Recomeçando
Disclaimer: Kurumada foi o gênio que inventou Saint Seiya. Esta história não possui fins lucrativos. É puro divertimento, pode crer.
Sinopse: Tudo mudou, mas ela ainda é apaixonada por ele, que não a enxerga nem como a velha amiga de antes. O que eles não contavam é que aquela amizade iria voltar a radiar suas vidas e dar início a um intenso amor.
Shipper: Seiya e Saori (A história gira em torno destas personagens).
Capítulo I
A Pior de Todas
Música: Why - Avril Lavigne
"Why, do you always do this to me?
Why, couldn´t you just see through me?
How come, you act like this
Like you just don´t care at all"
A brisa gélida matinal que balançava as cortinas em um ritmo calmo fez com que despertasse. Ela foi abrindo os olhos devagar, evitando olhar para aquele clarão azul-acinzentado que entrava pela janela, iluminando o quarto. Mais um dia. Acordar, estudar, comer, dormir, pensar nele. Que coisa redundante. Se ao menos ela tivesse um motivo para fazer tudo isto, como um beijo de bom dia, uma ajudinha carinhosa nos estudos, um almoço a dois, dormir abraçada com ele. O pensar? Ah, não. Isto com certeza não aconteceria se ele estivesse ao seu lado. Tudo ao lado dele não tinha sentido, não era necessário pensar. Era apenas viver intensamente o momento e pronto. Ah, quem dera! Quem dera? Quem dera o que? Esqueça o miserável! Que se dane a vida dele, seus movimentos, seus pensamentos. Do que adiantaria? Ele se afastou por vontade própria, não é? Ele preferiu assim. Pois que assim seja!
Ela se levantou, novamente com o pé esquerdo primeiro. Puxa vida! Quantos anos já faz que ela não levanta com o pé direito? Ah, que se dane. Não iria ser um dia diferente dos outros. A mesma rotina insignificante. Bom, mas era melhor deixar esses pensamentos bobos de lado e começar a fazer coisas certas, do tipo se trocar para ir á aula e despertar as amigas, que na certa haviam dormido na sala após uma longa sessão pipoca. Já era assim á um ano, quando se mudaram para a república. A dona era a professora Marin, uma grande mulher. Saori sempre fora muito apegada a ela. Talvez pelo fato de elas se identificarem muito, ou talvez pelo fato dela ser a irmã mais velha dele. Ai, mas será que tudo tinha que ter ele? Já faz sete anos que ela não tinha aquela atenção. Já devia ter se acostumado e partido para outra. Mas não, parecia que tudo o tinha no meio. Seiya, o mais popular dos garotos. Seiya, o grande pegador. Seiya, o exemplo. Affe, que grande droga! Ela preferia quando ele era popular, mas generoso. Pegador, mais sempre buscando alguém para se apaixonar. Exemplo, mas humilde. Que diabos o fizera mudar? Depois daquele ano, quando ele teve que se mudar com a família. O que havia acontecido com ele, afinal? Influência? Vontade própria? Acesso de maria-vai-com-as-outras? Não importa. Ele se transformou, e aquela mudança repentina não havia agradado á ela. Antes eles eram os melhores amigos, agora mal se cumprimentam quando se cruzam. E quando se cumprimentam, no fim acaba acontecendo uma belíssima discussão. Antes não era assim. Antes... Como ela queria não ter crescido, só para ter aqueles abraços e carinhos eternamente.
Enfim, após tanto pensar onde foi que errara em relação ao amigo para causar tantos desentendimentos, Saori resolveu acordar as amigas. Eiri, Juni e Esmeralda estavam esparramadas pelo colchão, dividindo um mini edredom e rodeadas de pipocas e dvd's. Ela recolheu os potes e os filmes e acordou as garotas. Esmeralda acordou em um salto e saiu correndo para seu quarto. Juni ficou enrolando e Eiri colocou o travesseiro na cara.
- Meninas, acordem vai! - Saori pediu ás garotas preguiçosas. - Temos que tomar café e ir pra aula. Vamos lá. Eu estou na cozinha com a Shunrei.
"Do you expect me to believe
I was the only one to fall?
