N/A: Olá! Antes de começar a fanfic, eu gostaria de dar alguns avisos. Vou deixar bem claro desde o início que essa fanfiction é Slash. Se não curte, não leia. Essa é minha primeira vez escrevendo uma Dr. Shaun x Dr. Melendez, por tanto, gostaria de receber críticas para saber se estou indo bem! Tive a ideia para esse plot faz um tempinho e só agora estou compartilhando com vocês, espero realmente que vocês gostem. s2

AVISO: Os personagens não me pertencem. Está obra é ficcional, sem fins lucrativos, feita de fã para fã.

AVISO IMPORTANTE: Serão tratados temas como homossexualidade e autismo; Eu gostaria de deixar claro que em nenhum momento dessa fanfic existe a intenção de denegrir a imagem de qualquer pessoa, por qualquer que seja o motivo, a intenção de publicar essa fic é de dividir com vocês uma estória que até então existia apenas em minha cabeça; O plot é baseado nos personagens do seriado e podem surgir alguns personagens originais ao longo da fic.

Por enquanto, acho que é isso Me desculpe por qualquer erro. Ah! Esse capítulo é inspirado em um dos episódios do seriado, então vai haver alguns diálogos igual ao episódio em questão.

Aproveitem!

s2.


I'll Let You In

por Portia M. s2

Capítulo 1

[Ponto de Vista: Neil Melendez]

"Então, quando será o casamento?" A enxerida da Dr. Lim tinha mesmo que ser tão inoportuna? Droga! Shaun estava bem em frente, com certeza tinha escutado.

-Falamos sobre isso depois.

Eu não perdi o olhar da Lim para a enfermeira, era possível que aquela mulher tivesse fazendo isso de propósito? Não era hora nem o local certo.

- Que foi? Eu gosto de praias.

Jessica... Porque insistir nesse assunto? E depois de tanto tempo juntos, como ela ainda não me conhecia ao ponto de dizer ao assim em voz alta e no local de trabalho. Até o Dr. Glassman observava a nossa conversa, qualquer enfermeira que não nos conhecesse bem saberia que não somos compatíveis em nada. Será que só eu nesta relação via que não dávamos tão certo juntos como pensávamos que daríamos, quando inventamos de começar esse relacionamento?

-Minha família gosta de igrejas. – disse meio sem paciência e esperando que aquilo finalizasse aquela conversa sem sentido.

-Falamos sobre isso depois. – Ela disse. Agora sim estávamos na mesma página. Será que eu poderia me concentrar no meu trabalho agora? Obrigado.

A enfermeira chefe voltou a falar sobre casamento, mas com outra pessoa. Eu estava atento a minha ficha, e tentando fugir do assunto. Se ela quisesse continuar com esse tema, que fosse com outra pessoa.

-Está disponível, Dr. Murphy?

Ao que ouvi o sobrenome de Shaun, instintivamente levantei a cabeça e procurei por ele.

-Não. – ouvi ele responder.

Senti meus ombros ficarem tensos. Porque a resposta dele tinha me afetado?

-Não quer um pouco de amor? – a mulher insistiu.

Ele se virou, e dessa vez eu pude encontrar seus olhos.

-Não. Não quero. Não quero amor. – disse olhando para mim e depois saindo em disparada.

Não tinha percebido que tinha prendido a minha respiração até ter que inspirar profundamente, sentindo algum peso sob meu estômago. A principio pensei que Shaun fosse falar que já estava comprometido, mas depois ao ver seu rosto e ao ouvi-lo falar que não queria amor, e daquela forma... Eu sentia que já o conhecia o suficiente ao ponto de saber que estivera atento a toda conversa que tive com a Jessica ali, e que a sua resposta um pouco raivosa, tinha relação direta com isso. Seria tudo obra da minha cabeça? Pensando bem, não me recordo quando comecei a enxergar Shaun de outra maneira. Foi quando eu percebi sua genuína aptidão e inteligência? Isso de fato me atraía em qualquer pessoa, e não é como se existisse por ai pessoas inteligentes e habilidosas nesse nível. Teria sido essa a razão para que Shaun estivesse tão constantemente em meus pensamentos nos últimos dias? Porque de repente olhar em seus olhos me deixava... Nervoso? Não que eu me sentisse atraído pelo seu corpo. Afinal, julgo nunca ter visto Shaun com outra roupa se não a nossa indumentária de trabalho. Não, não era o corpo, mas havia algo sobre a pele pálida e com aparência cremosa de seu rosto e mãos. Algo como a cor da boca e dos olhos se destacarem perfeitamente num rosto tão branco. Okay, eu não deveria estar tendo pensamentos como estes relacionados ao meu residente. Eu nunca pensei num colega ou amigo dessa forma, em nenhum outro homem, na verdade.

