Título: Enter in the Heart

Gênero: Romance / Drama / Angst

Classificação: Yaoi / Slash – não gosta, não continue.

Par: Draco Malfoy x Harry Potter / Sírius Black x Remus Lupin

Aviso: HP e personagens pertencem a JK Rowling, fic sem fins lucrativos.

Observação: contém spoilers, mas os fatos estão alterados para melhor encaixe na trama, sendo então uma Realidade Alternativa.

Atenção: contém Mpreg!

Resumo: Spoilers do ultimo livro. Realidade Alternativa. Harry vê diante de si um dilema, sua escolha lhe mostrará que um ato pode mudar o rumo de uma vida. Mpreg e SLASH

Esclarecimento do que está modificado em relação ao original:

Harry tem 25 anos e tem dois filhos, ele teve James com dezoito, portanto, James está com sete anos nessa fic e Albus com cinco.

Draco também tem a mesma idade de Harry e seu filho Scorpius tem a mesma idade de Albus.

O resto é completamente Realidade Alternativa.


Prólogo

Ginevra andava de um lado ao outro pelo quarto, pegando suas roupas e as colocando dentro de um baú.

Harry a observava da porta, o corpo repousado contra o batente.

- Não acredito que você aceitou... – disse baixo.

- Não está feliz por mim? – foi a resposta, um pouco irritada por parte de sua esposa.

- É claro que estou, mas e as crianças? E eu?

Ginny parou de arrumar suas coisas e observou a Harry ali, a olhando nos olhos com uma indisfarçável tristeza.

- Harry... Você sabe que não sinto mais nada por você, apenas um imenso amor fraterno como se você fosse igual aos meus irmãos...

O moreno desviou os olhos para o piso. – Em que errei?

Ginny franziu o cenho e tratou de se aproximar agarrando ambas as mãos de Harry.

- Por Merlin! Você nunca fez nada de errado! Apenas os sentimentos não eram aqueles que pensei... Depois que reencontrei com Oliver e conversamos por um bom tempo percebi que quem estava errada era eu – ela mordeu o lábio e seus olhos se marejaram – Sinto muito Harry...

Ginny havia recebido uma proposta de emprego na América, onde por sinal trabalhava Oliver Wood. Faziam dois anos que o relacionamento que tinham não estava nada bem. Ficou pior quando uma noite, assim que retornou do St. Mungus onde trabalhava, sua esposa disse que estava se encontrando com o ex-capitão do time Gryffindor.

Fez de tudo para salvar o casamento, pois ainda a amava e ela era a mãe de seus dois filhos, James e Albus.

Então percebeu que não haveria mais volta quando ela lhe informou que estava esperando um filho do outro.

Quando soube ficou magoado e revoltado, mas sabia que nada que faria a traria de volta, pois quem ela amava não era ele.

Ginny o convenceu a esconder isso das crianças, alegando que eles eram muito pequenos e não entenderiam que os pais estavam separados mesmo que no papel ainda se mantinham casados.

- Albus sentirá sua falta... – Harry cortou o contato caminhando em direção à janela.

- Este emprego será uma virada na minha vida e eu estando em outro país, será mais fácil das crianças superarem.

- Você não gostar de mim até entendo, mas vai largar assim nossos filhos?

- Harry, eu estou esperando um filho de minha nova vida e minha nova família – ela jogou seus vestidos dentro do baú, frustrada – Eu gosto dos meninos, mas eu estou indo para uma vida completamente diferente e que não haverá espaço pra eles. Minha vontade é leva-los comigo, mas obviamente eles sentirão sua falta e é provável de não se darem bem com Oliver. Prefiro deixa-los com você e sei que você morreria se eu os levasse comigo pra América.

- Sentirei sua falta... – sussurrou, finalmente a olhando nos olhos.

Ginny voltou a se entristecer. Odiava ver a Harry dessa forma, mas seria pior enganando.

- Sei que está sendo duro pra você... Sei que não deveria agir dessa forma, mas será pior se prolongássemos o sofrimento e a mentira.

Harry assentiu num vago sorriso. – Eu sei... – tomou uma pausa antes de dizer – Meu advogado lhe mandará os documentos para serem assinados.

- Documentos? – ela o olhou surpresa.

- Do divórcio.

- Mas tínhamos combinado que não nos divorciaríamos pelas crianças.

- Será uma nova vida e separados, acho que isso vale no papel também. Assim, você poderá se casar novamente e eu também.

- Mas Harry, isso implica em assinar os papéis da guarda das crianças, com quem eles ficarão, da herança, dos direitos econômicos...

