Nota: Inuyasha não me pertence, pertence a sua criadora Rumiko Takahashi e empresas licenciadas. Fic sem fins lucrativos a não ser diversão. Feito de fã para fã.


Ano novo, vida nova. Projetos novos! Acho que não há uma forma melhor de se começar 2011 não é? Começar realmente com o pé direito? Sendo então, cá estou, finalmente postando uma fanfic de Inuyasha, porque eu simplesmente amo SessyxRin! ^^


Uma boa leitura a todos!


Por ela, ele faria tudo.

Tudo.


Anata no Tame

Capítulo I: Rin, a menina que virou mulher

Kaede e Kagome haviam passado a manhã toda recolhendo ervas medicinais e agora as armazenavam em potes de cerâmica distintos. Aos seus quase oitenta anos Kaede ainda era a mesma de sempre, e seus serviços como miko, ainda eram considerados preciosos para muita gente, mesmo que Kagome fosse a miko oficial de sua pequena aldeia agora. Havia ensinado tudo o que sabia a Kagome e há muito tempo, ela já não era considerada sua aprendiza e sim, companheira. Purificavam youkais juntas, cuidavam de enfermos, mas viagens para fora do vilarejo ficavam a encargo de Kagome agora. Kaede, ainda que continuasse vigorosa como em sua juventude, sentia o peso dos anos sobre seus ombros e já não podia sair em viagens muito longas como antigamente.

-Kaede-obaa-chan... Esqueci de lhe dizer, mas preciso visitar Mariko-chan essa tarde. Ela já está em seu sétimo mês de gestação e tem tido algumas complicações. Disse-lhe que lhe levaria um chá feito com aquelas ervas raras que encontramos no monte Yuuki.

-Kagome; Kaede se voltou para a mulher ao seu lado. –Pode ir ver Mariko-chan, eu termino de guardar isso aqui.

-Arigato, Kaede-obaa-chan!

A jovem sacerdotiza agradeceu sincera e rumou para fora da cabana com um pequeno embrulho nas mãos.

Sempre que havia uma jovem grávida no vilarejo Kagome direcionava um cuidado e atenção especiais com elas, entretanto, Kaede percebia que após uma onda de felicidade, devido a uma nova vida que estava por vir, quase sempre Kagome se tornava melancólica. Fazia dez anos desde que Naraku fora derrotado e cerca de sete anos desde que Kagome retornara a Sengoku Jidai e decidira ficar com Inuyasha. Eles não puderam ter um casamento, uma união considerada válida na sociedade, sendo um casal de humana e youkai. Aquilo era inconcebível para a grande maioria das pessoas, mas viviam suas vidas com muito mais amor e felicidade do que muitos casais considerados "normais" que Kaede conhecia.

Era realmente uma pena que a benção de um filho não tivesse chegado até eles.

Mesmo com todos os conhecimentos que tinha Kaede não havia conseguido ajudar o casal. Talvez na era em que Kagome vivia anteriormente houvessem outros meios, ou então não, mas o fato era que aquilo machucara e ainda machucava muito Kagome.

Inuyasha, por sua vez, parecia quase que agradecido com isso.

Obviamente se entristecia com o sofrimento da mulher, mas certa vez confidenciara a Kaede que talvez tivesse sido melhor assim. A vida de um hanyou era algo difícil e não queria nada daquilo para seus filhos. Sua vida havia sido um verdadeiro inferno. Nem humano e nem demônio, apenas um ser híbrido que não tinha espaço em lugar nenhum. Gerar outro ser que poderia sofrer tanto quanto havia sofrido no passado, o entristecia muito mais do que de fato não ter um herdeiro.

Com o passar dos anos Kagome, de certa forma, havia se conformado com a possibilidade de ser estéril, que talvez, ambos o fossem, e se alegrava cuidando das grávidas do vilarejo, mas havia chegado ao extremo. Havia chegado ao extremo de pedir que Inuyasha a abandonasse e tentasse ter herdeiros com alguma outra mulher ou fêmea youkai fértil. Kagome sentia-se incompleta por não poder gerar o fruto de seu amor e pensava que, talvez, Inuyasha também se sentisse assim, incompleto junto de uma mulher incompleta.

Essa havia sido a maior crise do casal até então, mas Kaede sabia que o amor que sentiam um pelo outro, algo que ultrapassara eras, vidas, seria mais forte do que isso. Ainda sim sabia que Kagome continuava a nutrir uma fagulha de esperança bem lá no fundo e que, talvez, essa fagulha um dia se acendesse por simplesmente ter sido velada e acreditada.

Deus tinha o costume de desenhar caminhos e sussurrar palavras que muitas vezes não compreendíamos, mas quando descobríamos a rota certa a seguir, tudo se tornava mais fácil e havia um merecido prêmio no fim dele.

-Hum-hum...

Alguém pigarreou à suas costas e Kaede não precisou se virar para saber quem era. E não era Kagome, era alguém que há um bom tempo não via.

-Como vai, pequeno youkai-sapo? Já faz um tempo desde a última vez que nos vimos.

-É Jaken-sama, velha; retrucou um Jaken irritado, ainda que o tom da mulher soasse amistoso. Para Jaken conversas que incluíam a palavra pequeno sempre lhe soavam de forma pejorativa.

Kaede se voltou para trás e se deparou com a cena de sempre, a costumeira cena que de tempos em tempos ocorria, Jaken com um imenso embrulho nas mãos que mal conseguia carregar com seus braços curtos. A lustrosa testa do youkai respingava gotículas de suor pelo esforço.

