Autor: Symon
Tipo: Ficlet
Gênero: Angustia
Classificação: PG-13
Foco: Carlisle/Narcissa

NA: Aqui está gente! Ficou uma coisinha pequena mas acho que bem bonitinha! Espero que gostem. Capa em breve!


La Boisson de L'amour

Quente, quase febril. O teu corpo branco repousava sob um lençol, outrora branco, que ostentava manchas amareladas e exultava um odor quase imperceptível para o ser humano. Mas não para mim. O seu cheiro pestilento inundava-me as narinas. Misturava-se com o teu cheiro. Um cheiro rígido, de certa forma insípido, mas atraente e maravilhosamente irresistível. Cheiras a dias molhados, a segredos obscuros, a vida e morte, a amor escondido.

Avançava receoso para ti. Inspiravas e expiravas lentamente a cada passo meu. A minha mão fria procurava sem cessar o local perfeito para te tocar. Acabou por encontrar o teu cabelo loiro, o teu cabelo sedoso que brilhava quando tocado pelos raios lunares que transpunham a fronteira de vidro entre o teu quarto e o mundo exterior.

Debruçava-me suavemente sobre ti e senti o teu cheiro. Sentia o desespero de te querer tocar, de te querer abraçar, de te querer sussurrar ao ouvido. Sentia o desespero de te querer morder…

"Carlisle" – chamavas sem cessar por entre a penumbra. Por entre os teus sonhos e mágoas. Por entre as experiências vividas. Queria te provar. Queria consumir aquele néctar que tão deliciosamente corria dentro dos teus vasos. Um festim de sabores. Ansiava tumultuosamente pelo teu sangue. Combatia a dúvida que me assolava. Queria tão desesperadamente morder-te. Beber-te. Consumir-te. Fazer-te parte de mim.

O teu rosto, apresentava traços que me diziam que era a mim que querias. Era eu o homem por quem os teus lábios chamavam. Aninhava-me ao teu lado, como um amante nocturno, louco de amor. Sentia o ar que expiravas suavemente e o odor delicioso intensificava-se. O teu cheiro era delicioso, e o teu sangue era o banquete pelo qual os meus sentidos esperavam nos meus longos séculos de existência.

Acabava por me levantar, sempre que o desejo me assolava repeti-a o ridículo ritual.

Entrava no teu quarto. Sentava-me nas cadeiras brancas e observava-te. Rapidamente o meu nariz captava o teu cheiro vibrante e a incerteza voltava a povoar a minha cabeça. Eras minha paciente, apenas mais uma paciente do grande Carlisle Cullen, o vampiro que não mata humanos. Mas de repente apareceste tu. E o meu mundo caiu. O mundo como o conhecia foi completamente estilhaçado. Não mais conseguia estar à beira de um humano sem ter os desejos que à muito tempo tinha aprendido a controlar. Numa noite apareceste tu. Sem rumo ou propósito. Sem saber o teu início nem o teu fim. Fim que eu segurava nas mãos e com quem brincava como se de uma maça se tratasse, uma maça que eu atirava ao ar e voltava a apanhar com as minhas mãos. A maça mais saborosa do mundo. A maça sem a qual eu não conseguia viver.

Continuava aninhado ao teu lado, lutando com a dúvida que me enlouquecia. E ai, quando os nossos corpos se aconchegavam e os meus olhos avistavam o teu pescoço, aproximava-me receoso. Sabia o que tinha a fazer, o que queria fazer. Decidia-me num ímpeto, sabendo do arrependimento que voltaria para me atormentar.

E ai, os teus olhos abriam. Encaravas-me com aqueles olhos azuis que me faziam sentir nu e dizias-me, sem desconfiança ou medos:

- Obrigado por tudo, meu amigo. – e voltavas a adormecer. Receoso, saia do teu quarto e deambulava pela cidade, esperando pela noite seguinte. A noite em que os meus sentidos se banqueteariam com o teu sangue, a noite em que eu satisfaria as minhas necessidades à muito esquecidos, a noite em que consumiria a bebida do amor. O teu sangue que em breve seria meu.


NA: Então? Gostas-te? Deixar reviews não demora nada ;D