Título: 4 e 47

Autora: Lab Girl

Beta-termômetro: Nina

Categoria: Bones, B&B, 7a temporada, angústia, família, romance

Classificação: NR-16 (não recomendado para menores de 16 anos)

Advertências: Spoilers da 8ª temporada (?) Algumas doses de sofrimento emocional, além de descrições de natureza sexual em algum ponto da trama, mas nada hard core – menores de 16, vocês foram avisados!

Resumo: O que se passa exatos 4 meses e 47 dias após a fuga de Brennan e Christine no episódio final da sétima temporada, The Past in the Present.

Notas da Autora: Esta fanfiction é baseada nos acontecimentos do episódio 7x13 – eu também tomei a liberdade de usar alguns spoilers liberados pelo próprio Hart Hanson para a oitava temporada, além de algumas especulações que li por aí. Eu não tenho a menor pretensão de resolver um caso complicado como é esse do hacker/assassino Pelant, portanto, o que vocês vão ler aqui é apenas uma história que vai tocar muito superficialmente a questão do caso em si, focando mais no relacionamento de B&B e como o ocorrido na finale altera a vida familiar deles.

O meu único objetivo é oferecer alguma distração enquanto passamos juntos por mais um hiatus de Bones. Espero que curtam a leitura ;)


CAPÍTULO 1: Ausência e Espera


4 meses e quarenta e sete dias...

Sem elas.

Sozinho, esperando... contando cada passo do relógio, cada batida de seu coração.

Cada dia sem elas.

Sentado na pequena sala, no escuro, Booth ergue a mão o suficiente para abrir uma fresta da cortina e olhar para a rua lá fora. Deserta. A lua alta no céu, iluminando tudo.

A mesma lua as está iluminando em algum lugar.

Uma sensação aguda aperta-lhe o peito. Ele segura o copo de whisky com a mão esquerda, ainda segurando a cortina com a direita.

Um suspiro parece surgir do fundo de sua alma enquanto seus olhos continuam presos à lua no céu enegrecido.

O toque inesperado do telefone faz seu corpo saltar na poltrona, e ele quase deixa a bebida cair ao chão.

Recuperando-se do susto, Booth levanta-se, afastando-se da janela. Caminha no escuro até o aparelho que continua a tocar insistentemente.

Depositando o copo quase vazio sobre a mesinha do telefone, ele o retira do gancho mecanicamente.

"Alô."

Silêncio do outro lado.

Todos os seus sentidos ficam em alerta.

Nenhuma resposta. Apenas o som do vento.

"Alô" ele repete, apertando o fone com força e sentindo algo no estômago.

Então, de repente, ele ouve um balbuciar de bebê...

"Pá... pápá... Pápápá!"

Booth perde o fôlego. Mas antes que consiga se recuperar e dizer qualquer coisa, a linha morre.


~/ / ~


Brennan desliga o telefone público com um suspiro, o coração aos saltos. Ela ouviu a voz dele.

De Booth.

Depois de tanto tempo!

Ela aperta a filha contra o peito e sente o calor das lágrimas que tenta segurar. Olhando para um lado e outro da via quase deserta, ela suspira e começa a andar. Seus passos ecoam no que os saltos tocam o chão de asfalto.

Ela sente uma trilha molhada descer por seu rosto e levanta uma das mãos para secá-la.

"Pápápápápá!" Christine prossegue balbuciando a primeira palavra.

Temperance abaixa os olhos para a menina e sorri melancolicamente. Ela atravessa a área de abastecimento do posto de gasolina e entra pela porta da loja que fica aos fundos.

Uma mulher gorda de meia idade levanta a cabeça da revista que folheia sobre o balcão ao ouvir o sino que anuncia a entrada dos clientes. Ela abre um sorriso ao ver o bebê no colo de Brennan.

Temperance pede um café e senta-se numa mesa perto da janela, de onde pode ver seu carro parado ao lado de uma das bombas de combustível.

