DISCLAIMER: Essa fanfic foi baseada na série "Sherlock", da BBC, que já é baseada na obra de Sir Arthur Conan Doyle. Mas o universo da fic pertence às mentes brilhantes e malignas de Steven Moffat (a.k.a. The Great Brilliant Devil) e de 3 Mark Gatiss(imo) 3.

LONDON CALLING

- Harry... – pela décima vez na última hora e meia, Mycroft Holmes tentou argumentar com seu colega Harry Saint Wilson, enquanto os dois dirigiam de Oxford a Londres – Eu tenho que entregar um artigo amanhã após o almoço, minhas finais começam daqui a dois dias, e eu sei que você nem começou seu projeto final de História. Por que diabos você inventou de dirigir mais de duas horas só pra passar a noite em um clube qualquer no Soho? Não podíamos esperar até o final de semana, caramba? - o jovem loiro por trás do volante do Silver Spirit vermelho deu um sorriso brilhante, trocando a marcha.

- Droga, Myc, você está louco pra respirar um pouco que eu sei. Além do mais, como eu falei pra você, a banda que toca hoje é de Dorset, só vão estar lá esta noite. Meu amigo é o baterista, e ele me garantiu que os outros são muito bons. E agora que já estamos uniformizados, não vale a pena desistir, né? – Mycroft riu e deu uma olhada em si mesmo no retrovisor, bagunçando ainda mais as mechas avermelhadas, espetadas com gel. Ele vestia uma camiseta dos Sex Pistols sob um colete jeans rasgado e pichado, calças de couro preto e coturnos com biqueiras de aço.

- Céus, se meu pai me visse agora, ele teria um infarto... – ele murmurou, fechando os olhos e apoiando a cabeça no encosto do banco. – Minha mãe quase morreu a primeira vez que me pegou assim. – Harry olhou-o rapidamente, temendo perder a direção.

- Sua mãe já te viu assim e não falou nada pro seu pai? – Mycroft assentiu, sorrindo de leve. Harry bagunçou os cabelos loiros e curtos e puxou uma carteira de cigarros do bolso da jaqueta de couro que usava sobre a camiseta dos Ramones e os jeans retalhados, oferecendo-a a Mycroft. – Minha mãe certamente me mataria. – Mycroft acendeu um cigarro e deu uma tragada profunda, soprando a fumaça para fora da janela.

- Eu não sei por que você carrega cigarros, se você não fuma. – ele comentou, olhando o amigo com as sobrancelhas levantadas. – Minha mãe sabe dos meus interesses paralelos na indústria musical. Ela foi quem me apresentou os primeiros produtores com quem trabalhei. Mas acho que ver o filho de 14 anos usando um moicano e ensinando o irmão de quatro anos a cantar London Calling foi um pouco demais pra ela. – Harry soltou uma gargalhada e balançou a cabeça. Aos dezenove anos, ele era dois anos mais velho do que Mycroft, mas sempre sentia como se o outro fosse o veterano.

- Bom, você tem sorte de sua mãe ser tão bacana sobre isso, e ainda manter segredo do seu pai. E respondendo a sua pergunta, as garotas gostam, Myc. Se a gata chegar pedindo fogo, quero oferecer todas as opções disponíveis. – ele ergueu as sobrancelhas comicamente, arrancando uma risada do outro.

- Ela guarda segredos mais delicados do que meu envolvimento na indústria musical e meu gosto por couro e jeans, Harry. – ele falou, em voz baixa. Harry suspirou e olhou o amigo, preocupado.

- Você ainda não contou pro seu pai que ele pode esquecer a ideia de um herdeiro para a fortuna, da sua parte?

- E não pretendo contar tão cedo. Olha, chegamos. – ele apontou para um prédio baixo de tijolos, com um sinal na porta que dizia "The Meddlesome", e de onde vinha o som alto de música punk.

O leão de chácara não olhou duas vezes para eles, acenando para que entrassem. Harry era frequentador assíduo do local, e Mycroft aparentava ser mais velho do que realmente era. O clube estava lotado de jovens, vestidos de maneira semelhante à deles, bebendo e dançando alucinadamente ao som da banda que tocava no momento, um cover dos Ramones. Harry pegou duas cervejas no bar e levou Mycroft até uma mesinha próxima ao palco, onde os dois se sentaram e ficaram bebendo em silêncio por algum tempo.

