O jogo Ragnarök Online com seus NPC's, monstros e tudo mais pertence à Gravity e é distribuído no Brasil pela LevelUp! Games. Os personagens que aparecem nessa história foram criados por jogadores (eu e pessoas queridas do clã Pactum Scelleris).
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Prólogo – O Pacto
Em Veins os dias são quentes. Óbvio, é um deserto. E como bom deserto, as noites são frias. Mesmo que as temperaturas cheguem a extremos o clima é muito seco o que ajuda até os aventureiros de lugares de temperaturas mais amenas de vários pontos do reino de Rune Midgard a aturarem o lugar.
A cidade é muito grande e fica em um enorme desfiladeiro que foi povoado pelos mineradores que exploravam o Vulcão próximo. Por causa de seus moradores, bares e hotéis se desenvolveram rapidamente, sendo pontos muito bem vindos aos visitantes. Mas hoje, excepcionalmente, o bar de Veins estava vazio, com somente sete aventureiros sentados em volta de duas mesas que foram postas juntas. Nem o famoso vinho de cogumelos da região parecia animar muito aquele grupo.
Pois é nesses sete aventureiros que eu quero chegar. Eu me dei a responsabilidade de registrar o que eles fizeram essa noite e as conseqüências desse ato, além de contar a história deles (ou tentar, nem todos colaboraram com minhas perguntas). Vou apresentá-los rapidamente, depois conto a história de cada um. Comecemos pela Paladina de longos cabelos castanho-caro com mechas loiras, de nome Riponga, cujos motivos pra nome tão incomum explico depois. Ao lado dela estava uma Suma Sacerdotisa, Leka, ou Urxinha, com cabelos castanho-claro e olhos verdes. Para completar o grupo feminino, na ponta da mesa estava uma Atiradora de Elite de nome Joanne, apelido Ju, com cabelos ruivos que iam até a cintura e cujos olhos azuis estavam fixados no mesmo ponto que os das outras duas: a garrafa de vinho de cogumelos. Mentalmente todas se perguntavam se aquele resto de vinho daria para todas ou se alguém ia morrer em alguns instantes por pegar os últimos goles.
Passemos agora aos integrantes masculinos. Temos o Sumo Sacerdote Shini, o único exorcista dos três integrantes da Igreja que se sentavam àquela mesa, cabelos prateados e olhos azul-celeste, que olhava preocupado para todas as garotas e para aquele que se sentava ao seu lado, o Mestre Ferreiro Arathorn, ou Ara. Este último, de cabelos ruivos e olhos escondidos por trás de um Óculos de Machão também encarava a garrafa de vinho. O outro Sumo era Wings, loiro de olhos azuis, que se considerava O presente dos céus para as mulheres (fato que nenhuma das garotas do grupo confirmava), que olhava para o nada, pensando provavelmente em como era lindo, e que parecia indiferente à tensão que aumentava aos poucos naquela mesa. Na outra ponta, estava o Lorde de cabelos longos e pretos Felipe Noguez, ou FC, que espiava só com o canto de seus olhos verde claros para ver se ninguém ia se matar por aquele maldito vinho. Quando ele percebeu que a tensão estava no limite, ele decidiu cortá-la de uma vez.
- Se alguém começar uma briga pelo resto do vinho, não sou em quem vai juntar os pedaços.
Os quatro desviaram os olhos da garrafa e começaram a pensar em seus problemas. Parece que a frase até acordou o desligado Wings, que olhou em volta tentando entender o que tinha acontecido para depois voltar a seus pensamentos.
O motivo da reunião deles ali era simples: eram amigos e estavam entediados. O Guerreiro das Sombras, clã da maioria deles, e que todos tinham algum motivo para gostar, estava indo rumo ao esquecimento. Adriano Lane, o líder, tinha desaparecido. Arathorn, que era líder do clã Spirit, também não tinha muito o que fazer ultimamente com um clã que aos poucos se esvaziava.
- O que será que aconteceu com o Dri? – Perguntou Leka, finalmente despedaçando o silêncio.
- Provavelmente o mesmo que aconteceu com o Gala. – Murmurou Riponga, que se referia a Galahad, seu esposo e um dos líderes de um dos aliados do Guerreiro das Sombras, o clã Trimurti, que também havia desaparecido algum tempo atrás.