- E é o que faremos. Você já decidiu com quem as crianças vão ficar, o que é o mais importante...

Ginny o observou por um tempo. – Tem razão... Se formos nos separar terá que ser legalmente e eu já me decidi...

Agora que pensava dessa forma, como um verdadeiro divórcio, viu que quem decidira tudo foi ela enquanto Harry apenas concordou.

Depois que terminou de empacotar suas coisas, desceu para se despedir dos filhos.

James a olhava com desconfiança enquanto Albus brincava distraidamente com seu urso de pelúcia.

- Sentirei saudades – ela abraçou o filho mais velho – Mas não demorarei pra voltar.

- Mentira... – James a olhava nos olhos – Está deixando a gente.

- A mamãe ama vocês – ela o olhou bem dentro dos olhos para não haver dúvidas – Se eu perguntar com quem você quer ficar, qual seria sua resposta?

- Com o papai – ele disse baixo, olhando agora a Harry, quem se mantinha afastado e observando a lareira.

- Viu? Eu sabia que essa seria sua resposta.

- Vai voltar pra ver a gente?

- Sempre que possível. Por enquanto virei todos os meses, depois, quando estiverem mais acostumados com minha ausência, virei duas vezes ao ano.

Em Albus a despedida foi apenas um forte abraço e um beijo na testa.

Quando Ginny partiu com um semblante levemente entristecido pela separação de seus filhos, mas com uma indubitável esperança brilhando em seus olhos, como um presságio que seria verdadeiramente feliz estando com Oliver, Harry ficou apoiado no parapeito da janela, observando a noite e sem saber se conseguiria amar novamente, pois seu coração ainda estava preso a ela.


Um ano depois...

Uma bela mulher estava parada frente a um prédio clinico no centro da Londres Bruxa. Apertava nervosamente a alça da bolsa enquanto tomava coragem em entrar ali.

Respirou fundo e caminhou até o consultório de seu medimago particular. Uma secretária indicou que entrasse, pois o medimago já a aguardava.

Doutor McFly era um excelente profissional e estava na família fazia anos.

Assim que passou os cumprimentos e tomou uma cadeira frente ao escritório do medimago, este lhe apresentou os exames que fizera três dias atrás.

- Meus parabéns. Está de uma semana, cinco horas e quarenta e seis minutos.

A felicidade era suprema. Depois de alguns minutos conversando animadamente com o homem, ela deixou o consultório sorrindo como nunca.

Precisava dar a noticia a seu esposo e juntos comemorar. Depois do nascimento de seu primeiro filho, uma gestação difícil e um parto que por pouco não terminava em algo mais trágico, a esperança de terem um segundo filho era das mais remotas.

Queria ver um sorriso verdadeiro no rosto de seu cônjuge.

Quando alcançou o saguão de recepções da clínica, notou dois homens encapuzados que saíam às pressas pela porta principal. Seus olhos então buscaram as atendentes, e para seu espanto, elas estavam caídas no chão, mortas.

Um outro cliente descia as escadas depois de sua consulta e parecia não ter notado nada de estranho. Seu instinto logo lhe gritava para sair dali, pois o alvo desses homens certamente não era as duas moças da recepção e sim alguém de cargo maior ou algum paciente importante que freqüentava no local.

- Oh Merlin... – ela tentou sair correndo, mas não teve tempo.


Harry observava algumas vassouras na nova loja de artigos de Quidditch que abriram na via principal de Londres Bruxa. Ali estava a nova vassoura que James havia lhe pedido.

Entrou no estabelecimento com um sorriso e passou a escolher entre as inúmeras vassouras que haviam ali. O Quidditch sempre foi sua paixão, então nada mais justo que dedicar um tempo a mais para analisar com calma e se ater nos detalhes.

Seus olhos logo pousaram sobre as luvas de apanhador e sorriu ainda mais. Mal esperava quando James ingressasse em seu primeiro ano em Hogwarts, talvez puxaria a geração Potter mais que a Weasley e seria um excelente apanhador.

Quando foi estender a mão para pegar as luvas, seus olhos captaram dois homens encapuzados saindo correndo do prédio em frente do outro lado da rua.

Isso logo o alarmou consideravelmente.

Não teve tempo de reagir, ou avisar alguém, quando uma forte explosão aconteceu e que chegou a estilhaçar a vitrine da loja em que estava.

Se agachou cobrindo a cabeça com os braços para assim evitar ser atingido pelos cacos de vidro.

Logo a gritaria e o desespero tomaram conta da rua.

Não perdeu tempo e correu para fora, pronto para socorrer as vítimas desse atentado. Algumas pessoas já começavam a tumultuar o local.