I can feel I can feel you near me,
even though you´re far away
I can feel, I can feel you baby, why"
Shunrei já estava na cozinha, radiante tomando seu café e lendo o resumo de filosofia. Sempre metida com a cara nos livros, Shunrei era, de longe, a mais inteligente das cinco, além de ser linda: os cabelos negros e sedosos presos em um coque apertado e os olhos, também negros, brilhavam a qualquer hora, em qualquer lugar. Pena que toda aquela beleza era ocultada pela timidez da menina, que só falava quando tinha dúvidas sobre alguma conta, ou seja, raramente. Sua personalidade se limitava a ser a mediadora, sempre tentando resolver alguma discussão. Mas apesar de tudo, Shunrei era divertida quando estava com as amigas. Esmeralda a conhecia como ninguém e sabia que, por mais que a menina não desse muito sua opinião, ela sempre tinha a melhor delas.
Neste momento a porta da cozinha se chocou contra a parede quando Juni e Eiri adentraram o cômodo, tirando a concentração da garota no resumo tão bem-elaborado.
- Bom dia, meninas. - Shunrei falou em um tom animado. - Dormiram bem?
. Sim, tão bem que eu queria continuar lá, deitada naquele maravilhoso colchão d'água. - Eiri respondeu, sentando-se na mesa para o café.
- Fala sério! Se eu soubesse que mudar para república incluía esses colchões macios pacas, eu tinha vindo morar aqui quando eu era pirralha. - Juni comentou, sonolenta, enquanto pegava o pão. - Sem contar que o fator "sozinhas" é muito bom.
- Ai credo. Até parece que você não sente saudades de seus pais, Ju. - Shunrei comentou. Claro que para as amigas já não era novidade aquela atitude da amiga. Sabiam perfeitamente que a oriental sempre fora muito apegada aos pais e foi uma barra incrivelmente pesada ter de se separar deles para se dedicar aos estudos.
- Ah, qual é? Pensa comigo, Shunrei. Sem eu lá, eles podem brincar sem que eu pegue, sacou? - Juni exclamou divertida, passando a manteiga sobre o pão quente..
- É, saquei. Cadê a Saori e a Esmeralda? - Shunrei perguntou, curiosa. Saori acordava sempre cedo e ninguém entendia o porquê. A desculpa que usava não era nada óbvia: que tinha que ver o telejornal da amanhã.
ã, senão não iria sossegar. Então era uma surpresa para as amigas perceberem que Saori ainda não estava pronta.
- A Sah deve estar vindo, a Esmeralda deve estar se maquiando, sei lá. - Eiri disse, ainda sonolenta.
Não demorou muito e Esmeralda estava lá, perfeita como sempre: Os cabelos loiros e cacheados soltos, o uniforme ajustado de acordo com seu corpo, a maquiagem incomparável e os olhos verdes realçados com uma fina camada de lápis. Saori tinha uma inveja tremenda da loira, já que a mesma conseguia falar sem gaguejar, ser sempre direta e correta, o jeito de andar tão belo, que parecia estar flutuando. Sem contar que a menina era muito popular e tinha um namorado incrivelmente disputado por grande parte das meninas do colégio, o David. Saori vinha logo atrás, os cabelos lisos, num tom lilás sempre bem alinhados, cabelos que aliás ela estava pensando seriamente em tingir de castanho, já que era apaixonada por aquela cor. O uniforme lhe caía bem e os olhos azuis eram diretos, expressivos, fortes, de fazer qualquer um tremer com apenas um olhar. Saori era linda e angelical, mas não achava isto. Ela tinha certeza de que era uma anta desengonçada com cabelos normais que não sabia se expressar direito e tinha medo de mostrar seus sentimentos. Mas as amigas sabiam que, com um pouco de vaidade Saori iria ficar mais do que perfeita: deslumbrante.
- Bom dia, galera. - Ela disse, sem um pingo de animação na voz. Sentou-se ao lado de Eiri e pegou uma maçã.
- Bom dia, moça atrasada. E então dormiu bem depois de ontem? - Eiri perguntou, agora animada.
- Ah, tá perguntando por causa da festa? - Saori riu - Ah, de boa. Fui dormir bem tarde, acho que umas duas e pouco, sei lá. Tomei banho de depois fui escrever um pouco.
- Escrever aquele seu caderninho né? - Eiri perguntou, sarcástica. - Eu não sei o que tem lá, mas parece que é importante.