Era assim que Sesshoumaru pretendia recuperar meses de distanciamento? Youkais realmente não entendiam sentimentos humanos.

-Outro quimono? –indagou Kaede enquanto pegava o pesado embrulho das mãos do youkai que tão logo se curvou aliviado.

Jaken levou a manga do quimono até sua pequena carranca verde e mal humorada. Demorou um certo tempo ali, enxugando a resplandecente testa ensopada.

-Sesshoumaru deveria saber que quimonos como esse são vestes de princesas não de camponesas de pés sujos; disse-lhe Kaede e o youkai finalmente a fitou.

-Nisso, tenho de concordar, mas...

Jaken ponderou, um clique de iluminação em sua mente, daqueles que você leva alguns segundos para compreender. Imediatamente se recompôs, ereto, como se alguém o tivesse fisgado no trazeiro. Sua estranha boca em forma de bico se abriu e então se fechou. Uma, duas vezes. Era como se lentamente as palavras da mulher lhe fizessem sentido, um sentido depreciativo e desrespeitoso de que não gostava nem um pouco. Abandonar sufixos de tratamento ao se referir a alguém como Sesshoumaru? Ao seu lord? Aquela bruxa velha realmente não sabia o seu lugar.

-Mais respeito com o Sesshouuumaru-sama, velha!

Jaken finalmente respondeu, gritou com sua vozinha esganiçada e irritante. Apontou acusadoramente para a sacerdotisa, o pequeno dedo verde em riste, mas para o seu desgosto, a mulher não lhe pareceu sequer estar incomodada.

Kaede tinha uma resposta na ponta da língua, mas preferiu manter-se calada. Algo lhe dizia que aquela visita, depois de todos aqueles meses, seria deveras importante.

-Bem, mas...; Jaken se recompôs diante do silêncio da mulher, os olhos fendados buscando os cantos da cabana. –Onde raios anda essa menina afinal?

Rin. Era aquilo que lhe importava, era por isso que estava ali e por isso mesmo seria algo importante.

-Rin? –Kaede lhe sorriu, agora sim lhe dando atenção. –Rin-chan ainda é a mesma youkai-sapo, nunca irá mudar, ainda que já não seja a mesma garotinha de anos atrás. Deve estar por aí, andando a esmo e cantarolando, colhendo flores, nadando num rio. Já não tenho mais idade para sair procurando por ela.

-Droga! Que menina mais...; Jaken se conteve depois de dar um soco contra a própria mão e resmungar baixinho, o que não completou em voz alta. –Tenho um recado do Sesshouuumaru-sama e...

-Ele vem visitá-la por esses dias, não é? –Kaede interveio. –Sesshoumaru é tão cheio de formalidades; suspirou.

-Na verdade, ele vem conversar com você primeiro, velha.

-Comigo? –Kaede indagou surpresa confirmando que estava certa em suas deduções.

-Hai, primeiro com você, mas seria bom que Rin-chan estivesse apresentável dessa vez; resmungou Jaken como se remoesse algo definitivamente desagradável em suas memórias, a expressão séria tornando-se carrancuda mais uma vez.

-Apresentável?

Kaede riu internamente. Na última visita de Sesshoumaru, Rin aparecera de surpresa com os pés sujos de lama, cabelos desgrenhados e roupas surradas. Sesshoumaru não lhe dissera nada, não apresentara qualquer sinal de desaprovação ou qualquer reação, mas isso era o esperado dele. Quem é que sabia o que realmente se passava na cabeça de Sesshoumaru afinal? Jaken, por sua vez, arregalou os olhos fendados e apontou para a garota como se a mesma tivesse cometido um crime gravíssimo ou coisa do tipo.

Aquilo lá era jeito de se apresentar ao seu senhor?

Jaken tinha o costume de dizer que expressava as reações e emoções que Sesshoumaru não podia expressar. Sesshoumaru o fitava com um olhar tão gelado que congelaria até mesmo o inferno depois disso. Aquela não havia sido uma excessão, mas o estado de Rin naquela ocasião tinha um motivo.

Fazia um bom tempo que Rin insistia que precisava aprender a arte da espada e Inuyasha havia se tornado forçadamente o seu professor de kenjutsu.

Kagome o obrigara.

Agora, entre resmungos descontentes, ele era obrigado a sorrir também.

No fim Inuyasha até havia aprendido a gostar de ser o mestre de alguém, isso o enaltecia no fim das contas. Sango, vez ou outra, lhe ensinava algo também, parte de seu aprendizado de taiijya, mas cuidar de seus sete filhos dava mais trabalho do que caçar youkais e isso se tornara esporádico. Rin lhes pedira para guardar esse segredo de Sesshoumaru e Kaede entendia o porque. Sesshoumaru a via como uma boneca de porcelana, frágil e desprotegida. Rin sabiamente não queria contrariá-lo.

Na opinião de Kaede esse segredo ainda jazia oculto, caso contrário Sesshoumaru já a teria levado para longe dali e decapitado o irmão mais novo.

Agora, no presente momento, Kaede não saberia dizer se isso poderia continuar oculto dos olhos e, principalmente, do olfato apurado de Sesshoumaru. Agora era... diferente.

Sesshoumaru passara meses sem retornar e nesse meio tempo as coisas haviam mudado um pouco.