Seu peito ainda está agitado. Ela olha para a filha, brincando com a girafa de pelúcia. Brennan sorri com tristeza. Hoje Christine disse sua primeira palavra. E ela não podia privar Booth de ouvi-la também. Pelo menos essa é a justificativa que continua repetindo em sua mente para ter ligado para casa depois de tanto tempo – mesmo ciente do perigo que isso representa.

Mas ela precisava. Booth precisava ouvir Christine dizer papai...

E Brennan precisava tornar a ouvir a voz dele. Pelo menos mais uma vez antes de...

Ela nem sabe mais antes do que!

Essa vida de fugitiva parece não ter mais fim. Ela já está cansada, mental e fisicamente. Sabe que é para o bem de sua família – em especial de sua filha. Mas já não suporta mais as constantes viagens, cada vez para mais distante de seu lar.

Queria voltar. Queria ver seus amigos, queria seu trabalho de volta. Acima de tudo, queria sua casa, seu companheiro... Booth.

"Aqui está, madame" a atendente a arranca de seus pensamentos, colocando o café sobre a mesa.

"Hummm, café! Vou querer um também" a voz de Max surpreende Brennan quando ele se senta à sua frente.

"Já trago o seu, senhor" a mulher diz, retirando-se com a bandeja.

Assim que encara o pai, Brennan sente-se culpada. Aproveitara-se enquanto o pai fora ao banheiro para correr até o telefone público. Max sempre insistia que os contatos com Booth ou qualquer pessoa em Washington deveriam ser feitos por ele, através de canais que ele não revelava de maneira alguma. Brennan apenas sabe que não é o pai diretamente quem fala com eles. Mas ele sempre lhe dá notícias de como a investigação do caso Pelant está andando. E diz que Booth está bem, na medida do possível, com muita saudade de [i]suas garotas[/i], como Max gosta de dizer.

Mas isso não é o bastante para Brennan. E esta manhã, quando Christine murmurou a sílaba que formava a primeira palavra dela, Temperance soube que tinha esperado demais. Na primeira oportunidade, fez o que precisava fazer.

Ela não sabe se isso causou um efeito mais positivo do que doído em Booth, mas espera de verdade que ajude a amenizar um pouco da saudade que ele sente delas, mãe e filha.

O que Brennan sabe é que, no seu caso, em vez de amenizar, sua atitude apenas lhe causou uma necessidade ainda maior de encontrá-lo de novo.


~ / / ~


Booth sente o peito ainda aos saltos. Finalmente o ar parece voltar e só então ele se dá conta de que ainda continua segurando o telefone mudo.

Christine.

Era sua filha.

Ele reconheceria aquela vozinha mesmo depois de anos... mesmo que fosse a primeira vez que ele a ouvia falar.

E ela dissera papai.

Ele sente o corpo derramar-se sobre o sofá e, de repente, é como se todo o peso dos últimos meses tivesse desaparecido dos seus ombros.

Mas então ele pensa nela. Em Brennan.

Como ele sente falta dela! Como ele queria que ela estivesse ali, com ele, com Christine.

Como queria que suas vidas não tivessem se transformado naquele emaranhado de desespero e confusão.

Suspirando, Booth leva a mão à cabeça, fechando os olhos e vendo as lembranças atravessarem - misturadas, embaralhadas - sua mente cansada... tão cansada...

Ele nunca se sentiu tão pesado. Tão impotente. Tão sozinho.

Quando seus passos atravessaram a sala – antes tão aconchegante e iluminada pelos risos de Christine e Brennan – ele finalmente sentiu o peso da realidade se abater sobre si com força total.

Elas não estavam ali. E não iam voltar tão cedo.

Ele teria que se acostumar a ver a sala vazia... a cama vazia... pelo menos por um bom tempo.

Ele sobiu as escadas, exausto. Seus passos dirigiram-se de comum acordo ao quarto da filha.

O ambiente familiar, tão alegre e com o cheirinho de sua pequena no ar fez seu coração se acalmar um pouco.

Aproximando-se do berço, ele estendeu a mão para balançar as fotos no móbile montado por Parker, seu garoto. Um sorriso pequeno e doído tocou-lhe os lábios.

Mas, então... percebeu algo fora do lugar. Algo que não estava ali antes.