- Não vou negar que para mim, é. Me passa o suco, por favor. - Ela tentou desviar o assunto, já que o que ela mais detestava comentar era sobre o que escrevia. Eram pessoais, e se um dia alguém os lesse, ela na certa teria um acesso desesperador.
- Tá aqui. Bom, mas você não está escrevendo dele, está? Você disse que ele já era! - Agora o semblante de Eiri reverteu-se para algo preocupado. A loira era muito apegada com Saori e a última coisa que queria era que a amiga ficasse mal.
- É claro que não, né? Eu já esqueci o Seiya, gente. Passado é pra museu. - Mentiu. Se tinha uma coisa que Saori sabia fazer era atuar. Podia estar triste, mas sorria. Podia estar com vontade de cair no choro, mas se mantia firme. Se tinha uma coisa que a garota achava patético era chorar na frente dos outros.
- Entendi. - :Usando novamente o tom sarcástico, Eiri assentiu. Saori girou os olhos.
- Há, olha só quem fala! A madame encalhada. - e ela apontou para o colar de cristal que Eiri usava. - Você ainda é toda apaixonada por aquele loiro tostado do Hyoga, não é?
- Ele não é um loiro tostado! Nós somos amigos, Sah. Ele é legal, todo brincalhão e pacas, mas não rola. Ele é muito galinha, que nem o Seiya. - A loira disse, um pouco mais tímida depois da referência que Saori fez ao colar de cristal que carregava no pescoço há quase 5 anos. No começo ele era grande demais, mas ainda sim o usava. Agora o colar caía perfeitamente e o jeito antigo da jóia emanava um certo ar de mistério á sua volta.
- Nhai, porque não? Eu gosto de vocês. - Agora foi a vez de Saori usar seu sarcasmo, o que fez Eiri dar risadas. - Tem química, é legal.
- E também você não vai negar que ele tem um belo corpo. - Juni olhou para o pão enquanto falava. - Quem me dera se esse pãozinho fosse ele... Aiii!
Todas riam das piadas de Juni, que eram as melhores. A loirinha sempre foi a mais direta das cinco. Tinha uma personalidade forte e desafiadora, não levava desaforo para casa nunca. Sempre defendendo as amigas, tinha respostas muito bem elaboradas na ponta da língua, caso alguém se atrevesse a ofendê-las. Sempre gostou de músicas mais pesadas e tinha uma paixão por baterias. Aprendera a tocar já havia dois anos, e depois disto sempre andava com as baquetas na mão, batucando qualquer música que viesse em sua cabeça. E era linda demais: Os cabelos lisos e loiros, com algumas luzes pretas. Os olhos azuis, que mais pareciam um imenso oceano. Ela era alta, o que lhe dava uma ajudinha nos esportes, principalmente vôlei. Juni era muito amiga de Saori e Eiri, e juntas as três faziam um belo trio. Por falar em Eiri, ela também era linda, e cobiçada. Todos os garotos da escola a queriam. Mas quem disse que ela ligava? Sempre teve em mente a idéia de um relacionamento com a pessoa certa e ser feliz. Ela era loira, também de olhos azuis como Juni, mas os dela eram mais claros. As pernas bem torneadas ficavam sempre á mostra, pois a menina tinha fascinação por saias e adorava usar. Os cabelos ondulados sempre soltos em vários penteados. Eiri ela bela demais, e mal ela sabia que era desejada por ninguém menos do que Seiya, o amor de sua melhor amiga.
- Ui gente, é melhor nós irmos. Olha a hora, cara! Vamos ser mortas se não chegarmos agora. - Shunrei apontou para o relógio, e todas concordaram.
"It´s not supposed to feel this way
I need you, I need you
More and more each day"
- Bom dia, povo pobre. - Seiya chegava cumprimentando os amigos.
- Nossa, podemos saber o porque de tanta felicidade, hein? - Bella perguntava, enquanto abraçava o moreno por trás. - Algo de bom andou acontecendo?
- Não Bella, não houve nada. Mas se você quiser, quem sabe... - Ele sorriu de canto, e virou-se para a garota.
- E porque não? - A ruiva disse, maliciosa. - Quando mesmo?
- Que tal você marcar? - Ele perguntou, malicioso, apesar de já saber a resposta de Bella.
- Então... agora!