-Está certo, youkai-sapo. Irei avisar Rin-chan para que dessa vez ela se apresente como Sesshoumaru deseja, ou seja, como uma princesa; o tom de Kaede saiu um tanto quanto jocoso, mas Jaken aparentemente não o percebeu.

-Dentro de uma semana, na próxima quarta-feira após o pôr-do-sol. Diga para ela vestir esse quimono que eu trouxe, velha. Isso é... importante; o olhar de Jaken momentaneamente se tornou distante e pensativo. A coisa era séria, mais séria do que Kaede imaginara a princípio. –Acredito que o momento tenha chegado.

-O momento?

Kaede vasculhou a pequena face do youkai.

-O momento de Rin-chan decidir em que mundo pretende viver...


-Kohaku-kun, acha mesmo que eu posso melhorar?

A garota mirava seu reflexo na lâmina da espada. Gostava do efeito disforme de seu rosto ali. Enquanto girava a lâmina nas mãos via seu reflexo sendo cortado ao meio, formando duas Rin's. Uma era a que todos conheciam e a outra, bem, a outra era a Rin que ninguém mais conhecia a não ser a si mesma.

Kohaku ponderou, não porque não soubesse o que lhe dizer, mas sim porque simplesmente gostava de observá-la quando ela jazia distante daquele jeito. Era o momento perfeito para se observar sem ser notado, o que já se acostumara a fazer por quase um ano.

-É claro. Por quê não, Rin? –os belos olhos castanhos da garota ainda jaziam fixos na espada. Kohaku, de certa forma, chegava a sentir-se inciumado. Sua katana parecia ter se tornado um objeto de adoração para a garota.

-Não sei; confessou-lhe Rin entregando-lhe a espada. –Às vezes penso que sou mais fraca do que imagino e isso me incomoda. Não gosto disso. Por mais que me esforce é como se eu continuasse a mesma, entende? Igualmente fraca. E isso me faz lembrar de como eu era antes, de algo que não quero nunca mais sentir na vida.

-Rin; Kohaku espreitou a face da garota, ansioso, afinal sabia a onde ela estava querendo chegar. Sua busca no entanto foi frustrada.

A garota repentinamente pareceu desviar de sua rota de pensamentos, como se tivesse dito o que não devia ou simplesmente quisesse dar o assunto como encerrado.

Rin muito pouco havia lhe contado sobre sua vida antes de encontrar Sesshoumaru, da morte dos pais, da própria morte após ser atacada por uma matilha de lobos. Talvez quando criança ela precisasse falar e ao mesmo tempo não pudesse, o trauma sofrido não lhe permitia. Agora? Agora não mais. Como os sábios tinham o costume de dizer, era melhor não desenterrar velhos fantasmas. O passado é imutável ainda que o presente seja uma nova chance de recomeçar.

-Inuyasha-sama nunca me leva a sério nos treinos...; a garota jogou-se sobre a grama verde e fitou o céu. Seus longos cabelos negros se espalharam sobre o chão e de seus lábios um muxoxo frustrado, meio que indignado, se dissipou.Já faz mais de um ano que treinamos kenjutsu e ele ainda me faz usar uma bokken. Quando é que ele vai me deixar usar uma espada de verdade, hã?

Kohaku se jogou de costas sobre a grama também.

-Inuyasha-sama é um youkai, Rin-chan; começou o rapaz. –Qualquer excesso da parte dele poderia realmente te machucar; disse-lhe Kohaku enquanto mirava o movimento das nuvens naquele fim de tarde.

Diferente de Inuyasha, Kohaku não se importava de treinar usando uma katana de verdade com a garota, ainda que tivesse igual cuidado. Rin já possuía uma certa habilidade em kenjutsu e Kohaku, vez ou outra, lhe emprestava uma espada reserva que sempre trazia consigo durante os treinos.

-Eu sei; resmungou Rin se apoiando num dos braços para fitar o rapaz. Quando Kohaku enfim pode vislumbrar seu rosto, um terno sorriso pairava ali. –Por isso fiquei feliz quando você veio visitar Sango-chan, resolveu passar algum tempo aqui e se ofereceu para treinar comigo. Sei que não é permanente e que tão logo você voltará para sua vida e suas longas viagens, mas sou-lhe realmente grata pelos últimos meses. Sango-chan é uma boa mestra, mas nem sempre tem tempo para me ensinar as artes taiijya.

-E isso, de certa forma, é tudo culpa do Miroku... Céus! –Kohaku levou ambas as mãos ao rosto e depois suspirou cansado. Os olhos de Rin estavam em si. –Quando é que aqueles dois vão parar de ter filhos? Hein?

Rin riu alto e então voltou a se sentar mirando a expressão desgostosa do amigo, seu rosto levemente rosado depois do comentário. Kohaku riu de volta para si. As pequenas sardas em seu nariz ainda estavam ali e a faziam se recordar do garoto que conhecera anos antes. Seus olhos ainda eram os mesmos. Ele, ainda era o mesmo, mas sua alma jazia sem qualquer mácula ou dor agora. Gostava de Kohaku e de não terem perdido aquele laço de amizade com o passar dos anos.

