Eu amo você
Agora ele estava ali no chão e você, querendo, não podia fazer nada, mas ontem você podia e não fez, se arrepender, não mudaria nada, não agora.
Ontem ele estava lá na porta da sua casa bêbado.
Pelo menos fingiu estar.
– Eu amo você.
Ele falou isso, e você, você se negou por medo, medo de nunca ouvir isto de alguém, ainda mais dele, um homem, então o medo falou por você.
– Você está bêbado Tim, vai para casa.
Você fingiu acreditar.
Ele abaixou a cabeça e se foi. Você fechou a porta atrás de si e foi tomar uísque, sozinho.
Na manha seguinte, você fingiu não ter ouvido, então ele fingiu não ter falado.
Agora ele estava ali estirado no chão, sua vida se esvaziando e você não podia fazer nada, então ele se foi.
Chorar não traria ele de volta, não faria o ontem ser hoje, não resolveria as coisas, as pessoas falavam que chorar limpava a alma, mas a sua não estava suja, agora estava incompleta.
– Horátio – alguém te chamou, você olhou para ele uma ultima vez e se foi.
A final a vida continuava, mesmo sem um pedaço dela.