E ela o puxou em direção ao banheiro. Bella era uma menina fácil, fácil demais. Já devia ter se deitado até com os professores para tirar nota, se fosse necessário. Tinha o dom de conseguir fazer um garoto ficar doidinho por ela. E ela era bonita, até demais. Ruiva, olhos negros, um corpinho generoso e era enturmada com os meninos, apesar de ser bem fresca e só ter amigas fúteis. Ela detestava Saori pelo fato da menina se dar bem no handebol, esporte em que as duas adoravam disputar quem jogava melhor. Mas não era apenas isto: Saori tinha as amigas que ela queria ter, e isto a deixava com muita inveja. Mas ela sabia que, enquanto estivesse ficando com Seiya, o que Saori mais amava neste mundo, estava ganhando.
- Não Bella, espera. - ele afastou a garota de si. - Agora tem aula e eu quero falar com os meus amigos. Depois, valeu? Anda um pouco por ai, depois você volta. serve depois da aula?
- Tá bem gato. Depois eu cuido de você um pouco. - O comentário fez com que Ikki explodisse na risada. Gato? Aff, ninguém merece.
E ela saiu rebolando. Seiya a olhava indo embora, observando ela como se fosse um belo pedaço de carne. Os amigos a olhavam também, com uma certa inveja do amigo, mas continuaram normais, porque sabiam que uma hora seria a vez deles. Seiya se virou para os amigos e riu. E assim que a moça desapareceu na multidão, ele começou a comentar.
- Gostosa né? Eu sei. - ele começou, metido como sempre. Shiryu girou os olhos.
- E é bem dada, não acha? - Shun falou, desaprovando o rolo do amigo com a ruiva.
- Eu sei Shun. É só diversão cara, tô falando sério. Tá achando que eu sou louco de ter algo mais sério com ela? É só uns amassos mais ferrados, saca? - E ele comentou de um jeito tão divertido, que parecia até que o assunto era muito normal.
- Ah claro, até já sabemos que tipo de amassos... - Hyoga comentou. - ...aqueles bem por dentro, né?
- Tá aprendendo, hein djow? - Seiya brincou, dando um soco no ombro do amigo. - Mas diz ai, e você com a Juni? Não rola?
- Que ow, ela é um pouco difícil. Mas rola sim, acho que ela não resiste, saca? - Ele brincou. - É só doce da parte dela, mas no fim pego fácil.
Shun não gostou nem um pouco do comentário. Juni era sua melhor amiga e tinha um certo ciúme da relação de chove-não-molha entre ela e Hyoga, outro grande amigo seu. Mas enfim, como todo bom companheiro, ele não se metia nas confusões que rolava entre eles e resolveu deixar que o tempo dissesse o que seria no fim.
- Eu acho que não. - Shun retorquiu, frio. - Acho que ela não cai na sua.
- Porque hein? - O loiro retrucou, cético. - Acha que só você pode dar uns beijos nela? - Desafiou.
- Escuta aqui, eu não dei beijo em ninguém. - Mas vontade não me faltou. Sua mente berrava, descontrolada. Mas ele não iria contar para Hyoga o que sentia. Ah, não mesmo!
- Ah, mas vontade não faltou. - Ele pareceu ler os pensamentos de Shun, que abriu e fechou a boa várias vezes. - Qual é, Shun? Ela só te vê como amigo, desiste.
- Isto pessoalmente não é da sua conta. - Alfinetou.- Bom galera, eu vou subir. Vejo vocês na aula. - Hyoga o encarou com cara de poucos amigos antes de Shun girar os calcanhares e sair andando.
- Ih, será?
- O que, Shiryu?
- Acho que ele não gostou muito do seu comentário sobre a Juni. - Shiryu comentou. Mas ele não achava, tinha certeza plena de que Shun se irritara mais do que o normal com o comentário fútil de Hyoga.
- Ué, eu tô mentindo? Pego fácil sim, e não vai ter quem me convença do contrário.
- Tá bem, se você está dizendo. - Mentiu. Hyoga queria se mostrar, ah se queria. E ele sabia perfeitamente que só falava aquelas coisas de Juni para irritar Shun.
- Bom galera, chega de discussão. As meninas estão vindo ai. - Seiya apontou as cinco garotas, que adentravam o portão do colégio.
- Bom dia, boys. - Juni chegava toda feliz, dando um beijo no rosto de cada. Hyoga tentou atingí-la na boca, mas a loira, percebendo a investida do garoto, desviou.
