:::Disclaimer e avisos:::

Os personagens pertencem a Tite Kubo (c).
"Numb" em inglês, significa: entorpecido; dormente; paralisado; adormecido; estarrecido.

Gêneros: Darkfic, Lemon, Universo Alternativo, Yaoi
Avisos: Drogas, Estupro, Homossexualidade, Linguagem Imprópria.

IMPORTANTE:

Esta fanfic tem conteúdo ADULTO, e situações que provavelmente pode ofender alguns. Se não gosta, não prossiga.

Eu não sou a favor de estupro, violência, drogas, e etc. E nem faço apologia à essas coisas.
As circunstâncias descritas nesta fanfic, tem apenas o mero significado ilustrativo.

Enfim. Essa história é bem sem noção xD
Fazer o quê, eu queria ver o Ichigo sofrer, rs.
Eu iria postar em um capítulo, mas ficou grande demais, e decidi dividir em duas partes.

Pessoinhas, que fique claro:
O Ichigo está sob efeito de drogas pesadas, totalmente fora do seu juízo normal, ok?
(E sim, pesquisei bastante sobre os efeitos das drogas em questão, desde como ela age no corpo de início, até o final. Embora não tenha especificado quais as drogas utilizadas.)

No mais, não se assustem.

Boa leitura!


...


Ichigo moveu-se melindroso, sentindo cada célula do seu corpo latejar, lutando contra a dor e o cansaço. Mexeu os lábios umedecendo a pele seca com a língua, e provou o gosto metálico penetrando pelos cantos da boca, a visão muito nublada.

Ele ofegou, respirou fundo. As estrias dos pulmões pareceram se romper, aceitando o oxigênio saturado de odores acres e ferrosos.

Tentou esticar os braços e pernas, certificando-se de que não haviam lhe quebrado nenhum osso. Arriscou-se a virar para o lado, mas descobriu que uma fraqueza anormal se apoderava do seu corpo. O esforço trouxe uma pontada de dor vítrea, rasgando profundamente a base do tórax espalhando-se na linha das costelas, e um gemido involuntário escapou por entre os lábios apertados, denunciando-o.

– Olha só, o moranguinho acabou de acordar! – A voz afetada disse com escárnio, mas o Kurosaki ouviu apenas um ruído disforme, notando o borrão de uma cabeça rosada aproximar do seu rosto.

O dono da voz agachou ao lado do corpo encolhido no canto do recinto. Os dedos compridos e finos se agarraram aos fios alaranjados, forçando a cabeça para trás. A pele esmaecida do pescoço foi exposta sob a má iluminação da lâmpada amarelada, pendendo do teto através de um fio frouxo sobre a mesa de madeira no centro do cômodo. Os olhos do menor lacrimejaram contra a luz, usando de todo esforço que ainda tinha para tentar fazer um reconhecimento do lugar.

– Szayel, larga o moleque. – O homem de dois metros chutou o outro no meio da coluna, obrigando-o a soltar o garoto contra o chão. – Mexe essa bunda magrela daí, e vai chamar o Grimmjow, antes que ele chegue puto e arrebente seu rabo. Você sabe que ele não gosta que mexam no que é dele.

Szayel se levantou, mais preocupado em limpar a marca suja dos sapatos do Zaraki nas suas costas, do que com a dor cruciante do coice. Custava caro manter aquelas roupas, e ele prezava bastante por mantê-las impecáveis. Enfim. Ele saiu do ambiente resmungando o quanto era superior aos modos rústicos do companheiro.

Kenpachi abriu a primeira gaveta de uma cômoda, e retirou um frasco junto de uma cartela de comprimidos lá de dentro. Havia uma colher ali em cima, então usou-a para amassar a droga sólida, e depois ajudar a arrastar o pó da superfície suja, para dentro do copo com um líquido castanho em mãos. Em seguida destampou o frasco marrom, fazendo a dosagem com a tampa, e misturando tudo com o cabo da colher, largando-o de qualquer jeito em cima do móvel.

