Capítulo I : Reunião


Paris, a capital da França era também conhecida como Cidade das Luzes. A cidade era atravessada pelo Rio Sena e era a segunda maior metrópole da Europa. Sendo o maior pólo turístico do mundo, atraía anualmente mais turistas do que qualquer outra cidade. Também era conhecida pelo seu clima romântico que atraía diversos casais do mundo todo.

Pensando nisso, uma silhueta que se encontrava em cima do Arco do Triunfo se aproximou da beirada do monumento.

- Clima romântico... Quanta bobagem... – ela resmungou.


A Torre Eiffel era o principal símbolo da cidade e havia sido construída em 1889. Àquela hora da noite, as visitações já haviam sido suspensas. Entretanto, um vulto usando uma longa capa preta estava lá admirando a bela paisagem.

- Eu nunca imaginei que Paris fosse tão bonita...


Notre-Dame era uma catedral gótica e se localizava no centro da cidade. Sua construção havia começado em 1163 e foi dedicada a Mãe de Jesus Cristo, Maria. Apesar do lugar não ser aberto aos turistas à noite, uma pessoa se localizava dentro da catedral. Estava parada em frente ao Portal do Julgamento e observava o trabalho com profunda admiração. Após um longo tempo apenas observando, ela passou a mão pelos cabelos castanho-claros e soltou um pesado suspiro. Colocou o capuz e pegou uma grande caixa que se encontrava ao seu lado. Depois sumiu na escuridão.


Em Quai d'Orsay um vulto se encontrava. Estava sozinho e o vento forte brincava com seus cabelos e o sobretudo negro. O cais ficava na margem esquerda do Rio Sena e se estendia entre a Torre Eiffel e o Palácio Bourbon. A luz da lua só alcançava uma parte do lugar e onde o vulto estava era exatamente o ponto de transição entre o escuro e o claro. Assim, enquanto metade do seu rosto era iluminado, a outra metade permanecia na escuridão. Após um tempo imóvel, o vulto levantou-se de onde estava sentado: uma espécie de caixa grande. Com facilidade, prendeu a caixa nas costas e começou a andar. Ao mudar a posição, a luz da lua conseguiu iluminar totalmente a figura e cravada na caixa podia-se ver o desenho de uma taça.


Sofitel Paris Bercy era um hotel de quatro estrelas situado no bairro de Bercy Village. Tinha desde sauna até biblioteca. O bar era rodeado de mesas baixas com cadeirões amplos e confortáveis. No centro havia um grande piano.

Sentada em uma das mesas, uma bela ruiva tomava uma taça de champanhe. Sua beleza atraía a atenção dos homens ao seu redor fato que incomodava profundamente seu acompanhante. O rapaz que usava um elegante terno preto soltou um suspiro e passou a mão pelos cabelos castanhos em um gesto de nervosismo. Sua companheira riu.

- O que foi, Aioros? – ela perguntou.

- Athena jamais deveria ter te designado para essa missão. – ele respondeu sussurrando – Você chama muita atenção!

Amanda arqueou uma sobrancelha.

- Eu chamo atenção? Por quê?

- Como por que! Pra começar a cor dos seus cabelos não é algo muito comum, não é?

A ruiva sorriu.

- Pois eu acho que esse não é o problema. Admita, meu amor. Você está se corroendo de ciúmes. – ela falou em tom baixo aproximando o rosto do noivo que, por sua vez, sentiu uma contração no baixo ventre. Corado, o rapaz desviou o olhar.

- Não sei do que está falando. – ele falou com as bochechas vermelhas – Eu vou ver se o resto do pessoal já chegou.

- Vai mesmo? Olha que quando você sair, eu posso ser abordada por um desses bonitões das outras mesas, hein! – a ruiva disse em tom provocante.

Aioros olhou espantado para a noiva. Depois fechou a cara e saiu resmungando, fazendo Amanda cair na gargalhada.


O cavaleiro de sagitário havia acabado de chegar ao balcão da recepção quando ouviu uma voz conhecida.

- Hey, Oros!