- Eles devem ter fugido juntos e foram morar em algum reino distante que a gente nunca ouviu falar. Formaram uma família e vivem felizes para sempre. – Dessa vez era Ju que falava enquanto olhava pela janela e pensava se suas duas companheiras, a falcoa Amicitia e a loba Belua, estavam bem do lado de fora do bar. O grupo inteiro teve que segurar a ruiva esquentada para impedi-la de matar o dono do bar quando este não deixou que as duas companheiras animais dela entrassem junto.
- Não duvido... Sempre achei aquelas conversas secretas dos dois muito suspeitas. – Completou a Paladina. Depois de algum tempo com todos em silêncio novamente, decidiu matar uma dúvida que tinha. – Hum... Só eu tenho pensado que todo mundo aqui merece um clã pra ficar sempre junto?
Todos se viraram para ela com a mesma expressão estampada no rosto: não, não era só ela que tinha pensado em juntar todos sob a bandeira de um mesmo clã.
- Mas fazer um clã... Assim a gente teria que deixar os nossos, não? Quem é dos Guerreiros teria que sair, assim como o Ara teria que desfazer o Spirit... – Falou o sempre calmo (pelo menos longe de demônios) Shini.
A conversa foi o suficiente para desviar a atenção da ruiva que olhava para a janela.
- Não seria mais algo do tipo... Sei lá... Um pacto? Alguma coisa para que todo mundo aqui tenha contato sempre um com o outro e saiba que pode contar com qualquer um...
- Daria para se criar um clã, usando uma Emperium e tudo. A questão é que as regras para criação de clã dizem que uma pessoa só pode pertencer a um clã por vez. – Arrematou FC sem mudar muito o tom de voz, sempre frio.
- Não quero sair do GdS... – Disse Ju segurando a insígnia do clã que a acolheu.
- Ninguém quer. – Falou Leka olhando para o símbolo da cruz roxa que ficava em seu peito.
- E quem se importa com as regras? - Desafiou a Paladina.
- Mas se todo mundo quer um pacto... – A frase de FC ficou suspensa.
- Falando assim, meio escondido e querendo fazer por fora das regras, até parece um pacto criminoso... – Arathorn comentou, depois de ficar só ouvindo a conversa.
Leka ficou murmurando consigo mesma e comentou.
- Pacto Criminoso... Daria um ótimo nome de clã. Pena que assim fica muito na cara que a gente estaria fazendo alguma coisa errada.
- Daria para colocar em outra língua, como latim, aquela língua antiga de não sei onde. Como ficaria em latim mesmo? - Finalmente Wings havia acordado de seus pensamentos.
- Pactum Scelleris. – Respondeu o Mestre Ferreiro depois de pensar um pouco e pegando discretamente a garrafa de vinho que havia sido esquecida.
Ao falar o nome, aconteceu algo que achei que seria impossível: todos entraram de acordo com alguma coisa, e concordaram que aquele seria um ótimo nome para um clã. A conversa ficou subitamente animada e eles começaram a falar rápido de tudo que poderiam fazer com um clã novo, mas alguém, não descobri quem, levantou uma nova questão: quem seria o representante desse grupo? A discussão começou, mais de um queria esse título. Riponga, que não suportava brigas entre amigos, bateu com a mão na mesa e acabou com a bagunça.
- Chega! Vamos decidir no palitinho! – Pegou uma das flechas do aljave de Ju, que estava desprotegido, e o partiu em pedacinhos, para agonia da dona. No final a própria Riponga ficou com o maior pedaço e todos aceitaram a decisão de ela ser a representante. Uma Emperium veio do armazém de alguém e ela foi quebrada em sete partes, uma para cada fundador, assim todos teriam poder igual, mas Riponga cuidaria dos assuntos do interesse do clã, como títulos e doações de experiência para aumentar o nível do recém criado PS.
Foi decidido que, mesmo depois de ingressarem no Pactum, todos continuariam com seus clãs de alguma forma. Caso Adriano reaparecesse, eles saberiam, além de manter sempre junto boas lembranças de seus antigos clãs. As insígnias do GdS e do Spirit continuaram com eles, mais escondidas, enquanto a do PS ficaria mais à vista. Ju afirmava que as Kafras eram malignas e que, caso descobrissem que alguém estava em mais de um clã, coisas terríveis aconteceriam. Sempre achei que ela fosse paranóica, mas pensava que as teorias de conspiração dela se dirigiam a outras organizações que não fossem a das simpáticas Kafras.