Caminhou afundando os pés no chão de cimento queimado, e dobrou os joelhos na frente do bolo de gente que era o rapaz desnorteado, esparramado ali. Ichigo semicerrou os olhos para tentar compreender o rosto do homem gigantesco, e notou que ele usava um tapa-olho no lado direito da face, e uma cicatriz cortando-lhe o comprimento do outro lado. Ficou preso a esses detalhes em meio aos traços primitivos do desconhecido, enquanto sentia as mãos ásperas passando em volta do seu pescoço, envolvendo-o com algo macio e apertado, notando um peso pendendo dali. Ouviu o som de metais se chocando muito próximo dos seus ouvidos. Aquilo feriu sua audição, num aspecto quase sobrenatural.

Depois, sem muito esforço, Zaraki apertou as bochechas do cativo fazendo a boca dele se abrir o suficiente para derramar o líquido do copo ali dentro. Feito isso, forçou a palma contra o maxilar do Kurosaki, a outra mão vetando os lábios impedindo o moleque de cuspir a droga toda para fora.

– Muito bom. – Ele deu uns tapinhas no rosto dele, depois de ter certeza que havia engolido tudo. – Se soubesse o tanto que isso vai facilitar a sua vida, não faria essa cara de bicha para mim.

Ichigo ouviu a voz escarpada desvanecendo, sentindo o corpo mais pesado, os músculos como engrenagens emperradas. A mente entrou em estado de letargia, como se o convidasse para um descanso, o relaxamento era incrível. Estava tão cansado... Talvez fosse um pesadelo, e agora estavas prestes a despertar.

—X—

Uma pancada seca na porta fez o coração do garoto disparar.

Acordou se sentindo menos pesado, mas a indisposição ainda estava ali, só que dessa vez mais vertiginosa. Tentou se colocar sobre as pernas, mas estas recusaram em obedecê-lo. Havia algo irritante sacolejando em seu pescoço. Limitou-se a sentar, recostado contra a parede fria, a luz amarelada ofuscando-lhe a visão entorpecida. Olhou para os lados, estudou o ambiente.

Onde raios ele estava, mesmo?

Jogos de sombras trepidavam, projetadas pela mesa e um armário oxidado de canto. Aquelas manchas negras dançando fantasmagóricas sobre seu rosto, o deixaram temporariamente zonzo. Foi quando ouviu um raspar de sapatos no chão, como uma lixa crespa dentro da sua cabeça. Ele tentou tapar os ouvidos, girando o rosto naquela direção.

– Quem... Quem é você?

O desconhecido tomou o assento da poltrona vazia no canto da parede, ao lado da porta por onde entrara. Dobrou uma perna sobre o joelho, acendeu um cigarro e largou o isqueiro em cima da cômoda velha ao lado. O objeto atingiu a ponta da colher jogada ali um tempo atrás, fazendo o talher despencar contra o chão. Ichigo estreitou os olhos para definir melhor aquela silhueta, e pôde reconhecer a fumaça sendo assoprada acima da cabeça azul do sujeito sentado.

– É sempre a mesma merda. "Quem é você?", ou: "O que estou fazendo aqui?" "Não encoste em mim!". Vocês parecem aqueles brinquedos estragados, repetindo toda vez a mesma coisa.

– Me deixa sair desse lugar. – Ichigo se agarrou ao pé da mesa, fazendo força para se colocar sobre os joelhos dobrados. Em seguida o estômago revirou, a ânsia de vômito subindo vigorosa pelo esôfago. Pendeu o corpo, deixando-se sustentar sobre as mãos, esperando o incômodo passar, até que foi ficando mais fraco, parando na faringe. Ele tossiu segurando a garganta, mas, decididamente, havia algo tremendamente irritante ali. Ichigo passou a mão pela extensão de uma corrente pendurada no pescoço. – Que merda é essa? O que vão fazer comigo?

– Ei, me dá isso aqui. – Grimmjow disse com naturalidade, fazendo sinal com a mão, indicando a corrente. – Tá surdo, moleque? Disse para me dar essa porcaria. – Contrariado, esticou a mão para frente, a fim de alcançar a ponta da corrente.

Ichigo foi mais rápido e puxou o resto do comprimento para junto de si, formando um bolo metálico entre os joelhos dobrados. Tentou encontrar o fecho a fim de arrancá-la do pescoço, mas era duro demais em vista da pouca coordenação que tinha em mãos para pressionar o polegar e se livrar daquela merda. Veja só, que triste azar.

