Disclaimer: Nenhum dos personagens de Harry Potter me pertencem, blá, blá, blá... Bom, "Mundo de Vidro" é a continuação de "De Volta Ao Seu Coração". Então eu aconselho a quem for ler essa fic, que leia a primeira, que está lá no meu perfil. Assim, fica mais fácil de entender os acontecimentos dessa segunda fic. E há o detalhe de que "Mundo de Vidro" explora um pouco os outros casais da trama, mas Rony e Hermione são o casal central, assim como em todas as minhas fanfics. É isso aí, espero que gostem.
Sinopse: Um filho era tudo que eles queriam. Eles só não imaginavam que a criança que mudaria suas vidas, chegaria de onde menos esperavam.
1. "Apenas não é a hora"
Rony se levantou do sofá e recomeçou a dar voltas pela sala. Aquela espera era uma das piores partes, pois ele odiava sentir aquela ansiedade. Odiava sentir como esse sentimento o controlava nesses momentos. Mas era sempre assim. Sempre que Hermione ia ao St. Mungus fazer aqueles benditos exames, ele sentia que explodiria de ansiedade há qualquer momento. Era algo com o qual ele não conseguia se acostumar. Olhou para o relógio em seu pulso. Hermione estava demorando demais dessa vez. Ou talvez fosse apenas a expectativa por uma resposta positiva.
Ele olhou mais uma vez no relógio. Quase sete. Ela não poderia demorar mais.
_ Eu devia ter encontrado com ela lá_ ele disse para o nada. Mas mal acabara de falar e a porta da frente se abriu. Hermione entrou por ela. Pela sua expressão, Rony já sabia que a resposta não era a esperada.
Ela o encarou com mais um daqueles seus olhares tristes, tão comuns nesses dois anos de expectativa... Então, Hermione se dirigiu até o sofá e se sentou. Rony se aproximou, sentando-se ao lado dela. Ele pegou suas mãos.
_ Tudo bem, Hermione. Não se preocupe. Vamos continuar tentando_ ele falou compreensivo, mas aquilo doía tanto nele quanto nela.
_ Estamos tentando há dois anos e até agora nada_ Hermione falou com tristeza_ Talvez... Talvez eu não possa ser mãe...
Por um instante, Rony não soube exatamente o que dizer. Estavam casados há cinco anos e nos últimos anos, todas as suas atenções estavam voltadas para a chegada de um filho. Mas, até o momento, todas as tentativas foram frustradas. Nada de gravidez, nada de um bebê a caminho. Mas ele, simplesmente, não poderia deixar que Hermione perdesse a esperança.
_ Não diga uma coisa dessas_ Rony disse rápido_ Apenas não é a hora ainda.
_ E quando vai ser a hora? Estou cansada de alarmes falsos, de ir cheia de esperança fazer um exame de gravidez e voltar de lá frustrada... O pessoal no Hospital já até me conhece, claro, depois de todas as vezes que eu estive lá_ disse com amargura.
_ Seja paciente, uma hora vai acontecer_ Rony apertou suas mãos com mais força_ Eu não estou com pressa, posso esperar mais...
_ Ah, Rony, você só diz isso pra me fazer sentir melhor, mas eu sei o quanto você quer um filho... Eu vejo a maneira como você olha os seus sobrinhos. Vejo como você fica toda vez que a sua mãe comenta o quanto gostaria que tivéssemos um filho...
_ Bom, eu quero ser pai sim, mas não estou desesperado. Quando tiver de acontecer, vai acontecer!
_ Mas eu tenho tanto medo de ter algum problema, de nunca poder ser mãe_ Hermione falou e seus olhos se encheram de lágrimas.
_ Então talvez você deva fazer o exame que Harry falou... Aquele pra saber se há alguma coisa errada_ Rony disse aquilo com cautela. Ele sabia o quanto Hermione estava relutante com a idéia.
_ Eu tenho medo...
_ Mas talvez tenha chegado à hora. Eu não acho que você tenha problema algum, mas se você tem medo, acho que deve tirar a prova.
_ Eu preciso pensar mais sobre isso_ ela disse enxugando as lágrimas_ Você me entende, não é?
_ Claro que sim! Faça só quando você estiver pronta. Eu já disse que não tenho pressa...
Hermione sorriu fracamente e inclinou a cabeça sobre o ombro dele. Rony dissera que não acreditava que havia algum problema com ela, mas a verdade é que ele tinha um medo terrível de que Hermione não pudesse ter filhos. Mas ele não podia dizer isso e deixá-la mais insegura. Ele tinha de acreditar que logo teriam um bebê. Ele precisava acreditar.