- Ótimo, agora para ficar com cara de pacto... – Disse Ju, depois de terminado o discurso da conspiração, tirando a faca com cabo de prata e o emblema da família da bainha e um pergaminho de dentro do inventário. – Acho que todo mundo devia assinar esse pergaminho... Com sangue! – E para mostrar que era sério, furou o próprio dedo e escreveu o nome do clã, com a melhor caligrafia que conhecia, e entregou o pergaminho para ser primeiro assinado por Riponga. Logo, todos os nomes dos sete fundadores estavam escritos com o sangue de cada um.
O símbolo do clã foi desenhado por Shini, ao lado do nome do clã, também com sangue: um heptagrama, uma estrela de sete pontas. Com esse último detalhe, todos observaram o pergaminho e se comprometeram a aceitar qualquer um que estivesse em busca de um clã de amigos e sem compromissos com guerras, um clã onde pudessem ficar juntos e conversar. Mas Riponga lembrou de uma promessa que havia sido feita a ela algum tempo atrás.
- Ara! – E apontou acusadoramente para o Mestre Ferreiro ruivo que estava no outro lado da mesa. – Eu lembro que o senhor me prometeu um show de strip meses atrás! E que o show só não saiu por que sempre tinha um motivo para que você não tirasse esse coletinho! Agora é a hora, um strip tease pra comemorar a criação do nosso Pactum Scelleris!
Os olhos azuis de Ju brilharam ao lembrar dessa promessa, da qual ela tinha sido testemunha e não ia deixar passar o momento. Sem esperar um segundo para que Arathorn reclamasse, ela o pegou pelo braço e se dirigiu para o bar, de onde até mesmo o barman já tinha saído por causa do horário. Percebendo que estava sem saída, Ara segurou o braço de Shini e os dois foram arrastados juntos. Ao mesmo tempo, os outros integrantes saíam de fininho murmurando um "boa noite". Leka já era casada com Zell, um Algoz que era um tanto quanto ciumento, e FC e Wings não tinham interesse no show.
Como seu braço já começava a doer, para escapar de Ju, que mesmo que não parecesse, tinha alguma força, Ara desistiu e gritou:
- Tá bom, tá bom! Eu vou! Mas só se o Shini for junto!
- Ahn?! – Como eu queria estar lá para ver a cara que o pobre do Shini fez...
Eu sei que todas as garotas que um dia lerem isso vão querer saber dos detalhes, mas não vou contar muita coisa. Sempre que perguntei às duas que ficaram para o show como tinha sido, elas começavam a falar tão rápido e de uma forma tão confusa que eu desisti de entender. Só posso dizer que cheguei a algumas conclusões: 1) elas gostaram, e muito; 2) minha suspeita é de que tenha sido esse show que iniciou um romance entre a Atiradora de Elite mais psicótica e mais contrária a relações humanas com o pobre Sumo Sacerdote exorcista que foi exposto em cima daquele balcão de bar; 3) Sumos podem ser tão interessantes quanto Mestres Ferreiros por baixo de quinhentas batinas; 4) embebedar os dois para o strip tease se mostrou a melhor idéia da noite, eles fizeram algumas loucuras e qualquer coisa que as duas desejassem, e ainda não se lembram de nada, logo não tem o direito de negar; 5) deixar a porta do bar destrancada foi a idéia mais estúpida da noite, o dono chegou de manhã e não gostou do que viu. Se duvidam desse show, só posso dizer que basta pedir para qualquer uma das duas para que mostrem as lembranças daquela noite. Eu até cheguei a ganhar uma das peças que voaram rumo ao chão do bar. E não, não vou contar qual foi, me dei o direito de guardar esse segredo.
E foi assim que surgiu o Pactum Scelleris, mais uma família para muitos que nunca a tiveram ou que a perderam. A partir daquele dia, qualquer um que topasse com um dos integrantes e que estivesse procurando um clã e um grupo de amigos era bem vindo. Os próximos capítulos desse livro, o qual nomeei de "Heptagrama de Sangue", vão ser sobre todos aqueles que usaram a insígnia do clã, a estrela de sete pontas vermelho sangue, e tudo que eles fizeram. Depois de apresentar os fundadores eu me apresento. Pretendia deixar minha apresentação para o fim do livro, mas, como não sei quando essa história acaba, não vou manter os suspense por tanto tempo.
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Nota da autora: o Prólogo foi baseado em fatos reais '-' Erros e coisas estranhas, perdoem, mas fazia muito tempo que eu não escrevia XD