Seus olhos se arregalaram ao notar que o prédio de três andares estava no chão, completamente destroçado. Seria milagre se alguém conseguiu sobreviver.

Buscou algum ferido, passando pelo pequeno grupo que parava para ver a tragédia. Notou uma moça caída debaixo de uma parede, depois um homem que jazia sem vida em uma poça de sangue. Afastou sem acreditar que depois da guerra ainda tinha que presenciar essas imagens.

Então alguém lhe segurou o tornozelo, atraindo assim sua atenção. Prontamente retirou os escombros de cima da primeira pessoa que encontrava com vida.

Era uma jovem mulher loira, seu rosto estava ensangüentado, mas podia se ver que era linda. Ela tentou pronunciar algo, mas seu estado era tão grave que a impedia.

- Está tudo bem... – tentou conforta-la – O socorro está vindo, não tenha medo, estarei aqui com você.

Enquanto dizia, conjurava alguns feitiços de cura para que ela agüentasse até os medimagos chegarem.

- Inú... til... – ela sussurrou com lágrimas nos olhos. Sabia que estava morrendo.

- Shiii... Não diga nada, precisa guardar forças... – Harry sentiu um bolo de angústia lhe entalar na garganta e lágrimas encherem seus olhos. Era horrível ver as lágrimas que escorriam pelo rosto machucado da moça.

- Vi... da... – ela lhe segurou o pulso com debilidade e levou sua mão ao ventre – Vi... da...

Então compreendeu o que ela implorava, os olhos azuis quase apagados a lhe fitar com desespero. Ela estava grávida e pedia que salvasse seu bebê. Era a única coisa que ela desejava antes de morrer e queria ter certeza de que sua criança viveria.

Aurores começaram a aparecer junto com medimagos que prontamente passaram a socorrer alguns passantes que foram atingidos pela explosão enquanto caminhavam pelas calçadas.

Harry não tinha tempo de pensar. A mão que lhe cingia o pulso caiu ao lado do corpo inerte, os olhos azuis começavam a fechar lentamente, ainda com aquela mirada que implorava que salvasse a vida do ser que crescia em seu corpo.

Se não fizesse isso, sabia que se arrependeria pelo resto da vida e nunca teria paz.

Como se formou em medimagia e trabalhava no maior hospital bruxo da Inglaterra, conhecia diferentes tipos de feitiços que ajudavam na recuperação dos enfermos. Entre eles, haviam alguns dedicados à gravidez. Não sabia qual era o tipo sangüíneo e o RH dessa moça e não tinha tempo para fazer os exames, certamente estava quase morta. Encontrar alguém para que possa salvar ao menos o feto era impossível, então teria que ser ele próprio. Seu sangue era tipo "O" e RH neutro, um dos mais raros que existia, sendo assim, qualquer que fosse o sangue do feto seria muito bem aceito pela criança que se desenvolveria naturalmente.

Conjurou o feitiço mentalmente pousando uma mão ao ventre da moça enquanto a outra pousava em seu próprio ventre. Era um feitiço perigoso que requer muita magia e concentração.

Sentiu seu ventre contorcer enquanto algo lá dentro tomava espaço. Sua magia decaía rapidamente para formar a bolsa que comportaria seu novo hóspede. E quando tudo se aquietou, rompeu o feitiço ao não sentir mais vida sob a palma de sua mão.

Abriu os olhos e focou a pobre mulher agora morta. Seus olhos estavam entrecerrados e uma lágrima aprisionada por seus longos cílios.

Levou a mão que ainda repousava sobre o ventre até o cabelo longo e louro, passando a acariciar com pesar.

- Sinto muito... – sussurrou com tristeza. Não a conhecia, nunca havia visto ela na vida, mas sentia a dor que certamente sua morte causaria àqueles que a amavam. E sentia mais ainda por não saber se seu feitiço funcionara.

- Afaste-se senhor Potter, por favor... Ela está morta, você tentou, mas infelizmente ela não tinha chances de sobreviver – um dos medimagos lhe afastou com cuidado até onde os aurores permitiam que os pedestres permanecessem.

Tocou ao próprio ventre e tentou sentir se havia vida ali dentro, mas nada sentiu.

- Mais um atentado... – Harry se sobressaltou vendo diante de si Ninfadora Tonks, uma das aurores ali encarregadas - Oito mortos no último atentado envolvendo uma das mais movimentadas avenidas do bairro nobre de Londres... Agora esta clínica particular freqüentada por magnatas da alta sociedade bruxa.

- Algum suspeito? – perguntou em voz baixa, ainda muito impressionado com tudo que aconteceu.