Haviam se visto muito pouco nos últimos anos antes do retorno do rapaz há alguns meses, mas quando voltaram a se encontrar e a conversar fora como se o tempo jamais houvesse passado. Antes disso as únicas vezes em que o havia visto de relance haviam sido no nascimento dos sobrinhos do rapaz. Sempre que Sango dava a luz, Kohaku dava um jeito de vir visitar a irmã e conhecer o mais novo membro da família. Era comum que o visse pelo menos uma vez por ano, mas suas vindas ao vilarejo eram tão fugazes quanto a vida de uma cigarra. Kohaku geralmente vinha à noite, conhecia o novo sobrinho e no outro dia bem cedo partia. Não tinham tempo para por a conversa em dia. Agora que era um taiijya altamente requisitado, Kohaku vivia viajando por terras longínquas, não tinha tempo para jogar conversa fora. Estava ali numa espécie de "férias", mas logo voltaria ao trabalho. Sango o havia convencido a ficar um pouco mais quando perdera o bebê há alguns meses e o irmão tinha vindo visitá-la. Precisava do apoio do irmão num momento tão triste quanto aquele e Kohaku realmente precisava de um descanso depois de todos aqueles anos de trabalho duro.

-Eu queria uma roupa dessas; Rin apontou para os trajes taiijya do rapaz que se sentou, ele sempre os usava nos treinos. Rin não possuía um como aquele e seu quimono masculino e calças não lhe agradavam como as roupas do amigo. –Queria ser como você, Kohaku-kun; completou.

-Como eu?

-Hai. Queria poder sair sem rumo e voar para longe; começou a garota com um olhar sonhador enquanto fitava as planícies e as plantações de arroz ao longe. –Às vezes me sinto sozinha mesmo estando rodeada de gente. Talvez estar realmente sozinha me faça sentir saudades de casa; completou voltando-se para o amigo.

-A gente se acostuma, Rin; respondeu-lhe Kohaku. –Eu já não vejo um lugar específico como lar. Lar para mim se tornou um lugar qualquer onde eu me sinta bem, ainda que por pouco tempo.

-Mas...; a garota ponderou cautelosa. –Não sente falta de seus amigos, de seus sobrinhos, de Sango-chan?

-Hai, mas essa vida não tem espaço para mim, entende? –começou Kohaku. –Sango tem sua vida, seus filhos, esposo. Eu não estou incluído nisso, ou pelo menos não me vejo em meio a isso sem me sentir um intruso, um estranho entre eles. Até mesmo porque, com tudo aquilo de filho que aqueles dois têm, nem haveria espaço para mim mesmo; o rapaz sorriu divertido. –A cada ano a casa deles me parece ficar menor. Tenho dormido na varanda da casa, sabia?

-São sete crianças lindas! –sorriu Rin. –Eu ajudei Kaede-obaa-chan e Kagome-chan no último parto, pena que Sango-chan tenha perdido o bebê. No ano passado ela também perdeu outra criança; o olhar da garota tornou-se momentaneamente melancólico.

-É verdade; confirmou Kohaku com tristeza e percebendo-o deprimido, Rin tratou de mudar o tom da conversa.

-Sango-chan é uma mulher forte, como poucas, e isso me faz pensar que de certa forma eu devo estar perdendo alguma coisa importante em minha vida; sorriu-lhe para então voltar a fitar o horizonte.

-Talvez, construir sua própria família? –sugeriu Kohaku diante expressão pensativa da garota. Talvez devesse ter guardado aquilo para si, mas quando percebeu já o havia dito.

Rin demorou em lhe responder.

-Lie. Eu só poderei pensar em minha própria família quando estiver junto de Sesshoumaru-sama mais uma vez.

Ela lhe sorriu, um leve tom rosado encantadoramente lhe chegando a face.

Foi a vez de Kohaku se recolher em seus pensamentos.

Sabia das eventuais visitas de Sesshoumaru, do anseio de Rin por elas, mas duvidava muito que um dia ele realmente a levasse para viver consigo mais uma vez. Sesshoumaru era um youkai, um orgulhoso youkai, que dizia odiar humanos na mesma proporção que odiava hanyous, ainda que Rin parecesse ser uma excessão.

Era realmente improvável que Sesshoumaru realizasse o desejo dela, mas pensar que talvez ele o fizesse, o incomodava. Youkais como Sesshoumaru só mantinham humanas, mulheres crescidas e vivas junto de si, quando desejavam tornar-se o seu danna.

-Ah e de e Jaken-sama e A-uhn também! –completou uma animada Rin chamando-lhe a atenção. –Sinto falta do mal humor de Jaken-sama e de poder galopar pelo céu na sela de A-uhn.

-Acha mesmo que um dia Sesshoumaru a levará com ele? –Kohaku ponderou, tinha medo de usar o tom errado e destruir aquele ar sonhador da garota.

-Hai. Ele me disse, ou melhor, ele me prometeu, que quando for a hora certa, ele irá me levar com ele; Rin sorriu radiante. Lembrava-se nitidamente da promessa que o youkai havia lhe feito há dez anos quando a deixara sob os cuidados de Kaede no vilarejo. –Depois disso, ele nunca mais irá me deixar.

Kohaku não conseguiu proferir mais nada depois daquela declaração. Rin tinha uma espécie de idolatria por Sesshoumaru, algo que, de certa forma, conseguia compreender, mas isso parecia ter sofrido sutis mudanças com o passar dos anos. De garotinha agradecida por ter sido salva, por ter ganhado uma espécie de anjo protetor, ela havia passado a jovem mulher, encantada diante de um homem de tamanha perfeição, que o fazia se aparentar ao ser perfeito dos seus sonhos: Um príncipe.

