Esta história é baseada em um encontro diferente entre Kurt e Blaine. Aqui eles se encontram na Universidade, quando ambos começam a dividir um dormitório juntos.

Atenção! Nenhum destes personagens me pertence! Eles são propriedade do Ryan Murphy e da FOX!

Aproveitem!


"Você quer que eu abra a janela para que você possa ver as estrelas?" perguntou o homem que estava sentado ao lado da cama, segurando delicadamente a mão daquele que estava deitado.

"Não" respondeu o homem, com a voz fraca. "Eu não quero ver as estrelas. Apenas olhe para mim mais uma vez. Quero ver os seus olhos."

O homem ao lado da cama hesitou. Ele não queria que o outro visse o que estava se passando com ele. Seus olhos estavam transbordando emoções, e estava difícil conter as lágrimas. Ver o amor de sua vida morrendo aos poucos, estava o matando também.

"Por favor, olhe para mim" insistiu o outro.

Ele virou o rosto e encarou o homem. Quando os seus olhares se encontraram, lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto, e ele abaixou a cabeça, com vergonha por não ser forte como deveria.

"Não chore. Eu sempre estarei ao seu lado" disse o homem na cama, com esforço.

"Eu... eu não vou conseguir continuar sem você" soluçou o outro.

"Vai. Eu te amo, meu amor. Depois que eu for embora, seja feliz, por mim" o homem parou para pegar fôlego e continuar "seja feliz por mim... e pela nossa filha".

"Não diga isso. Você não vai embora. Você vai melhorar e voltar para mim e para a nossa filha" disse o homem, desesperado.

"Talvez..." suspirou o outro, "Amor, nós vivemos tantos momentos maravilhosos. Poucas pessoas conseguem durante a vida inteira viver um amor como o que nós vivemos"

"Conte-me para mim, mais uma vez. Quero reviver a nossa história" pediu o homem na cama.

"Sim, meu amor"

Anos antes

Desde pequeno Kurt sempre sofreu com a solidão. Ser especial não é fácil e ele teve de aprender bem cedo que pessoas especiais devem se acostumar a ter uma vida difícil e, às vezes, solitária. É claro que ele tinha alguns amigos, como Mercedes e Rachel; mas parecia que nenhum deles realmente o entendia. Era como estar em uma sala lotada de pessoas e mesmo assim sentir-se sozinho.

Porém, agora Kurt entrara para a Universidade e uma esperança estava morando em seu coração. O Ensino Médio não significa nada perto da realidade da vida, e Kurt esperava que esta mudança fosse para a melhor.

Kurt procurava no imenso corredor o número 462. Estava tudo estranhamente silencioso para um dormitório de Universidade, mas ele pensou que isso talvez fosse devido ao fato das aulas ainda não terem começado. Kurt mesmo apenas estava ali porque queria conhecer antecipadamente o dormitório que iria dividir na Universidade e ver como poderia decorar o local antes que o seu companheiro de dormitório chegasse para opinar. É claro que ele iria levar em contar a opinião do outro morador, mas Kurt sabia que ninguém no mundo poderia redecorar um lugar tão bem quanto ele.

Após alguns minutos, Kurt avistou o número 462. "É aqui" pensou Kurt. Ao abrir a porta do dormitório, no entanto, descobriu que não era o único a chegar antes do início das aulas. Haviam dois garotos no dormitório, um deles estava sem camisa e os dois estavam agarrados um ao outro. Demorou alguns segundos até Kurt entender o que realmente estava acontecendo ali.

"Oh meu Deus, me desculpa!" disse Kurt, ao vê-los e correu para sair do dormitório. Ele encostou-se à parede próxima e procurou respirar lentamente. "Então é isso. Havia dois caras prestes a... oh Deus..." Kurt nunca havia nem visto dois homens se beijarem antes. Na cidade em que morava o preconceito era tanto que até mesmo os homossexuais que haviam lá tinham medo de sair do armário e andar de mãos dadas com os seus companheiros. Enquanto pensava nisso, em choque, um dos garotos que estava no quarto (o que estava de camisa), foi até o encontro dele.

"Me desculpe por aquilo. Você deve ser o meu companheiro de dormitório. Eu realmente peço desculpas. Não fazia ideia de que você viria hoje" desculpou-se, falando bem perto de Kurt, o que fez com que ele notasse as grandes e incríveis sobrancelhas do garoto.

"Não tem problema" mentiu Kurt, ainda ofegante.

"Bem, seja bem vindo. Meu nome é Blaine"

"Kurt" respondeu, seguindo o outro garoto para dentro do dormitório.

Ao entrar lá, Kurt percebeu que o outro garoto já não se encontrava no local. "Me desculpe, eu não queria ter atrapalhado vocês dois" disse, ainda na porta do dormitório.