- Nenhum... – ela suspirou – Só sabemos que eles estão matando os mais ricos e poderosos, com influencias no ministério ou em boa parte das ações empresariais do mundo bruxo. Não tem nomes, datas ou perfil das vítimas, apenas se são influentes indispensáveis no governo.

- Como uma revolução?

- Talvez... Ainda é cedo para se julgar... – ela o observou um pouco – Você viu como aconteceu?

Harry apenas assentiu, sabia que suas informações seriam poucas, mas valeriam por enquanto.

Assim que foi liberado pelos aurores, Harry se dirigiu ao St. Mungus para fazer alguns exames e saber se tinha vida dentro de si.

A imagem daquela moça ainda o atormentava. Ver os olhos dela, implorando desesperadamente que salvasse o bebê que nem ao menos tinha forma, foi uma das cenas mais chocantes que lembraria pelo resto da vida.

- Olá Harry, pensei que hoje era seu dia de folga – ouviu a voz de um dos residentes.

- Vim apenas para me consultar e não trabalhar – sorriu um pouco antes de procurar por algum medimago livre, o que era difícil.


A porta da sala de reuniões foi aberta com estrepito, chamando assim a atenção das pessoas que estavam na mesa.

Uma delas, a única que estava de pé frente à janela e explicava aos acionistas a planilha de faturamento, mirou friamente ao empregado que acabara de fazer todo o alarde.

- Desculpe interromper senhor Malfoy, mas é urgente – disse o rapaz da recepção, totalmente nervoso.

- Queiram me desculpar e me dêem alguns minutos, por favor – disse tranqüilamente aos presentes, deixando a sala em companhia do funcionário.

Assim que estavam a sós no hall de espera, olhou criticamente seu interlocutor.

- Estou esperando...

- Recebemos um recado da central de aurores e dizem ser extremamente importante que entre em contato com eles agora. Eles disseram que não podem esperar nem um minuto a mais – respirou fundo, sem saber como dizer isso ao presidente da empresa – É sobre sua esposa...

Malfoy franziu o cenho e se encaminhou de volta à sala de reuniões após dispensar o funcionário. Ao invés de entrar e tomar seu lugar frente aos sócios ficou na porta e dirigiu seu olhar a primeira cadeira da direita, onde estava sentado o vice-presidente da companhia.

- Senhor Zabini, por gentileza, gostaria que tomasse meu lugar e terminasse a reunião, assuntos importantes e de urgência exigem minha atenção nesse momento. Aos demais peço sinceras desculpas. Tenham um bom dia...

Com essas palavras, se encaminhou ao seu escritório onde conectou via lareira com a central de aurores.

- Finalmente... – Tonks apareceu entre as chamas – Olá primo, sinto muito ter te interrompido por algo tão triste...

Draco se retesou ao ouvir essas palavras. – O que houve com minha esposa?

Tonks suspirou, sabendo que seria difícil. – Não sei como dizer isso... E eu realmente não queria ser a pessoa encarregada em te dar essa notícia...

Draco apertou os punhos sobre a mesa e fechou os olhos. A imagem de sua esposa, tão jovem, carregando a Scorpius veio em sua mente.

- Como aconteceu?

- Acho melhor não saber como...

- Como aconteceu? – disse mais alto, quase grosseiro.

- Explodiram a clínica particular do Dr. McFly e ela infelizmente estava no local... – Tonks fez uma pausa, vendo como Draco apoiava os cotovelos sobre a mesa e escondia o rosto nas mãos, completamente desolado – Queria te avisar que infelizmente ela não sobreviveu e... Temos que segurar o corpo por algum tempo, para a perícia...

A sala ficou em um pesado silêncio, onde ninguém ousava a falar.

Na cabeça de Draco passava mil pensamentos ao mesmo tempo, desde quem foram os culpados, por qual motivo, o que sua esposa estava fazendo nessa clínica, o que diria para Scorpius, como seria sua vida dali em diante...

E tristeza...

Sentia uma terrível tristeza enchendo seu peito...

- Draco... – Ninfadora chamou com suavidade – Pode mandar alguém vir buscar os pertences dela, mas... Tem algo que precisa saber e é melhor que seja pessoalmente...

- Dê-me alguns minutos e já estarei aí... – sussurrou, ainda com o rosto encoberto pelas mãos.

Tonks concordou, sabendo que o primo estava se recompondo para não mostrar debilidade e ao mesmo tempo não queria adiar esse assunto para um outro dia como se não fosse tão trágico.

Uma hora mais tarde Draco apareceu no Ministério da Magia e foi prontamente guiado para uma sala onde Tonks o esperava.

