Título: For you, I fall...

Autora: -Aria-

Fandon: Supernatural

Casal: Dean + Castiel (menção)

Classificação: PG-13 (acho o.õ)

Gênero: Yaoi, Shonen-Ai, Angst, Drama

Disclaimer: História sem fins lucrativos. Por mais que eu goste de idéia ganhar algum com isso, o que jamais vai acontecer, tem como único intuito entreter os leitores.

Sinopse: "Desde que salvei Dean do Inferno... Desde que comecei a conhecer melhor o humano que estava sob minha proteção, minha vida havia mudado. Não conseguia mais acreditar cegamente. Questionava-me. Questionava as ordens que recebia. E, acima de tudo, eu sabia que cada vez mais me importava com ele. Sabia que cada vez mais algo na essência de Dean Winchester me atraía..."

Notas: Primeira fic de Supernatural... Quem diria...

Contém spoilers do episódio 4x16 – On The Head Of a Pin.


For you, I fall...

(Castiel POV's)

Assim que se viu sozinho comigo, e logo depois de fazer uma de suas típicas piadas, ele fez a pergunta que provavelmente estava entalada em sua garganta desde a cena no quarto de hotel.

– O que está acontecendo, Cas? Desde quando Uriel põe uma coleira em você?

– Meus superiores começaram a questionar minha compaixão.

– Sua compaixão?

– Estou ficando muito próximo dos humanos sob o meu comando... Você. – Fiz uma breve pausa, enquanto encarava aqueles olhos verdes – Eles acham que estou começando a expressar emoções, as portas para a dúvida. Isso pode prejudicar meu julgamento.

Dean não comentou nada, porém senti seu olhar recaindo sobre mim. Como acontecia em apenas poucas vezes, ele me olhava com curiosidade e sabendo que não conseguiria uma resposta melhor, apenas se afastou.

Enquanto ele me dava às costas, se aproximando da sala onde Alastair estava preso, voltou a falar.

– Diga a Uriel, ou quem seja... – Ele olhava para a porta – Que ele não vai querer que eu faça isso. Acredite em mim.

– Querer, não. Mas me foi dito que nós precisamos.

– Você está me pedindo para abrir aquela porta e entrar? – Novamente ele parava de falar, seu tom de voz denunciava sua fragilidade. Dean parecia prestes a chorar... – Você não vai gostar do que vai sair.

– Se te ajudar em alguma coisa, eu daria qualquer coisa para você não ter que fazer isso.

Não havia como negar, ou me enganar, quanto ao que os olhos dele me diziam. Eles me suplicavam para não fazer aquilo...

Sabia que Dean não queria fazer aquilo, que não queria relembrar aqueles momentos, mas infelizmente não era algo ao meu alcance. Meu discurso não havia sido superficial e eu, sinceramente, esperava que ele pudesse compreender isso.

Se pudesse intervir... Se a decisão, de alguma forma, dependesse de mim... Eu daria, sim, qualquer coisa para evitar que ele tivesse que entrar naquela sala. Para evitar que a dor que Dean estava sentindo aumentasse ainda mais. Aquele humano já havia sofrido tanto e eu, melhor que ninguém, sabia disso.

O vi suspirar, e foi naquele momento que algo dentro de mim mudou.

Eu não sabia definir o que era isso, nunca havia sentido tal coisa. Não conseguiria expressar aquilo com palavras nem mesmo se quisesse. Era algo novo. Diferente. Ver que Dean realmente entraria, ao meu pedido, me afligia. Fazia sentir-me culpado. 'Pelo que' nem eu mesmo sabia...

Naquele momento apenas o bem-estar de Dean parecia uma prioridade. Era errado, e eu sabia disso, mas mais do que anjos, demônios ou até mesmo o apocalipse, não vê-lo enfrentar aquilo ele tanto temia parecia ser a coisa certa a se fazer...

Porém era algo que não poderia fazer por ele. E vê-lo adentrar aquela sala, munido com todas aquelas coisas, somente fez com que minhas dúvidas aumentassem. Por mais que eu soubesse que era 'por uma boa causa'... Por mais que eu soubesse que era 'necessário', simplesmente não conseguia aceitar.

