Capítulo I - Contrabando

Ou

Aquele em que james tem uma surpresa desagradável

"Its like everybody loves you
and everybody wants you lately
Its like everybody needs you
and everybody sees you today
Today"

James entrou na sala fria e úmida, nas masmorras, arrastando os pés. Aula dupla de Poções Avançadas, com o professor Slughorn. Seriam, com certeza, duas intermináveis horas; ele pensou, largando seu material na mesa ao lado de Sirius. As mais longas do dia.

Não que ele não gostasse da matéria, ou que não fosse bom nela, de qualquer forma. O que desagradava o maroto era o fato de ter de presenciar o professor demonstrar constantemente sua preferência por... Urgh! Não gostava nem de pensar no nome. Ok, a preferência do professor por Snape. Tudo bem que ele era o que todos costumavam chamar de "prodígio" em relação a Poções, mas...

Então, sem nenhuma razão aparente, seu pensamento pulou rapidamente da aula e do sonserino idiota para... Ela. O jeito como o seu cheiro invadia a sala o deixava tonto. O perfume de laranja tão característico da pele da garota – sim, ele reconheceria em qualquer lugar – parecia estar em todas as coisas. Tão perto. Doía pensar nisso, então James procurou se concentrar em outros aromas de que gostava. Canela, bolo de chocolate, o campo de quadribol molhado pela chuva, o shampoo que sua mãe usava, e... Lily Evans e seu perfume de laranja, tão único e inconfundível.

Devaneando sobre o quão torturante era essa obsessão que o consumia ultimamente, o rapaz abandonou os próprios pensamentos ao ouvir a voz de sua doce Lily, duas carteiras à frente.

- Nós vamos realmente fazer essa poção em aula? – a garota perguntou. James não podia ver, mas tinha certeza de que os olhos dela estavam arregalados, devido ao tom de surpresa em sua voz – Pensei que fosse proibido..

Slughorn riu, e deu uma piscadinha na direção dela.

- E é. Mas o dia dos namorados está chegando, e... – ele riu de novo, mas ninguém o acompanhou. – Ok, brincadeira. Eu pensei que vocês gostariam de treinar uma poção um pouco mais complexa... E isso vai ser um segredinho nosso; já que nosso querido diretor não foi exatamente de acordo.

James encarou o professor. Sobre o que, diabos, ele estava falando? Então a visão do maroto se desviou milímetros da forma meio redonda de Slughorn, indo parar no caldeirão que fumegava, soltando a fumaça em espirais, e no quadro negro logo atrás dele. Lá, escrita em letras maiúsculas, estava apenas uma palavra.

AMORTENTIA.

Virou-se para o lado, trocando um olhar com Sirius. Seu amigo estava com os olhos estreitos, e um meio-sorriso muito malicioso brincava em seus lábios. Aparentemente, ele havia gostado da idéia. O que não era nada bom.

- Nós vamos ter que fazer uma poção do amor? – James perguntou, no que ele pensou ser um tom baixo e controlado, mas sua voz saiu estridente demais. A intenção era direcionar a dúvida exclusivamente ao vizinho, mas, no mesmo instante, todas as cabeças se viraram na sua direção, demonstrando que haviam ouvido perfeitamente. Ele se encolheu minimamente na cadeira.

- Sim, Sr. Potter. Você não ouviu uma palavra do que eu disse? – Slughorn perguntou, visivelmente chateado.

- Desculpe, professor. – ele sorriu, sem graça – Acho que me desconcentrei por um momento...

- Quase trinta momentos, o senhor quis dizer. – o mais velho resmungou, e James olhou em seu relógio para constatar que devaneara sobre Lily por ininterruptos vinte e cinco minutos – Espero que sua intuição seja boa, e a sorte grande, porque perdeu toda a dissertação explicativa, Sr. Potter, eu sinto muito. – então a expressão no rosto do professor suavizou, e ele se virou para a turma – Vamos lá, alunos, cada um preparando a sua poção. Os materiais estão no fundo da sala. Vocês têm... Uma hora e meia.

Agora tudo fazia sentido. Amortentia, a poção do amor mais poderosa que existe, com um cheiro que varia de pessoa pra pessoa de acordo com o que a atrai. Por isso o perfume de laranja tão forte, é claro – não que ele já não sentisse isso o tempo todo, de qualquer forma.

Enquanto todos se levantavam e iam buscar os ingredientes, o rapaz puxou Sirius pelo braço, obrigando-o a permanecer sentado também.

- Você aprendeu a fazer a poção, Pads? – James perguntou, agora sim sussurrando.

- É claro que não! – o outro respondeu – Você não era o único desconcentrado, cara...