– Tsc. Que saco. – Impaciente, o homem observava a movimentação desnecessária do menor. Atirou o que sobrou do cigarro no chão mesmo, e apagou o fiapo de brasa com a ponta dos sapatos.

Foi caminhando na direção do ruivo, e este ergueu os olhos confusos para cima. De repente não entendeu o que aconteceu, quando o estranho aos seus olhos curvou-se lhe segurando o queixo. – Eu não te disse para me dar isso aqui? – Juntou um pedaço da corrente ameaçando surrá-lo com ela no rosto, mas desferiu o golpe sobre a madeira da mesa num estrondo que só serviu para fazer o coitado do garoto se encolher num canto do cômodo, todo assombrado.

O ruído ficou ecoando na cabeça dele, como pancadas diretas no crânio. Não tinha noção do que era a substância que engolira quando o estranho forçou aquele líquido suspeito para dentro dele, mas provavelmente o estupor que o invadia tinha muito a ver com aquilo. Definitivamente.

Grimmjow sabia das reações pelas quais o corpo do Kurosaki estava passando, e causou aquele estalido dispensável de propósito. Agora se regozijava, gargalhando indecentemente, voltando ao assento anterior, segurando o término da corrente entre os dedos. Não teve muita calma de ficar esperando Ichigo voltar a si, então puxou logo a guia, incitando o garoto a engatinhar na sua direção.

O mais novo pendeu o tronco para frente, lutando contra aquela força abissal o arrastando. Ele pretendia resistir. Iria aguentar, evitando que a situação descontrolasse. Entretanto, a intensidade dos puxões aumentava. Sentiu por instantes uma infelicidade ansiosa brotando em seu coração, e teve de refrear o impulso precipitado de querer desistir e se entregar.

– Sabe de uma coisa? – O estranho se levantou. – Odeio essas bichas medrosas que nem você. Não tenho paciência de ficar passando a mão em cabeça de gente da sua laia, não.

Grimmjow cruzou os braços pensando se esperava a pasmaceira do outro se abrandar, ou se forçava isso a acontecer de outra maneira. As possibilidades e a criatividade eram tantas, que ele até sorriu para si mesmo.

Coçou o queixo com o polegar, quando viu o objeto de tiras de couro pendurado num prego enferrujado, em cima da cômoda. O cenho crispou-se como se contestasse consigo mesmo. Não gostava de manusear aquilo, mas, certamente serviria para colocar aquele moleque mais esperto.

– Você tá com sorte, seu infeliz. – Apanhou o chicote de nove tiras, passando os dedos entre as cordas de couro enroladas, esticando-as pelo nó firme das pontas. – Eu não sou fã dessas viadagens, saca? Quem gosta dessas merdas é o Szayel. Mas, vou abrir uma exceção contigo.

Grimmjow bateu com o objeto no encosto da poltrona e andou para perto de sua vítima, insinuando com as tiras no ar. Ichigo começou a engatinhar, arrastando a corrente pela sala, com todas as forças que lhe restavam, tentando alcançar a porta. Se alcançasse a porta antes de ser pego, conseguiria escapar. Sim, excelente linha de pensamento. Enquanto isso, Grimmjow batia com os pés no chão atormentando o juízo do rapaz em seu estado de completa ausência de senso e direções, quando em fato, nem sequer movia-se do lugar para alcançá-lo. O menor em sua aflição escondeu-se improdutivamente debaixo da mesa, segurando os joelhos unidos, com a cabeça tremendo entre eles.

O móvel então foi chutado, e despencou num estrondo ensurdecedor para o lado. Grimmjow batia com as mãos no joelho no outro canto, gargalhando feito um lunático ao passo que agitava aquele chicote estúpido no rumo da presa.

Muito tonto, e completamente desequilibrado, Ichigo apoiou-se com as mãos na parede para manter-se de pé, aflito com a ameaça da criatura selvagem atrás dele. Grimmjow nem sequer se esforçou para segui-lo. Se aproximou a passos lentos, sacolejando despreocupado o chicote na mão, e deteve os passos numa certa distância. Achou divertido o empenho do rapaz em sacudir morbidamente a tranca da porta, esmurrando-a entre pedidos de socorro. Ficou observando.

