Normal: narração e fala
Itálico: pensamento
Keitarô skatista
Capítulo 1.
15 horas. Praça de Kanagawa. E um Keitarô deprimido sentado num dos bancos. A razão para isso? Traição.
Duas horas atrás, quando havia voltado do supermercado, havia escutado uma conversa de Naru com Kitsune. "Quando vai contar ao Keitarô que está namorando o Kentarô?" "Pra quê? Mesmo que o Keitarô descubra, ele não vai terminar comigo. É muito covarde pra isso".
E o pior é que era verdade: Keitarô não tinha coragem de terminar com Naru, mesmo depois de descobrir a traição.
Barulhos que aconteciam perto da praça tiraram Keitarô de seus pensamentos. Curioso, os seguiu, parando num local cheio de skatistas e pistas de skate. Não soube descrever como e nem o porquê, mas alguma coisa fez com que se apaixonasse pela primeira vista pelo skate e pelas manobras.
Keitarô: *olhos brilhando* Isso é incrível! Gostaria de saber fazer tudo isso que eles fazem.
Voz: Vai ficar aí só olhando?
Keitarô demorou pra notar que havia uma garota ao lado dele. Ela tinha cabelos vermelhos presos em dois rabos até a cintura, olhos azuis e usava capacete, joelheiras e cotoveleiras como todos os outros skatistas daquele local.
Keitarô: Como?
Garota: Eu perguntei se você vai ficar apenas olhando.
Keitarô: É a única coisa que eu posso fazer. Não sei andar de skate.
Garota: Gostaria de aprender?
Keitarô: *chocado* Eu? Aprender a andar de skate? Mas eu sou muito desajeitado pra isso!
Garota: Isso não é um problema. Eu também era desajeitada no passado e hoje ensino o que aprendi com o skate para os outros. E então? Gostaria de aprender?
Keitarô ficou pensativo por uns segundos, até finalmente se convencer de que poderia ser uma boa ideia. Quem sabe o skate não poderia ajudá-lo bastante em suas atividades?
Keitarô: Eu aceito. Só preciso saber que horas serão as aulas para não atrapalhar meu trabalho como gerente.
Garota: *mostrando um cartão* Aqui tem um cartão da escola de skate, com o endereço, o telefone e o horário de aulas. Está bom pra você?
Keitarô: *olhando o horário* Sim, não me atrapalha em nada.
Garoto: Então nos vemos na escola. Ah propósito, meu nome é Naomi Hyashiro.
Keitarô: Prazer. Keitarô Urashima.
Depois disso, Naomi juntou-se aos outros skatistas e Keitarô voltou à pensão, mais animado. Mesmo ao ver Naru, nem estava mais tão chateado, o que o fez estranhar, mas preferiu deixar pra lá. Estava feliz e não queria que ninguém estragasse essa felicidade.
Dias depois, na escola de skate, Naomi auxiliava seus alunos, até notar a presença de Keitarô.
Naomi: Keitarô! Então você decidiu vir!
Keitarô: Eu não deixaria de aparecer, de jeito nenhum.
Naomi corou levemente com o que ele havia dito, mas ninguém percebeu. No final, mostrou o vestiário para seu novo aluno, onde Keitarô trocou de roupa e colocou a proteção, antes de começar as aulas. No início, foi complicado pra ele, mas depois de alguns meses fazendo as aulas, já havia pêgo o jeito. O que surpreendeu Naomi, pois ninguém nunca havia evoluído tão rápido antes.
Quando já fazia uns meses que Keitarô havia começado com as aulas, Naomi decidiu falar com ele como amiga, e não como professora. Queria conhecê-lo melhor, mesmo que nem ela soubesse o porquê disso. No fundo, ela desconfiava que estava se apaixonando por ele.
Naomi: Você disse que trabalha como gerente, não disse?
Keitarô: Sim: gerente de um dormitório feminino.
Naomi: Nossa! Deve ser um trabalho excelente. Todo homem sonha em ser gerente de um dormitório feminino.
Keitarô: Se os homens estivessem no meu lugar, iam querer sair correndo, isso sim. Eu não tenho um trabalho do sonho: sou tratado como escravo e apanho por qualquer coisa que aconteça. Principalmente da minha namorada.
Naomi: *surpresa* Você tem namorada?
Keitarô: Tenho. Mas ela está me traindo com outro cara. Até pensei em terminar, mas do jeito que ela é violenta, não consigo.
Naomi: Devia procurar outra namorada. Você merece coisa melhor, Keitarô!
Keitarô: Eu sei. Mas onde vou encontrar uma garota que aceite namorar um cara como eu?
Naomi: Eu estou disponível, sabia?
Keitarô olhou surpreso para Naomi, enquanto esta dava um sorriso. Não demorou muito e ele também sorriu. Por que não arriscar?