"Ah, não se preocupe com isso" respondeu Blaine, despreocupadamente, enquanto arrumava a sua cama, que estava completamente bagunçada. "Entre, a casa é sua também" disse Blaine, percebendo a hesitação de Kurt.

Kurt sorriu e sentou-se na outra cama.

"Bem, você também veio já para ficar?" perguntou Blaine.

"Não. Na verdade, não" respondeu Kurt, sem graça demais para dizer a verdade.

Blaine não compreendeu.

"Eu vim ver se o dormitório precisava de alguns ajustes" confessou Kurt. "Ajustes do tipo, uma reforma sabe?"

Blaine riu discretamente e levantou as mãos, em sinal de desistência "Por mim você pode fazer o que quiser, eu sou péssimo nestas coisas. Sinta-se livre para isso" Nesse momento Kurt percebeu que realmente iria gostar do seu novo companheiro de dormitório. Os dois continuaram conversando durante um bom tempo e descobriram gostar de várias coisas em comum.

"Kurt, desculpa perguntar isso agora, mas eu preciso saber se há algum problema em você dividir o quarto comigo"

"Por que teria algum problema?"

"Porque, como você viu... eu sou... gay" disse, sem graça.

Kurt sorriu "Não se preocupe. Eu também sou gay" e os dois riram juntos. "Aquele era o seu namorado?" perguntou Kurt.

"Ah... bem, não. Eu não tenho namorado" respondeu Blaine, tentando não olhar diretamente para Kurt. Kurt percebeu o desconforto de Blaine com o assunto e resolveu quebrar a tensão, levantando-se e indo até a janela.

"Eu estava pensando em trazer uma cortina para colocar nesta janela. O que você acha?"

"Eu acho ótimo" concordou Blaine, sorrindo.

Kurt, eventualmente, mudou-se para o dormitório e as aulas na Universidade começaram. Como era de se esperar, Kurt e Blaine começaram a se tornar grandes amigos, dividindo suas alegrias, angustias estudantis e experiências.

Porém, a única coisa que incomodava Kurt eram os momentos em que Blaine trazia alguém para o dormitório. Blaine o avisava com antecedência, mas mesmo assim, Kurt não compreendia a razão para Blaine ter tantos casos sem significado.

Um dia, os dois estavam assistindo juntos a um filme em seu dormitório, cada um em sua respectiva cama, quando Kurt respirou fundo e finalmente fez a pergunta que tanto o incomodava.

"Blaine, nós somos amigos, certo?" perguntou hesitante.

"Claro" respondeu Blaine, virando para olhar Kurt.

"Me responda uma coisa, e eu realmente espero não estar ultrapassando a linha aqui... mas eu queria saber por que você... tem tantos casos, com tantos caras diferentes?" perguntou, já se arrependendo do que estava dizendo, pois não queria magoar o amigo.

Blaine fechou os olhos e respirou fundo. Ele não esperava por esta pergunta e isso o incomodava.

"Você não precisa responder a isso. Me desculpe, Blaine. Vamos continuar vendo o filme"

Blaine concordou com a cabeça e voltou os olhos para a tela do laptop onde estava passando o filme. Durante todo o tempo restante do filme, o único som no quarto era dos personagens do filme.

Quando o filme terminou, Blaine desligou o laptop, ainda sem falar nada. Kurt olhou para o amigo com pesar, levantou-se e avisou que iria tomar um banho. Ao sair do banho, Kurt viu que Blaine já se encontrava dormindo, tendo deixado apenas a luz ao lado da cama de Kurt acesa.

Kurt estava arrependido do que tinha dito e esperava não ter estragado tudo. Fazendo o máximo de silêncio possível, ele vestiu seu pijama e deitou embaixo das cobertas.

"Eu não sei por que faço isso" a voz de Blaine ecoou pelo quarto. Ele não estava dormindo, ao que parece "Eu acho que tenho medo"

"Medo de quê?" perguntou Kurt, quase em um sussurro.

"De me machucar... de novo"

"Você quer falar sobre isso?"

"Kurt, me desculpe, mas hoje não"

Kurt percebeu que Blaine não estava bravo com ele. Na verdade, ele estava triste com si mesmo e com sentimentos que ele queria evitar. Kurt não iria insistir na conversa, mas ele percebeu que havia muito mais na história de Blaine do que ele imaginava.

"Blaine, apenas saiba que eu sempre estarei aqui para te ouvir"

"Eu sei. Obrigado, K. Boa noite" disse Blaine, sorrindo.

"K?" riu Kurt.

Blaine ficou sem graça e riu nervosamente. "Eu só acho legal quando amigos se chamam por apelidos... não tem problema se você não gostar, Kurt"

"Na verdade, eu gostei. 'K' é legal. Boa noite, B"

"Boa noite, K"


Continua...