E Sesshoumaru o era, um poderoso e perigoso príncipe youkai.

Que chances teria tendo de competir com alguém como Sesshoumaru?

-Bom, talvez, ele não tenha me dito com todas essas palavras, afinal, Sesshoumaru-sama não é o tipo de pessoa que anda tagarelando por aí, mas eu aprendi a compreender os seus longos silêncios com o passar dos anos e eu acho que...

-Eu preciso ir, Rin; Kohaku a cortou. Sentia-se miseravelmente infeliz por sentir-se daquela forma, mas não havia como reprimir aquele sentimento. Ouvi-la falar de Sesshoumaru com tanto sentimento fazia com que sentisse raiva do youkai, ciúmes. Inveja.

-Já? –indagou-lhe Rin.

-Já.

-Que pena, mas voltemos juntos para o vilarejo então; Rin sorriu e então puxou o rapaz pela mão para que ele se levantasse.

"Rin-chan, talvez esse lugar realmente não tenha mais espaço para mim..".

Pensou o rapaz enquanto era arrastado monte abaixo.


Rin sentou-se no futton com uma expressão maravilhada no rosto. Afoita, desfez o embrulho à sua frente e seu sorriso só se alargou.

-Gostou do quimono, Rin? –indagou Kaede que a fitava de perto depois de lhe entregar o embrulho, o qual havia habilmente escondido da garota por uma semana.

Os olhos da garota abandonaram o belo quimono em tons de vermelho e dourado e se voltaram para a velha mulher.

-Ele vem me ver?

Kaede sabia que a euforia de Rin não era exatamente com os quimonos e seus metros e metros de seda cara. Ela raramente os usava depois, exceto, quando Sesshoumaru vinha lhe visitar. Segundo Rin vestir roupas caras como aquelas vivendo num vilarejo tão simples como aquele em que viviam, seria algo provocativo, depreciativo com as demais garotas. Elas não tinham alguém como Sesshoumaru para lhes dar presentes caros como aqueles.

Em dez anos Rin havia ganhado muita coisa e acabara se desfazendo de um ou outro quimono que já não lhe servia mais, ou então, presenteado alguma jovem noiva, por exemplo, mas não podia presentear a todas. Aqueles eram presentes de Sesshoumaru, não podia simplesmente livrar-se deles. Só esperava que ele não desse pela falta de algum deles ou então se zangasse por isso.

Kaede bem sabia que os presentes que a garota ganhava eram um pretexto para rever Sesshoumaru e era o que de fato a deixava encantada e radiante como uma borboleta que acabara de transmutar de seu casulo. Rin era uma garota de dezesseis anos agora e era normal que uma garota da sua idade ficasse eufórica diante da possibilidade de estar junto de alguém como Sesshoumaru. O maldito youkai era lindo, um verdadeiro príncipe, que mulher não se sentiria atraída por ele?

-E então, obaa-chan? Sesshoumaru-sama vem me ver? –a garota insistiu esperançosa. –Faz tanto tempo que ele não vem.

-Hai; Kaede suspirou vencida. Havia sido uma decisão sábia esperar até a véspera da visita de Sesshoumaru para só então avisar a garota e lhe dar o quimono. –Amanhã, ao pôr-do-sol.

-Que bom, Kaede-obaa-chan! Eu realmente já estava com saudades dele...

As bochechas da garota coraram e ela voltou sua atenção para o quimono, temendo que Kaede percebesse. Kaede não sabia dizer se aquilo era bom ou ruim. Se Sesshoumaru realmente viesse no dia seguinte e lhe dissesse que a levaria consigo, Rin não relutaria nem mesmo por um segundo. Seria sim e sim. Era como se ela estivesse ligada, enfeitiçada por ele desde o dia que se conheceram. A garotinha virara mulher e se o youkai a quisesse fazer sua mulher, ela o seria sem recusa. Rin ainda era jovem e inocente, mas seu coração palpitava acelerado a simples menção do nome de Sesshoumaru. Ela o queria e a ninguém mais. Qualquer um que a conhecesse saberia disso.

Kaede já havia visto isso mais de uma vez para estar enganada. Kikyou, Kagome, tantas outras mais...

Deixar Rin no vilarejo sob seus cuidados fora idéia do próprio Sesshoumaru e por esse mesmo motivo, para que essa espécie de laço fosse fortalecido ou então apagado. Rin precisava reaprender a viver entre os seus para só então, de fato poder escolher que caminho seguir.

Sesshoumaru não queria alguém o seguindo por agradecimento ou então idolatria, para isso já havia a incômoda presença de Jaken. Seu ego e orgulho eram grandes demais para suportar tais coisas vindas de Rin também. Por isso, por mais difícil que fosse, Sesshoumaru deixaria que Rin e somente ela decidisse.

-Ele, ele... Sesshoumaru-sama, ele; a garota titubeava enquanto acariciava os bordados do quimono.

-Sim, ele pediu para que vestisse o quimono que te enviou pelo youkai-sapo; respondeu Kaede.

-É tão lindo! –Rin suspirou e abraçou o quimono, uma certa ambiguidade inconscientemente escondida em suas palavras. Kaede deu alguns poucos passos em direção a saída, mas então parou.

-Rin?

-Hai.

-Tome um banho e lave os cabelos. Não se preocupe, eu irei te ajudar depois.