O primeiro ficou aliviado. Pelo menos tinha um companheiro na mesma situação.

- Você também sentiu algum cheiro?

- É! Tem alguém queimando algo muito suspeito lá atrás – Sirius apontou para um canto, rindo – Mas eu estou falando daquilo.

O maroto indicou a primeira cadeira da direita com a cabeça. Lá estava Mary Macdonald – grifinória, melhor amiga de Lily – sentada de lado, conversando com Fabian Prewett – também grifinório, ex-namorado de Lily – animadamente. Com certeza não era a relação que Mary e Fabian tinham com a ruiva que Sirius queria apontar, e James se perguntou por que tudo nos últimos dias o levava à dona daqueles olhos sensacionalmente verdes. Talvez fosse a atual situação amigável deles, ou talvez... Meneou a cabeça.

- A Mary está batendo um papo legal com o Prewett, e daí?

Sirius revirou os olhos, espalmando a mão na testa, e suspirou. Virou a cabeça do amigo na direção exata que queria mostrar – o espaço localizado entre os joelhos e o tronco da garota.

- Já reparou que, toda vez que ela se mexe, a saia sobe um pouco? Dá pra ver a calcinha dela, e é preta!

Remus, sentado logo atrás de Sirius, deu-lhe um tapa forte na cabeça, fazendo-o ir um pouco para frente.

- Francamente, Padfoot, você nem parece ter quase dezoito... Aí feito uma cadela no cio, só porque viu a calcinha preta da Mary. Vá buscar suas coisas que você ganha mais, cara.

Sirius alisou a parte de trás da cabeça, resmungando.

- Exatamente. Eu sou um cara de quase dezoito com os hormônios à flor da pele – falou, vendo o lobisomem se levantar e contornar as mesas, passando pela frente da de James – Até parece que você não gosta de ver a calcinha das garotas.

- Não é isso. É só que essa preta é muito sem graça, ela tem umas outras muito menores. – Remus parou, e folheou o livro do maroto de óculos até encontrar a página que procurava. Indicou-a, batendo nela com os nós dos dedos direitos – Aí está, Prongs. É bem detalhado, não se preocupe... – e foi ao fundo da sala, ignorando as exclamações indignadas de Sirius.

Os outros dois foram buscar os ingredientes também, e cada um começou sua própria poção. Tudo corria bem, e perfeitamente dentro do prazo. Severus Snape, naturalmente, foi o primeiro a terminar.

- E lá se vai o Seboso e sua poção perfeita, com o brilho tão perolado e vapor subindo tão direitinho... – Sirius comentou, com desdém – Ele mesmo deveria beber um pouco, pra ver se cria algum amor próprio.

James riu, e tirou os olhos de sua própria Amortentia, observando o professor Slughorn comparar o frasquinho que tinha em mãos à poção que ele mesmo estava fazendo, no caldeirão em frente ao quadro negro. Ele e Snape estavam discutindo os resultados – aparentemente positivos, pelo tamanho do sorriso do sonserino – e então Lily se levantou de sua cadeira, agitando os cabelos rubros, e foi se juntar a eles, carregando um frasquinho idêntico ao do garoto, cheio de um líquido igualmente brilhante.

É claro que a poção dela estaria correta, James pensou com certo orgulho. Lily era a melhor. Ninguém tinha o tino dela para poções, o professor comentara certa vez, e não se cansava de repetir. Ela poderia ser alquimista, ou professora, ou até mesmo medibruxa... Ou o que quisesse. Porque Lily era perfeita. Perfeitamente perfeita.

Percebeu que devaneava de novo quando sentiu algo se chocar com força contra suas costelas. Olhou para a esquerda, e percebeu que esse 'algo' era o cotovelo de Remus. Quando ele viera parar ali, afinal, ao seu lado, sentado na sua mesa?

- Já terminou a poção?

- Já. – o lobisomem respondeu, erguendo rapidamente um vidrinho, depois apontou para o caldeirão logo ao seu lado, o de James – E a sua está bem esquisita.

Ele olhou para dentro do próprio caldeirão, vendo um líquido espesso, e.. Azul.

- Ela deveria ficar azul?

- Não.

- Em nenhuma das fases?

- Não.

- Ah.

- Pois é.

James fitou o caldeirão à sua direita, certo de que o experimento de Sirius estaria...

Perfeito?

- Impossível! – Bufou – Será que só eu errei isso?

- Não. – Sirius respondeu, enquanto enchia um frasco, e colava uma etiqueta com seu nome. – Edgar Bones desmaiou com o cheiro da poção dele, e a da Alice está... Cor-de-rosa, se eu não me engano. Ou seja, você é um fracasso, Prongs, mas não um fracasso completo.

