Disclaimer: Cavaleiros do Zodíaco e todos os personagens relacionados pertencem a Masami Kurumada.
Não tenho nenhum lucro com as minhas fics.
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OS MEDALHÕES DE ZETA
por Nina Neviani
Capítulo I – Arkor vs Mizar
Escondido entre verdes e grandes árvores, um homem alto, loiro, e ainda jovem, observava uma mulher, também muito jovem, descansar perto de um lago.
Ela não sabia, mas quase todos os dias ele vinha observá-la.
Siegfried olhou para ela pela última vez naquele dia, não podia demorar mais, já estava por mais de uma semana fora de seu reino. Virou-se para ir embora, quando o sol refletiu no medalhão que carregava no peito. Medalhão que na verdade pertencia a ela. Pertencia a Hilda Polaris, a princesa do Reino de Mizar.
Caminhou lentamente para não emitir um ruído que pudesse denunciar sua presença. Montou em seu fiel cavalo e silenciosamente partiu para o Reino de Arkor.
Estava cansado, como sempre ficava na volta das viagens. Contudo, a bela visão da princesa havia melhorado seu estado de espírito. Balançou a cabeça buscando tirar do seu pensamento a imagem da filha mais velha do rei César Polaris.
Achava-se um tolo. Ele Siegfried Dubhe, do Reino de Arkor, e Hilda Polaris, princesa do Reino de Mizar, jamais teriam um futuro juntos. Jamais. Balançou a cabeça novamente. Como se ela fosse querer algo com ele!
Quilômetros a frente, já podia avistar as construções antigas, e em sua maioria simples. Simples, como quase tudo em Arkor. Era bom voltar para casa, mesmo o Reino de Arkor não sendo exatamente o seu lar. Contudo, lá estava o que restava de sua família. O seu primo, Alberich Megrez, e o seu tio, Isaac Megrez, o rei de Arkor.
Admirava muito o seu tio. Afinal quem teria o bom coração para criar o filho da irmã rebelde, como se fosse seu próprio filho? Agora com o primo, a relação de Siegfried não era das mais amistosas. Os primos que tinham praticamente a mesma idade – Alberich era apenas um ano mais velho que Siegfried – desde pequenos se desentendiam por qualquer coisa. A inveja que o primo mais velho sentia do mais novo era um dos mais constantes motivos. No início as brigas eram sempre esquecidas, mas com a chegada da adolescência a situação foi piorando. Tendo seu ápice no dia em que Alberich tentara se apropriar daquele medalhão que, no momento, estava em posse de Siegfried. Agora que já havia chegado a idade adulta para um homem no reino de Arkor, vinte e um anos, tentava entender seu primo antes de julgá-lo. Era uma tarefa difícil, e que nem sempre conseguia realizar. Especialmente sabendo que o primo o odiava. Não podia dizer que era um sentimento recíproco, porque não costumava manter sentimentos ruins por pouca coisa. E seu primo até agora, tirando alguns insultos mais baixos, nunca havia feito nada de mais sério.
O guerreiro notou uma movimentação estranha no reino. Parou uma senhora que estava andando com um ar triste, como se tivesse recebido uma terrível notícia.
– O que está acontecendo aqui?
A mulher não respondeu, apenas abaixou a cabeça e voltou a chorar.
Prestou atenção nas demais pessoas que estavam por perto. Todas pareciam estar profundamente tristes. Siegfried teve um mau pressentimento. Só uma pessoa tinha o poder de abalar toda a população do reino.
Isaac Megrez.
O rei era admirado por todos no seu reino. Sua justiça e a sua determinação em busca de melhores condições para a população sem, no entanto, se envolver em guerras desnecessárias, eram exemplo de como administrar bem um reino. Não que Megrez não valorizasse o espírito e a tradição guerreira dos arkorianos, pelo contrário, ele próprio era um grande guerreiro.
O cavalo de Siegfried agora estava cavalgando o mais rápido que podia, como se tivesse entendido que o seu dono precisava chegar logo à casa da família real de Arkor. E não demorou muito para que o percurso fosse vencido. Lá, Siegfried desceu rapidamente do seu cavalo e cruzou o portão da casa. Siegfried, por também pertencer a família real, tinha total acesso a principal casa do reino de Arkor.
Nunca a distância até os aposentos do tio lhe parecera tão longa. Chegando no quarto principal da casa, o que viu o deixou atordoado.
Seu tio estava pálido e inerte na cama.