E mais uma vez eu sabia que estava errado por pensar assim, mas... Era daquela maneira que faríamos justiça? Era justificado usar daqueles meios para conseguirmos a resposta para salvar nossos irmãos e irmãs?

Sinceramente eu queria acreditar que sim...

... ... ... ...

Já havia perdido a noção do tempo. Não sabia mais dizer a quanto tempo Dean estava lá dentro com Alastair.

Mesmo estando do lado de fora, e longe da porta, eu podia ouvir os gritos do demônio com clareza. Provindos de algo que o humano lhe fazia, e que eu não tinha coragem de ver, desejava apenas não ouvir aqueles sons. Não era por Alastair ou pelo que acontecia a ele que me sentia aflito. Era por Dean.

Àquela altura eu já começava a achar aquilo tudo doentio. Por mais que lutasse contra esse pensamento, cada vez mais eu achava aquela situação errada. Desesperadora. E o que estava mais me preocupava, de fato, não era estarmos torturando um demônio para obter respostas... Era o fato 'dele' estar fazendo aquilo porque eu havia pedido... Porque eu, Castiel, havia pedido para que ele fizesse isso...

Talvez meus superiores estivessem mesmo certos em acreditar que eu estava começando a demonstrar emoções... Porque eu estava, sim, preocupado com Dean. Preocupado como estariam os sentimentos dele neste exato momento. Mas ainda mais preocupado em como eles estariam quando saísse de lá.

Esse misto de sentimentos que estava a minha volta era algo completamente novo. Por dois mil anos não havia tido qualquer contato com humanos. Eu não havia sido "treinado" para uma situação como essa, porque, para um anjo, isso era inaceitável. Minha vida inteira eu havia sido crente, fiel, resignado. Eu havia obedecido cegamente todas as ordens que me foram dadas e agora... Me ver questionando-as... Estava assustado. Muito assustado...

Ainda perdido em meus pensamentos, vi a luz mais próxima piscar. Sabia o que significava e imaginava quem eu veria quando me virasse...

– Anna.

– Olá, Castiel.

... ... ... ...

Mesmo enquanto minha conversa com Anna acontecia, não conseguia ignorar os gritos vindos daquela sala. Os sons que me remetiam a lembrança dele...

Todas as coisas; todas as perguntas que, ao longo do tempo em que estava ali, haviam se passado por minha mente, Anna estava as apontando. Criticava e questionava aquelas atitudes assim como eu havia feito mais cedo, desesperando-me ainda mais.

Eu tentava justificar. Tentava acreditar em cada palavra que era pronunciada, mas sabia que estava falhando...

– O que está sentindo... Chama-se dúvida.

Então era isso... Era assim que ela havia se sentido... Talvez não precisasse ser muito esperto para notar isso...

Desde que salvei Dean do Inferno... Desde que comecei a conhecer melhor o humano que estava sob minha proteção, minha vida havia mudado. Não conseguia mais acreditar cegamente. Questionava-me. Questionava as ordens que recebia. E, acima de tudo, eu sabia que cada vez mais me importava com ele. Sabia que cada vez mais algo na essência de Dean Winchester me atraía...

Novamente eu podia ouvir os gritos de Alastair, e mais uma vez aquilo me deixava perdido no meio de toda essa situação...

– Essas ordens estão erradas e você sabe disso. Você pode fazer o que é certo. Está com medo, Cas. Eu também estava... Mas, juntos, nós podemos...

– Juntos? – Com certa violência afastei-me da mão de Anna, que apenas tentava segurar a minha. Eu não precisava sentir ainda mais dúvidas... – Eu não sou como você. Você caiu. Vá!

– Cas...

– Vá!

Anna se foi, mas os gritos de Alastair ainda estavam ali, atordoando-me, colocando toda a minha fé em dúvida.