Grimmjow agitou as tiras de couro no ar, procurando a melhor postura para mirar. Então, após balançar a haste do artefato para gerar impulso, largou a chibata com tudo nas costas do morango.

Ouviu-se um grito rouco escapar arranhando a garganta, o qual Ichigo abafou contra o antebraço escorado como apoio sobre a porta. O corpo permaneceu ali imóvel, colado contra a superfície em estado de paralisia. A dor excruciante alastrava, pulsando ao longo dos músculos, e lágrimas brotaram involuntárias, escorrendo em filetes sobre a pele quente das maçãs.

– O que te faz tão importante, a ponto de pensar que alguém nesse lugar viria até aqui, só para te socorrer? – O peso do corpo de Grimmjow segurou Ichigo contra a porta, cochichando aquelas palavras em tom de deboche no pé do ouvido dele. As costas ardiam, e o maior friccionava sua força contra a região, prolongando ainda mais as brasas lancinantes, impedindo-as de se esvaírem, para dar espaço à sensação de alívio.

Ichigo afrouxou os braços, escorregando o corpo entre a porta e o homem que finalmente se afastava, e caiu de joelhos bem ali. Acumulou forças para se arrastar, e agarrou-se àquela poltrona como se o móvel pudesse lhe salvar a vida. Arfando com dificuldade, afundou o rosto no assento rasgado de couro, o resto do corpo tremendo, os ombros encolhidos, protegendo a cabeça com as mãos uma em cima da outra; pressentia a iminência desesperadora do próximo golpe ao seu encalço, e não podia fugir. Simplesmente não existia aquela possibilidade dentro daquela sala pavorosa.

Mas o próximo golpe não veio.

Grimmjow atirou o chicote para longe. Arrancou a gravata e retirou o paletó do terno, afrouxando alguns botões na gola da camisa branca. Tinha enjoado daquela brincadeira sem graça. Por isso era coisa de bicha, reafirmou o conceito no pensamento.

– Você é um tédio, moleque. – Suspirou pesadamente, como se entediado. – O merda do Kenpachi deve ter exagerado na dose outra vez. – Afrouxou também os botões do pulso, foi andando na direção da sua presa, puxando as mangas da roupa para cima, até os cotovelos.

Mãos muito grandes e quentes tocaram o ombro do rapaz, forçando-o a virar-se de frente para o maior. Ficou sentado, as costas escoradas contra a poltrona e a cabeça muito pesada pendendo para o lado, tombando em cima do ombro esquerdo. Grimmjow passou o indicador naquele rosto apavorado e cansado, seguindo curva do maxilar do morango até a boca. Parou com o indicador apoiando o queixo, e o polegar forçando o lábio inferior dele para baixo.

Grimmjow invadiu a boca do Kurosaki num beijo agressivo, serpenteando a língua na cavidade morna, procurando pela outra que fugia dele. Avançou com a mão entre as pernas do menor, abrindo espaço para tocar seu sexo por cima da calça. Ichigo sofreu um sobressalto, moveu as mãos desferindo tapas aleatórios nos ombros do homem, na esperança de repelir aquele pervertido. Porém, a mera força de Grimmjow sobre ele, parecia suficientemente capaz de contê-lo. Era uma pena.

O dono dos cabelos azuis espalhou os dedos, comprimindo a região com maior intensidade, e foi quando Ichigo esmagou a língua invasora entre os dentes, sentindo o gosto do sangue alheio tomar conta de sua boca.

Grimmjow afastou-se bruscamente com uma das mãos na boca, os olhos azuis cintilando de fúria fitando o outro aterrorizado a sua frente. Então, prontamente ergueu o braço no ar, descendo todo o peso do punho fechado contra rosto do Kurosaki, descontando o atrevimento daquele infeliz.