Virando-se, o rapaz deu de cara com Milo e Shura. O espanhol trajava uma calça social preta e blusa social branca. Já o grego usava uma camisa social azul, calça jeans e tênis. Com uma sobrancelha arqueada, o cavaleiro de ouro de sagitário observava o traje do amigo escorpião.

- Milo... Você não acha que está um pouco informal demais, não? – Aioros perguntou.

- Eu bem que falei pra ele, mas esse escorpião cabeça-dura não escuta ninguém. – disse Shura.

Milo fez uma careta para o espanhol.

- Me deixa em paz, chifrudinho. Eu estou sexy e é isso o que importa.

- Do que foi que você me chamou, seu aracnídeo beberrão?

- Ora, ora. Mal estão reunidos e já começaram a brigar novamente. – os três ouviram uma voz vinda do hall de entrada. Ao se virarem, deram de cara com Máscara da Morte e Afrodite.

- Ah! Carlo! Gustav! – Aioros exclamou animado.

- Estou sabendo, hein Mask! Veio com o Dite. Vou contar pra Talitha quando ela chegar. – Milo disse maldosamente.

- Faça isso e você será um inseto morto. – o italiano falou perigosamente.

- Ui! Que medo! – o cavaleiro de escorpião disse de um jeito um tanto afetado.

- Você vai ver, seu inseto abusado! – Carlo exclamou indo em direção a Milo. Foi então que ouviram mais uma voz conhecida.

- Mas são uns barraqueiros mesmo! – Aioria falou – E aí, mano?

- Aioria! – o sagitário exclamou indo abraçar o irmão que retribuiu o carinho.

- Mas são duas bichonas mesmo! – Milo falou.

- Vejo que seus modos continuam os mesmos de sempre, Milo. – os rapazes ouviram Kamus dizer. O francês havia acabado de chegar ao hotel.

- Kaminho! Você veio! – Milo falou animado.

- E não foi só ele. – Dohko disse a alguns passos atrás de Kamus.

- Dohko! – os rapazes exclamaram juntos.

Todos ali com exceção de Milo estavam vestidos elegantemente. Afrodite, Máscara da Morte e Kamus assim como Aioros usavam ternos. Aioria trajava um elegante sobretudo escuro e Dohko usava roupas orientais elegantíssimas que faziam o rapaz ser alvo de olhares maliciosos das mulheres que passavam por ali.

- Aí, Dohko! Arrasando corações, hein! Deixa a Clara saber disso! – Milo brincou fazendo o cavaleiro de libra corar e o cavaleiro de capricórnio fechar a cara.

- Mon Dieu! Cesser de faire cela ! – Kamus exclamou.

- O que ele disse? – Aioria perguntou.

- Ele disse: Meu Deus! Pare de fazer isso! – Afrodite traduziu.

- Mas é só chegar à terra natal que o francês fica todo metido. – os rapazes ouviram a voz de Kanon.

- Kanonzinho! Chega mais que a reunião tá boa! – Milo gritou atraindo a atenção de todos na recepção.

- Comment honte! – Kamus disse com uma mão no rosto.

- E agora Dite? O que ele disse? – o cavaleiro de leão perguntou.

- Que vergonha. – Gustav respondeu – Francamente! Vocês foram designados para uma missão tão importante e mal sabem falar francês? – o cavaleiro disse em tom baixo.

- Estávamos muito ocupados coletando informações nas nossas terras natais! – Carlo disse em um sussurro.

- É isso mesmo! – Milo se intrometeu – Quando nós teríamos tempo para aprender essa língua esquisita?

- Pardon? – falou Kamus.

- Venhamos e convenhamos, Kamus. Sua língua é muito estranha. E esse negócio de ficar fazendo biquinho então? Que coisa mais gay! – Milo disse.

- Milo... Tudo pra você é gay... – Shura falou.

- Freud explicaria isso... – Afrodite provocou.

- É. Provavelmente ele diria que eu quero fazer sexo. – o cavaleiro de escorpião disse.

- E não quer? – foi a vez de Aioria provocar. Como resposta, o cavaleiro de leão obteve do escorpião um sorriso malicioso.