Suspiro, tentando me concentrar na ficha médica em minhas mãos. Eu costumo ser muito intuitivo, sempre fui, desde mais jovem. Por isso, não pude deixar de perceber a maneira como Shaun passou a se portar perto de mim. Ah, Shaun... Quisera eu estar errado. Quisera eu que você não estivesse tão apegado ao ponto de se magoar com algo assim. Por favor, deixe que seja apenas algo da minha cabeça... Eu não me senti nada bem ao vê-lo daquela forma a pouco, e ainda mais por saber que eu poderia ser o causador. Eu não queria magoar o Shaun, essa era a última coisa que eu queria. Me surpreendi com a veracidade dos meus pensamentos, pois nem eu mesmo poderia prevê-los.

Teríamos que conversar, eu tinha que ter certeza do que eu estava suspeitando. Se Shaun realmente tivesse sentimentos por mim, o que na verdade eu gostaria de ouvir? O que na verdade eu iria fazer sobre isso?

O tom raivoso na resposta dele também não passou despercebi aos olhos do Dr. Glassman, que me enviou um olhar demorado. Será que o homem também desconfiava de alguma coisa? Desviei o olhar, coletei minhas folhas e acenei para Jessica, me despedindo. Eu iria me ocupar com o trabalho e esperar que isso fosse o suficiente para parar meus pensamentos voltados ao Shaun.

﹝•••﹞

Depois de um tempo, Dra. Browne veio até mim. Contou-me sobre a sua ideia de repor o fêmur do paciente com uma prótese feita através da nossa máquina de impressão em 3D. Arrastou-me para a sala de impressão. Quando entrei, logo vi o Shaun no computador. Ele estava terminado de projetar o fêmur. Eu e Dra. Browne ficamos em pé atrás da cadeira de Shaun que utilizava aquele software complexo, com vários comandos, como se fosse algo do dia a dia. Será possível que até nisso ele é bom? Me lembrei que haveria um Workshop relacionado a softwares como estes, em São Francisco e tomei nota mentalmente de pesquisar mais sobre tal quando chegasse em casa.

De repente ele se levantou e pegou um óculos de proteção.

-Está pronto. Vamos começar a imprimir.

Nós nos colocamos em frente a redoma onde o fêmur de titânio já começava a ser impresso. Dra. Browne olhava intenso para a máquina que trabalhava na sua ideia, e não conseguiu perceber a tensão entre eu e Shaun, que estava do seu outro lado. Percebi que ele evitava me olhar diretamente nos olhos, e também evitava qualquer proximidade. Isso só contribuía mais ainda para que eu pensasse que Shaun sentia algo por mim. Eu não poderia estar sonhando. Não sei até que ponto ele conseguira lidar com isso sozinho, não sei se preciso interferir. Murphy é muito novo, inocente. Puro, eu diria. Será que ela já havia experienciado sentimentos como estes em sua vida? O quê eu estou pensando? Isso se ele estiver mesmo tendo esses sentimentos por mim! Eu estou uma confusão. Quero mesmo conversar com ele, mas ao fazer isso, sei que estarei transpondo uma linha no relacionamento que temos. E dali, não terá volta. Terei que lidar com ele todos os dias, tendo que lembrar da conversa que tivemos juntos, tendo ela sucedido para bem ou para mal.