- Bom dia. Sonhou comigo, né? - o loiro brincou.
- Me respeita, Hyoga! - e deu um soco no ombro do rapaz, que apenas a fitou.
- Eu sei que você gosta.
- Há, claro. Modéééésto. - Ela disse, sarcástica. - Menos, meu bem, menos...
Neste momento ele a enlaçou pela cintura. Eiri, que via tudo sem dizer uma palavra, teve o ímpeto de separar os dois e beijá-lo, na frente de todos. Mas o que fez foi olhar para o lado, timidamente, enquanto Juni e Hyoga continuavam com a brincadeira.
- E então? - Esmeralda começou, animada. - Vamos marcar um shopping esses dias?
- Beleza. - Seiya concordou. - Quem vai?
- Eu, você, o casal vinte ali, o Shiryu, a Shunrei, o Shun, o David, a Eiri, o Ikki e a Saori.
- Ah, Saori não. - o moreno implicou. - Ela não, né? Ah se ela for estraga, cara.
Saori, que não estava muito longe dali, ouviu tudo. Mas ao invés de chegar no garoto e dizer um monte de besteiras, disse alto:
- Deixa Esmeralda, eu não poderia ir mesmo. Tenho trabalho demais para fazer. - Ela Afirmou, sem se dar ao trabalho de olhar para trás e fitar o moreno.
- Não Sah! Esta besta está de implicância. Vai com a gente, por favor! - Esmeralda exclamou, os olhos irritados ainda fixos em Seiya, que ria, achando graça daquela conversa.
- Não Me, deixa quieto. Se eu não for todo mundo sai feliz.
- Não Saori, espera! - mas ela foi embora.
- Viu o que você fez? - Esmeralda disse, com rispidez. - Qual é o seu problema?
- Não gosto dela, Me. Se ela for, eu simplesmente não vou.
- Como não gosta? Ela sempre foi sua amiga!
- Não me faça rir, Me. Ela é um saco, só isto. Nunca fui amigo dela, não viaja.
Hyoga, que viu a garota se afastar, havia percebido algo errado. Resolveu então ira atrás dela.
- Eu já volto, beleza?
- Não demora, tá?
"It´s not supposed to hurt this way
I need you, I need you, I need you
Tell me, are you and me still together?
Tell me, do you think we could last forever?
Tell me, why"
Que imbecil! Ele conseguia sempre a deixar assim. Ela sabia, sabia que algo errado iria acontecer. Mas porque? O que ela tinha feito? Onde foi que ela errou? Não era possível. Porque todas ganhavam beijinhos no rosto e elogios, enquanto ela levava grosserias? Porque antes todos aqueles carinhos eram para ela e agora são das outras? E porque ele fingia que o passado não existia? Ai, porque ele estava assim? Tinha vontade de gritar na cara dele 'EU TE AMO, SEU PAVÃO MÍOPE!', mas como não coragem de dizer a verdade, o máximo que podia fazer era calar-se. E assim, mais uma vez, lágrimas fartas caiam por seu rosto, borrando a fraquíssima camada de lápis.
Hyoga, que gostava muito de Saori, e a considerava uma grande amiga, viu tudo. E tinha sacado havia tempos a paixão da amiga por Seiya. Só não entendia porque ela, uma garota forte, que nunca deixava um provocador sem resposta, ficou quieta em relação á implicância do amigo.
- Sah?
- Hyoga. - ela limpou as lágrimas rapidamente. - O que faz aqui?
- Quero saber porque que você não o enfrenta.
- Quem?
- O medo, linda. O medo que você sente de retrucar ás provocações do Seiya.
- Medo? Hyoga, cristalina! Eu não tenho medo dele.
- Então o que é? Sou só eu falar uma porcaria que você me repreende com um belo 'cala-a-boca'. O que está acontecendo? - e ele levantou o rosto da amiga, que segurava as lágrimas. Ela não respondeu, apenas o olhou, como se não quisesse dizer.
- Gosta dele demais para fazer isto, não é?
- Gosto dele mais do que mim mesma, Hyoga. - ela sussurrou, séria. O loiro a abraçou, fazendo a garota parar de bancar a forte e chorar um pouco mais nos braços do amigo.
