Capitulo 1

Jensen viu as mãos do irmão lhe dando tchau enquanto o pai deles colocava algumas malas na parte de trás da caminhonete vermelha. Sentia a mão da mãe, que estava ao seu lado, apertar a sua com força, o pai estava indo embora com outra mulher, e estava levando consigo o irmão que tanto amava.

Teve que se controlar para não implorar para ir junto, mas não podia deixar a mãe sozinha, tinha combinado com o outro na noite anterior, ele ficaria no Kansas com a mãe, enquanto Jason, seu irmão gêmeo, iria para a Rússia com o pai.

Mesmo tendo apenas doze anos, as diferenças entre os dois já podiam ser notadas. Jason, ao contrário do irmão era falante, tinha facilidade em fazer amizades e era sem dúvida, mais sentimental que o outro.

Jensen não falava muito, achava que na maioria das vezes palavras eram desnecessárias, o único amigo que tinha era o irmão, e por isso não se desgrudavam um segundo, de jeito nenhum deixava as pessoas se aproximarem a ponto de conhecê-lo.

A única coisa que tinham em comum era a paixão pelas forças armadas, paixão que era sempre muito incentivada pelo pai, que era combatente do exército.

Enquanto via o irmão entrar na caminhonete, Jensen sentia metade de seu mundo indo junto, e embora os olhos ardessem, deixou que apenas o irmão derramasse lágrimas, porque Jensen tinha que ser forte, era o único que não podia chorar.

Ficou na frente de casa, segurando a mão da mãe até a caminhonete desaparecer completamente, o aperto da mãe em sua mão afrouxou e ele encarou os olhos e a face vermelha da mulher que tinha lhe dado a vida. Os olhos dela estavam perdidos na estrada e o corpo pequenino ainda tremia em soluços dolorosos.

_Vamos, mãe. – disse ele, puxando-a para dentro.

Jensen não ia falar que sentia muito, não ia dizer nada que a fizesse se sentir melhor porque não havia nada a dizer, quem era bom com palavras era Jason e ele tinha ido embora, então apenas limitou-se a puxar a mãe para dentro e aconchegá-la no quarto que há dois dias ela dividia com o, agora, ex-marido.

_Por que você ficou? – a voz dela ecoou pelo quarto quando ele estava fechando a porta.

_Não ia deixá-la sozinha, mãe. – respondeu e já estava saindo quando ela voltou a falar.

_Seu irmão deveria ter ficado. – ela encarava a parede branca. – Ele saberia cuidar melhor de mim, ele sabe quando eu preciso de um abraço, você não. Porque você é igual ao seu pai.

Jensen baixou os olhos, receberia aquilo como um elogio se não estivesse com tanta raiva do pai.

_Desculpe. – falou e saiu do quarto.

10 anos depois ~

Jensen abriu a porta de casa e entrou. Colocou a caixa de ferramentas no chão e foi ao quarto da mãe. Abriu as cortinas deixando a claridade entrar, mesmo sobre os protestos da mulher.

_Você quer me matar? – gritou ela descabelada. – Hein? Quer se ver livre de mim, é?

Ele bufou, estava cansado demais de tudo aquilo. Pegou as garrafas de cachaça, que vazias, estavam jogadas no chão.

_Eu acho que sua bebedeira vai matá-la, antes que os raios do sol possam fazê-lo. – respondeu seco, saindo do quarto que fedia a urina, já que a mãe não deixava ninguém entrar para limpar.

Suspirou enquanto jogava as garrafas no lixo da cozinha. Arregaçou as mangas e começou a lavar a louça, enquanto seu pensamento ia em busca de lembranças do irmão.

_Ah, Jason... Que saudade. – murmurou para a cozinha vazia. – Espero que esteja melhor que eu. – suspirou.

Terminou de lavar os copos e alguns pratos, quando a porta da frente abriu. A ruiva entrou com um sorriso enorme no rosto, mas Jensen nem ao menos se virou para encará-la.

_Oi, amor. – disse melosa beijando a bochecha dele.

_Hmm. – resmungou, e ela apenas girou os olhos e sentou-se, esperando ele terminar de limpar a pia.

Começou a cantarolar uma música que o loiro não conhecia, aumentando o volume gradativamente. Sorriu satisfeita quando ele se virou para encará-la, as mãos grandes pingando um pouco de espuma.

_O que você quer Danneel? – perguntou sem paciência, esperando que ela dissesse logo e fosse embora.

_É assim que você fala comigo? – disse se levantando. – Eu venho aqui pra te ver, porque você é meu noivo, e é desse jeito que você me trata?

Jensen fechou os olhos e ainda com as mãos molhadas massageou as têmporas, enquanto ouvia a porta da frente bater com força. Enxugou as mãos de qualquer jeito e correu para fora.

Danneel estava alcançando o portão quando o loiro agarrou seu braço com força, puxando-a. Apertou a moça em um abraço carinhoso e sentiu as lágrimas dela molharem a camisa do uniforme que usava.

_Me desculpe. – disse e sentiu quando ela se aconchegou mais em seu peito largo. – Eu sinto muito mesmo.

_Tudo bem. – ela respondeu agarrando-se mais a ele. – Seu dia na oficina não deve ter sido fácil, não é?

Sentiu as unhas cumpridas dela passearem por suas costas, e atacou os lábios dela com fúria. Levantou o corpo pequeno e soltou um gemido baixo quando ela enroscou as pernas em seu quadril. Levou-a para dentro de casa e fechou a porta com o pé, deitou a moça no sofá e colou seu corpo ao dela.

