundo Cintilante dos Sete Sistemas, seus cabelos flamejantes como a grama que cobria os campos onde brincava quando criança, tantas vidas atrás, sua pele suave e leitosa como os rios de seu planeta-natal.

Nos cabelos, braços e lábios dela, você podia esquecer a Guerra, podia esquecer as mortes, as perdas, os erros, as falhas. Mas nem mesmo a visão gloriosa das lágrimas escorrendo por seus olhos tristes e manchando a pele clara, nem mesmo os tons divinamente projetados de suas mechas ruivas ou a cálida luz que pintava toda cena de cores sombrias e mortas como você era antes dela foram o suficiente para lhe impedir de deixá-la.

Você a amou, com apenas um coração.

Nota da Autora: Para Kollynew, companheira de plots, Doctor Who e Harry Potter.