- Hyoga, eu não entendo! Eu não entendo a atitude dele! Eu não faço a menos idéia de onde foi que eu errei com ele. Sempre o tratei bem, nunca fiz algo que pudesse magoá-lo. Porque isto, hein?
- Olha Sah, eu não vou mentir: eu não sei mesmo. Ele não conversa muito de você comigo, apenas te zoa, mas nunca disse o porquê. Mas não fica assim. O Seiya é criança, Sah. Ele não sabe o que fala nem o que faz. E realmente não sabe que amiga está perdendo.
- Obrigada, Hyoga. Você é gente boa.
- Não agradece Sah, eu te considero muito para ver você chorar.
- Valeu. Acho que o sinal já tocou.
- É mesmo, é melhor subirmos.
"Hey, listen to what
we´re not saying
Let´s play, a different game
than what we´re playing
Try, to look at me and
really see my heart"
- Shun minha vida, privada entupida! - Juni chegava por trás do garoto, dando milhares de beijinhos em seu rosto. - Como vai o meu melhor amigo?
- Melhor agora que a tia chegou, né? - E ele retribuía os beijinhos. - E você?
- Preocupada. Eu acho que o Hyoga está querendo ficar comigo, sabe.
- Nossa tia, só agora que você percebeu? Ele é todo "assim" por você.
Juni tampou a cara e começou a rir. Shun adorava a expressão doce da garota quando conversava com ela. Era como se ela o iluminasse, como um anjo.
- Sério? Ai tio, nem sei o que fazer. Ele é lindo mas...
- Mas?
- Eu acho que uma amiga minha gosta dele.
- Tipo quem?
- A bebê.
- Nossa, a Eiri? Eu acho até difícil.
- Porque?
- Ela quem muito achar o cara certo e o Hyoga não tem cara de decente, sacou?
- Eu também acho, tio. E, de boa, eu acho que ela é meio afim do Ikki, sei lá.
- Está na cara que você não conhece sua amiga, tia. Ela e o Ikki são amigos, mas não a ponto dela gostar dele.
- Ai tio! Me dá umas aulas de como conhecer as pessoas?
- Depende. Tem o tipo racional e tem o tipo físico.
- Nhaa, safado! - ela riu. - Racional, please!
"Do you expect me to believe I´m gonna let us fall
apart?
I could feel I could feel you near me, even when
you´re far away
I can feel, I can feel you baby, why"
Todos começaram a olhar. Ninguém entendia o fato. Seiya ficou de boca aberta quando viu Hyoga chegar no corredor das salas abraçado com Saori e deixá-la na porta de sua sala de aula. Shiryu gelou e Ikki não sacou nada, porque chegou atrasado. Depois de se despedir da garota com um beijo no rosto, ele se dirigiu á sua sala de aula.
- Hyoga, o que foi aquilo? Ao invés da loira gostosa, você pegou ela? - Seiya fez uma cara de nojo.
- Eu não peguei, Seiya. Ela é minha amiga, sacou?
- E agora você vai começar a andar com ela, é?
- Primeiro: Isto não é da sua conta. Segundo: Você não sabe o que aconteceu e terceiro: eu não quero discutir.
- Ah, é assim?
- Me desculpa, mas é.
- Então tá. Só acho que andar com ela vai queimar o seu filme.
- Com licença, eu tenho mais o que fazer do que escutar suas besteiras. Você não gosta dela, eu gosto, valeu?
- Depois não diz que eu não avisei.
- Sabe - Shiryu se interferiu para evitar agressões. - Seiya, ela era sua amiga antes. Porque isto agora? Você notou como a tratou, cara? Foi mancada!
- Meu, eu não vou sair com uma menina que eu não suporto. E você errou Shiryu, eu nunca fui amigo dela.
- Então porque vocês viviam agarrados quando nós éramos menores?
- Porque ela era um chiclete e tanto na minha cola.
- Seiya, você não pode mentir para quem estudou a vida inteira com você. - Hyoga voltou a falar, mais calmo. - Eu e o Shiryu sabemos que você era o melhor amigo dela e que você a adorava.
- Eu era uma criança, e crianças não tem juízo.
- Bela desculpa. Se você pelo menos explicasse o porque de tanta implicância...
- Não tem motivo. Eu implico e pronto. Ela é toda bobinha, chatinha. Zoar ela não faz diferença.
