Disclaimer:Saint Seiya não me pertence, e esta história não tem fins lucrativos.
Aviso: A fic contém yaoi, lemon, violência, umas palavrinhas nada educadas, um Ikki mau e um Hyoguinha assustado (portanto, OOC). Ou seja: tudo de bom. Divirta-se! (Crianças, vão procurar outra fic mais adequada, sim?)
Sumário: Uma perseguição pela floresta. Caça e caçador. Um certo loiro perdeu seu Cosmo e, com ele, sua força e poderes como cavaleiro, ficando indefeso. Um certo moreno, poderoso inimigo mortal seu, está muito satisfeito, e mais do que disposto a tirar vantagem da situação. Ikki x Hyoga. YAOI, lemon.
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Temporada de Caça
Capítulo 1 – Fuga
Hyoga corria - não, praticamente voava por entre as árvores em uma velocidade louca, arfando audivelmente, o coração na boca... O sangue parecia lhe queimar nas veias com o esforço. Tinha que se distanciar dali, não podia perder um segundo...
"Paa-tii-nhoo?"
O chamado, com uma longa pausa entre sílabas, e carregado de provocação, vinha de não muito longe, de trás dele. Perto demais... precisava ir mais rápido...
"Está aberta a temporada de caça as patos!" o grito soou alto como se fosse para a floresta inteira ouvir, em um tom bem-humorado, uma voz clara e cheia de energia. Não, o outro ainda não demonstrava o menor cansaço, o que era um péssimo sinal. "E hoje à noite vai haver ensopado!"
Não podia deixar que o alcançasse, ou seria seu fim. Hyoga, corre!... Mas mal conseguia colocar ar suficiente nos pulmões, que ardiam mais a cada minuto. Estava tonto, a cada poucos segundos o mundo parecia girar, o que ele tentava ignorar. Seu lado doía com o esforço, como se tivesse sido golpeado. Não conseguiria manter essa velocidade por muito mais tempo...
"Mudei de idéia!" a voz zombeteira soou novamente, parecendo de muito perto. "Hoje não estou a fim de ensopado; pato assado é bem mais gostoso!"
Talvez devesse tentar se esconder, antes que caísse de exaustão no meio do caminho, ou que o outro o alcançasse. Mas onde? De que jeito? Não tinha tempo para olhar em volta e procurar um refúgio, a distração o faria perder momentos preciosos. Se o esconderijo fosse óbvio, seria pego. Provavelmente seria pego de qualquer jeito, revelado por sua respiração alta que não poderia controlar.
"Desiste, loiro! Se continuar correndo, só vai morrer cansado!"
Há uns minutos atrás, Hyoga havia saído da trilha principal daquela parte da floresta, já que era uma rota óbvia demais. Escolheu enveredar-se por um caminho mais fechado por entre as árvores, algo menos previsível. Havia rapidamente considerado duas opções: seguir em linha reta, o que garantiria maior velocidade, ou em ziguezague, para uma melhor chance de despistar seu perseguidor. Acabou optando pela velocidade e disparou reto como uma flecha, mas agora estava se arrependendo de sua escolha, que obviamente não estava funcionando.
Mal podia ouvir qualquer coisa além de sua respiração ruidosa, das batidas do próprio coração (desde quando o coração batia nas têmporas e não no peito?) e dos galhos e folhas secas se quebrando sob seus pés. Mas o barulho de um galho se quebrando à sua direita foi inconfundível. Rapidamente olhou, sem pausar, não viu nada, virou a cabeça para trás, nada...
E a voz atrás de si, cadê? Estaria o outro cansado, poupando a respiração, por isso parou de atormentá-lo? E se tivesse desistido da perseguição?
Não, Hyoga sabia que o outro ainda estava em seu encalço, com tanta certeza quanto sabia o próprio nome. Podia praticamente sentir a respiração do moreno na sua nuca. Ele não estava ali, claro, mas algo dizia ao loiro que seu "caçador" estava mais próximo do que esperava. Corre, Hyoga!... implorou a si mesmo pela décima vez. A falta de oxigênio não ajudava... deu-se conta de que estava se movendo mais devagar do que antes...