Manter esse tipo de sentimento poderia significar minha queda, mas não podia me impedir de ainda assim 'sentir'. Desde que salvei Dean, e cada vez mais depois disso, eu me importava com ele. Importava-me demais, na verdade.

Eu era apenas um soldado naquela guerra. Sentimentos prejudicariam meu desempenho, mas era mais forte do que qualquer coisa que já havia sentido. Mesmo não sabendo 'o que' era aquilo, de uma coisa eu tinha certeza.

Era por causa de Dean que eu sentia aquilo.

... ... ... ...

Sentado sobre a beirada da mesa, olhava fixamente a porta de ferro a minha frente. Alastair estava quieto há algum tempo. Quieto demais, há tempo demais...

– Dean...

Inconscientemente o nome dele me veio aos lábios, seguido da intuição de que algo ali estava errado. Usando de meus poderes apareci à porta, olhando através do vidro da mesma.

Por um instante pude jurar que em meu corpo humano, meu coração havia falhado uma batida. Aquele demônio, de alguma maneira, havia se soltado da 'Armadilha do Diabo' e agora estava prestes a sufocar Dean, que já estava com o rosto completamente machucado.

Eu estava cego por uma fúria até então desconhecida. Invadi a sala, pelo menos a tempo de ainda salvá-lo de Alastair. Cravei um punhal um pouco acima do coração dele, que ainda tivera a ousadia de dizer que "Deus estava ao seu lado".

Livre de qualquer sentimento de dó ou piedade usava meus poderes psíquicos para girar a faca cravada no corpo dele. Para minha surpresa Alastair era realmente forte. Havia conseguido retirar a faca e agora começava a avançar em minha direção, iniciando então uma disputa física.

A cada golpe dado por mim a lembrança do estado em que ele havia deixado Dean, tanto nesta mesma sala como no tempo que ele passara no Inferno, inconscientemente me enfurecia. Como era de se esperar, os sentimentos haviam me enfraquecido, fazendo com que Alastair conseguisse criar vantagem sobre mim.

Prensado contra uma pilastra com o demônio segurando firmemente em meu pescoço, além de sentir algo perfurar minhas costas, eu tive a certeza. As emoções haviam afetado meu julgamento. Meu desempenho durante a luta. Alastair era forte, não negava isso, mas poderia ter feito melhor.

Enquanto o demônio recitava as palavras do encantamento que me mandaria de volta para casa, de volta para o Céu, não conseguia parar de pensar que havia falhado com Dean. Ele era meu ponto fraco, chegando ao ponto do ódio me cegar, e agora eu estava pagando por isso...

Os sentimentos haviam me deixado confuso e nem mesmo protegê-lo eu havia sido capaz. Sentia-me frustrado, mas mais do que isso estava preocupado. Se fosse mandado de volta Alastair o mataria. E eu não queria imaginá-lo no Inferno outra vez. Não poderia deixar que isso acontecesse, mas o que eu poderia fazer naquelas condições?

Eu havia falhado. Estava muito perto de ser mandado de volta quando Sam apareceu. Caído ao chão, completamente sem forças, eu apenas observava o mais novo dos irmãos Winchester obrigando Alastair a falar tudo o que Dean não havia conseguido. O demônio acabou por confessar que não era Lilith quem estava por trás das mortes dos meus irmãos e irmãs e aquilo me pegou de surpresa.

"Não pode ser verdade..."

Meus pensamentos só foram cortados pela cena que agora eu via a minha frente. Sam não estava exorcizando Alastair... Sam estava matando Alastair...

Eu o olhava com incredibilidade, meu primeiro pensamento se voltando a "como Dean reagiria quando descobrisse"...

... ... ... ...

Minha preocupação com ele era tanta que não me impedi de ir vê-lo. Apesar de ser mais uma desculpa, também precisava falar com Sam. Precisava confirmar que o que aquele demônio não era verdade...

Ao aparecer à porta e ver Dean deitado naquela cama, com aqueles montes de fios em seu corpo, mais uma vez senti a frustração de ter falhado; de não ter o protegido. Mais uma vez sentia que esses sentimentos todos ofuscavam a minha razão, mas era mais forte que tudo. Simplesmente não dava para evitar. Era como se aquela visão me machucasse...