Abaixando a mão do móbile para o travesseiro de Christine, sentiu o cenho franzir diante do que viu. Uma foto. A ponta de uma foto debaixo do pequeno travesseiro.

Sua mão puxou o retrato. Era uma foto do berço...

Seu coração disparou.

O que uma foto do berço de Christine estava fazendo... no berço de Christine?

Ele sentiu a garganta arder, pavor e raiva se misturando enquanto seu cérebro fazia a conexão.

Largando a foto sobre o berço, ele correu até a câmera de segurança da casa. Como temia, havia uma filmagem de Pelant... ele estivera ali! Na filmagem o maldito estava sorrindo para a câmera.

Booth ficou furioso. Sabia que aquilo era uma mensagem. O bandido estivera em sua casa. O pior: ousara entrar no quarto de sua filha!

Pelant nitidamente queria mandar um recado, desestabilizá-los. Mas, por sorte, Brennan e Christine já estavam longe. E, pela primeira vez, Booth agradeceu por isso.


~ / / ~


"Está tudo bem, querida?" Max pergunta, afastando a xícara de café dos lábios.

Os olhos de Brennan, perdidos na rua escura lá fora, que olha através da janela da lanchonete em silêncio, voltam-se para o pai. "Sim."

Max estende o braço para mexer com a neta, que está remexendo no rabo do brinquedo de pelúcia. Christine sorri para o avô, que em seguida olha novamente para Brennan.

"Vamos passar a noite viajando, eu dirijo desta vez. Acho que você precisa descansar" Max torna a tomar um gole do café.

Brennan apenas meneia a cabeça, sem a menor vontade de discutir sobre o assunto desta vez. Geralmente, quando estão mudando de cidade, ela sempre insiste em revezar no volante com o pai, mas agora a ideia de um descanso não lhe parece tão ruim.

Seus pensamentos ainda estão longe, em Booth.

Ela queria ter falado alguma coisa ao telefone, mas sabe que teria sido pior. Para seu próprio bem, para o bem de todos, é melhor evitar o que não pode controlar.

Mas a sensação de que está tudo errado, de que devia estar voltando em vez de se afastando cada vez mais de seu lar não a abandona.

"Vamos?" Max pergunta, já se levantando.

Brennan ergue-se da cadeira, segurando a filha nos braços.

Christine passa uma das mãozinhas em seu rosto, agarrando uma mecha de seus cabelos. Brennan sorri. Os únicos motivos para isso nos últimos meses têm sido os pequenos gestos, naturais e infantis, de sua filha.

Ela se vira a tempo de ver seu pai guardando o troco da conta no bolso da jaqueta. Ele acena com a cabeça em direção à saída, chamando-a para acompanhá-lo.

Apertando um pouco mais Christine junto a si, Brennan suspira e o segue para fora do estabelecimento.


~ / / ~


Depois de trancar a casa, Booth sobe para se deitar. Ele sabe que não vai conseguir dormir. Os últimos acontecimentos ainda estão fervilhando em sua mente.

Colocando a arma debaixo do travesseiro, ele se vira de lado, encarando o despertador. Esqueceu-se de ligá-lo como sempre faz todas as noites.

Mas esta não é mais uma noite como as outras.

É sua primeira noite sem elas. Sem Christine e sem Bones.

Ele suspira. Booth sabe que sua família estará em segurança. É melhor para Bones e a filha estarem o mais longe dali possível, e a invasão de Pelant que ele acaba de descobrir deixou isso bem claro.

Onde elas estarão? Ele não consegue deixar de pensar.

Sabe que devem estar bem. Max sabe como ninguém as maneiras de se esconder, de viver na clandestinidade.

Booth só queria poder vê-las agora... dar um beijo de boa noite...

Encarando o rádio-relógio de cabeceira, ele suspira novamente e senta sobre a cama, acendendo o abajur para ajustar o despertador.

Quando pega o objeto e aperta o primeiro botão, a hora muda por um breve instante, voltando ao normal em seguida.

