Apesar de tudo
- É isso aí. Isso, você está se saindo muito bem!
- Obrigado, senhor Kanon!
- De nada. E pensar que você um dia foi somente um pirralho mal acostumado! Agora é até pai de família!
- A gente aprende, não é mesmo?
- Sim. Bom que aprende, né? Eu também tive de aprender... bem, até a próxima!
Sendo assim, Kanon se despediu de seu anterior discípulo e foi indo para sua casa.
- Eu também tive de aprender...
Foi andando e pensando nisso. Na juventude, fora bem terrível por assim dizer. Fizera muitas coisas erradas, burlara muitas coisas, porém agora estava tentando reparar seu mal. Pensava que as sementes estavam dando frutos afinal! Seus discípulos se transformando em Cavaleiros, seu irmão o amando cada vez mais, as gêmeas que haviam tido há pouco... tudo isso lhe era gratificante.
Isso sem contar que Ikarus, o rapaz de quem acabara de se despedir, havia também se casado e tido até mesmo uma filha!
- Casado e com filha... o pirralho! Caramba... estou ficando velho!
Mas aquilo não era ficar velho. Aquilo era ter uma história. Era amar e ser amado. Era ter pessoas que faziam parte da história conturbada porém bonita a qual ele escrevera no decorrer daqueles mais de trinta anos.
Quanta gente não vivia à toa? Quanta gente não tinha a oportunidade de se refazer como ele tivera? Quanta gente não morria sem poder enxergar o que ele enxergara - que o Amor é o que mais importa, acima das ambições?
Ele era privilegiado, afinal.
Chegou em casa. Saga estava olhando as gêmeas, as quais dormiam a sono solto. Ultimamente, como estavam mais grandinhas, elas dormiam sem acordar muito. Mesmo assim, chegou devagarinho do lado do berço e as observou junto com o parceiro.
- Veja como dormem a sono solto... - declarou ele, sussurrando, apenas pra não fazer com que acordassem.
- Verdade. São lindas, não? Como você...
- Não, meu amor. São lindas como você!
Ambos sorriram e se beijaram em selinho. Ficavam pensando: qual seria a primeira palavra que elas falariam? Papai? Saga? Kanon? Ou qualquer coisa que não tinha nada que ver com aquilo? Enfim... era esperar e ver!
Kanon olhou nos olhos de Saga e sentiu uma ternura indescritível. Seu amor, seu gêmeo, estava presente em tudo o que faziam, desde que nasceram. Mesmo quando haviam se separado, ainda assim seus destinos andavam irremediavelmente juntos - até a linha de ambos se encontrar novamente e culminar em toda aquela felicidade que sentiam e viviam de maneira plena.
O passado era amargo... porém o presente era doce e maravilhoso. E isso formava um quadro que era, de certa forma, bonito e apesar de tanto amargor no passado, triunfal e vitorioso. Era bela, sim! A sua história era bela e não trocaria por nenhuma outra, por mais dor que houvesse vivenciado.
Quando deram por si, os gêmeos foram ao quarto onde dormiam, lá se fecharam e passaram a se masturbar mutualmente. Quando estavam quase atingindo o clímax, Kanon parou tudo, acariciou ao longo cabelo de seu gêmeo, olhou-o fundo nos olhos e disse:
- Te amo, Saga...
O mais velho sorriu e respondeu:
- Também te amo.
Após isso, beijaram-se novamente e culminaram a noite em um sexo gostoso e bem íntimo, aproveitando que agora as meninas dormiam a noite toda para poder usufruir desse momento juntos.
FIM