_ Eu sinto muito, cara_ Harry disse a Rony no dia seguinte enquanto tomavam uma cerveja amanteigada numa lanchonete bruxa perto do Ministério da Magia.
O amigo havia lhe contado que mais uma vez estavam enganados. Hermione não estava grávida.
_ Valeu... Hermione está considerando a hipótese de fazer uns testes pra saber se há algo errado, se ela pode ou não ter filhos.
_ Isso é ótimo_ Harry falou entusiasmado_ Eu não entendo porque ela tá adiando tanto isso...
_ Ela tem medo, Harry. Medo do resultado... E eu também_ Rony admitiu olhando profundamente para seu copo de cerveja.
_ Bom, mas uma hora ela ia ter que fazer mesmo.
_ Mas e a Luna como está?_ Rony perguntou na tentativa de mudar o rumo da conversa.
_ Está bem. Está empolgada... No fim de semana tem o aniversário de um primo dela dos Estados Unidos_ Harry disse sem muito entusiasmo.
_ Essa animação toda é porque você não foi convidado?_ Rony perguntou achando graça.
_ É justamente o contrário_ Harry começou_ Eu fui convidado...
_ Você já foi mais animado pra festas, cara...
_ Não é isso... É que... Bem, a julgar pelo lugar onde será a festa eu fico imaginando que a família dela deva ser um tanto diferente...
_ É a família da Luna, o que você esperava, que eles fossem normais? E onde será o aniversário?
_ Num cassino trouxa em Las Vegas_ Harry soltou um muxoxo.
_ Que legal! Eu já fui em um quando morava nos Estados Unidos_ Rony disse com um ar sonhador que pra Harry lembrava muito Luna. Ele se perguntou se Rony não estava fazendo aquilo de propósito.
_ Eu acho extravagante de mais.
_ Harry, são os Lovegood... Extravagante pra eles deve ser comemorar o aniversário num jantar familiar. Você lembra da cara da Luna no jantar de aniversário de casamento do Gui e da Fleur? E o que ela disse mesmo?_ Rony comentou franzindo a testa num esforço pra lembrar_ Ah, foi "O aniversário de casamento do meu tio Austin e da tia Serena foi mais animado. A família toda comemorou caçando bufadores de chifre enrugado na Polônia" _ e ao acabar de falar, ele riu.
_ Eu nunca vou me esquecer que ela tentou convencer o Gui e a Fleur a subirem no teto da Toca. Só ela pra achar mesmo que isso dá sorte... E Fred e Jorge queriam subir, lembra? Mas fizeram isso de palhaçada.
_ Eles gostam de chamar atenção, você os conhece_ Rony deu um último gole em sua cerveja e colocou o copo sobre a mesa. Então se levantou_ Cara, eu vou ao banheiro, depois vamos embora, certo?
_ Ok, pode deixar que eu pago...
_ A sua cerveja_ Rony o interrompeu e colocou alguns galeões sobre o balcão_ Eu pago a minha_ ele sorriu e se afastou em direção ao banheiro.
Harry juntou o seu dinheiro ao de Rony e pagou as cervejas. Ele continuou sentado onde estava, pra esperar pelo amigo. Passou os olhos pelas pessoas na lanchonete, sem prestar muita atenção em ninguém. Mas seus olhos verdes pararam numa pessoa no fundo da lanchonete. Uma mulher loira sentada comendo um hambúrguer distraidamente. Ele a conhecia. Era a ex-noiva de Rony, Susan Roberts.
Por um instante, Harry se perguntou se devia ir lá falar com ela, cumprimentá-la. Mas no segundo seguinte, ela olhou ao redor e também o viu. Harry achou que já que ela o tinha visto, era uma questão de educação ir até lá dizer ao menos um oi. Se levantou de onde estava, e se dirigiu até ela.
_ Olá, Susan.
_ Como vai, Harry?_ ela perguntou com um sorriso nervoso_ Faz tempo, hein...
_ Uns cinco anos, não?
_ Pois é.
_ Mas como você está?
_ Bem, bem..._ nesse momento uma vozinha infantil soou a esquerda de Harry e ele olhou para o lado pela primeira vez. Uma garotinha ruiva, de maria chiquinha, que devia ter uns quatro anos, estava sentada numa cadeirinha mais alta própria pra crianças bem ao lado de onde Susan estava sentada. Harry se perguntou como não a tinha visto antes.
_ Essa... Essa é a Sarah_ Susan disse constrangida.