-Hai, Kaede-obaa-chan; a garota lhe sorriu e nem ao menos teve a curiosidade de lhe perguntar por que deveria lavar os cabelos pela segunda vez naquele dia.

Se Sesshoumaru sentisse o cheiro de Kohaku em Rin... Aquilo não acabaria bem. Kaede desconfiava que Sesshoumaru só deixara Rin, a sua Rin ali porque sabia que Kohaku não ficaria ali depois da destruição de Naraku.

A ideia de ter um rival certamente o incomodava como incomodaria a qualquer homem. Kohaku lhe seria um rival perigoso se tivesse continuado a viver no vilarejo e crescido junto de Rin. Quantos e quantos casais, Kaede vira se formar depois de terem brincado juntos na infância?

Ainda que Rin não tivesse olhos para mais ninguém, ainda que ele dissesse que a deixaria escolher, no fim das contas Kaede sabia que perder Rin para Kohaku ou qualquer outro homem estava fora de cogitação. No fundo era como se Sesshoumaru soubesse que Rin jamais seria de ninguém mais além de si mesmo.

-Maldito youkai pretensioso...

-O que disse, obaa-chan? –indagou a garota diante do olhar sisudo e do baixo resmungo da velha mulher.

Kaede sorriu.

-Nada querida, apenas faça o que te pedi. E a propósito, amanhã Kohaku não poderá treinar com você. Ele estará ocupado e você também. Kagome precisará da sua ajuda para colher algumas ervas no vilarejo vizinho. Eu já não tenho mais idade para caminhadas longas como essa por isso você irá acompanhá-la no meu lugar.

-H-Hai.

Concordou a garota e dessa vez pensou em perguntar por que com relação ao treino, afinal para colher as ervas metade da manhã seria o suficiente, mas a velha mulher se foi antes que tivesse a oportunidade.


"Miroku... Céus! Será que você só pensa... nisso?"

"As crianças já estão quase dormindo, Sango-chan..."

Não era incomum que Kohaku ouvisse ou então presenciasse cenas do tipo na casa da irmã. Não havia nada de errado nisso, eram casados, mas aquilo só aumentava aquela sensação de que aquele não era o seu lugar. Sentia-se um incômodo, talvez não para a irmã, mas para o houshi ex-portador do Kaasana sim. Vez ou outra via o houshi de cara amarrada depois das crianças já estarem na cama.

Sango lhe lançava um olhar mortal e isso se suavizava, de forma que um sorriso amarelo se estampava na face do cunhado, mas o desconforto de Kohaku não.

A fim de evitar isso, Kohaku sentou-se na varanda onde muitas vezes acabava dormindo. Algum tempo depois certamente a irmã o chamaria para o jantar ou então as crianças se jogariam em cima de si. O sol já se punha e o rapaz ficou ali, em silencio, a observar o horizonte. Um certo tempo depois o piso de madeira rangeu sob os passos de alguém que se aproximava, mas quando esse alguém se sentou ao seu lado não era Sango ou então um dos sobrinhos, era Miroku.

-Kohaku-san.

-Miroku-sama.

Os dois se cumprimentaram e voltaram a fitar o horizonte que se desbotava a medida que a noite avançava. Miroku se remexeu incomodado ao seu lado e então, enfim voltou a falar. Era como se não soubesse ao certo por onde começar.

-Preciso conversar com você, Kohaku-san.

Conversar? Kohaku já imaginava que tipo de conversa teriam... O houshi curiosamente pervertido lhe perguntaria mais uma vez sobre sua vida pessoal? Ou melhor, sobre sua intimidade? Como por exemplo, com quantas mulheres já havia dormido? Essa fora uma das primeiras coisas que lhe perguntara quando retornara há alguns meses, alegando que a vida que havia escolhido poderia lhe ser... útil, nesse sentido. Muitas viagens, muitos lugares para se conhecer e muitas mulheres para se...

Irritada e envergonhada Sango quase o matou por isso.

Sim, ele havia lhe perguntado isso na frente da esposa. Mas pensando melhor, Kohaku supunha que a conversa seria outra agora. Sua permanecia incômoda ali talvez.

-Sou-lhe todo ouvidos, Miroku-sama; respondeu-lhe Kohaku mirando a face do homem ao seu lado.

Miroku suspirou pausadamente, mas não se voltou para o rapaz.

-Rin-chan se tornou uma bela mulher, não acha? –indagou-lhe Miroku, sem desprender os olhos do horizonte.

-Como? –Kohaku sentiu-se estranho com aquela inesperada pergunta, um frio incômodo no estômago. Esperava qualquer coisa, menos aquilo.

-Eu já percebi, Kohaku-san, a forma como olha para ela; Miroku enfim se voltou para o rapaz que corou ligeiramente.

-Miroku-sama; Kohaku desviou o olhar.

-Eu sou homem, Kohaku-san, entendo você, mas...

-Mas...? –Kohaku voltou a fitar o homem ao seu lado. Seus olhos negros pareciam-lhe astutos como os de uma águia. Miroku ponderou por um bom tempo antes de enfim lhe responder.

-Mas talvez fosse melhor não pensar em Rin-chan dessa forma, Kohaku-san. Há tantas moças bonitas nesse vilarejo, em outros vilarejos, e, Rin-chan, ela...

-Ela não está disponível? Não está ao meu alcance, não é? –Kohaku interveio mais exaltado e incomodado do que desejaria estar. –Eu sei disso, Miroku-sama. Eu sei; completou cabisbaixo.

