Um Sonho de Amor constitui o primeiro livro da Trilogia do Sonho. Esta fic não passa nada mais do que uma adaptação aos personagens de Harry Potter, à história criada por Nora Roberts.

Então, a história não é minha, assim como nenhuma das personagens me pertencem.

Razões: Li o primeiro livro, e gostei muito, e achei que seria giro colocar a história com os personagens que mais gosto em Harry Potter. Então, serão 3 fics, esta é a primeira, onde cada fic será sobre a história de uma das três raparigas, tendo as três como par romântico um dos marotos.

1ª- Um Sonho de Amor – James e Lily

2ª- Um Sonho de Vida – Kate e Remus

3ª- Um Sonho de Esperança – Laura e Sirius

Espero que gostem da história, assim como eu gostei.

E ultimo aviso: Se és daquelas pessoas que não gosta de ler sobre SEXO, nem vale a pena começar a ler. Pois sexo é o que mais há nas histórias de Nora Roberts.

Ok, a história é aconselhada a pessoas maiores de 16 anos.

Não reclamem depois que não avisei!

Resumo:

Lily é deslumbrante e detentora de uma personalidade votada ao sucesso. Mas nada do que irá alcançar na sua carreira internacional fará apagar o estigma que interiormente carrega: conquistar o amor e aceitaçao da mãe. Talvez devesse ser mais doce como Laura, ou mais lógica como Kate. Mas ela é imprevisível, espontânea e nada a detém...

Prólogo

Califórnia, 1846

Ele não voltaria mais. A guerra levara-o para sempre. Ela pedia senti-lo, podia sentir a sua morte no vazio que lhe envolvia o coração. Manuel morrera. Os Americanos tinham-no assassinado… ou talvez ele tivesse morrido por causa da sua necessidade de provar do que era capaz. Mas Seraphina, parada no alto dos penhascos, por cima do agitado Pacífico, tinha a certeza de que o perdera.

O vento turbilhonava ao seu redor, mas ela não se aconchegou no casaco. O frio que sentia era no sangue, nos ossos, no coração.

O seu amor desaparecera, por mais que ela tivesse rezado, por mais que passasse horas incontáveis de joelhos, suplicando à Virgem Mãe para proteger o seu Manuel, que partira a fim de combater os Americanos, que queriam por todos os meios conquistar a Califórnia.

Ele morrera em Santa Fé. A mensagem enviada ao pai dela informava que o jovem morrera em combate, enquanto lutava para impedir que os Americanos tomassem a cidade. Fora enterrado lá, tão longe. Seraphina jamais tornaria a ver o seu rosto, a ouvir a sua voz, a partilhar os seus sonhos.

Não fizera como Manuel pedira. Não voltara para Espanha, à espera que a Califórnia se tornasse de novo uma terra segura. Em vez disso, escondera o seu dote, o ouro que teria ajudado a construir a sua vida em comum dos dois… a vida com que tinham sonhado. O pai entregá-la-ia a Manuel quando este voltasse para casa como um herói. Fora o que o próprio Manuel dissera, removendo as lágrimas do rosto de Seraphina com beijos. Construiriam uma linda casa, teriam muitos filhos, plantariam um jardim. Ele prometera que voltaria e começaria tudo.

Agora, Manuel estava morto.

Talvez porque ela se mostrara egoísta. Preferia permanecer perto de Monterey, em vez de pôr um oceano entre os dois. Quando os Americanos apareceram, ela escondera o seu dote de noiva, com medo de que o levassem, pois já tinham roubado tantas coisas.

Agora, tinham levado tudo o que era importante. E ela lamentava, sentindo que o seu pecado era responsável pelo que acontecera. Mentira ao pai, a fim de se apossar daquelas poucas horas com o seu amor. Entregara-se a Manuel antes que o casamento fosse consagrado por Deus e pela Igreja. Enquanto inclinava a cabeça contra a força impiedosa do vento, Seraphina pensou que pior era não conseguir arrepender-se dos seus pecados. Nem queria arrepender-se.

Não lhe restavam sonhos. Nenhuma esperança. Nenhum amor. Deus tirara-lhe Manuel. E, por isso, desafiando dezasseis anos de educação religiosa, contra uma vinda inteira de fé, ela ergueu a cabeça para blasfemar contra Deus.

E saltou lá do alto.

Cento e trinta anos depois, os penhascos estavam banhados pela luz dourada do Verão. Gaivotas voavam sobre o mar. Flores, resistentes e fortes, abriam caminho pelo solo duro, fazendo um tremendo esforço para passarem por frestas mínimas na rocha, transformando a paisagem agreste numa terra de fantasia. O vento era tão suave quanto uma carícia de mão apaixonada. Lá em cima, o céu exibia o azul perfeito dos sonhos.