O corpo abatido não conseguiu se mover. Já Grimmjow, agora muito satisfeito por repreender a ousadia do rapaz, cuspiu uma mistura de sangue e saliva no chão, pensando o quanto seria bom se tivesse alguma bebida gelada a seu alcance, para se livrar daquele gosto irritante na boca. Pensou em gritar alguém, ou sair para tomar qualquer coisa, mas não gostava muito de ter que interromper sua diversão. Ainda mais por bobagens...

– Você se acha muito esperto, né, Kurosaki? – Ele riu, enquanto suspendia o corpo do garoto por debaixo dos braços sem dificuldade, acomodando-o meio desconjuntado em cima da poltrona. – Acha que vai me intimidar se tentar reagir, ainda mais nesse seu estado medíocre...

Ichigo rolou com a cabeça de um lado para o outro no estofado de couro. Um dos lados ele não conseguia sentir direito, pois este encontrava-se dormente. O móvel então estalou, devido ao peso do maior que subia em cima dele. Ajoelhou-se diante do ruivo, uma perna de cada lado do seu corpo. Afrouxou a fivela do cinto, baixando as calças juntamente com a boxer. Mexeu-se para ajeitar melhor as pernas, e as peças de roupa escorregaram até metade das coxas.

– Vou te dizer uma coisa. – Grimmjow voltou a dizer. – Na verdade, é um conselho. – Ichigo ficou enojado, o rosto bem na altura do baixo ventre do homem, vendo-o segurar o membro excitado na sua direção, despretensiosamente. – Se tentar outra gracinha, eu vou te amarrar nessa poltrona, enfiar um alicate nessa sua boca, arrancar todos seus dentes, e depois te fazer engolir um por um, tá me entendendo?

Não houve resposta audível, mas Ichigo assentou as pestanas, ebaixou um tantinho a cabeça, demonstrando resignação. Sabia que não havia mentira naquele tom ameaçador. Apesar de que seu estado não era dos melhores para discernir a natureza de qualquer coisa. No entanto, estava apavorado, seu corpo todo doía culpa daquele sádico perturbado, e isso bastava para convencê-lo de que o indivíduo não dissera aquilo apenas no intuito de causar intimidação verbal. A ameaça era um ultimato, e seus instintos comprovavam isso.

Ichigo fechou os olhos, notando a excitação do mais velho muito próxima dos seus lábios, recusando-se a olhar aquela cena desagradável por mais tempo. Quando o esperado aconteceu, ele sentiu um frio adentrando seu corpo, causando um atrito agonizante com a pele quente, resultado do efeito das drogas. Grimmjow adiantou-se para dentro dos lábios dele, forçando a entrada, puxando o ar entredentes ao passo que a carne macia e úmida o recebia dentro da cavidade morna. Ele gemeu roucamente.

Impulsionou os quadris, entrando e saindo de dentro da boca do outro; então parava de vez em quando para esfregar a glande nos lábios dele, fazendo movimentos circulares em volta da região, traçando seu formato. Só que... Desse jeito era chato, Ichigo parecia uma múmia. Dava impressão de que estava fazendo sexo oral com um cadáver.

– Ei, olha para mim. – O maior deu uns tapinhas nada gentis no rosto do ruivo. – Abre a porra do olho e faz alguma coisa. – Ichigo cerrou as pálpebras, mas não ergueu o olhar. – Ficou tímido? Vai fingir que não sabe dar conta do recado, Kurosaki? – Ele puxou a corrente da coleira para cima, forçando o rosto dele a encará-lo. – Pensa que eu não sei? Você é uma bichinha, pior que essas vadias de beira de estrada!

Ichigo não fazia idéia do que o maldito falava. Tinham pegado a pessoa errada. Nada condizia com ele; nada do que aquele homem dizia fazia algum sentido. Era apenas um estudante do último ano de colegial, que poderia contar os amigos nos dedos de uma mão. Tudo bem que se metia em muita encrenca, brigas de rua, e etc.; mas nada a ponto de fazer por merecer um perfil cujas infrações se enquadrassem no que saia da boca daquele maluco.

Sentiu a mão enorme puxar a sua, moldando seus dedos em volta do falo.

– Faz bem gostoso, porque senão pode começar a pensar no que vai querer para o jantar, já que vai ter que tomar de canudinho. – Grimmjow deitou a cabeça para trás emitindo uma risada desumana, achando graça do jogo grotesco de palavras.

