Entre Serpentes e Leões.
Autora - Ariadny
Atenção: Estes personagens são de propriedade de J.K. Rowling. Nenhum lucro foi obtido pelo seu uso.
Capítulo 1
Era uma noite fria, sem estrelas e a lua não havia aparecido. O vento congelante uivava de forma ameaçadora fazendo ranger as árvores que havia por ali. Dentro do antigo casarão, apesar das paredes grossas, o ambiente era gélido e pouco aconchegante. Labaredas de fogo crepitavam na lareira, mas as chamas eram insuficientes para aquecer o local. Contudo, quem precisava de calor? Sentado em uma grande poltrona estava um homem de feições ofídias e olhos vermelhos, tendo diante de si um homem de vestes negras e olhar impassível bem como uma mulher cujo brilho nos olhos era um misto de maldade intrínseca e contentamento.
- Meus amigos – disse o homem ao casal – posso dizer que hoje é um dia muito especial para mim. Hoje Severo, você me deu uma grande prova de lealdade. A morte de Dumbledore. Agora sei, com certeza, que você é o meu servo mais fiel.
- Apenas cumpri o meu dever para com o meu senhor – afirmou o homem de indecifráveis olhos negros.
- E você Bellatrix – continuou o homem com cara de cobra – você sempre foi a minha serva mais querida. Dentre todos os Comensais sei que você é a que mais tem dedicação a minha causa.
- Fico lisongeada por tal reconhecimento, mestre.
- Muito bem. Hoje chamei vocês dois até aqui para expor uma preocupação. Não é porque vencemos uma batalha que a guerra está ganha. Mesmo com a grande vitória obtida hoje com a morte de Dumbledore, temo que seus seguidores ainda sejam numerosos. Os sangues ruins estão se proliferando como bactérias e temo que em pouco tempo haverá poucos bruxos de puro-sangue. Sei que temos os lobisomens, os dementadores e gigantes do nosso lado, mas também não devemos misturar nossa raça com a deles. Eles, no momento, apenas são úteis para que possamos exterminar os traidores do sangue e os sangue-ruins do nosso meio. Mas e quanto à nós? Tenho o orgulho de poder afirmar que nunca ninguém deu passos tão grandes rumo a imortalidade quanto eu. Eu sempre estarei aqui para comandar a orde das trevas. Mas se as coisas continuarem nos rumos que estão seguindo, futuramente eu não terei seguidores dignos de mim. Por isso, meus caros, vocês estão aqui hoje. Bella, você possui o mais puro sangue mágico correndo em suas veias. E, Severo, você é o maior bruxo das trevas depois de mim. O futuro das trevas depende de vocês. Do que adianta ser imortal e vencer batalhas se é possível que em poucos anos os bruxos de puro sangue possam se resumir a idiotas tais como Crabe e Goyle, ou ainda, a fracos tais como Malfoy? Por isso, tenho um pedido especial a fazer a vocês: quero que me dêem um herdeiro. Quero uma criança das trevas, de sangue-puro, que seja treinada por mim, para que as trevas tenham futuro e o puro sangue bruxo possa se perpetuar. Conto com vocês para tão grandiosa tarefa.
- Mestre – disse a mulher preocupada – o senhor bem sabe que eu jamais exitaria em cumprir suas vontades. Contudo, devo lembrá-lo que sou casada e meu marido é muito orgulhoso. Jamais suportaria me ver carregar um filho de outro homem.
- Bella, querida, desde quando você se preocupa com que Lestrange pensa? Mas se isso te deixa mais tranqüila, podemos resolver este pequeno insidente. Estenda o braço.
O lorde pegou a varinha e delicadamente tocou a marca negra que cintilava no braço mulher. Uma quarta pessoa instantaneamente apareceu na sala. As estranhas palavras Avada Kedavra foram proferidas e uma intensa luz verde iluminou a noite escura, enquanto o corpo de Lestrange jazia ao chão.
Horas mais tarde, as mesmas três pessoas ainda estavam no casarão. Contudo, deitada em uma grande e aconchegante cama recentemente conjurada, estava a mulher, totalmente nua e adormecida. Ao seu lado, estava o homem de olhos negros dormindo um sono agitado por pesadelos terríveis onde ele traía seu único amigo. Perto dali, o homem com cara de cobra ainda estava sentado em sua poltrona, contudo agora tinha duplo motivo para comemorar aquela noite.
OoooOoooOoooOoooO
Dois dias depois, em um singelo apartamento localizado na Londres trouxa, uma jovem de cabelos castanhos e rebeldes foi acordada com o barulho insistente de uma coruja negra batendo em sua janela.
Rapidamente se levantou e recebeu a carta que a ave trazia amarrada a sua perna. Imediatamente reconheceu a letra fina que apreciou por seis anos. Um misto de ódio e curiosidade surgiu na garota. Porque o homem mais procurado no mundo mágico estava lhe escrevendo? Na verdade, ela ainda não acreditava que ele pudesse ter feito o que fez, mas Harry, por mais que odiasse o professor, jamais contaria tal mentira. Realizou uma série de feitiços detectores de arte das trevas e não encontrou nada que comprometesse a carta. Poderia rasgá-la e era isso que tinha vontade de fazer. Contudo, era uma simples carta e a curiosidade falou mais alto. A jovem retirou o selo e não pode continuar de pé após ler o conteúdo:
"Senhorita Granger, espero que a ousadia grifinória não tenha permitido que a senhorita rasgasse essa carta antes de ler. Sei que não mereço qualquer favor por parte de ninguém e que cometi o pior erro que poderia cometer. Contudo, gostaria que o mundo mágico pudesse contar com sua lógica irrepreensível mais uma vez. As coisas quase sempre não são o que se mostram. Gostaria que você me desse um chance de mostrar isso. Te espero na antiga mansão Snape em Spinner's End. Se você quiser trazer os aurores e toda a Ordem da Fênix com você, pode ter certeza que morrerei sem contestar. Uma prova disso: se você ler esta carta até AQUI a minha varinha se materializará dentro do envelope desta carta. Não haveria como atacá-la ou como me defender. Justamente por ser uma intragável Sabe Tudo, você sabe que não há como eu ir até o Olivaras comprar uma varinha nova e sabe também que a verinha que tenha pertencido a outro bruxo nunca funcionará bem comigo. Não mereço mercê, mas estou em suas mãos, bem como o destino do mundo mágico. Atenciosamente, SS".
Hermione, incrédula e totalmente aturdida não acreditava no que havia lido. A entrega da varinha era um ato de humilhação, de subordinação. Ela mesma havia constatado que não havia magia negra na carta, ou seja, o professor só poderia ter criado o feitiço de materialização se tivesse boas intenções.
Impulsivamente, Hermione colocou a mão dentro do envelope e retirou a conhecida, temida e escura varinha de Severo Snape.