- Sentimentos.
- Hã?
- Sentimentos... Pensa nesta palavra. - Hyoga falou, enquanto se dirigia para sua carteira. - Pensa bem.
(Chorus)
"So go and think about whatever
you need to think about
Go ahead and dream about
whatever you need to dream about
And come back to me when you know
just how you feel, you feel
I could feel I could feel you near
me, even though you´re far away
I can feel, I could feel you baby, why"
- Eiri, desculpa.
- Que ow! De boa, Sah. De você eu não tenho ciúmes.
- Valeu. - Saori disse, aliviada. - Pensei que você iria me estrangular.
- Ele é nosso amigo, eu sabia que ele iria falar com você. Dava pra ver nos olhos dele.
- O que?
- Que ele não gostou de te ver chorar. Ele te considera pacas.
- E você também!
- Eu? Ah, eu sou uma coleguinha. Você o conhece desde pequena.
- Ah, nós sempre andávamos juntos, mas ele falava mais com a Shunrei na época.
- Sei. É, eu tenho uma inveja da Shunrei. A amizade deles dá inveja.
- Mas a sua e a do Ikki também é perfeita.
- O Ikki é legal, tipo um irmão mais velho, saca? Ele tá sempre sabendo de tudo o que eu faço, por isto é legal.
- O que as madames estão cochichando? - Juni perguntou, curiosa sobre o assunto.
- Sobre amizades que fazem inveja.
- É, tipo a sua e a do Shun. É tão linda! - Saori disse, sorrindo maliciosamente. - Tão linda que parece namoro.
Juni escutou a amiga e, logo depois, caiu na risada.
- Saori, você é ceguinha, cara! - Juni falou, aos risos. - Eu e o Shun? Affe, não viaja.
- Porque não? Eu sou traumada por vocês dois. Você vai casar com ele!
- Querida, é você a traumada! E fala baixo porque ele senta ali, viu? - Juni ria mais ainda, contagiando suas amigas. - Eu sou mais você e o Seiya.
- Não. Ele me detesta.
- Já ouviu falar na frase "Disfarce de amor é ódio"?
- Eu detesto lemas! - Eiri comentou. - Sabe aquele do "Se tiver que ser, será"? Não me dá sorte.
- Ué, e porque?
- Tipo, teve muitas coisas na minha vida que eram para ser e não foram.
- Como por exemplo?
- Tirar dez nesta prova, já que eu a colei inteira da Sah. Olha, 6,8.
- Ué, ainda é azul.
- Não interessa. Eu quero nota de nerd. Nunca tive capacidade para ser.
- E nem queira.
"It´s not supposed to hurt this way
I need you, I need you
More and more each day
It´s not supposed to hurt this way
I need you, I need you, I need you
Tell me"
Esmeralda passou grande parte da aula trocando bilhetinhos com o namorado. Ikki, que via tudo o que a amiga escrevia, ficava cheio de raiva por dentro. Já fazia tempos que era apaixonado para loira e ela nem para notar. Sempre foram amigos, faziam todos os trabalhos juntos, trocavam confidências e tudo o mais. Porque que ela nunca percebia?
- Ikki, olha só. Ele não é o cara certo? - Ela disse, animada, mostrando o brilhete para o amigo.
- É... hum... se você gosta dele.
- Ai Ikki, eu amo ele. Fiel, doce, sincero, fofo e... ai, nem consigo dizer.
- Que bom pra você, Me. Vai que desta vez você acerte o cara.
- Ai, tomara que você esteja certo.
- É né, tomara.
- Não, espera! Esse seu "tomara" não foi muito convincente.
- Não, é porque eu tô cansado desta aula, cara! Não tenho paciência para isto.
- Aff, nem eu. Só de pensar em álgebra eu já me irrito.
- Bom, pelo menos quem dá a aula é o Aioria.
- É, sorte a nossa pegar ele como professor. É o melhor do colégio.
- É, enquanto a galera do 3° A pegou a Shina! Deus que os ajude.
- Tem razão, tadinhos.