Em condições normais, Ichigo teria esbofeteado a cara do sujeito naquele instante. Não, teria feito isso muito antes. Poderia não ser pretensioso o bastante para se intitular um valentão ou coisa parecida, mas também não era nenhum fracote. Nunca fora. Só que, havia engolindo boas doses de uma droga misteriosa, e agora sua coragem resumia-se a um fiapo desprezível contraposta à selvageria de Grimmjow.

"Repulsivo", "Desalmado", "Asqueroso", "Deplorável". – Ichigo ia enumerando os adjetivos sem verbalizá-los, enquanto o repreendia na imaginação, como se isso pudesse aliviar o pesar daquele tormento perante sua impotência.

Subjugado, vencido e dominado, primeiro Ichigo abriu a boca, pressionando a saliência pulsante com os dedos. Depois colocou a língua para fora, hesitando em encostá-la ali, porque certamente tinha nojo. Não do ato em si, mas pela humilhação, por ter que se sujeitar àquilo como seu único meio de defesa. Ele piscou, os olhos ardendo da exaustão que tomava conta do seu corpo. Ichigo, puxou a pele para trás expondo a glande, colocando a ponta da língua ali, girando-a em torno do topo. Grimmjow arfou, enterrando os dedos nos cabelos alaranjados, fazendo um carinho grosseiro no rapaz.

A situação piorou quando ele começou a narrar o que queria, deleitando-se com a pressão psicológica que exercia sobre o menor. Ichigo o abocanhou com repulsa, movendo a cabeça para trás, excitando o membro tal como lhe ia sendo ordenado. Grimmjow pegou uma das mãos dele, e a posicionou sobre o ílio do quadril, instigando-o a se escorar ali. O Kurosaki esparramou os dedos na pele firme, sentindo os músculos rígidos, enquanto o tomava pela boca, a ereção pulsando no vão quente, pressionando a garganta, ameaçando explodir. Quando sentiu a proximidade do orgasmo, Grimmjow cerrou a mandíbula, e empurrou a cabeça dele para trás. Ichigo puxou o ar pesado para dentro dos pulmões, para os ânimos se assentarem.

Grimmjow saiu de cima do estofado, sacudindo os pés para se livrar do bolo de roupas presas em volta dos tornozelos, e ajoelhou-se entre as pernas do Kurosaki, enquanto soltava o restante dos botões da camisa. Entretanto não se desfez da peça. Ele esticou os braços acima da cabeça estalando as juntas e a dobra do pescoço, soltando um suspiro de falso cansaço. Então debruçou o torso em cima do rapaz, mexendo os dedos no fecho da calça, para depois arrancá-la pelos pés, reparando na objeção entorpecida, e nos grunhidos insossos de protesto que escapuliam pela boca dele.

Usou as mãos grandes para subir a regata cinza do menino até o pescoço, deixando o tórax esguio descoberto. Grimmjow passou uma mão por debaixo da dobra do joelho do outro fazendo aquela perna içar, enquanto debruçava o peito por cima do dele. Afundou a cabeça na curva do pescoço tombado sobre o estofado. Colou os lábios naquela pele lisinha, insinuando os lábios para dentro da coleira, espalhando o movimento até as clavículas. Logo substituiu o roçar da boca pela língua faminta, e depois pelos dentes, abocanhando aquela carne febril, deixando suas marcas pelo caminho.

A palma da mão desceu, comprimindo o volume por cima da boxer do garoto, os dedos fazendo movimentos estimulantes em volta do falo intumescido. Continuou nisso, sugando os mamilos rosados, prendendo-os entre os dentes, notando a tez se enrijecer em volta da língua. Sentiu a ondulação no peito abaixo do seu oscilar, porque Ichigo emitia gemidos entre a dor e o prazer, correspondendo ao contato. O mais velho trincou os dentes, os orbes azuis faiscando, reluzindo aquela expressividade perversa.

– Como se sente, Kurosaki? – Ele suspendeu uma das pernas do menor, passando a língua na curva dos joelhos, sugando a pele até a parte interna das coxas, sem tirar os olhos dos olhos dele. – Tá do seu gosto? Ainda tá doendo? A coisa deve estar bem feia nas suas costas. – Levantou o corpo girando os ombros para trás, salientando o peito para frente. – Depois eu vou querer ver o estrago.