-Kohaku-san...

Miroku mirou o rapaz que agora fitava o chão, como se não tivesse coragem de lhe fitar nos olhos. Esperou que ele voltasse a lhe fitar e então continuou.

-Sango me disse que amanhã Sesshoumaru virá visitar Rin-chan. Nós achamos melhor você não se aproximar muito dela amanhã e...

-Acaso ela é prisioneira dele? –o rapaz explodiu surpreendendo o monge.

-Kohaku-san; Miroku ponderou. –Sesshoumaru reconhecerá o seu cheiro assim que chegar aqui, talvez antes disso, e, sentir o seu cheiro nela pode...

-Miroku-sama; Kohaku mais uma vez interveio e agora seu tom havia se abrandado, se tornado quase que vencido, melancólico. –Rin está apaixonada por ele, ela jamais se interessou por mim. Sesshoumaru não tem o que temer, ela jamais vai olhar pra outro homem além dele.

Os olhos do rapaz e do homem se cruzaram por um doloroso segundo de compreensão, de cumplicidade.

-Kohaku-san...

-Chichyue! Mamãe disse que o jantar já está pronto!

Uma das crianças gritou a porta e Miroku se voltou para trás.

-Arigato. Diga a ela que já vamos entrar querida.

A garotinha correu para dentro e Miroku se levantou. A sua intuição e a de Sango estavam certas. Kohaku realmente havia se apaixonado por Rin. Aquilo fazia Sango sentir-se culpada, afinal fora a pedido seu que o irmão havia passado os últimos meses ali. Miroku tentava confortar a esposa dizendo-lhe que não era sua culpa, mas ver Kohaku daquele jeito magoava e muito Sango. Ambos sabiam que Kohaku não era correspondido, Rin sequer percebia seus sentimentos, coisa que todos a volta já haviam percebido.

-Kohaku-san; o rapaz não respondeu e o houshi continuou. Não era fácil o que tinha para dizer, não depois de confirmar suas suspeitas, mas Kohaku merecia saber. –Provavelmente Rin-chan vá embora com Sesshoumaru amanhã.

Kohaku se voltou espantado para trás, mas Miroku nada mais disse, deu-lhe as costas e adentrou a casa.

-Rin-chan...

Talvez fosse a sua hora de partir também, pensou Kohaku.


Rin sentia os cabelos sendo penteados por Kagome, no fim fora ela a lhe ajudar no banho e não Kaede. Kagome era habilidosa com as mãos, carinhosa, e, algo lhe dizia que era exatamente como uma mãe deveria ser. Não se lembrava com clareza da sua, havia perdido-a cedo demais, mas era assim que se sentia junto de Kagome, ainda que a mulher fosse jovem demais para ser sua mãe. Kaede havia sido a sua mãe e era igualmente doce, mas havia algo diferente com Kagome, algo que não sabia explicar, só sentir.

Adorava quando Kagome lhe penteava os cabelos, quando a ajudava a se vestir ou lhe esfregava as costas, mas naquele momento algo estranho acontecia consigo e não era devido à presença de Kagome. Simplesmente não conseguia impedir que meios sorrisos lhe formassem nos lábios em curtos espaços de tempo.

-Está realmente feliz, não é Rin-chan? Com a visita do Sesshoumaru? –indagou Kagome.

Rin corou. Conhecia aquele tom de Kagome e ainda que não estivesse vendo aquele meio sorriso nos lábios da mulher, sabia que ele estava lá, estampado em sua face.

-H-Hai; confirmou a garota. Como diria o contrário? –Faz tempo que ele não vem me ver; completou envergonhada.

Kagome terminou de pentear os longos cabelos da garota em silencio e então se levantou. Rin viu-a se sentar graciosamente de frente para a si e abandonar a escova sobre o futton. Kagome lhe sorria de uma forma que Rin não conseguia compreender completamente. Não era simplesmente aquele sorriso matreiro de sempre, quando suspeitava de algo. Era diferente.

-Rin-chan, fico contente que esteja feliz, mas...

-Mas o que, Kagome-chan? –Rin procurou a resposta nos belos olhos da mulher.

-O que faria se Sesshoumaru quisesse te levar com ele amanhã? –Kagome despejou de uma só vez e esperou alguns segundos apenas para ter a resposta.

-Eu, eu...; Rin sentia o seu coração bater forte contra o peito, acelerado, carregado de expectativas. –Seria o dia mais feliz de toda a minha vida, Kagome-chan!

Kagome voltou a sorrir. Agora viria a parte realmente importante daquela conversa, algo que conversara mais cedo com Kaede e ficara incumbida de repassar a Rin.

-Realmente gosta do Sesshoumaru, não é Rin? –começou Kagome.

-H-Hai. Ele é... Tudo para mim; murmurou a garota o rosto se tingindo de um tom levemente rosado. –Sem ele eu não estaria aqui, não teria vivido e experimentado tantas coisas boas em minha vida. Devo a minha vida a ele, Kagome-chan; completou.

-Sua vida...; Kagome ponderou por um longo instante, sua expressão era pensativa. –Acaso gostaria de realmente dividir a sua vida com ele, Rin?

Aquela pergunta tinha um sentido mais amplo do que a garota podia compreender, mas Rin não pensou muito para responder.

-Hai, é claro.

Kagome mais uma vez ponderou por um longo instante. Talvez devesse ser mais direta.