Franzindo a testa, Booth torna a apertar o botão novamente... mas nenhuma mudança ocorre. Estranho... ele podia jurar que tinha visto os números mudarem por uma fração de segundo...

Ele acerta o despertador para 6:00 A.M.

Suspira. E volta a se deitar, apoiando a cabeça no travesseiro macio.

É então que algo o alerta.

Booth torna a sentar-se de um salto. Ele se vira para o relógio, que marca calmamente 11:05 da noite.

As engrenagens do seu cérebro se aceleram...

Sentindo o calor e a força da explosão, seu corpo é atirado para a frente. Quando ele finalmente consegue se levantar, se vê a metros de distância de sua casa em chamas...

Seu coração dói e ele tem que fazer força para conseguir respirar.

Quando finalmente consegue, o esforço sai em forma de uma arfada. E ele se inclina para a frente, abrindo os olhos para encarar novamente a pequena sala escura.

Passando as mãos pelo rosto, Booth percebe que acabou caindo no sono sentado no sofá. Não é a primeira vez que tem aquele pesadelo. Na verdade, ficava mais real cada vez que revivia o ocorrido quando se permitia dormir.

Sua casa tinha ido literalmente pelos ares. Maldito Pelant... o desgraçado tinha invadido seu santuário, deixado não só as marcas nojentas da sua presença, como também armado uma bomba para explodir sua família.

Mas aquele não tinha sido o dia de sorte de Pelant.

Erguendo-se do sofá, suspirando e correndo as mãos pelos cabelos, Booth respira fundo, tentando afastar as imagens de sua mente.

Ele não precisa relembrar.

Andando descalço até a janela, afasta a cortina novamente, olhando a lua no céu escuro. Elas estão bem, ele repete a si mesmo.

A voz de sua filha ecoa em sua mente, fazendo seu coração bater com pressa.

"Pápápápápá!"

Agora, mais do que nunca, precisa caçar aquele criminoso. Precisa ter sua família de volta.


~ continua ~


Bem vindos a minha mais nova aventura em forma de fanfiction! Esta história não será muito longa, e acho que vai suprir um pouco a falta de "Os Corações Da Questão" no seu período de hiatus.

A angústia vai predominar nesta fanfic, mas, não se preocupem. Quem me acompanha sabe que meus finais nunca são de cortar os pulsos (assim espero!).

Algo que gostaria de falar com vocês... eu sei que tenho muitos leitores e me considero uma escritora de fics privilegiada por isso. Além de fiéis, uma boa parte das pessoas que me acompanham, lendo cada trabalho meu, tem dispensado à minha pessoa e às minhas histórias um carinho que não sei se tenho conseguido retribuir à altura (mas podem crer me esforço para isso, tentando melhorar a cada trabalho). Por essa razão decidi abrir um canal a mais para me comunicar com as pessoas que quiserem. Agora tenho uma página no facebook onde, de vez em quando, vou postar coisas relacionadas ao meu trabalho como ficwriter. Quem quiser entrar e me mandar mensagens, fazer comentários, perguntas etc, pode se sentir à vontade, o endereço está no meu perfil :)

Com relação aos comentários nas minhas fics, em especial nesta que estou iniciando hoje: vocês já sabem que eu *amo* receber o retorno dos leitores a cada capítulo. Cada comentário para mim é especial, de verdade. Então, não tenham medo de clicar no iconezinho de "review" e me dizerem o que acharam. É através de vocês que tenho ânimo para seguir escrevendo, além de saber o que está dando certo nos meus trabalhos, do que vocês gostam e como gostam. Eu prezo muito essa ferramenta que me permite saber que não estou sozinha aqui deste lado escrevendo. Sei que há pessoas de outros países que leem as minhas histórias e quero deixar meu agradecimento especial a elas. E, caso queiram me deixar reviews, não se preocupem com o idioma, eu entendo espanhol e inglês, então, sintam-se livre para comentarem se quiserem ;)

Espero não ter deixado vocês muito tristes nem confusos com este primeiro capítulo de "4 e 47", e espero que segurem firme até o capítulo final aqui comigo. Grande beijo!

Lab Girl