– Ao menos me diz, por favor... Aaahh. – Ichigo tapou o rosto com as mãos sentindo vergonha daquilo. – Me diz por que eu tô aqui. – Completou, com a voz saindo raspada na garganta. – O que diabos eu te fiz? Nem te conheço, eu...Hmm... Nunca te... Ahh... Vi na vida.

– O que você me fez? – Respirou fundo, ganhando uma expressão de incerteza, olhando o rapaz rendido, escorregado na poltrona. – Não me fez nada. O que um moleque da tua raça faria contra mim?

Ichigo falseou a voz, e começou a repetir as mesmas perguntas como numa prece. Por que estava ali? Queria saber. Precisava ao menos de um motivo. Qualquer um que fosse, ele apenas tinha que existir para desoprimir aquele dissabor, o desalento que assolava sua consciência. Seu corpo começou a perder significado, a lucidez era só um brilho opaco, apagada dentro da mente. Sentia os membros imundos, a sujeira invisível daquele homem incrustada sob a sua pele. Num desatino, ele riu da própria desgraça, ouvindo o som da sua voz ressoar cristalino no pensamento.

Grimmjow envergou a coluna de modo a alcançar a terceira gaveta da cômoda, mexendo as mãos para os lados até encontrar o que queria. Recolheu o braço sem fechar o móvel, deixando um amontoado de coisas reviradas para fora, caídas ali em volta, e forçou o polegar contra a tampinha do frasco em mãos. Ichigo observou o brilho da viscosidade escorrer turva entre os dedos do maior, enquanto este os movia para espalhar melhor o liquido entre eles. Em seguida a mão em forma de garra puxou-lhe a roupa íntima até as canelas, e algo gelado o invadiu, compelindo-o a agitar as ancas com o choque térmico da substância fria contra a pele ardente.

O homem dos cabelos azuis vibrantes circulou a língua na base do membro inchado, sugando a região em volta, descendo para a virilha, para depois instigá-la no caminho para a entrada do rapaz. Afastou o rosto um bocado, tencionando o dedo médio na passagem, movimentando-o com força de encontro às paredes encharcadas de lubrificante. Ichigo contorceu toda a coluna arqueando o corpo acima do estofado, arreganhando mais pernas, ressaltando o contato afundando-se dentro de si.

Grimmjow abriu mais espaço na fenda escorregadia, agora introduzindo dois dedos para dentro dele, perfurando-o vigorosamente, arreganhando os dentes para as reações no outro. Num certo ponto daquela tortura, precisou se impor entre as pernas do morango, porque o infeliz tentava fechá-las, e empurrá-lo com os pés.

Ah, como ele era insolente, merecia uns tapas!

A mente doentia saboreava aqueles grunhidos aflitos, como música para os ouvidos. Bem, azar o de Ichigo por ter nascido com aquela cara idiota de menino inocente, que só fazia aumentar o desejo em Grimmjow, de se achar no direito de poder maltratá-lo cada vez mais.

– Quer que eu pare? – Perguntou despreocupado, acelerando os movimentos da mão, parando subitamente para encaixar o terceiro dedo. Ichigo sulcou os calcanhares contra o dorso do homem num reflexo de dor intensa. – Se eu parar vou te que colocar outra coisa. E vai doer ainda mais. Não que eu me importe, só tô dizendo, porque pela sua cara, você tá gostando de sofrer.

O mais novo juntou energias, forçou as duas mãos sobre os braços da poltrona para lhe dar apoio, e obrigou o corpo para cima, sentindo os dedos alheios escorregarem para fora dele. Em seguida ficou sentado, a respiração ofegante, as mãos escondendo o sexo entre as pernas.

Sentia sede, uma sede absurda! A camisa regata grudava na pele que ardia com o suor salgado brotando dela; o corpo desaguando todo líquido existente dentro dele. Foi fechando os olhos devagar, as pupilas revirando por detrás das pálpebras caídas, e aquela sensação pareceu durar uma eternidade, até que... Apagou.