- Myc... – Harry inclinou-se para frente, a fim de ser ouvido pelo amigo, apesar da música ensurdecedora – Você não pode esconder isso dele para sempre, sabe disso. Uma hora ele vai começar a fazer aquelas insuportáveis festas para que você conheça moças aceitáveis da alta sociedade, e o que você vai fazer? Se deixar ser pego em um casamento de fachada?

- Nunca! – Mycroft exclamou, quase rancorosamente. – Eu nunca vou negar quem eu sou a ponto de ficar preso em um casamento falso, Harry. Eu... eu só preciso de um pouco mais de tempo. Só até terminar a universidade. Então... então eu vou contar para ele. – ele tomou um longo gole de cerveja, e deu um meio sorriso – Foi por isso que você voltou tão mal humorado do seu último feriado em casa? Seu pai deu uma dessas festinhas? – Harry gemeu e afundou o rosto entre os braços dobrados, acenando. – Pelo menos conheceu alguma garota interessante? – ele ergueu a cabeça, um brilho travesso no olhar.

- Aí está o problema. Conheci uma garota ótima: grande senso de humor, linda, e gosta do mesmo tipo de música que eu... mas ela estava lá trabalhando com o bufê. – Mycroft riu, balançando a cabeça.

- Eu vou fazer de conta que não sei que você pegou o telefone dela. – Harry deu de ombros, sorrindo, e levantou para buscar mais duas cervejas.

- Nós vamos sair no próximo sábado. O nome dela é Lucy. – Mycroft observou o amigo espremer-se pela multidão em direção ao bar, um sorriso melancólico nos lábios. Seria tão mais fácil se ele fosse como Harry... tão mais simples. Mas ele não ia cair na armadilha de mentir e esconder quem ele realmente era para sempre. Ele só precisava trabalhar mais sua confiança, para finalmente assumir-se frente ao seu pai. Perdido em seus pensamentos e observando os corpos que se amontoavam na pista dançando freneticamente, Mycroft assustou-se ao sentir uma mão em seu ombro e uma voz animada em seu ouvido.

- Hey, você que é o colega do Harry? – ele virou e deparou-se com dois rapazes. O que falava com ele era um tipo alto e largo, dono de uma cabeleira tão agressivamente ruiva que fazia seu próprio cabelo parecer castanho em comparação. Atrás dele, olhando em volta com curiosidade, estava um rapaz de cabelos castanhos bagunçados, que logo se virou e deu um sorriso largo em sua direção; um sorriso que foi direto até sua virilha, fazendo-o corar profundamente. Ele olhou o ruivo e assentiu, não confiando na firmeza de sua voz. – Eu sou Jake, esse aqui é o Greg. Nossa banda é a próxima a tocar, vamos subir em cinco minutos. Onde está aquele bastardo?

- Atrás de você, filho da mãe, e bastardo é seu pai! – Harry largou as bebidas e deu uma gravata em Jake, e os dois ficaram fingindo que lutavam por um tempo. Greg aproveitou para escorregar para o banco ao lado de Mycroft, lançando outro de seus sorrisos matadores e estendendo a mão.

- Greg Lestrade. Sou o baixista e vocalista da Midnight Madness. – Mycroft apertou-lhe a mão e pigarreou antes de responder.

- Myc Edwin. – Ele nunca usava seu nome verdadeiro naquele meio, apenas seu apelido e nome do meio. Não era como se, algum dia, ele e o (lindo) baixista fossem se encontrar fora do ambiente enfumaçado e escuro dos clubes punk de Londres. Enquanto Greg sorria e apertava sua mão, Mycroft fez um breve exame da figura do outro. A camiseta sem mangas preta e lisa agarrava-se aos músculos torneados do peito, e os jeans claros abraçavam as coxas fortes de uma maneira quase obscena. No pescoço, ele usava uma corrente grossa com um cadeado pendendo, como Sid Vicious. A mão que segurava a sua por mais tempo do que era recomendável era forte, morna e calejada, e Mycroft mal conteve um arrepio ao pensar naquela mão deslizando por sua pele nua... Ele estapeou-se mentalmente, soltou a mão de Greg e tentou engatar uma conversa com o moreno. – Você... conhece Harry há muito tempo?