O sempre forte e ativo guerreiro Isaac estava morto. Os principais guerreiros do reino estavam ao redor da cama onde estava o corpo do rei, em sinal de respeito para com o monarca.
Siegfried, quando saiu de seu estado de choque, perguntou:
– Quem fez isso com ele?
– Ele simplesmente morreu. Ontem, de uma hora para outra – contou um guerreiro em um tom de voz baixo, como se ao invés de morto o rei estivesse apenas dormindo e pudesse acordar ao menor ruído.
– Um homem saudável com menos de cinqüenta anos não morre de uma hora para outra! – vociferou, Siegfried.
Os homens permaneceram imóveis, lamentando silenciosamente a morte do líder. Siegfried deixou o quarto, já imaginava quem poderia ser cruel o bastante para fazer aquilo. Não só não conseguia imaginar um "porquê".
Nesse momento uma criada passou por Siegfried, que perguntou:
– Onde está Alberich?
Ela, como todos os habitantes de Arkor estava arrasada, e respondeu com voz chorosa:
– Não sei, senhor Siegfried – dizendo isso, seguiu seu caminho, não sem antes fazer uma mesura a Siegfried.
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Hilda espreguiçou-se e decidiu que já era hora de voltar para o castelo. Sempre depois de almoçar ela saía para descansar na parte mais escondida dos jardins do palácio, e não demorava mais do que uma hora.
Montou em sua égua, presente que ganhara do pai três anos antes, quando completara quinze anos e, sem pressa, rumou para o palácio. Pouco tempo depois, escutou um barulho muito semelhante a um choro. Parou sua égua e, a pé, caminhou rapidamente até o local de onde vinha o choro, agora bem definido, e também uma voz masculina.
Instantes depois, quando chegou no local, Hilda perguntou:
– O que está acontecendo aqui?
O homem, que pertencia a Guarda Real de Mizar, largou a garota que não tinha mais do que treze anos e que já estava com parte da blusa rasgada.
O guarda, ao recuperar a voz, disse:
– Ela é do Reino de Arkor – explicou praticamente cuspindo as últimas palavras, como se apenas referir-se ao reino rival já o tornava inferior. – E estava nos limites do nosso reino.
– Isso não justifica a sua péssima conduta – disse em um tom de voz firme que fez o homem baixar a cabeça e dizer, parecendo estar arrependido.
– Perdoe-me, princesa.
– Não é a mim que você tem que pedir perdão.
Ele espantou-se com a intenção da princesa.
– Mas é uma arkoriana!
– Talvez seu orgulho de ser mizariano valha mais do que seu posto na Guarda Real.
Ele olhou-a abismado. Obviamente, não imaginara que a princesa cogitava expulsá-lo da Guarda Real por aquele ato. Contudo, sabia que ela, como filha do rei, tinha poder para fazê-lo. E sabia também que os que eram expulsos da Guarda Real de Mizar também eram expulsos, juntamente com suas famílias, do Reino de Mizar. Por esse motivo, ele virou-se para a garota, que até agora observava o diálogo entre o guarda e a princesa sem emitir um ruído sequer.
– Perdoe-me.
A garota apenas meneou a cabeça, ainda assustada demais para articular as palavras. Foi Hilda quem falou.
– E que essa sua atitude não se repita. Pois, caso ocorra, você não será digno de pertencer ao Reino de Mizar.
Ele fez uma reverência à princesa e saiu sem lançar outro olhar para a menina. Hilda suspirou quando o guarda saiu do seu campo de visão. Não estava acostumada a ser firme, mas naquela ocasião ficara tão revoltada que a sua natureza meiga e gentil desapareceu por completo de seus gestos e de sua voz sem que ela tivesse dado conta. Lembrou-se da menina arkoriana que ainda permanecia ali, encostada no tronco da árvore, como se precisasse de apoio para conseguir se manter em pé.
– Está tudo bem com você? – Era uma pergunta estúpida, levando em conta pelo que a menina tinha acabado de passar, mas fora a única coisa que lhe ocorrera perguntar.
– Sim – a menina respondeu, mas no mesmo instante seus olhos voltaram a se encher de lágrimas.
Hilda, sem saber o que fazer, abraçou-a levemente.
– Ele já foi embora, e não vai fazer novamente – pensou melhor e explicou. – Mesmo assim, seria bom também que você não saísse dos limites do seu reino.
– Eu sei, me desculpe. Eu estava andando e perdi a noção do quanto tinha andado.