_Mas o que é isso? – a voz irritada encheu a sala. – Ta achando que a minha casa é motel, Jensen?

O loiro ergueu os olhos para a mulher que tinha as duas mãos na cintura.

_Desculpe. – disse levantando-se. – A senhora precisa de alguma coisa? – estava visivelmente embaraçado com a situação.

Ela olhou torto para Danneel antes de responder.

_Chegou uma carta do seu irmão, ele está vindo pra cá com a namorada. Parece que o nome dela é... Misha. – e antes de sair jogou o papel no sofá para que o loiro pudesse ler.

_J-Jason?! – e arregalou os olhos.

Danneel abraçou-se a ele, querendo espiar um pouco da carta quando o namorado fosse abri-la, mas Jensen segurava o envelope tão firme, como se não tivesse forças o suficiente para abrir a carta do irmão.

Jensen piscou demoradamente, encarando o papel, abriu e leu com voracidade cada letra bem escrita de Jason. Assim que terminou mostrou a Danneel, que curiosa, desenroscou-se do pescoço de Jensen e leu a carta com tanto interesse quanto ele.

_Dez anos... – disse ele encarando a folha que estava na mão da namorada. – Dez anos... – disse novamente e ouviu Danneel bufar ao seu lado, mas não se importou.

Não conseguia acreditar que Jason estava voltando, e com uma namorada! Ficava imaginando se o gosto do irmão era parecido com o seu, e será que ainda eram parecidos fisicamente?

Riu divertido imaginando como o irmão estaria, vendo combinações bizarras se formarem em sua mente.

Estava tão perdido em pensamentos que não percebeu quando Danneel levantou-se, beijou-lhe o rosto e foi embora. Encostou-se mais no sofá macio relendo a carta.

Jason não dizia nada sobre o pai deles, contava apenas que a Rússia era fria demais e por isso estava voltando para os Estados Unidos da América, e trazendo com ele uma pessoa especial chamada Misha, o que era um claro sinal de que era uma namorada, pois do contrário o irmão não estaria trazendo-a para conhecer a mãe de ambos.

Olhou o relógio e este marcava onze horas em ponto, espreguiçou-se tentando relaxar. Ligou a TV, mas nada prendia sua atenção, só conseguia pensar na chegada do irmão que estava prevista para o dia seguinte.

Fechou os olhos depois de um tempo sentindo as pálpebras pesarem e deixou que o cansaço do dia exaustivo fosse dizimado pelo sono.

Acordou às sete horas, como sempre fazia, foi ao quarto da mãe, vendo se estava tudo bem, escreveu um bilhete dizendo que chegaria um pouco mais tarde para o almoço, mesmo sabendo que ela não lia nenhum dos bilhetes que deixava, pegou seu boné e saiu de casa. Entrou na caminhonete preta e suspirou, Jim ficaria feliz em saber que Jason voltaria aquele dia.

Chegou à oficina e por Deus, quanto mais ele queria que as horas passassem, mais elas demoravam. Suspirou aliviado quando viu o relógio marcar 11hrs.

_Jim, eu preciso ir buscar o Jason tudo bem? – perguntou, limpando a mão com um pano sujo de graxa.

_Ah, Jensen, tudo bem. – disse o velho, sorrindo assim que saiu de baixo de uma caminhonete. – Tire a tarde de folga, só me apareça aqui amanhã depois do almoço, traga o seu irmão para eu vê-lo.

_Tá bom, Jim. – disse sorrindo. – Obrigado.

Despediu-se dele, prometendo que no dia seguinte traria o irmão. O caminho para o aeroporto foi angustiante, pegou vários atalhos, mas a construção parecia estar sempre mais distante.

Estacionou na frente do aeroporto e correu para dentro, a ansiedade tomando conta de todo seu corpo.

Estava no salão de desembarque, andava de um lado para o outro, nervoso. O vôo de Jason havia se atrasado, mas como a moça tinha lhe informado, logo ele pode ver o avião descer.

Não demorou muito para que ele visse um loiro alto de pernas arqueadas, passar pela porta. Viu o outro correr até ele e o mundo parecer parar quando sentiu o irmão agarrar-se ao seu corpo em um abraço apertado, a saudade de tantos anos vivendo separados.

_Hey. – disse passando a mão pelos cabelos do outro, que eram mais compridos que os seus. – Como você ta, hein? – perguntou, quando o outro finalmente se afastou.

_Eu estou bem. – ele sorria, e por Deus, parecia um clone de si. – E você?

_Eu to indo. – disse ele, e mesmo que quisesse, não conseguia tirar o sorriso do rosto. – E onde está a sua linda namorada? – perguntou.

Jason riu e ao lado dele apareceu um moreno, com pele branca e de olhos muito azuis, Jensen arqueou as sobrancelhas quando viu as mãos entrelaçadas.

_Esse é o Misha. – disse ele sorrindo, e o moreno estendeu a mão para cumprimentá-lo.

_Mas... É um homem?! – disse espantado, ignorando a mão que o outro estendia, fazendo com que alguns olhares curiosos se focassem nos três.


N/a: Aiaiai' E agora? Bem o que vocês acharam desse começo? Vale à pena embarcar mais nessa fic comigo?

N/a2: Ah, sobre os posts, talvez demorem um pouco mais do que vocês estão acostumados *se esconde*, mas eu vou fazer o possível pra não demorar muito.

Deixem review seus lindos = *