Três jovens estavam sentadas no penhasco, pensando sobre a história e o mar. Era uma lenda que conheciam bem. Cada uma tinha a sua imagem pessoal de Seraphina, de como ela se comportara nos momentos finais de desespero.

Para Laura Potter, Seraphina era uma figura trágica, com o rosto molhado por lágrimas, demasiado solitária naquela altitude varrida pelo vento, empunhando uma única flor silvestre, enquanto caía.

Laura chorou por ela naquele momento, contemplando o mar com tristes olhos cinzentos, a especular sobre o que ela própria faria. Para Laura, o romance estava entrelaçado com a tragédia.

Para Kate Powell, era um desperdício lamentável. Ela franziu o rosto ao sol, enquanto puxava uma haste de relva com a mão estreita. A história atingia o seu coração, é verdade, mas era o impulso que a perturbava, o impulso equivocado. Porquê acabar com tudo quando a vida oferecia muito mais?

Fora a vez de Lily Evans contar a história, e ela fizera-o com um intenso toque dramático. Como sempre, imaginara a noite dominada por uma tempestade, ventos furiosos, uma chuva forte, raios que riscavam o céu. O tremendo desafio do gesto emocionava-a tanto quanto a perturbava. Veria Seraphina para sempre com o rosto erguido, sussurrando uma maldição, enquanto dava o salto.

- Foi uma estupidez fazer aquilo por um homem – comentou Kate.

Os seus cabelos cor de ébano estavam presos atrás num impecável rabo-de-cavalo, fazendo sobressair o rosto anguloso, dominado pelos olhos castanhos amendoados.

- Ela amava-o. – A voz de Laura era baixa, o tom pensativo. – O seu único amor verdadeiro.

- Não sei porque tem de haver apenas um amor verdadeiro.

Lily esticou as pernas compridas. Ela e Laura tinham doze anos, Kate era um ano mais nova. Mas o corpo de Lily já começava a anunciar a mulher que despertava lá dentro.

- Não terei apenas um. – A sua voz vibrava de confiança. – Quero uma série deles.

Kate soltou uma risada. Era magra, o seu peito era liso, mas não se importava nada com isso. Tinha coisas melhores em que pensar do que em rapazes. Como a escola, o basebol, a música.

- Desde que o Amos enfiou a língua pela tua garganta abaixo, andas tresloucada.

- Gosto de rapazes.

Segura da sua feminilidade, Lily sorriu, irónica, enquanto passava a mão pelos cabelos ruivos compridos. Caíam-lhe pelas costas, abundantes e ondulantes. Sempre que escapava da atenção vigilante da mãe, apressava-se a tirar a fita que Ann Evans preferia que ela usasse para prender atrás. Tal como o corpo e a voz meio rouca, aqueles cabelos pertenciam mais a uma mulher do que a uma adolescente.

- E eles gostam de mim. – O que era a melhor parte, na avaliação de Lily. – Mas juro por Deus que não me vou matar por um só que seja.

Numa reacção automática, Laura olhou em redor, para ter a certeza de ninguém mais ouvira a invocação do nome do senhor em vão. Mas estavam a sós, é claro, naquele deslumbrante dia de Verão. Era a época do ano que ela mais adorava. O seu olhar parou na casa no alto da colina, por detrás delas. Era o seu lar, a sua segurança, e sentia-se feliz só de contemplá-la, com as torres pequenas e extravagantes, as janelas em arcadas, as telhas vermelhas que aqueciam sob o sol da Califórnia.

Às vezes, Laura pensava na casa como um castelo, sendo ela uma princesa. Só há pouco tempo é que começara a imaginar também um príncipe em algum lugar, alguém que um dia haveria de aparecer a cavalo e a arrebataria para o amor e o casamento, para uma vida de felicidade eterna.

- Quero apenas um – murmurou ela. – E, se alguma coisa lhe acontecesse, ficaria com o coração partido para sempre.

- Tu jamais saltarias de um penhasco. – a natureza prática de Kate não podia conceder essa possibilidade. Uma rapariga podia recriminar-se por errar uma jogada fácil no basebol. Ou por chumbar em alguma disciplina na escola. Mas por causa de um homem? Ora, era um absurdo! – Em vez disso, ficarias à espera para saber o que aconteceria em seguida.

Ela também contemplou a casa. Casa Potter, actualmente o seu lar. Das três, Kate pensava que era a única a compreender o que era enfrentar o pior e esperar. Tinha oito anos quando perdera os pais. Vira o seu mundo desmoronar, quase submergira, mas os Potter acolheram-na e amaram-na. Deram-lhe uma família, embora fosse apenas uma prima em segundo grau do instável ramo Powell da árvore genealógica. Era sempre mais sensato esperar.