-Rin, qual seria a sua reação se Sesshoumaru a quisesse como esposa?

O coração de Rin falhou uma batida e quando enfim respondeu, sua face jazia rubra, sua garganta seca.

-Kagome-chan, eu... Ele... Acho que ele não me vê dessa forma; respondeu-lhe desviando o olhar.

-Será? –Kagome lhe dirigiu um meio sorriso que a fez se sentir ainda mais envergonhada. –A minha preocupação Rin é se você realmente deseja isso, entende? Deseja estar junto dele? Sei que o laço que os une será eterno, mas não tenho certeza se isso que você sente por ele é apenas gratidão ou algo mais. Acredite, gratidão apenas não a fará feliz junto dele, Rin.

Rin suspirou pausadamente.

-O que sinto por ele é muito mais do que gratidão, Kagome-chan. A verdade é que me sinto incompleta longe dele, como se me faltasse uma parte importante e incapaz de ser restituída. Como se o meu coração tivesse sido arrancado do peito, entende? Meu coração sempre estará com ele a onde quer que ele vá.

-Rin-chan...

Kagome sorriu feliz e então a abraçou apertado. Só esperava que realmente estivesse certa ao afirmar a Inuyasha, que seu irmão mais velho podia sim amar. Sesshoumaru já era amado. De coração, só esperava que ele correspondesse a esse amor com igual adoração e dedicação.

Não precisava ouvir mais nada.

A garota a sua frente agora fitava as próprias mãos sobre o colo, nervosamente elas apertavam o tecido da yukata. A face rosada jazia parcialmente coberta por uma longa camada de cabelos negros. Era como se ainda estivesse tentando entender tudo aquilo. Rin era tão jovem, tão inocente. Havia tantas coisas mais a se aprender, a viver. Kagome levou suas mãos até as dela, encorajando-a.

-Rin-chan; a garota voltou a lhe fitar. –Se amanhã ele realmente a levar embora daqui, saiba que lhe desejo toda a felicidade do mundo.

-K-Kagome-chan? –Rin sentiu as palavras faltarem.

A mulher se levantou e se afastou.

-Apenas seja feliz, Rin; completou Kagome antes de sair.

Rin sentiu-se perdida ali, como se aquela conversa ainda pairasse em sua mente sem que de fato a pudesse compreender totalmente. Mirou o belo quimono vermelho na outra extremidade do futton, cuidadosamente arrumado para que não amassasse. Ele era lindo... Certamente um dos mais belos quimonos que havia ganhado de Sesshoumaru até então.

As palavras de Kagome mais uma vez retumbaram em sua cabeça, uma determinada palavra, e ela corou.

-E-esposa...? Eu?

A garota mordeu o lábio inferior.

Aquilo era tão...

Seria tão...

Realmente seria verdade?

E... Se o fosse?

Um frio estranho correu-lhe pelo estômago, borboletas geladas e travessas. Seu rosto mais uma vez estava quente.

Seus dedos involuntariamente rumaram até os lábios e a imagem perfeita do rosto de Sesshoumaru lhe veio à cabeça. Como seria ser tocada por ele? Beijada? Seus lábios perfeitos seriam ternos e gentis como imaginava que fossem?

Seu coração disparou dentro do peito e a garota se jogou de costas sobre o futton, um sorriso bobo na face. Sentia-se tola, mas feliz. Talvez mirar as teias de aranha no telhado a fizessem parar de pensar naquilo.

Não. Não fariam. A si mesma podia confessar. Não era a primeira vez que pensara naquilo, ainda que fosse a primeira vez que alguém a fizesse pensar nisso como uma real possibilidade.

-Sesshoumaru-sama...

A garota murmurou para o nada. As aranhas iam e vinham em suas teias presas no teto. Seus olhos as seguiam, mas sua mente estava bem longe dali, como se tivesse sido separada de seu corpo. Em um mundo repleto de névoas havia somente, ele, Sesshoumaru, alvo e belo como sempre fora. Pensar que talvez Kagome estivesse certa, que talvez, ele realmente a quisesse, fazia com que se sentisse feliz como há muito tempo não se sentia. Aquilo a preenchia por inteiro, a inflava de encontro ao céu.

Esposa?

-Isso é tudo o que mais quero, Sesshoumaru-sama...

Continua...


NOTAS:

Kenjutsu: Literalmente a arte da espada.

Bokken: Bokken ou bokuto era a réplica de uma espada verdadeira feita de madeira para ser usada a fim de que não se houvesse danos corporais nos treinos de kenjutsu.

Yukata: É uma vestimenta considerada como uma espécie de quimono de verão, usada também após o banho já que é mais simples que um quimono tradicional.

Danna: Patrono e amante de uma gueixa. As gueixas não podiam se casar, sendo então, as melhores delas tinham um danna que cuidavam delas e algumas vezes até lhe geravam herdeiros. Achei apropriado nesse caso, já que um casamento entre um youkai e uma humana seria impossível. Até onde eu sei, todos os romances do tipo foram amores proibidos em Inuyasha, o que quer dizer, nada de casamento.

Qualquer outra dúvida? É só me perguntarem via reviews, porque sim, eu quero e muitooooooooooooooooos REVIEWS! Minha primeira fanfic SesshyxRin, preciso de incentivo pessoal! ^^

Bjus e até a próxima!

P.s: No próximo capítulo, prometo, o Sessy dará o ar de sua graça! XD