"Não te disse que correr era inútil?" a voz veio forte e clara, diretamente da frente dele.
O loiro estancou de repente em sua disparada desvairada, a interrupção abrupta de velocidade quase o projetando à frente. Os braços se agitaram em círculos largos no ar, como se estivesse em uma cena cômica de um desenhos animado, fazendo-o sentir-se ridículo, mas isso o ajudou a recuperar o equilíbrio e manter-se em pé.
Incrédulo, de olhos bem abertos, viu que o outro realmente estava ali, a alguns metros de si. Estava encostado com a maior naturalidade no tronco de uma árvore, os braços musculosos cruzados de leve sobre o tórax, as mangas da camisa azul-escura justa alargando-se para contê-los; as pernas fortes e bem torneadas pareciam confortáveis mas se deixavam delinear pela calça preta; um pé, calçado por uma bota preta de couro, escorava-se de forma irreverente à árvore. Seu olhar era divertido, os olhos azul-escuro brilhando com malícia, acompanhados por um sorrisinho que não prometia coisa boa.
Como o havia alcançado e passado à frente? E, desgraçado, não parecia nem um pouco cansado, depois de ter corrido tudo aquilo!
"Ikki!" o loiro ofegou assustado, tragando o ar em grandes goles. Por um momento pensou na possibilidade de voltar-se à direita ou à esquerda e continuar correndo; seus olhos azul-céu seguiram a idéia, procurando por uma saída. Mas logo percebeu que a tentativa seria inútil.
O moreno percebeu sua intenção e seu sorriso aumentou, assim como a malícia evidente nos seus olhos. "A que ponto chegamos?" disse. "Antes, Hyoga de Cisne, um cavaleiro até que bem decentezinho, não que fosse grande coisa, mas já vi piores. Hoje, apenas um patinho fujão e depenado, tentando escapar da panela." Ele descruzou os braços, desencostou-se da árvore e deu dois passos à frente.
O loiro involuntariamente deu dois passos para trás, em um pânico.
Ikki viu o recuo e riu alto, gargalhou, para seu infinito constrangimento. Hyoga sentiu-se corar, tanto de vergonha quanto de raiva. Não era um covarde, nunca fora! Essas circunstâncias eram... diferentes. Não, não era um covarde; mas não ver o perigo iminente na situação em que se encontrava seria muito estúpido.
"Deve ser mesmo muito humilhante para você, Hyoga, não é mesmo?" o outro falou depois de uns segundos. "Não poder mais lutar, se defender... estar assim frágil, desprotegido, depois de ter sido o cavaleiro poderoso que foi."
O russo cerrou os punhos. A alfinetada atingira seu alvo. Insulto nenhum doeria tanto se não refletisse a verdade. "Não vejo nada de humilhante na minha situação, Fênix," mentiu. "Por que me envergonharia de algo que foi feito a mim, de que não tive culpa? Posso não ter mais meus poderes, mas meu orgulho está intacto!"
"Ah, é?" o outro debochou, rindo de canto. "Dá pra ver esse orgulho todo, fugindo do oponente feito um menino assustado!"
Outra alfinetada certeira. Hyoga sentiu seu rosto esquentar, mas esforçou-se por manter a fachada fria e controlada de sempre, tentando salvar o resto do seu orgulho ferido. Tentou um tom desdenhoso. "Ah, Fênix, o que posso te dizer? Sei que noções com um tantinho de complexidade escapam à essa sua mente simplória, mas deixe-me dizer: adaptar-se a situações novas é uma mostra de inteligência, não de fraqueza. Se evasão é a minha melhor defesa no momento, mesmo sendo algo que eu jamais faria em uma situação normal, pois bem, estou sendo inteligente. Contrário a você. Se pensa que pode fazer com que eu me envergonhe disso, está muito enganado!"
Hyoga se arrependeu do que dizia antes mesmo de terminar a tirada, mas as palavras continuaram a despejar de sua boca. Era o que, suicida, para insultar o Fênix assim? E logo agora?... Maldito orgulho! Ah, ele iria pagar pelo atrevimento, e muito caro... conhecia o inimigo à sua frente bem demais para esperar algo melhor.