_ Ela é sua?_ Harry perguntou sorrindo pra criança que estava lambuzada de algo que parecia sorvete. Ela lhe parecia extremamente familiar.
_ Sim, é minha filha.
_ Ela é linda, Susan_ ele comentou.
_ Obrigada_ Susan respondeu limpando com um guardanapo a boca de sua filha.
_ Você casou então?_ Susan não respondeu, apenas sorriu sem graça e se mexeu desconfortavelmente na cadeira.
Harry não soube bem o que aquilo queria dizer. A única coisa que ele percebeu é que estava sendo um pouco inconveniente. Ele limpou a garganta e disse.
_ Bem... _ ele começou e deu uma olhada rápida e discreta pra trás.
Rony estava parado do outro lado da lanchonete, olhando ao redor, com certeza procurando-o. Harry olhou de Rony para a criança a sua esquerda e uma sensação estranha passou por ele. Então se voltou novamente pra Susan, no momento em que Rony esticou o pescoço pra olhar o lado em que ele estava. Harry percebeu que Susan não havia notado o ruivo ali.
_ Eu tenho que ir...
_ Certo_ Susan disse, sem esconder a satisfação.
_ Foi bom ver você_ Harry disse desconfortável com a situação.
_ Igualmente.
_ Tchau então!
_ Tchau!
Susan o viu se afastar e finalmente sentiu que poderia respirar normalmente. Ela olhou pra Sarah e passou a mão em seu rostinho, então levou a mesma mão ao seu próprio rosto e apoiou a testa nela, suspirando.
Foram cinco anos longe daquela gente. Mas agora ela encontrou Harry Potter, o melhor amigo de Rony Weasley, seu ex-noivo e alguma coisa dentro dela dizia que aquilo não poderia acabar bem. Por um instante, ela se sentiu idiota por ter acreditado que conseguiria levar essa situação por muito tempo, talvez vários anos. Ela olhou pra filha mais uma vez e mordeu o lábio em preocupação. O que ela deveria saber é que não poderia fugir daquilo pra sempre.
_ Por que você não ficou me esperando no balcão, cara?_ Rony perguntou a Harry assim que os dois saíram da lanchonete_ Achei que você tivesse ido embora.
_ Até parece_ Harry disse aéreo_ Eu vi um conhecido lá atrás e fui lá falar com ele...
_ Alguém que eu conheço?
_ Não!_ Harry respondeu após uma pequena pausa. Achou que com todas as preocupações de Rony no momento, tudo que o amigo menos precisava era que Harry lhe dissesse que encontrara Susan e que ela era mãe de uma garotinha que só pela discrição física, soaria muito familiar a Rony.
_ Ah, eu encontrei o Simas quando estava saindo do banheiro, por isso eu demorei_ Rony comentou com cara de riso_ Ele perguntou pela Luna...
_ Será que ele não se manca?_ Harry perguntou fechando a cara_ Desde que eu comecei a namorar a Luna que o idiota não sai do pé dela...
_ Não seja exagerado, Harry. O cara nunca tentou nada muito explícito.
_ Bom, mas ele sabe que ela tem namorado... Ele devia ter o mínimo de respeito...
Rony riu, mas seu pensamento vagou displicentemente para uns instantes atrás, quando ainda estavam na lanchonete.
_ Cara, eu tive a impressão de ter visto a Susan de quem eu fui noivo_ ele falou repentinamente, num tom calmo e normal_ Na lanchonete.
_ É mesmo?_ Harry sentiu uma enorme obrigação de afirmar o comentário do amigo.
_ Pois é, na hora que eu tava te procurando, eu pensei ter visto uma mulher parecida com ela... Mas aí você apareceu e eu não olhei mais. E por um instante até esqueci que tinha visto... Você não viu? Você veio do mesmo lado em que ela estava...
_ Não_ Harry falou evitando olhar pra Rony_ Se fosse ela, eu teria visto...
_ É mesmo_ Rony concordou dando de ombros_ Eu só fiquei curioso.
Harry continuou olhando para todos os lados, menos pra Rony. Uma parte grande sua, lhe dizendo pra que dissesse a verdade ao amigo, mas uma outra muito maior exigindo que ele ficasse de boca fechada. Ele só queria mesmo é que alguma parte lhe dissesse qual dessas era a certa.
N/A: Demorei mais do que o previsto pra publicar essa fic, porque estava em dúvida entre ela e uma outra que estou providenciando. Mas no fim, achei que era válido publicar essa continuação. Prometo não demorar muito, pois já tem uma boa parte escrita. Espero que gostem e comentem bastante. Rsrsrs
Até o próximo capítulo!
Bjks!