"It´s not supposed to hurt this way
I need you, I need you
More and more each day"
Saori saiu da aula extremamente cansada. Não agüentava os resumos imensos que seu professor passou e tinha detestado o comentário de Seiya. Queria matá-lo, para assim, quem sabe, esquecê-lo. Ela andava de cabeça baixa pelo corredor vazia, já que ela era a última a sair da sala sempre. Ela andava de um jeito tímido e devagar, carregando o fichário e tudo o mais nas mãos. Estava tão desligada do mundo que nem percebeu que vinha alguém na sua frente e acabou esbarrando com tudo. E para sua infelicidade, era Seiya.
- Putz menina, você tem problema, né? Custa olhar por onde anda?
- Não enche. - E a menina desviou seu caminho.
- Há, eu encho sim. Realmente, você é muito ceguinha mesmo.
- Jura? - ela ironizou, respondendo ás provocações. - Problema é muito seu, que se incomoda com um ser insignificante como eu, como você diz. Porque não aprende a cuidar da sua vida? Não tem capacidade o suficiente para isto?
- Mais do que você eu devo ter, com certeza.
- Escuta aqui, o que eu faço ou deixo de fazer só cabe a mim julgar. Se eu quiser cair tropeçando em todos que eu vir na minha frente não é da sua conta.
- Muito boba, como sempre. Saori, qual é? Pensa que eu não sei o porque de você ser tão fraquinha? Pensa que eu sou idiota a ponto de não perceber que você não responde para mim á altura porque tem medo? Como eu sempre digo, você é patética a ponto de ser ridícula.
Saori gelou. Encarou o moreno nos olhos, que se mostravam zombeteiros, prontos para fazê-la chorar. E ela estava quase. Mas ela não podia deixar que ele a visse daquele jeito, desprotegida, indefesa. Para ele era tinha que ser sempre Saori Kido, aquela que não abaixa a cabeça para ninguém, nem para ele, seu grande amor. Mas ela não conseguia. Era só olhar para ele que perdia as palavras. E assim foi.
- Eu não disse, menina? Nunca vai conseguir deixar de ser a patética da escola. E agora, quem não tem capacidade?
- Eu... - mas nada saía. Tudo estava engasgado. Estava sentindo sua garganta dar um nó que ela não conseguia mais segurar. E por mais que ele risse da sua cara, ela não agüentou. Começou á chorar.
Tudo ocorreu maquinalmente. Ela não tinha controle de seus sentimentos. Seu coração não tinha mais espaço para segurar aquelas lágrimas, que ela já queria chorar havia tempos. Chorar por ele, por ele ter mudado, por ele odiá-la, por ele ser a pessoa mais importante de sua vida.
Seiya viu os olhos azuis da garota se encherem de lágrimas e sentiu um aperto horrível no peito. Nunca a tinha visto chorar em sua vida. E não aguentou vê-la assim. Mas ele não podia fraquejar. Devia mostrar áquela fraca que ela não tinha como se destacar entre suas amigas, que ela não tinha nem direito á absolutamente nada.
O quê, ela chorando? Não, não. Pelo menos não na frente dele. Seiya não deixou de perceber que a garota se recusava a derramar uma lágrima sequer. Ela desviou o olhar para seu tênis. O garoto levantou o rosto da menina, querendo se desculpar pela besteira, mas, sem querer:
- Patética. Definitivamente, você não tem conserto.
Ela saiu correndo, deixando cair um caderno. Seiya, se abaixou, com remorso, e começou a pegar seus materiais. Sem perceber, pegara o caderno da garota e misturou com suas coisas. Estava sentindo vontade de se bater, para ver se acordava. O que havia dito para Saori foi forte demais. Forte o suficiente para a menina quase chorar em sua frente, coisa que nunca fez. E ainda a havia chamado de patética! Como foi capaz? Ela era forte. Forte demais. E pode perceber isto nas frases da garota, que quase o deixou sem argumentos. Se não fosse aquela bela jogada de meste, teria levado ótimos desaforos para casa.
"It´s not supposed to hurt this way
I need you, I need you, I need you
Tell me, are you and me still together?
Tell me, do you think we could last forever?
Tell me, why"
N/A: Finalmente, aqui está a fic para vocês. Tomara que tenham gostado do primeiro capítulo. Quando minhas amigas viram a fic, elas comentaram: "Seiya, seu estúpido!".
Eu sei, ele tá BEM estúpido mesmo no começo. Vai demorar um pouquinho só para ele rever as atitudes que ele toma.
Bom gente, espero que gostem e deixem reviews.
Beijos