- Não, na verdade é a segunda vez que eu encontro ele. Mas ele e Jake se conhecem há alguns anos, e eu me formei no segundo grau com a irmã do Jake, então... – ele sorriu de novo, tirando uma mecha rebelde de cabelo da testa – E você, Myc, qual a sua história? – Mycroft remexeu-se desconfortavelmente no banco; droga, aquelas calças de couro eram muito apertadas, e o sorriso de Greg não estava ajudando.

- Eu estudo com Harry. – ele respondeu, tomando um gole da cerveja. - Em Oxford. – Greg estendeu a mão para a sua caneca com um olhar questionador, e Mycroft sentiu seu rosto esquentar de leve. – Por favor, fique à vontade.

- Obrigado. – ele tomou um gole da cerveja e devolveu-a para o outro, que tomou outro gole, tentando disfarçar o fato de virar a caneca para que seus lábios encostassem exatamente aonde os de Greg haviam encostado; céus, ele era um idiota completo. – E qual é a sua graduação? Artes, música... história? – Mycroft riu, uma risada franca e aberta, sabendo que a resposta ia deixar o outro espantado.

- Política internacional, comércio exterior e economia aplicada. – ele respondeu, apreciando o olhar de assombro nos olhos castanhos (oh, Deus, eles parecem feitos de chocolate derretido, pensou). – E você? Está estudando ou trabalhando? – Greg abriu a boca para responder, mas foi interrompido quando a mão enorme de Jake pousou em seu ombro.

- Hora de subir no palco, cara, vamos lá. – o ruivo virou-se para Harry. – Voltamos no nosso intervalo, e é melhor ter umas cervejas para nós, seu filho da mãe pão-duro. – Greg ergueu-se e estendeu a mão para Harry.

- Bom ver você, Harry. Ainda saindo com aquela belezinha de Newbury?

- Não, Greg... investindo numa gracinha de Uxbridge. Mais perto de casa. – os dois riram – E você e aquele cara de... era Broadstone?

- Bournemouth – Greg respondeu, com um sorriso acanhado. – No fim das contas, ele foi mesmo para a Nova Zelândia. Bom, a perda foi dele. Até mais, caras. – ele piscou para Mycroft, que tentava a todo custo conter a vontade de levantar e pular de alegria. Harry olhou os dois amigos afastarem-se em direção ao palco e sentou-se ao lado de Mycroft, sorrindo largamente.

- Vamos lá. Pode falar. Eu até deixo você pular um pouquinho, se quiser.

- Você fez de propósito, não é? – ele estreitou os olhos, tentando parecer ameaçador, mas o sorriso tolo que tomava os seus lábios estragava o efeito – Por isso você insistiu tanto para que eu viesse junto, seu cretino dissimulado! – Harry riu e ajeitou o banco de forma que ele ficasse de frente para o palco.

- Você tem que admitir, ele é um cara bem charmoso. Além disso, ele é extremamente confiante acerca da própria sexualidade, e não esconde de ninguém; achei que ia ser positivo pra você conhecer alguém assim. – ele deu de ombros e tomou um gole de cerveja, apontando para o palco, onde Jake, Greg e um outro rapaz tomavam posições. – Vai começar.

Mycroft não conseguia afastar os olhos de Greg; ele era absolutamente de tirar o fôlego. O sorriso travesso, os olhos castanhos enrugados nos cantos, os cabelos escuros artisticamente bagunçados, toda a sua figura contribuía para que o coração de Mycroft batesse mais forte, e suas pernas ficassem fracas e trêmulas. A voz rouca que encheu o clube quando ele chegou próximo ao microfone, as mãos enlaçando o Fender Precision preto e branco, fez Mycroft sentir como se suas entranhas fossem feitas de geleia.

- E aí, encrenqueiros! Nós somos o Midnight Madness, e vamos fazer vocês botarem esse lugar abaixo! – ele incitou os gritos da multidão com as duas mãos, enquanto Jake se aquecia na bateria. – Silêncio, agora. Prestem atenção. – ele levou a mão à orelha, como se tentasse ouvir um som distante – Vocês conseguem ouvir? Eu consigo. É Londres chamando. – O rapaz loiro ao lado dele atacou a guitarra, começando a introdução, e ele logo entrou com o baixo, enquanto Mycroft sorria na mesa, balançando a cabeça no ritmo da música que ele secretamente ajudara a produzir. A voz rouca de Gregory encheu o ambiente. - London calling to the faraway towns, Now war is declared, and battle come down. London calling to the underworld, Come out of the cupboard, you boys and girls. London calling, now don't look to us, Phoney Beatlemania has bitten the dust. London calling, see we ain't got no swing, 'Cept for the ring of that truncheon thing...