- É, imbecil, mas eu sei porque eu não consegui fazer essa poção idiota – James resmungou, acertando um pedaço de raiz de Asfódelo do rosto do amigo – Todo mundo já me ama naturalmente, é claro, então eu não preciso dessa coisa aí.

Remus gargalhou gostosamente, como se tivesse ouvido uma piada particularmente engraçada, e foi até o professor, deixando seu frasquinho sobre a mesa. Mais alguns alunos fizeram o mesmo, e, logo em seguida, Slughorn começou a apressar os que haviam ficado para trás.

- A aula acabou, estão liberados! Black, Potter, McNair! Suas poções na minha mesa! Diggory! Vamos Srta. Macdonald, não tenho o dia todo!

O grifinório ajeitou os óculos no nariz, e levou o resultado desastroso de sua poção até o professor. Este então estreitou os olhos, e meneou a cabeça; depois, disse que por James ser em geral um bom aluno – e em consideração aos seus pais -, ele fingiria não ter visto tanto a distração na aula, quanto o erro no trabalho. O maroto deu um sorriso, agradecido.

Já Sirius – talvez na pressa de sair logo da sala – deu um ou dois passos mais rápido do que deveria, acabou tropeçando e se desequilibrou, apoiou-se na mesa para não cair, e – com isso – derrubou todos os trabalhos dos alunos no chão. Por pura sorte, nenhum deles se quebrara.

- Oh, mil desculpas! – ele se abaixou rapidamente, ajuntando os frascos de uma só vez – Eu sinto muito, professor, mas nada se quebrou, por sorte... Material bom esse, huh? – ainda brincou, dando uma leve batidinha em um dos vidros, deliberadamente. Com rapidez, enfiou as mãos nos bolsos da capa que usava, e correu para alcançar os amigos, que já passavam pela porta. Por alguma razão, um sorriso travesso brincava em seus lábios.

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- Mas que droga! Onde se enfiou aquela cadela?

Era sábado. James, Peter e Remus procuravam o quarto maroto, que os deixara logo antes do café da manhã, alegando ter coisas a fazer antes do passeio a Hogsmeade.

Uma setimanista, Berta Jorkins, passava por eles justo neste momento, e acabou ouvindo a exclamação do rapaz. Parou no lugar, e deu um sorrisinho, antes de se virar para o grupo de garotos.

- Se está procurando aquela sua amiga Evans, eu acabei de vê-la aos beijos com o Black, perto da escada...

James a olhou, confuso.

- Por que eu chamaria Lily de... O QUÊ? – deu alguns passos para frente, arregalando os olhos em fúria – Mas eu vou matar aquele...

Contudo, antes que ele pudesse se mover mais um centímetro, Remus o segurou pelos ombros.

- Calma, Prongs! Lembre-se que ele é seu amigo, que Azkaban é um lugar horrível e que você certamente não quer ir para lá. Sirius deve ter uma explicação, e...

Então Sirius Black apareceu – como se a menção do nome o tivesse chamado –, com um sorriso gigante no rosto e um bom humor inquestionável.

- Me procurando, bibinha? – perguntou, ao passar ao lado de James, dando um tapinha na nuca do rapaz. Este teria avançado em seu pescoço, se Remus não tivesse atrapalhado novamente, metendo-se entre os dois – Mas o quê...? – recuou um pouco, vendo que o outro tentava passar por cima do monitor.

- Ah, não... – Berta riu – Não era esse Black, era o outro. O mais novo, sonserino.

- Regulus? – Sirius perguntou, sem entender nada, e olhou na direção de James.

Mas ele já não estava mais ali.

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N/A- E aqui estou eu novamente rsrsrs xD Eu não aguento ficar longe daqui, sinto saudades de vcs... s2

Enfim, fic presente para minha grande amiga Fezinha Evans (pronto, chatinha, tá aí a surpresa... doeu esperar? hahaha).. Sim sim, em agradecimento por não ter matado o meu Andrew, esta fic é dedicada única e exclusivamente para vc, pq vc saaabe o quanto eu te amo, não sabe? hahahah ok ok, chega de puxação de saco xP

Ela já está quaaaase terminada (é uma short, tem mais dois caps apenas), então eu possivelmente não demorarei a postar de novo (é claro que vai depender da quantidade de reviews, naturalmente xB). E, assim que eu terminar de ler Twilight de novo, vou voltar a me concentrar aqui no fandom, e vcs terão outras grandes surpresinhas lol

É isso, então. Beijos beijos, e até mais :´