- Por falar nisso, a Aaminah ainda não chegou? – Milo perguntou fazendo Kamus fechar a cara. Oh! Ele não poderia deixar passar aquela oportunidade! O cavaleiro de escorpião nunca perdia a chance de provocar o aquariano.

- É! As meninas ainda não chegaram? Onde está a minha querida cunhadinha? – Aioria perguntou.

- No bar. – o irmão mais velho respondeu – Vamos até lá. Amanda vai ficar feliz em ver vocês novamente.

Os outros rapazes concordaram e se dirigiram ao bar.


Assim que Aioros saiu, Amanda se perdeu em pensamentos. Apesar de amar o noivo e se divertir muito com ele, a moça sentia falta das amigas. Já fazia mais de dois anos que não se viam e a saudade era forte. Por vezes, a ruiva se pegava pensando em como elas estariam. Se haviam conseguido as armaduras assim como ela. Amanda riu. Claro que haviam conseguido! Suas meninas eram fortes, obstinadas. Jamais desistiriam enquanto não se tornassem Amazonas de Diamante.

Soltando o ar pela boca, a ruiva bebericou o champanhe. Como será que elas estavam agora? Será que Talitha havia definitivamente parado de se machucar? Será que Helena continuava com aquela força brutal? E Aaminah? Será que havia esquecido Kamus? E Clara? Continuava com aquele jeito calmo e mandão de ser? Oh! Sentia tanta falta das amigas! Como queria abraçá-las naquele momento!

Amanda estava tão perdida em seus devaneios que nem percebeu uma figura se aproximar. Ela parou atrás da ruiva e discretamente sacou um punhal da manga e o encostou de leve nas costas da Amazona. A ruiva, sentindo o contato, estreitou os olhos, mas não fez nenhum movimento.

- O que você quer?

A figura atrás dela pressionou a ponta do punhal nas suas costas.

- Me matar em um lugar público não é muito inteligente, sabia?

A figura então se inclinou e sussurrou no ouvido de Amanda:

- E quem disse que eu quero te matar? Só quis te mostrar que você jamais deve baixar a guarda em momento algum. Além do mais, eu não teria coragem de matar a minha irmã.

Demorou um pouco para Amanda associar a voz à dona. Depois, com os olhos arregalados, ela exclamou:

- Aaminah!

A marroquina guardou rapidamente o punhal na manga. A brasileira se virou e mirou a amiga. Segundos depois, constatou que Aaminah mudara bastante desde a última vez que se viram. A garota estava mais alta e mais bonita do que nunca. Os seios pareciam que haviam crescido mais e Amanda pensou que se eles aumentassem um pouco mais, a amiga passaria a andar curvada devido ao peso. Os cabelos loiros, antes lisos, agora estavam ligeiramente ondulados e chegavam à cintura. Os olhos azuis estavam ainda mais brilhantes.

- Já faz muito tempo, hein Amanda! – Aaminah disse com um belo sorriso. Foi a vez da marroquina observar a amiga. – Minha nossa, garota! Você está com um puta corpo!

Amanda riu sem graça. Sim, ela estava com um belo corpo resultado de anos de treinamento. Seus seios estavam maiores apesar de não tanto quanto os de Aaminah. Os cabelos vermelhos tinham um brilho muito bonito assim como os olhos castanhos. A moça trajava um vestido vermelho justo que acentuava suas belas curvas. Amanda havia se tornado uma verdadeira Femme Fatale.

- Você também está muito bonita, Aaminah. Chegou faz muito tempo? Eu nem percebi a sua presença.

- É claro que não. Estava perdida em pensamentos. Se eu quisesse poderia ter te matado rapidamente.

- Ora! Que metida!

- É verdade! Menina, você não tem noção de como o meu treinamento rendeu. Cara, Saga pegou pesado comigo... – a marroquina disse sentando-se ao lado da amiga.

- Você soube? Ele se tornou Mestre do Santuário assim que voltou depois de treinar você. – Amanda disse.

- É mesmo? – Aaminah falou após pedir um drink – Já faz um ano que eu não o vejo. Nós não mantivemos contato após o primeiro ano de treinamento.