Dito e feito, os olhos do mais velho brilharam, mas dessa vez não refletiam malícia, e sim ódio. Só faltavam faiscar. Tinha seus punhos cerrados, e havia parado de sorrir no meio da tirada. "Falou bonito, mas isso é estória da carochinha. Conta pra outro!" Ikki avançou na direção do loiro.
Hyoga fez um esforço sobre-humano para ficar parado onde estava. Cada instinto seu gritava para que fugisse, para que se saísse dali o mais rápido possível, para que gritasse por ajuda, mas sabia que nada disso adiantaria. Estava claro para si que hoje iria morrer. Não tinha qualquer forma de defender-se ou de esquivar-se do outro, e ninguém viria salvá-lo. Mas pelo menos morreria um pouco de dignidade... o pouco que lhe sobrara intacto. Por isso, não moveu sequer um músculo, mesmo quando o moreno parou bem à sua frente, invadindo o seu espaço pessoal de forma desafiadora. Forçou-se a olhá-lo nos olhos, a esconder o medo, a manter uma pose fria e altiva, a despeito das circunstâncias.
"Arrogante e idiota como sempre," Ikki bufou, e num movimento rápido, agarrou o loiro pelos cabelos, puxando seu rosto com violência para centímetros do seu.
Hyoga tentou se desvencilhar, mas os dedos entrelaçados em seus cabelos o prendiam com firmeza, machucavam, pareciam querer arrancar seus cabelos do couro cabeludo... então teve que se contentar em cerrar os dentes e sustentar o olhar do outro. Um olhar que só tinha maldade, sentimento que aos poucos juntou-se com um tanto de escárnio.
O moreno continuou, em uma voz baixa e perigosa: "Imagine só, um cavaleiro de gelo que perdeu todo o seu poder, que não tem mais nem Cosmo o suficiente para gelar um copo de água... mas que tem a audácia de insultar ao temido Ikki de Fênix?" Com isso, desferiu um soco no abdômen do loiro, soltando seus cabelos abruptamente.
O russo dobrou-se de dor com o golpe, segurando o abdômem com as duas mãos. Perdeu o contato visual por um momento, mas voltou a mirar o homem de cabelos azulados antes mesmo de se recompôr, seus olhos claros brilhando de ódio.
"Ah, me desculpe," Ikki falou com fingimento. "Esqueci que você não tem mais a força de um cavaleiro, que agora é apenas um homem comum. Um golpe meu que antes você mal sentiria, agora te seria devastador. Um simples golpe que poderia quebrar, danificar alguma coisa importante. Devo lembrar-me de pegar leve, de ser mais delicado com você..." Dizendo isso, deu um soco no rosto do loiro, fazendo-o cambalear para trás. "Assim. Não tão forte que te desfigure ou quebre algum coisa; mas o bastante para te mostrar o nada que se tornou." Sorriu, debochado.
O russo cobriu a face golpeada com a mão, tentando encarar o outro com agressividade e confiança, mas sentia tudo menos isso. Tremia por dentro, de raiva, de receio, de indignação. Era muito desaforo! Com um esforço, ignorou tanto a ardência no rosto quanto a sua precária situação e, com um grito raivoso, partiu para cima do mais velho, desferindo-lhe uma sucessão de socos e chutes, que há apenas uns dias teriam sido golpes poderosíssimos. Para sua consternação, Ikki bloqueou a maioria com as mãos, e os poucos que o atingiram pareceram nem mesmo causá-lo um pouco de desconforto. Sentiu-se como uma criança tentando enfrentar a um gigante, e congelou no ato, percebendo tarde demais a burrada que estava fazendo.
Agora Fênix o matava.
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Continua...
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Nota: Esta fic era para ser capítulo único, mas não pude resistir a fazer um suspensezinho... Mas a razão maior por dividi-la (serão 3 ou 4 capítulos) é por estar "na gaveta" há dias, me dá a maior insegurança de escrever o resto, ainda mais na parte em que o circo pega fogo... Quem sabe se, postando o início, crio coragem de terminar de uma vez?