E ver Sam ali, ao lado dele... Não conseguia compreender, muito menos definir o que era aquilo. Pensando numa forma de tentar explicar o que o envolvia, somente um pensamento lhe vinha à mente. Queria estar no lugar do outro Winchester... Queria estar cuidando de Dean...

No pouco tempo que levei para me afastar da porta, ao me virar, Sam já estava a minha frente...

– Sam.

– Entre lá e cure-o. Um milagre, agora!

– Eu não posso.

– Você e o Uriel o colocaram lá...

– Não. – Protestei, mas ele simplesmente me ignorou, continuando a falar.

– Porque vocês não conseguem nem manter uma simples 'Armadilha do Diabo' inteira.

– Eu não sei o que aconteceu... aquela armadilha... – Desviei meu olhar, incapaz de continuar o encarando – Ela não deveria ter quebrado. Eu sinto muito.

– Tudo isso foi sem sentido. Você entende isso? Os demônios não estão fazendo isso. Outra coisa está matando seus soldados.

– Talvez Alastair estiva mentindo.

– Não. Ele não estava.

Eu via Sam voltar para o quarto, para perto do irmão. E naquele momento nada mais parecia fazer sentido para mim.

"O que está acontecendo aqui?"

... ... ... ...

Era quase fim do dia quando consegui encontrar Uriel outra vez. Ele estava em um parque, sentado em um dos bancos. Falava-me que algo estava errado 'lá em cima', que haviam ordenado que as buscas atrás do responsável pelas mortes fossem encerradas. A essa altura eu já me questionava o que, ou quem, estaria à frente disso...

Uriel não concordava. Dizia que se não fossem os demônios, quem mais seria?

Punição, talvez?

Estávamos falhando, estávamos perdendo as batalhas. Eu não acreditava que nosso Pai estaria nos punindo, mas, talvez, ele não estivesse mais no comando...

Dizendo que ele não esperaria para ser 'estripado', Uriel se foi.

... ... ... ...

Anna...

Quem mais eu poderia procurar naquela situação? Em quem mais eu poderia confiar?

Eu estava diante de um dilema. De uma hipótese que eu acreditava jamais, ao menos, pensar. Cogitava 'desobediência' e isso era assustador para mim. Não queria chegar a tal ponto, não queria chegar a cair. Era impuro, humilhante...

Ela me dizia que aquilo que estava sentindo, apenas pioraria. Foi então que ela me tocou, e acho que sentiu o que verdadeiramente se passava em meu coração...

– Está certo... Você é muito bom para minha ajuda. Eu sou apenas lixo... Uma blasfêmia ambulante...

– Anna... Eu não sei o que fazer. Por favor, me diga o que fazer.

– Como nos velhos tempos? Não. Sinto muito. É hora de pensar por si mesmo.

Enfrentar aquilo sozinho me assustava, e muito, mas precisava fazê-lo. Precisava ser forte e lutar. Por mim. Por Dean.

Anna já havia desaparecido, mas eu ainda estava ali. Algo me chamou a atenção ali. Lembrei-me de que ainda haviam coisas a serem esclarecidas.

... ... ... ...

Estava analisando a armadilha e ainda não fazia sentido o fato dela ter se quebrado. Alastair não poderia ter feito aquilo, então só me restava...

Uriel havia chegado. Eu o havia chamado ali. Ele me perguntava se eu estava ao seu lado nessa luta. Mas para meu desespero, eu só conseguia desconfiar dele. Meu irmão...

E infelizmente minhas suspeitas sobre ele se confirmaram. Depois de pressioná-lo, finalmente admitiu. Dizia que o papel dos anjos era converter e era isso que estava fazendo. Ele questionava os humanos e questionava também o interesse de nosso Pai neles. Por isso ele tentava converter, buscar apoio, reunir aliados. E para que?