- Eles são realmente bons, não é? – Mycroft falou, apreciando a música. Harry assentiu e levantou-se, fazendo sinal para que Mycroft o seguisse. – Aonde vamos?

- Mais perto do palco, dançar um pouco. Vamos exibir um pouco desse material para o Greggie – ele debochou, dando um tapa no traseiro de Mycroft, que pulou para longe do colega, estreitando os olhos.

- Encoste de novo e você é um homem morto, Saint Wilson.

- Quero ver você tentar, Holmes!

Os dois pararam na frente do palco e começaram a pular, enquanto Greg entrava no segundo refrão da música, a voz rouca contrastando com o agudo da guitarra.

- The ice age is coming, the sun's zooming in. Engines stop running, the wheat is growing thin. A nuclear error, but I have no fear, 'Cause London is drowning, and I live by the river. – ele olhou para a pista e encontrou o olhar de Mycroft, piscando para ele com um sorriso maroto. Mycroft não conseguiu se impedir de sorrir de volta, e Harry lhe deu um empurrão amigável. Logo os dois já começavam uma roda punk, enquanto a Midnight Madness atacava Blitzkrieg Bop.

Depois de um set de quinze músicas, a banda parou para um intervalo de vinte minutos. Mycroft e Harry levaram cinco canecas de cerveja para a mesa e sentaram para aguardar os outros, que logo se juntavam a eles, conversando aos gritos. Greg escorregou para o banco ao lado de Mycroft, sorrindo largamente e tomando um gole da cerveja que o outro lhe ofereceu.

- Obrigado, doçura. – Mycroft corou profundamente com a piscadela que acompanhou as palavras do vocalista. – Eu preciso fumar. Quer dar um pulo lá fora comigo para um cigarro? – ele assentiu e ergueu-se, enquanto Greg chamava a atenção dos colegas. – Jake, Mitch, vou dar um pulo lá fora e já volto. – os dois olharam para o amigo e depois para Mycroft, e deram uma risadinha conspiratória.

- Vai lá, Romeu. – Jake falou, batendo-lhe no ombro – Você tem vinte minutos.

A noite estava fresca, e Mycroft respirou fundo o ar fresco na ruela nos fundos do clube, enquanto Greg puxava uma carteira de cigarros do bolso traseiro dos jeans. O moreno acendeu um para si e ofereceu a carteira ao outro, que pegou um cigarro, tragou profundamente e soltou a fumaça para cima, escorando a cabeça na parede de tijolos do prédio. Por um tempo os dois fumaram em silêncio, sem se olharem, até que Greg quebrou o silêncio.

- Então... continuando a nossa conversa de antes, eu estudo E trabalho. Estou fazendo Direito e Criminologia em Bristol, e trabalho numa loja de artigos esportivos durante a semana. Minha mãe me ajuda como pode, e eu consigo tirar algum dinheiro com os shows da banda, também.

- Você pretende seguir carreira na área do direito penal? – Mycroft não conseguia visualizar o moreno como um advogado ou juiz. Havia uma agitação constante nos olhos dele, uma necessidade de ação, que não combinava.

- Deus, não. Eu quero entrar na academia de polícia. Pretendo trabalhar na Yard, um dia. Sargento Greg Lestrade, que tal isso soa? – ele perguntou, sorrindo. Mycroft apagou o cigarro e olhou-o, a cabeça inclinada.

- Não... Detetive Inspetor Greg Lestrade. Soa muito melhor. – Greg riu e colocou a mão no ombro de Mycroft.

- Você certamente tem mais fé em mim do que eu mesmo.

- Eu apenas reconheço talento quando eu vejo. – ele replicou, quietamente. A mão de Greg deslizou por seu braço, arrancando-lhe arrepios, e ele espantou-se quando os dedos calejados enlaçaram os seus, apertando sua mão de leve. – Você... sua família sabe sobre... – Greg assentiu antes que o outro precisasse terminar a frase.