- Sei o que faria – anunciou a Lily. – Gritaria e amaldiçoaria Deus.

E assim fez, assumindo uma posa de abjecto sofrimento.

- Depois, pegava no dote e ia viajar pelo mundo, havia de ver tudo, fazer de tudo e ser tudo!

Lily esticou os braços, desfrutando do sol. Adorava a Casa Potter. Era o único lar de que se lembrava. Tinha apenas quatro anos quando a mãe deixara a Escócia e viera trabalhar para aqui. Embora fosse sempre tratada como um membro da família, jamais esquecia que era a filha de uma criada. A sua ambição era ser mais. Muito mais.

Sabia o que a mãe queria para ela: uma boa educação, um bom emprego, um bom marido. Ou seja, o futuro mais entediante que se podia imaginar. Lily não tinha a menor intenção de ser como a mãe, seca e solitária antes dos trinta anos.

É verdade que a mãe ainda era jovem e bonita, reflectiu Lily. Mesmo quando menosprezados, os factos ainda eram factos. Mas ela nunca saía com ninguém, nunca se divertia. E era rigorosa de mais. «Não faças isso, Lily, não faças aquilo», pensou ela, irritada. «És jovem de mais para usar batôn e rímel.» Preocupada, sempre preocupada que a filha fosse rebelde, voluntária, demasiado ansiosa por se elevar acima da sua posição. «Seja lá que posição for essa», pensou Lily.

Ela especulava se o pai também fora rebelde e voluntarioso. Fora um homem bonito? Lily já se interrogara se a mãe não teria sido obrigada a casa, como acontecia com algumas jovens. Não poderia ter casado por amor; se fosse o caso, porque não falaria ela nunca do marido? Porque não tinha fotografias, lembranças e histórias do homem com quem casara e que lhe fora arrebatado por uma tempestade no mar?

Lily tornou a olhar para o mar e pensou na mãe. «Ann Evans não é nenhuma Seraphina», reflectiu ela. Nada de dor e desespero; apenas alguém que vira a página e esquece.

Talvez não fosse tão errado assim, no final das contas. Se não permitisse que um homem fosse importante de mais na sua vida, não ficaria muito magoada quando o perdesse. E também não significaria ter de parar de viver. Mesmo que não saltasse de um penhasco, havia outros meios de acabar com a vida.

«Se a minha mãe ao menos compreendesse», pensou ela… e sacudiu a cabeça, furiosa. Não ia pensar nisso, não ia deter-se no facto de que nada do que fazia ou queria na vida parecia contar com a aprovação da mãe. Sentia-se agitada só de pensar no assunto.

Preferia pensar nos lugares que visitaria um dia. Nas pessoas que conheceria. Provara dessa grandeza ao viver na Casa Potter, parte do mundo em que os Potter circulavam com a maior naturalidade. Todos aqueles hotéis fabulosos que eles possuíam, em todas aquelas cidades sensacionais… Um dia ela ficaria como hóspede num deles e ocuparia a sua própria suite… como aquela suite que havia nos Potter Monterey: um duplex com uma decoração elegante e flores por toda a parte. Tinha uma cama digna de uma rainha, com um dossel, travesseiros macios e fronhas de seda.

Quando comentara isso com o sr. P., ele rira, abraçara-a, e deixara-a saltar para cima da cama. Lily jamais esqueceria a sensação de se aconchegar naqueles travesseiros. A srª P. dissera-lhe que a cama viera de Espanha e tinha vinte anos.

Um dia ela teria coisas lindas e importantes, como aquela cama.

- Ficaremos ricas quando encontrarmos o dote da Seraphina – comentou a Lily.

Kate soltou outra risada e retorquiu, com uma lógica incontestável:

- A Laura é rica. E, se o encontrássemos, teríamos de deixá-lo no banco até sermos mais velhas.

- Eu compraria tudo o que quisesse. – Lily sentou-se e abraçou os joelhos. – Roupas, jóias, as coisas mais bonitas. E um carro.

- Tu não tens idade para guiar – lembrou Kate. – Eu investiria a minha parte, porque o tio Tommy diz que é preciso dinheiro para fazer dinheiro.

- Isso seria uma grande seca, Kate. – Lily deu uma palmada afectuosa no ombro de Kate. – Além disso, tu és uma seca! Já sei o que faremos com o dote: uma viagem à volta do mundo. Nós as três. Iremos a Londres, Paris e Roma. E ficaremos apenas nos hotéis Potter, porque são os melhores.

