The Curse of The Black Spot
Não havia como impedir aquele fim - e nada que ela pudesse fazer. Seria a última vez que estariam juntos no dia dos namorados. Não havia como negar. Dificilmente ele sobreviveria por mais de um dia. Ela tirou o edredon manchado de sangue e o cobriu com um novo, quente e fofo, enquanto ele dormia.
Quase já não abria os olhos, a doença forte demais para que ele conseguisse ficar acordado. Tinham ganhado a guerra, mas a que preço? Draco não tinha ainda chegado aos vinte anos, deveria ter toda uma vida, se não tivesse passado anos atrás de trincheiras cheias de lama, cuidando de soldados feridos e homens doentes além da razão. Era óbvio que ele se tornaria um dos doentes, tossindo sangue e respirando pouco. Nem mesmo poderia beijá-lo se ousasse.
Deitou ao lado dele sem medo, pois não haveria como se nada que não casto naquele momento. Ela o abraçou, envolvendo seu corpo com o edredon, sentindo-o o mais perto possível e esperou. Esperou sabendo que aquele seria seu melhor dia dos namorados, o mais próximo do romance, e que nenhum outro passaria sem que ela lembrasse daquele. Apertou e esperou, tentando ignorar a respiração que parava mais do que seguia, a fraqueza que dizia que aquele era o fim. Tentou ignorar quando ele não se mexeu mais, tentou ignorar quando começou a ficar rigido. Tentou ignorar enquanto ele começava a ficar frio, cobrindo-o com mais edredons, como se eles pudessem dar a vida que o deixava lentamente.
E amaldiçoou os homens e suas guerras conforme ele morria em seus braços, sem nunca ter vivido nada que do prometera.
