Before This Dance is through, I think I'll love you too

Tinha sido só um desafio - chamar a menina mais pobre da escola para dançar na frente de todos, mas agora era algo mais. De longe, a roupa simples e o rosto sempre sujo, mas de perto o arco em sua cabeça tinha pequenos frisados cuidadosamente feitos e ele sabia, ao colocar os dedos na cintura dela, que fora ela mesma quem costurara sua roupa. De perto, ela tinha um cheiro suave, nada do perfume exagerado das outras garotas. E, se não estava tão acostumada a ser chamada para dançar, sua graça natural equilibrava a balança.

Mais que isso, ela se deixava levar pela música, ela se deixava levar pelo momento. O sorriso dela não era para atraí-lo, e ele sabia que, no fundo, ela estava apenas se divertindo sem nunca acreditar que ele a tirara para dançar no dia dos namorados por algum motivo de fato romântico. Diferente das meninas tolas que faziam tudo que ele queria, a ruiva parecia estar no mesmo passo que ele, jogando um jogo sem a intenção de perder - e isso o enlouquecia.

Ele nunca conseguiria convencê-la com palavras bonitas, a risada dela dizia isso, zombando dele. Ela jamais entregaria sua virtude no banco de um carro apenas para agradá-lo. Ela não esperaria um romance, um namoro, um casamento, nem mesmo um beijo - era, para ela, só uma música e seus sapatos vermelhos como os cabelos moviam-se para os lados no mesmo ritmo dos dele sem nenhum compromisso.

E quando a música acabou, ele não a deixou ir, meio desafiado e meio encantado. E ela ficou, claro, mas não o deu motivos para acreditar que seu favor era mais do que a falta de vontade de ser novamente esquecida no canto do salão enquanto nenhum dos garotos a tirava para dançar a não ser seu irmão desengonçado. Não houveram palavras, promessas e nem mesmo um toque a mais - só a música tomando conta do momento.

Foram anos até que a visse novamente - os cabelos bagunçados, a roupa em outro estilo e a sandália na mão pronta para ser atirada contra o guarda enquanto protestava pela liberdade de expressão com os outros estudantes de Paris, mas pareceu para Draco que ainda podia ouvir a música que tinham dançado, e ele pela primeira vez reparou que poderia amá-la.