– Tudo bem. E não precisa se desculpar, porque se alguém tem que pedir desculpa, sou eu, pela péssima conduta daquele membro da minha Guarda Real.
A menina afastou-se do abraço e perguntou, meio receosa:
– É verdade que você é a princesa daqui?
– Sim, sou uma princesa do Reino de Mizar. A outra é a minha irmã mais nova, Freya.
– Nossa! – a menina levantou a cabeça para demonstrar o seu espanto e olhando o céu notou algo importante – Está tarde!
– Você quer ajuda para voltar para o seu reino? – Hilda ofereceu-se.
A menina pareceu aliviada quando escutou o oferecimento da princesa, e aceitou-o prontamente. Ambas montaram no cavalo de Hilda e quase meia hora depois chegaram a fronteira dos dois reinos.
– Chegamos – declarou a princesa.
– Obrigada.
– Era a minha obrigação.
A menina estava caminhando e quase atravessando a fronteira, quando virou-se e perguntou:
– É verdade que Arkor e Mizar eram irmãos?
Hilda pensou um pouco antes de responder. Já estava atrasada para voltar para o palácio, e a viagem de volta duraria no mínimo uma hora. Porém, não era certo que aquela menina ficasse sem saber o porquê da rivalidade entre os dois reinos, já que na opinião de Hilda, quanto mais pessoas soubessem da verdade, maiores seriam as chances de paz entre os dois reinos.
– Você quer saber como houve a divisão do Reino de Zeta em Reino de Mizar e Reino de Arkor?
– Sim, eu gostaria.
Sentaram-se perto da onde tinham colocado a égua de Hilda, e a princesa começou a contar:
– Há alguns séculos, havia um reino muito próspero chamado Reino de Zeta. O rei desse reino tinha que escolher um de seus dois filhos para ser o sucessor. Normalmente, o filho mais velho é o sucessor, mas os filhos do rei eram gêmeos, o que anulava essa regra. Que fique claro que o rei amava igualmente os seus dois filhos, que eram muito parecidos na aparência e completamente diferentes na maneira de ser. Shido de Mizar, que nascera primeiro, era tímido, introspectivo, um pouco frio, mas muito responsável. E era mais admirado pelo povo mais abastado do reino de Zeta. Já Bado de Arkor gostava de festas, era de certa forma irresponsável, mas ao mesmo tempo carismático. Era querido pelo povo menos abastado, já que ele comparecia a todas as festas do Reino de Zeta. Aconteceu que o rei morreu e não havia decido qual deles seria o seu sucessor. Houve, então, um duelo para a definição do próximo rei. O mais velho, Shido de Mizar, foi quem venceu o duelo. Ele poupou a vida do irmão, Bado de Arkor, que buscou apoio dos amigos mais pobres, e junto deles, fundou um novo reino. Porém, com a péssima administração, esse novo reino, Arkor, nunca prosperou como poderia, ao contrário, o antigo Reino de Zeta, que agora se chamava reino de Mizar, prosperava cada dia mais. E a rivalidade desses dois reinos, como nós sabemos, continua até hoje. – ao final do relato, a menina estava impressionada com a história que tinha acabado de conhecer, e Hilda acrescentou – E foi bem aqui, onde nós estamos, que aconteceu o duelo entre Mizar e Arkor, por isso, essa é a fronteira entre os dois reinos.
Depois do relato, ambas ficaram em silêncio. Foi a menina arkoriana agradeceu e explicou.
– Eu tenho que ir – declarou, para logo em seguida perguntar – Você vai contar para alguém o que aconteceu?
– Provavelmente para o meu pai, o rei César. Ele precisa saber como se comportam algum de seus guardas – a garota assentiu. – E você? Vai contar para alguém?
– Não! Se minha mãe souber que eu pisei em Mizar, eu nem sei o que ela seria capaz de fazer!
– E como você vai explicar os rasgos na sua roupa?
– Eu direi que engatei-me em algum galho e a blusa rasgou-se. Se bem que todos em Arkor estão tão abalados com a morte do Rei Isaac que é capaz da minha mãe nem notar.
– O rei do seu reino morreu?
A menina confirmou. Despediram-se e cada uma seguiu para o seu lar.
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A floresta estava silenciosa, exceto por ruídos estranhos e já comuns de se ouvir no local. Esse era um dos motivos que levavam as pessoas a chamarem aquela floresta de Floresta dos Espíritos. A única pessoa que se sentia bem naquele lugar era Alberich. O futuro rei praticamente era parte da floresta. Siegfried mesmo não acreditando em fatos sobrenaturais, admitia que a ligação que seu primo tinha com a floresta era, no mínimo, estranha.