Suspirei. O que eu esperava de Shaun? O que eu estava fazendo, alimentando esses tipos de pensamentos em minha mente? Se eu fosse mais jovem, já teria superado isso e descartado a possibilidade de ser correspondido. Porque agora, adulto, não consigo fazer isso? A residência dele vai acabar e ele vai procurar outro hospital, a Dra. Browne é a mais apropriada para o cargo até então, porque eu não consigo lidar com o fato de que o nosso relacionamento é só por mais alguns meses e então eu poderei esquecer a maneira como me sinto nervoso perto dele, a maneira me importo com ele? -como passei a me importar-me corrigi mentalmente.

-Eu preciso pensar sobre isso... –Disse em voz alta, sem querer. Deveras envolvido em meus pensamentos.

-O quê? Mas é uma ideia brilhante! – Dra. Browne entendeu que eu me referia ao fêmur, pelo menos sobre isso eu não teria que me explicar.

-É, de fato. Vamos tratar os outros pacientes, ainda tempos tempo de decidir o futuro deste. É fato que esta decisão não pode e nem será tomada apenas por mim. O conselho com certeza vai querer interferir.

E tentando não olhar para Shaun, me dirigi até a saída da sala.

Já no meio do corredor, vi que Dra. Browne andava apressada afim de me alcançar.

-Dr. Melendez! Dr. Melendez... Você deve admitir, é arriscado mas é uma ideia incrível.

-Ele é incrível- quer dizer- ele sempre tem ideias incríveis e-

-Não, essa ideia incrível foi minha. Eu conheço os riscos-

Eu sorri um pouco descrente. –Não foi sua ideia.

-Foi sim, claro que foi.

Ela parou e eu me virei para ela.

-Porque para você só o Shaun parece ser incrível? Eu também posso ter ideias brilhantes, não é só-

-Dr. Browne- tentei interrompe-la.

-Não, essa ideia foi 100% minha, porque você não consegue lidar com isso, porque o Shaun tem que ser o seu favorito sempre?

-O meu favorito sempre? De onde foi que você tirou essa ideia?

-Eu estou dizendo que tive uma ideia e que conheço os riscos da cirurgia. Porque você não reconhece que essa minha ideia é brilhante?

-Talvez porque eu te conheça há seis meses e você nunca foi capaz de me apresentar algo do tipo. – E quanto a ele? Não todo esse tempo, mas posso dizer que o conheço melhor do que a ti. – quis adicionar, mas não valia a pena. Deixei-a parada no corredor e segui meu caminho.

-Dr. Melendez..

Suspirei. O que essa mulher queria, novamente. Diminui a velocidade dos passos, mas não tornei a virar.

-É uma ideia brilhante -que eu tive- para um médico cirurgião brilhante.

-Isso é bajulação, Dra. Browne.

Escutei-a sorrir.

Ela sempre sabia como terminar bem uma troca de palavras.

﹝•••﹞

Horas já tinham se passado. A família do meu paciente havia sido avisada da possibilidade da cirurgia e cautelosamente explicada quanto ao fêmur de titânio que seria implantando. Os pais já haviam dado o aval, porém a esposa não concordava com a Idea. No entanto, o homem havia perdido parte da perna no acidente a caminho de seu casamento, que por tanto não foi realizado. Ele ainda não era casado perante a lei, com isso, a opinião de sua "futura" esposa, não era de nenhuma valia. Por isso, prosseguimos como o planejado, visto que os pais eram os únicos no direito e assim o fizeram, autorizando o procedimento cirúrgico do filho.

Eu estava para entrar na sala de cirurgia. Finalmente, a cirurgia do fêmur. Minha equipe a postos, Shaun tinha acabado de se esterilizar, o próximo seria eu.

O gerenciamento de riscos entrou pela porta da sala de cirurgia. Em momentos como estes, eu não conseguia vê-la como a Jessica. Nesses momentos, ela era a funcionária do departamento de riscos, a qual não me deixava fazer o meu trabalho.

-Você deve parar. A cirurgia não vai acontecer. –Ela começou. -Uma juíza está a caminho, os pais vão decidir se querem ou não a perna do filho amputada.

As vezes eu tinha a impressão de que, nesses momentos, ela também não me via como Neil, mas sim como o médico o qual ela era paga e obrigada a fazê-lo parar de trabalhar.