- É, eu sei. Parte do treinamento.

- Eu achei que o Aioros que seria o Grande Mestre... – Aaminah comentou bebericando a bebida.

- Ele recusou.

- Hum... E essa recusa tem a ver com certa ruiva de olhos castanhos? – a loira provocou.

- Talvez... - a brasileira disse com um sorriso. Aaminah riu.

- Você não sabe o quanto eu senti falta dessa sua risada, Aaminah!

- E de mim? Não sentiu falta, não? – as duas ouviram uma voz conhecida.

- Júlia! – as garotas exclamaram juntas.

- E aí, povo? Sentiram a minha falta?

A leonina estava parada a poucos metros das suas amigas. Sua estatura continuava a mesma, mas seu corpo estava mais definido. Os cabelos, outrora longos, agora estavam curtos e repicados, dando à moça um ar jovial.

- Aí, Jú! Continua peituda como sempre, hein! – Amanda brincou.

- Há! Morra de inveja, sua despeitada! – a outra rebateu com uma frase ambígua. Aaminah riu.

- Como eu senti falta disso! – a marroquina comentou.

- Ai, ai! Quanto sentimentalismo! – as meninas ouviram a voz de Helena. Amanda e Aaminah quase caíram da cadeira quando viram a grega. Helena tinha os cabelos curtos. Curtíssimos. Estilo "Joãozinho". Contudo, o que poderia tê-la feito parecer um homem, deu à garota uma sensualidade incrível.

- Oh...

- Meu...

- Deus!

- Ora, gente! Eu sei que sou gostosa! – Helena disse.

- Caraca! Você ficou demais! – Júlia exclamou.

- Pois eu acho que você deveria processar o seu cabeleireiro. – Aaminah brincou.

- HáHáHá! Muito engraçado, sua invejosa! – a grega falou, mas não tinha nenhum traço de irritação na voz. Pelo contrário. Parecia estar mais feliz do que nunca.

- Ai, ai! Mal se reencontraram e já estão batendo boca! – uma voz conhecida falou. Quando se viraram, as meninas deram de cara com Clara. – Quatro mulheres vestidas tão elegantemente e batendo boca. Tsc Tsc Tsc. – a moça disse se referindo aos trajes das amigas. Helena vestia um belíssimo vestido prateado. Já Aaminah usava um elegante terninho preto. Júlia, por sua vez, trajava um belo vestido verde musgo.

- Vejam só! Não é que a aluna de Dohko fica bem em um vestido chique?! – Helena provocou. Clara trajava um lindo vestido marrom que combinava com suas madeixas, que estavam na altura do pescoço. A garota agora tinha uma franja repicada e seu corpo continuava tão belo quanto antes.

- Sou chique, meu bem! – Clara exclamou arrancando risadas das amigas.

- Bom, agora só falta aquela anã de jardim para completar. – Júlia disse.

- Do que foi que você me chamou, sua gata idiota? – Talitha perguntou se aproximando das meninas.

- Talitha! – as garotas exclamaram alegremente ao ver a última integrante do grupo se aproximar. A moça tinha os cabelos longos e muito brilhantes. Os seios haviam aumentado assustadoramente chegando quase ao tamanho dos de Aaminah. A moça reunia a inocência e a libido.

- Minha nossa, Talitha! Máscara da Morte que se cuide! – Helena exclamou olhando a amiga de cima a baixo. A síria usava uma saia que ia até a canela com uma fenda do lado esquerdo mostrando a perna bem torneada.. A blusa era escura e decotada e mostrava aquilo que todo homem gostaria de tocar: um belo par de seios.

- Podem dizer: eu estou ou não estou um arraso? – a garota falou dando uma voltinha em si mesma.

- Pena que continua baixa. – Júlia provocou.

- Droga, Júlia! Por que você tinha que lembrar da minha baixa estatura?

- É para isso que eu estou aqui, minha querida!

- Vocês não vão come... – mas Amanda parou de falar assim que escutou vozes conhecidas. Instantes depois, um grupo de belos homens entrou no recinto.