O silencio não é tão ruim,
Até eu olhar para as minhas mãos e me sentir triste,
Porque os espaços entre os dedos
São bem onde os seus se encaixam perfeitamente.

(Owl City - Vanilla Twilight)

(Nymphadora Black Tonks/Remus Lupin)

Encurralado.

Remus sentia-se completamente encurralado por aquele sentimento intenso que começara a descobrir e nutrir por aquela garota jovem e de cabelo colorido.

Era um sentimento estranho e que fazia seu corpo inteiro entrar em um estado de torpor, dando-lhe uma sensação boa dentro do coração, como se de repente suas cicatrizes internas causadas pela solidão que carregava estivessem sendo curadas e quase não mais existissem.

Era um sentimento novo para ele,algo que ele nunca havia sentido, e que o fazia sentir-se encurralado perante a tudo aquilo.

Tentava negar dentro de si, tentava olvidar-se e simplesmente ignorar toda aquela confusão, entretanto tudo aquilo que fazia não adiantava de nada. Principalmente pelo fato de Tonks sempre o mirar com aquela doçura exagerada e sorrir-lhe meigamente, exalando algo que o aquecia internamente de uma forma mágica.

Sentado em um local qualquer na mesa extensa da cozinha da Ordem, Remus não notou quando a garota sentou-se em local a sua frente e Sirius sentou-se ao seu lado, ambos mirando-o.

— Todos lavaram as mãos? — Questionou Molly, com aquele ar materno, fazendo o homem amaldiçoado mirar-la curiosamente e responder com um singelo "sim", aguardando que ela depositasse um pouco de purê de batata em seu prato.

Ao pegar o garfo com a mão direita, Remus levantou a mirada para a pessoa que estava a sua frente e sentiu as bochechas corarem fortemente ao ver os olhos brilhantes de Tonks fixos em si. Um sorriso singelo desenhou-se nos lábios dela e ele apenas ignorou voltando os olhos em direção ao purê de batata.

Encurralado.

Sempre por aqueles olhos brilhantes e aquele sorriso sincero. Sempre por aquela garota extrovertida e que lhe causava uma sensação estranha de quentura no peito. Era (também) sempre encurralado por aquele vazio que o dominava assim que se recordava que era marcado por uma maldição e não podia oferecer nada a ela.

Após algumas garfadas e um pouco de suco, Remus decidira subir para o seu quarto e ficar por lá durante algum tempo, pois precisava resfriar os pensamentos e pausar aquela coisa que fazia seu estomago revirar ao ficar perto de Tonks. Borboletas, talvez.

— O jantar estava delicioso, Molly. — Sussurrou com a voz rouca e depositou um suave beijo no rosto da mesma, para após tal ato retirar-se da cozinha e a passos rápidos direcionar-se para o seu quarto, no andar de cima.

Ele não mais sabia o que fazer com aquilo que sentia. Não sabia se devia contar a alguém, se devia digerir aquilo e ficar do modo que estava ou se devia tentar — mais uma vez — esquecer de tudo aquilo. Já havia afastado Tonks de si, entretanto a garota sempre tentava receber um sorriso do mesmo, ela sempre tentava aproximar-se de uma forma esperançosa.

Estava ficando simplesmente insuportável resistir a ela. Estava ficando mais que insuportável, estava ficando impossível resistir às investidas dela e não retribuir seus sorrisos.

Remus sentou-se na cama e olhou pela janela o céu escuro e cheio de pontos brilhantes. Era Verão e o céu não poderia estar mais bonito, o que o fazia sorrir singelamente e querer ela ao seu lado. Queria saber como era ser amado e ter alguém por quem viver, queria dedicar seus poemas para ela e cantar em seu ouvido durante a madrugada, ele queria apenas poder sussurrar para ela que a amava.