Em um dia que chovia muito, quando ainda eram crianças, os primos se perderam na floresta. Já era quase noite e eles ainda não tinham encontrado o caminho para Arkor. Quando estavam quase desistindo de tentar sair da floresta, Alberich parou e pediu para a Floresta que lhe mostrasse o caminho para casa. Poucos instantes depois, uma árvore se partiu. Aparentemente, era aquele o sinal que Alberich queria, pois disse que era aquela direção que deviam tomar. Seguiram naquela direção e conseguiram chegar em casa. Nenhum dos dois comentou nada sobre o ocorrido, mas aquele estranho acontecimento sempre deixou Siegfried intrigado.
Siegfried adentrou na floresta e logo encontrou quem queria: Alberich, seu primo. O assassino de Isaac Megrez. Quando Siegfried deu por si, já segurava o primo pela gola da camiseta. Porém, ao olhá-lo nos olhos notou que eles não tinham o brilho maléfico que lhes era quase constante. Alberich parecia triste e arrependido. Largou-o jogando no chão e falou:
– A minha vontade é de matar você!
Alberich soltou uma risada debochada, que Siegfried já escutara muitas vezes antes.
– Mas você não pode fazer isso. Por que eu sou o rei de Arkor. – disse orgulhoso enquanto levantava-se do chão como se nada tivesse acontecido.
– Você não se importou e matou o rei de Arkor, sendo ele o seu pai.
Alberich havia perdido um pouco o tom de escárnio, quando declarou:
– Tem coisas que tem que acontecer, Siegfried.
– Então, você admite! Foi você! Você e essa sua maldita Floresta!
– Fui. Ou melhor, fomos. Eu pedi e ela me deu. Veja aquela planta – apontou para uma planta rasteira com folhas quase redondas. – Parece inofensiva, não? Mas não... ela não é nem um pouco inofensiva. Ela mata rapidamente, sem dor, é verdade, mas ainda assim mata.
A cada palavra proferida por Alberich, Siegfried ficava mais revoltado. E perguntou:
– Como você pode ter certeza de que ela mata sem causar dor?
– Eu simplesmente tenho! – Falou em um tom exaltado, reflexo de como ele mesmo estava. Parecia querer convencer a si mesmo do que falava.
– Por quê, Alberich?
– Não se faça de cínico. Até porque cinismo não combina com você. Não se esqueça que é o grande herói Siegfried.
– Diga logo o porquê antes que eu perca o que me resta de paciência.
– Foi por sua culpa! O tolo do meu pai iria declarar que você seria o próximo rei de Arkor.
– O quê?
– É verdade. Eu o ouvi falar com o conselheiro.
– E só por isso você matou o seu pai?
– Claro. E faria pior se fosse preciso. Ou você acha que eu deixaria que o meu reino fosse governado por um mestiço? Nunca! – Alberich ofegava devido ao ódio que sentia.
E Siegfried estava abismado com o que ouvira. Resolveu ser sincero com o primo:
– E quem disse que eu aceitaria?
Alberich ficou pálido, nunca tinha pensado naquela hipótese. Contudo se negava a acreditar que tinha matado seu pai para evitar algo que na verdade jamais ocorreria.
– Você diz isso agora, que eu sou o rei. Mas se fosse o meu pai dizendo, você aceitaria prontamente, como sempre aceitou tudo o que ele disse.
– Não. Eu não aceitaria ser o rei de Arkor tendo sangue mizariano correndo em minhas veias. Não preciso dizer mais, você já se deu conta que cometeu o maior erro da sua vida. Não posso trazer meu tio de volta à vida. Mas preste muita atenção: Este foi o último crime que você comentou e ficou impune. Se você sonhar em sair da linha mais uma vez, eu vou fazê-lo pagar!
E saiu da floresta sem dizer mais uma palavra.
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Os guardas que cuidavam do castelo de Mizar ficaram aliviados quando viram a princesa Hilda chegar ao castelo. Ela estava duas horas atrasada do horário que costumava chegar. Um guarda dirigiu-se a princesa.
– Estávamos começando a ficar preocupados com a senhorita, princesa Hilda.
A princesa olhou os guardas a sua frente. "Será que eles agem como aquele outro guarda?" Sem nada dizer, ela continuou seu caminho. Dirigiu-se para a biblioteca, sabia que seu pai estava lá.
