a/n: porque eu estou no humor de escrever angst e cabô.

reviews são sempre bem-vindas: críticas (construtivas), sugestões, elogios.

obrigada por lerem.

E a morte é apenas um horizonte.

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Harry tem apenas 20 anos e já tem túmulos demais para visitar. Lugares diferentes para colocar flores. E cada um desses lugares traz consigo uma dor nova e completamente angustiante.

Tem horas que ele senta no sofá e simplesmente encara a pedra da ressurreição por alguns momentos, não para trazer de volta aqueles entes queridos que já morreram- isso ele já havia aprendido alguns anos atrás- mas para apenas senti-la em sua mão, o contraste da pedra fria contra sua mão quente e das pontas da rocha arranhando sua mão calejada.

Ele contempla ter o poder da vida e principalmente da morte em suas mãos e por alguns instantes ele permite-se pensar em o que aconteceria se tudo isso não tivesse acontecido com ele. Se todas aquelas pessoas-seres vivos que respiravam, comiam, dormiam, amavam- não teriam morrido ou se tudo tomaria o mesmo rumo.

Eram esses momentos que a saudade apertava, como uma mão fria que comprime seu peito e faz a cabeça doer, e ele sentia raiva da morte e de tudo que ela havia tirado dele.

Oh céus, como doía.

Uma dor que às vezes desacelerava e parecia diminuir e que outras vezes parecia que ia sufocá-lo de tão forte, mas sem dúvida uma variável constante no meio dessa equação bagunçada que era seu passado.

E nesse emaranhado de lembranças vinha uma tarde muito agradável com Sirius e ele ficava feliz porque ainda conseguia se lembrar. Sirius nesse dia disse que a morte era apenas um horizonte, e um horizonte nada mais é que o limite de nossas vistas.

Nas tardes no sofá é que ele lembrava disso. Quando a saudade apertava e o peito doía e a dor crescia e a raiva inflamava, ele sentia, e sem menor necessidade da pedra, ele sentia que não estava sozinho. Ela conseguia sentir dentro de si a presença aconchegante da mãe, dizendo-o para continuar, ou o orgulho flamejante do pai, ou o amor incondicional de Sirius e o carinho reconfortante de Remus e outros pedaços da música que compunha todos aqueles que ele se importa.

E depois ele sorria.

Ele não podia negar. No fim, era um tipo de dor boa.