A primeira coisa que fizeram foram se abraçar, dando apoio e recebendo forças para conseguirem superar o que aconteceu.

A auror se afastou para olhar dentro desses olhos azuis, agora nitidamente opacos pela dor e avermelhados pelas lágrimas não derramadas. Draco levava ao pé da letra os conceitos de ser um Malfoy, mesmo seu pai tendo provado que por vezes, esse conceito era um tanto que distorcido.

- Venha... – ela puxou uma cadeira para que se sentasse.

Enquanto Malfoy se acomodava, buscou um envelope com os pertences da falecida e dispôs frente ao primo.

- Não posso ver o corpo?

Tonks negou com a cabeça. – Sinto muito, mas ela está em local restrito e assim que for liberado, você poderá velar sua morte e enterra-la devidamente.

Draco concordou e abriu o envelope. A primeira coisa que retirou foi um par de brincos de safiras, o qual havia regalado de aniversário. Era um magnífico conjunto que pertenceu a sua mãe. Assim que se recordava do colar em forma de triângulo invertido, este se enroscou em seus dedos. As frias pedras preciosas davam um contraste exuberante em sua pele pálida.

Deixou o conjunto em um lado na mesa para retirar do envelope um lenço branco com um delicado bordado com a letra "D" em tons prata. Deslizou o dedo pelo relevo da linha.

Era o seu lenço que tinha servido de proteção para que sua a futura senhora Malfoy sentasse em um banco de jardim da Mansão Malfoy.

Era outono e ventava muito, derrubando folhas e pequenos resíduos das numerosas árvores que se espalhavam por todos os lados.

Deixou o lenço junto com as jóias, para sentir nos dedos a aliança cravejada de diamantes. Dessa vez seus lábios se curvaram num triste sorriso.

Não tinha uma pessoa que não elogiassem essa aliança, mas sabia que ela só tinha seu efeito quando estando no dedo delgado e branco de sua portadora...

- Tivemos que retirar... – Tonks se intrometeu, sentida por ter feito esse ato desrespeitoso. Mesmo depois de morto, o portador era enterrado com o símbolo matrimonial.

- Não pode fazer algo? Estão praticamente destroçando o que resta de sua dignidade... – reclamou baixo, olhando para a aliança. Não gostava que a manuseassem dessa forma além de ter perdido a vida de um modo tão cruel – Deixe-me enterra-la para que descanse finalmente...

- Estamos com o corpo por causa disso aqui... – Tonks retirou um pequeno pergaminho de dentro do envelope de Malfoy e o estendeu para que o loiro pudesse ver.

Draco abriu duvidoso e leu com atenção. Era um laudo médico que dizia algo que, se não estava errado, ela estava grávida.

Seus olhos se abriram mais e focou a auror em busca de resposta e esta veio em forma de um curto aceno de cabeça.

Então fechou os olhos e deixou que a tristeza finalmente tomasse suas feições. Não perdia uma pessoa, perdia duas...

Nesse instante não acreditava em mais nada em que um dia chegou a acredita. Se existia um poder supremo, que ditava o destino das pessoas, este só podia vir das trevas, pois sua vida foi regida pela obscuridade e seu futuro era incerto...

- Sou tão desgraçado assim, merecedor da infelicidade? Quando finalmente pensei que encontrei um pouco de paz e alegria... Ela me é retirada dessa forma... O que mais falta acontecer?

- Mesmo na mais profunda escuridão existe um ponto de luz... – Tonks sussurrou as palavras de Remus, quando este, arrasado, soube que Sírius havia caído no Véu.

- E onde está meu ponto de luz? – foi inevitável não soar machucado e sarcástico.

Longe dali, Harry olhava para o teto branco de uma das salas do St. Mungus. Estalava os dedos das mãos com nervosismo enquanto o medimago dizia a sentença.

- Você está de uma semana, seis horas e trinta e dois minutos...

Enquanto o medimago sorria e lhe felicitava, Harry tampou os olhos com os braços, sem acreditar no que havia feito.

Onde ele, sozinho, ia parar com três filhos?

Continua...


Nota da autora:

Este fic seria um teste pra ver se é aceito pelos leitores, não terá uma atualização rápida e como ainda tenho outras fics em andamento, poderei retira-la do ar caso eu perceba que não está sendo aceita pelos leitores.

Não quero ser ofensiva com isso, não me entendam mal, mas eu estava com essa trama na cabeça e quis passar pra escrita e como sei que tenho fics pendentes, optei por fazer isso, tira-la do ar caso não tenha muitos leitores.

Obrigada a quem chegou até aqui. Beijos.