A biblioteca do palácio de Mizar era enorme, e como quase tudo no palácio, ostentava a riqueza do reino. Nas paredes que não estavam ocupadas por livros, estavam belas obras de arte. Ao ouvir sua filha mais velha entrar, o rei César ergueu a cabeça dos papéis que analisava. Ele era um homem alto e forte, e também muito parecido com Hilda. Levantou-se da poltrona e abraçou a filha.
– Você demorou para voltar. Aconteceu alguma coisa?
Hilda fez que "sim" com a cabeça, e o rei continuou.
– Então, por que você não senta e nós conversamos?
– O senhor não está ocupado? – disse referindo-se aos documentos que o rei analisava antes de ela chegar.
– Eu algum dia estive ocupado demais para que não pudesse atender os meus dois preciosos tesouros? – perguntou com um sorriso parcialmente escondido pela espessa barba.
A princesa também sorriu. Era verdade. Mesmo seu pai sendo o governante de um reino como o de Mizar, ele nunca tinha deixado de dar atenção a suas duas filhas, nem mesmo quando a rainha Ana ainda era viva.
– Então, Hilda. O que aconteceu?
Ela respirou fundo e relatou para o pai o ocorrido naquela tarde. O rei César, assim como a filha, não havia gostado nada da conduta do membro da sua Guarda Real.
– E a menina?
– Estava assustada, obviamente. Mas quando nós chegamos na fronteira, ela já estava mais calma. Ela me perguntou o porquê da rivalidade entre Mizar e Arkor. Eu expliquei a história de Shido de Mizar e Bado de Arkor. E nos despedimos.
– Acho que ainda não disse o quanto eu me orgulho da filha justa e inteligente que eu tenho.
Hilda sorriu. E o rei continuou a falar, novamente sério.
– É um caso sério, e infelizmente, não podemos fazer muita coisa. Até porque não duvido de que se a situação fosse contrária, uma criança mizariana perdida em Arkor, eles não fizessem o mesmo que esse guarda tentou fazer.
– Papai, às vezes, eu me pergunto se essa situação nunca vai mudar. Tenho medo de nunca ver algo que não seja ódio entre mizarianos e arkorianos.
– Eu também. Mas acho que somente ocorrerá uma mudança por meio de uma guerra entre os dois reinos.
Hilda olhou-o assustada. Era do conhecimento de todos que os arkorianos tinham a fama de ser ótimos guerreiros.
– Mas os arkorianos são ótimos guerreiros por natureza. E ainda nessa geração eles têm Siegfried Duhbe. Não dizem que ele é o mais forte guerreiro que essa região já viu em séculos?
– Sim, é o que dizem. E eu acredito que seja verdade. E o que eu disse é que por meio de uma guerra, provavelmente, haverá uma mudança. Não que reinará a paz, ou que Mizar continuará sendo o poderoso reino que é. – Ao ver a expressão alarmada no rosto da filha, tranqüilizou-a – Só que você não precisa se preocupar com isso. Desde a divisão do Reino de Zeta até hoje nunca houve nenhum confronto entre Mizar e Arkor. Não vejo porque ocorreria justo agora.
A princesa lembrou-se de algo.
– Papai, o senhor soube da morte de Isaac Megrez, o rei de Arkor?
– Sim, soube. E pelo meu entender foi uma morte estranha. Dizem que foi morte natural, mas Megrez tinha apenas poucos anos a mais do que eu.
– E quem assumirá o trono?
– O único filho dele: Alberich Megrez.
– O senhor sabe alguma coisa sobre esse Alberich?
– Sei muito pouco. E o que sei não são boas coisas. Mas como já disse, você, e Freya também, ainda não tem idade para se preocupar com esses assuntos. De qualquer forma, conversarei com Hagen sobre a conduta do guarda.
Hilda concordou. Deu a volta na mesa e beijou seu pai na testa.
– Agora vou, não quero atrapalhá-lo mais.
Continua...
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N/A: Então? Gostaram? Muita coisa ainda vai acontecer, alguns segredos ainda vão ser revelados. E o título se explicará no decorrer da fic. Aliás, eu nunca sofri tanto pra escolher o título de uma fic quanto sofri para escolher esse.
Gostaria de receber reviews, até porque eles me empolgam a escrever os próximos capítulos mais rápido. ;)
Ah, os personagens Isaac Megrez, César Polaris, Ana Polaris, Lorina, Ian Dubhe e Sarah Megrez me pertencem.
Próximo capítulo: Alberich, o rei de Arkor.
Abraço!
Nina Neviani