- Uma festa interminável – disse Laura, entrando no clima da fantasia. Já estivera em Londres, Paris e Roma, e achara as três cidades muito bonitas. Mas nada se comparava com a Casa Potter. – Ficaremos acordadas de noite e dançaremos apenas com os homens mais bonitos. Estaremos sempre juntas.

- Claro que estaremos sempre juntas. – Lily colocou um braço sobre os ombros de Laura e o outro sobre os de Kate. – Não somos as melhores amigas? E sempre seremos.

Quando ouviu o barulho de um motor, levantou-se de um pulo e apressou-se a simular desprezo.

- Deve ser o James e um dos seus amigos nojentos.

- Não deixes que ele te veja. – Kate deu um puxão firme na mão de Lily. James podia ser o irmão de Laura por sangue, mas em termos emocionais era igual a Kate, o que o tornava o seu desdém bastante genuíno. – Ele só viria até aqui para implicar connosco. Acha-se muito importante agora que pode conduzir.

- O James não nos vai incomodar.

Laura levantou-se também, curiosa para verificar quem estava a conduzir a toda a velocidade o descapotável pequeno e vistoso. Ao reconhecer os cabelos escuros fez uma careta.

- É aquele arruaceiro do Sirius Black que está no carro. Não consigo compreender porque é que o James anda com ele.

- Porque ele é perigoso.

Lily podia ter apenas doze anos, mas algumas mulheres nascem com a capacidade de reconhecer um homem perigoso. Só que os seus olhos fixaram-se me James. Disse a si mesma que isso acontecia porque ele a irritava… o herdeiro, o perfeito príncipe encantado, que sempre a tratava como uma irmã mais nova e parvinha, quando qualquer um com olhos na cara podia ver que ela era já quase uma mulher.

- Olá, pirralhas! – Com a descontracção deliberada dos seus dezasseis anos, James recostou-se no banco do condutor, com o carro em ponto morto. O «Hotel California», dos Eagles, vinha do rádio do carro aos altos berros. – Outra vez à procura do ouro da Seraphina?

- Estamos apenas a desfrutar do sol e da solidão.

Mas foi Lily quem encurtou a distância, andando devagar, com os ombros esticados para trás. Os olhos de James sorriam, por baixo dos cabelos desgrenhados pelo vento. Os olhos de Sirius Black escondiam-se por detrás de óculos escuros espelhados. Não se conseguia perceber quem estaria ele a contemplar. Lily não estava muito interessada, mas encostou-se ao carro e esboçou o seu melhor sorriso.

- Olá, Sirius.

- Olá.

- Elas passam a vida a andar pelos penhascos – informou James o amigo. – Como se fossem tropeçar num monte de dobrões de ouro.

Ele sorriu com desdém para Lily. Era muito mais fácil exibir um sorriso desdenhoso do que ficar a pensar, nem que fosse por um momento só, na beleza dela contida naqueles pequenos calções de adolescente. Afinal, Lily não passava de uma criança, era praticamente sua irmã. Ele estaria condenado a arder no fogo do Inferno se continuasse a acalentar aquels estranhos pensamentos em relação a Lily.

- Um dia vamos encontrá-los.

Ele inclinou-se, e James pôde sentir o seu cheiro. Lily ergueu uma sobrancelha, atraindo a atenção para o pequeno sinal da extremidade inferior. Tinha as sobrancelhas bastante mais escuras do que todo aquele cabelo ruivo-escuro. E os seios, que pareciam tornar-se mais cheios de cada vez que um homem piscava os olhos, estavam bem delineados por baixo da T-shirt justa. Como sentia a boca seca de mais, a voz de James saiu aguda e sarcástica:

- Continua a sonhar, duquesa. Vocês, meninas, voltem às vossas brincadeiras. Nós temos coisas melhores para fazer.

Ele partiu, mantendo um olho no espelho retrovisor. O coração de mulher de Lily palpitou com um anseio confuso. Sacudiu os cabelos para trás e ficou a observar o carro a afastar-se. Era fácil rir da filha da governanta, pensou ela, com uma fúria intensa. Mas quando ela fosse rica e famosa…

- Um dia, ele vai arrepender-se de se ter rido de mim.

- Sabes que não fez por mal, Lily – interveio Laura, tentando acalmá-la.

- Afinal, ele não passa de um homem. – Kate encolheu os ombros. – Ou seja, a definição de um idiota.

Lily riu com gosto e as três atravessaram a estrada para subir a encosta até à Casa Potter. «Um dia», pensou ela de novo. «Um dia.»


Juh Moony (Adaptações)

Quarta-feira, 19 de Março de 2008

PS: Quem quiser também pode ler as minhas outras fics, estás originais: "Amigas, Namorados e Segredos" - Terminada e "Não Imaginam o Que eles me Fizeram!" - Em andamento...