Para trazer o apocalipse. Para trazer de volta nosso irmão. O mais forte dentre os anjos, o mais belo... Aquele que havia sido punido por não se curvar diante da criação de nosso Pai. Aquele que, segundo Uriel, havia sido o único a nos defender. Ele queria trazer Lúcifer de volta.

Novamente ele me perguntava se eu estaria ao seu lado. Uriel dizia que me queria com ele, mas que eu precisaria ser destemido. Pela primeira vez em muito tempo, eu seria o seria. Mas não para aquele propósito...

Como resposta eu o golpeei. Aquela era a minha recusa. Iniciamos uma luta ali mesmo. Provavelmente a mais dolorosa que já havia enfrentado...

Novamente o sentimentalismo. E novamente eu me via enfraquecido por emoções. Depois de Uriel me acertar o rosto com uma barra de ferro, eu vi meu fim. Ele me mataria assim como havia feito aos outros que haviam recusado sua proposta.

Quando eu estava apenas esperando o golpe final de Uriel, Anna apareceu. Apenas um anjo era capaz de matar outro anjo. Era quase irônico... Agora eu devia minha vida a ela...

... ... ... ...

Depois de toda a loucura daquele dia, não sabia mais o que fazer. Haviam sido necessárias apenas vinte e quatro horas para fazer com que uma vida inteira deixasse de fazer sentido. Sentimentos, emoções, crenças... Tudo que eu acreditava agora estava confuso.

Durante muito tempo havia lutado ao lado de Uriel... Ele era meu irmão e vê-lo morrer depois de tantas coisas que havíamos enfrentados juntos era... Estranho. Tinha plena consciência de que em algum ponto ele havia se perdido, mas alguma forma sentia pela perda. Já não conseguia mais ser completamente imparcial.

Aos poucos, e mais do que gostaria, os sentimentos estavam realmente me mudando.

No desespero daquilo tudo que havia acontecido, eu não conseguia pensar. Não dava para raciocinar. Somente um lugar, somente um nome me vinha à mente no meio daquele turbilhão de emoções. Dean. Precisava vê-lo. Precisava saber como estava.

Quando cheguei ao hospital Sam ainda estava lá. Pacientemente esperei que ele saísse do hospital, provavelmente indo se encontrar com aquele demônio, só então eu apareci no quarto de Dean.

Ele ainda dormia. Sentei-me a poltrona à esquerda da cama e permaneci imóvel. Vez ou outra meu olhar recaía sobre ele. Os olhos fechados, o rosto inchado e completamente marcado pelos golpes que havia levado. Acompanhava com meu olhar a linha do maxilar, seu rosto bem desenhado, seus lábios...

Desviei meu olhar voltando a encarar a parede a minha frente. Assustado. Era assim que estava naquele momento...

O que eu estava fazendo? Por que eu estava reparando naqueles detalhes? Por que Dean me atraía daquela forma?

Eu nem mesmo entendia o porquê de estar ali... Conhecendo o temperamento dele, sabia que a última pessoa que Dean Winchester desejaria ver naquele momento era eu. Mas ainda assim queria estar ali com ele. Mesmo que talvez ele nunca soubesse de minha presença, era ali, com ele, que queria estar. Assim como eu havia visto Sam mais cedo...

Mais uma vez eu me via o olhando. Analisando-o. Os belos traços de seu rosto adormecido. Seu tórax que subia e descia lentamente, ritmado pelo sono. E mais uma vez eu me punia pelo rumo eu meus pensamentos em relação a Dean tomavam.

Sentimentos humanos? Desejos humanos? A esta altura eu já não duvidava de mais nada. Estava me perdendo e isso era certeza. Queria conseguir entender esse sentimento que acalentava meu coração e meu corpo humano.

Eu queria entender, mas tinha medo. Era tudo tão novo, tão diferente, tão... Estranho...

Foi com surpresa, e também certa alegria, que o vi despertar. Mas eu ainda não tinha coragem de encará-lo, porque era por minha culpa que ele estava naquela cama. Naquele estado...

– Você está bem? – A parede a minha frente ainda parecia mais fácil de ser encarada.

– Não por sua causa.

– Você precisa ter mais cuidado.