- Somos só minha mãe e eu. Meu pai morreu quando eu tinha quatro anos. – Greg respondeu, o olhar fixo no chão – Foi complicado contar para ela, mas... bom, eu moro numa cidade pequena, se eu escondesse dela, uma hora ela ia ouvir algum boato e ia ser muito pior. – ele respirou fundo e apertou a mão de Mycroft. – Além do mais, não é como se eu fosse de alguma família importante, ou fosse ter um emprego em algum alto cargo. – ele brincou, sem sentir a tensão que tomou o corpo do outro. – E você, Myc? Não contou para seu pessoal ainda?

- Eu... contei para minha mãe. Ela ficou chateada, mas disse que não foi nenhuma surpresa. É uma mulher muito observadora, minha mãe. – ele encarava as biqueiras de ferro das botas como se fossem as coisas mais interessantes do mundo. – Meu pai ainda não sabe, mas eu pretendo contar para ele em breve... assim que eu terminar a faculdade. Eu tenho um irmão caçula; ele é dez anos mais novo do que eu, e eu acho que, aos sete anos, ele ainda não entende muito bem o tabu que é a homossexualidade na nossa sociedade. Na verdade, eu acho que Lockie nunca vai entender o que é tabu e o que não é; ele não liga muito para convenções sociais. – ele sorriu e ergueu o olhar timidamente. Greg o olhava com a cabeça inclinada.

- Você tem dezessete anos? – Mycroft assentiu – Parece bem mais maduro do que isso.

- Obrigado. – ele respondeu, corando de leve. – Mas não é patético um cara de dezessete anos que nunca beijou ninguém? – ele falou, antes que conseguisse evitar. O sorriso de Greg seria suficiente para iluminar Londres por uma semana enquanto ele se inclinava em direção a Mycroft.

- Isso é fácil de resolver. – ele fechou a distância entre os dois e tocou os lábios de Mycroft com os seus, num beijo breve e casto. Começou a afastar-se, mas o outro prontamente ergueu a mão e segurou-o pela nuca, puxando-o para um beijo longo e desesperado. As mãos de Mycroft entrelaçaram-se nas mechas castanhas, enquanto Greg segurava com força os quadris estreitos, puxando-o contra si com força. Com um giro de corpo, Mycroft viu-se contra a parede, prensado pelo corpo de Greg, beijando-o até sentir a cabeça rodar pela falta de ar. Os dois partiram o beijo, ofegando, as testas apoiadas, os olhos fechados.

- Isso... foi incrível. – Mycroft murmurou, respirando fundo, apoiando-se na parede, pois não confiava que suas pernas trêmulas fossem capazes de sustentar o peso de seu corpo. Greg riu e beijou-lhe a têmpora, sem abrir os olhos.

- Concordo plenamente. Para alguém que alega nunca ter beijado, você é certamente talentoso, Myc Edwin. – Mycroft sentiu uma necessidade premente de falar a verdade para o outro.

- Greg, eu... – a porta dos fundos do clube abriu-se, e a cabeça loira de Harry apareceu na fresta, um olhar mortalmente sério.

- Myc, temos que ir. Não vai dar pra ficar pro segundo set, no caminho eu explico. – Mycroft sabia que algo muito importante, e possivelmente problemático, havia aparecido. Ele suspirou e levantou os olhos para Greg.

- Sinto muito, mas eu tenho que ir. Eu realmente adoraria ficar para o resto do show, mas... – Greg interrompeu-o com um beijo breve nos lábios.

- Está tudo bem, Myc. – ele mexeu no bolso do jeans e puxou uma corrente estreita, de onde pendia uma chave. – Fique com isso. É a chave do meu cadeado. – ele tocou a corrente grossa em seu pescoço. Mycroft riu e pegou a corrente, pendurando-a no pescoço.

- A Nancy do seu Sid? – ele brincou, acariciando o rosto de Greg. - Espero que possamos nos ver a próxima vez que você vier a Londres.

- Myc, precisamos mesmo ir. – Harry falou, a voz cheia de ansiedade. Mycroft afastou-se e olhou para Greg da porta do clube.

- Vejo você por aí, Greg Lestrade.

- Pode ter certeza disso, Myc Edwin.