-E que diabos eu devo fazer com um paciente inconsciente na mesa de cirurgia, cuja perna não servirá mais se não o tratarmos dentro de poucas horas?

-A juíza precisa intervir, Neil. Não é algo simples. –Porque eu não gostei nada de como meu nome soou em sua voz? Eu estava muito bravo, era isso. Além do mais, eu odiava quando ela se referia a mim com meu primeiro nome em nosso local de trabalho. Não estávamos em casa! Mas era sempre assim... Eu sempre fui o único que soube separar o trabalho da vida pessoal.

-E os seus médicos também terão que testemunhar.

-Eu terei que testemunhar? –Shaun perguntou de um canto mais afastado.

-Espero que não. – Eu e ela falamos juntos, porém por motivos divergentes. Por mim, aquilo não deveria acontecer porque para começo de conversa, uma juíza não deveria nem estar envolvida na situação, deveríamos estar na sala de operação, agindo. Já para ela, com certeza, era levado em conta a sua condição de autismo e por tanto, a debilidade na falta de comunicação. Eu conseguia ver a maldade em seus olhos e não gostei nada disso. Não devo ter conseguido fingir minha expressão ao olhar para ela.

Ela examinou bem o meu rosto com seus olhos.

-Pensei que você ficaria feliz com a notícia.

-Eu fico feliz em fazer o meu trabalho, o que não é o caso agora já que estou sendo impedido de o fazer.

-Neil, é uma perna falsa! Isso precisa ser decidido entre os pais e a esposa, junto a uma juíza!

-Não é falsa. –Shaun destacou.

Ela olhou para Shaun, visivelmente incomodada com a presença dele ali.

-Então, se fosse com você, -Ela se referiu a mim- gostarias que fosse eu ou os teus pais a decidir?

-Não se trata disso, não confunda as coisas. Não sou eu que estou ali naquela maca.

-Ah, mas é disso mesmo que se trata. –bateu o pé.

-Não, não é. Eu vou repetir o caso aqui, se é que você ainda não entendeu. –Tomei algum fôlego, estava começando a perder a paciência com ela – Eu tenho um homem com uma perna partida ao meio e morrendo na minha mesa de trabalho. Eu preciso opera-lo agora, do contrario-

-Você não vê, Neil? A juíza irá intervir, você querendo ou não.

-Não é um caso onde eu escolha querer ou não. Não é da minha vontade, é um caso de emergência. Faz parte da minha ética profissional. Achei que nesse hospital existissem regras para esse tipo de tratamento de urgência.

-Não existe, não mais.

-Quem disse?

-Eu estou dizendo.

-Jessica Preston- Ela havia retirado a minha paciência. Extraído-a até a última gota. Ela queria misturar as coisas, então ótimo- A decisão é dos pais. Esse é o protocolo. – Explicava sumariamente- Ela nem sequer é esposa dele, eles não conseguiram se casar. Isso é lógica básica, qual parte seu cérebro não está conseguindo processar?

-A parte que você é um Sr. Sem Sentimentos.

Sorri sem nenhum prazer aparente, descrente da resposta que tinha vindo da mulher.

-Isso agora cabe a juíza decidir. –Ela finalizou com o queixo levantado e os braços cruzados no peito.

Eu olhava para ela sem a enxergar perfeitamente. Eu não reconhecia a mulher a minha frente. Porque ela estava fazendo isso comigo? Não havia necessidade real para aquilo.

-Três horas. – Eu disse por fim. – É tudo o que ele tem até que sua perna morra de fez.

-O tempo de cirurgia já está incluso nessas três horas. – Shaun ressaltou.

Ambos olhamos para ele.

-Você o ouviu. É melhor ir fazer o seu trabalho.

Apontei para a porta, indicando que era o momento para ela se retirar.

Ela olhou uma última vez de Shaun até mim.

-As enfermeiras vão vir pegar o paciente, ele vai precisar estar presente na sala de reunião, onde será decidido pela juíza, o seu paradeiro - e se retirou, me deixando sem tempo de rebater.

Eu devo ter batido forte em algum dos armários de metal ao lado, pois um barulho forte soou e eu senti minhas mãos latejarem. Eu estava puto com a Jessica. De verdade.


Review, please? s2