– Você precisa aprender como lidar com uma 'Armadilha do Diabo'.

– Não é isso que eu quero dizer. – Eu não sabia se devia, mas àquela altura já não fazia mais tanta diferença. Além de que ele merecia saber, mesmo que superficialmente... – Uriel está morto.

– Foram os demônios?

– Foi desobediência. – Só então criei coragem de encará-lo – Ele estava trabalhando contra nós.

– É verdade? – Eu o olhei curioso. Sabia que não era a respeito de Uriel que ele perguntava, mas não sabia sobre o que ele poderia estar se referindo. Percebendo, ele continuou... – Eu quebrei o primeiro selo? Fui eu quem começou tudo isso?

– Sim. Quando descobrimos esse plano todo para você, nós sitiamos o inferno. E lutamos para chegar até você, antes que você...

– Desse início ao Apocalipse. – Dean me interrompeu. A amargura presente em sua voz era visível...

– Chegamos tarde demais.

– Por que não me deixaram lá, então?

– Não é culpa que recai sobre você, Dean. É o destino. "O homem honrado que inicia o processo, é o único que pode dar fim a ele."

Eu o olhava quase suplicante. Mas não era pelo nosso destino. Não era para fazê-lo lutar. Eu apenas queria vê-lo reagir.

O homem que eu via diante de meus olhos parecia prestes a se entregar e eu não queria ver isso acontecer. Porque eu sabia que ele não era assim...

– Você tem que impedi-lo.

– Lúcifer? O Apocalipse? O que isso significa? – Eu estava calado, acuado. O que eu poderia lhe dizer numa situação como aquela? Como poderia confortá-lo? Como poderia sanar as dúvidas dele se não tinhas aquelas respostas... – Ei! Não desapareça agora, seu filho da puta. O que isso significa?

– Eu não sei.

– Mentira!

– Eu não sei. – Eu o encarava; com meu olhar implorava para que acreditasse em mim, ao menos desta vez – Dean, eles não me contam tudo. Eu sei... – Provavelmente aquilo seria um fardo pesado demais para ele e me preocupava não poder ajudá-lo a carregar aquilo tudo – Que nosso destino está em suas mãos.

– Então vocês estão ferrados. Eu não consigo, Cas. É grande demais para mim. – Ouvi-lo falando aquilo, daquela maneira... Ele estava se entregando e aquilo doía demais. Inconscientemente mordi o lábio, sentia-me um inútil... – Alastair tinha razão. Eu não estou inteiro aqui, não sou forte o bastante. – Eu olhava dentro de seus olhos e tudo que via era um homem ferido, derrotado. A dor que ele sentia... Tudo que ele já havia passado parecia ter finalmente alcançado seu limite. Ele estava desistindo e aquele sentimento de certa forma me atingia também... – Acho que não sou o homem que nenhum de nossos pais esperava que eu fosse. Encontre outra pessoa. Não sou eu.

A dor expressa naquele rosto, as lágrimas que agora rolavam por sua face. Ver o estado como Dean estava... Aquilo... Aquilo me machucava de tal forma como nenhum outro ferimento já havia feito antes. Era algo profundo, que não se resumia apenas ao meu corpo humano. Era algo que transcendia minha alma angelical...

Era doloroso... Queria poder não vê-lo chorar, queria poder não vê-lo sofrer... Não entendia esse sentimento, mas... Para não vê-lo passar por tudo isso... Eu, Castiel, seria até mesmo capaz de cair...

Se isso salvasse o mundo... Se isso pelo menos o salvasse... Por ele... Por Dean, eu cairia...

Fim


Desde que assisti o episódio fiquei com esse sentimento "entalado" na garganta.

Desde a primeira aparição, o Cas se tornou meu personagem favorito na série. Talvez por causa da paixão que eu já tinha por anjos, mas não vem ao caso... XD~

Castiel é um personagem intrigante, as dúvidas que cada vez mais o atormentam, além do visível o afeto que ele tem por Dean, para uma mente pervertida (como a minha) é um prato cheio, não?