— Eu simplesmente não quero sair, Edward! É apenas uma festa. Haverá outras.
— Esse é o problema. Você nunca quer sair! Sempre quer ficar em casa e assistir esses filmes bobos de super heróis.
— Você costumava gostar deles! O que há de errado com você? — Perguntou magoada.
— Comigo? Somos jovens, Isabella. Estamos no último ano da faculdade e eu quero me divertir um pouco. O que há de errado nisso? — Indagou enquanto andava de um lado para o outro do apartamento.
Edward e Bella haviam se conhecido ainda na escola, quando eram crianças. Mas quando chegaram ao ensino médio, perceberam que a amizade que tinham havia se transformado em outro sentimento. Amor.
Ela estava cursando música e ele engenharia, ambos estavam no último ano, mas o relacionamento deles não andava bem.
— Não me chame de Isabella! — Vociferou apontando para ele. — Você sabe o quanto eu odeio quando me chama assim. Eu apenas não quero sair, estou cansada. Além disso, as provas finais...
— Sempre com uma desculpa, não é? Você passa tanto tempo aqui dentro que até parece que está doente! — Rosnou com desprezo e Bella sentiu sua garganta se fechar. Edward nunca havia sido tão cruel com ela, mas nos últimos tempos, os amigos que havia feito estavam enchendo sua cabeça.
— Quem é você? — Perguntou, com a voz embargada pelo choro que ameaçava cair a qualquer momento. — Por que está sendo tão cruel?
— Ótimo! Agora eu sou cruel. — Declarou revirando os olhos e se jogando no sofá do apartamento que dividiam. — Me desculpe se eu me mato de estudar e quero apenas me divertir um pouco, Isabella.
— Não me chame assim! — Rugiu furiosa. — Quer sair? Se divertir com seus amigos? Ótimo, Cullen! Saia! Vamos ver quanto tempo isso vai durar! — Grunhiu sentindo seu coração acelerado, seus olhos ardiam pela fúria mal contida.
— O que quer dizer com isso? — Perguntou levantando os olhos para ela.
— Por que acha que estão tão interessados em sair tanto com você?
— Porque são meus amigos! É isso que amigos fazem! —Retrucou ofendido.
— Não! Eles saem com você, porque você banca a festa deles com o dinheiro do seu pai! — Gritou apontando o dedo em direção ao peito de Edward. A respiração dele ficou mais rápida e ela pôde ver o quão longe havia ido. Aquela era uma das piores brigas que haviam tido.
— É por isso que acha que eles saem comigo? Minha companhia é tão detestável, que eu preciso pagar para ter amigos? — Questionou com uma voz baixa, mas tingida de raiva.
— Edward, eu não...
— É por isso que você está comigo, Isabella? Pelo dinheiro do meu pai? —Acrescentou e ela cambaleou para trás como se tivesse levado um soco no estomago. Como ele podia pensar uma coisa dessas? Que ela estava com ele por dinheiro?
— Seu grande filho da... — Começou, mas uma forte pontada em sua cabeça a fez parar. Ela levou as mãos até suas têmporas, pressionando, na tentativa de acabar com a dor.
— Bella? —A chamou percebendo que havia algo errado.
— Ahn! —Gemeu, ainda segurando a cabeça. Suas mãos estavam frias e tremulas e sua cabeça latejava. Sua vista estava embaçada e ela cambaleou tropeçando. Ela teria caído, ma os braço de Edward a amparou.
— O aconteceu com ela? Ela parecia com muita dor. O que ela tem? —Perguntou preocupado. Bella estava deitada na maca e haviam fios ligados a ela.
— Eu disse a ela. Disse que não devia se exaltar. Que era perigoso.
— Perigoso por que?
— Alguns meses atrás, ela me procurou. Se sentia muito cansada e sentia algumas dores de cabeça. Dores muito fortes. Então eu passei alguns exames. E quando recebi o resultado... — Carlisle negou com a cabeça.
— O que? O que ela tem? — Questionou preocupado.
— Os exames mostram um tumor cerebral, Edward. Eu sinto muito.
— Um tumor? Ela tem... — Começou a se exaltar, mas controlou sua respiração. Não queria acorda-la. — Ela tem um tumor cerebral e você nunca pensou em me contar? — Questionou.
— Foi decisão dela, Edward. E mesmo sendo seu pai, eu não poderia lhe contar. — Justificou e Edward assentiu. Entendia que mesmo que quisesse, não poderia quebrar o sigilo de médico e paciente. Mas o que ele não entendia, era o porquê de Bella não ter lhe dito nada.
As brigas dos dois haviam se tornado cada vez mais frequentes e isso tinha uns três meses. Ele simplesmente não entendia. Até que as coisas começaram a fazer sentido. Era ela que sempre provocava as brigas. Ela estava tentando sabotar a relação dos dois. Mas por quê?
— Há quanto tempo ela sabe?
— Quase quatro meses. — Carlisle respondeu checando os batimentos dela. — Eu sei que vocês não andam muito bem, mas...
— Ela está fazendo de propósito. — Constatou.
— O que? — Carlisle perguntou confuso.
— Talvez seja coisa da minha cabeça, mas acho que ela vem tentando me afastar. Nós temos brigado tanto. — Declarou esfregando os olhos. —E eu não sou exatamente um cara paciente... — Acrescentou com a voz carregada de sarcasmo.
— Mas precisa ser. Eu vi os exames, Edward. A única maneira dela sobreviver a isso, seria um milagre.
— Ela não vai morrer! — Rugiu se levantando e caminhando até ela. Sua mão estava fria, mas ainda era sua Bella. A menina de tranças cor de chocolate que ele brincava no parque quando eram crianças. A garota pela qual se apaixonou no ensino médio e a mulher que um dia, seria sua esposa. A mãe de seus filhos.
— Edward, você pode negar a aceitar e desperdiçar o tempo. Ou pode aceitar as coisas como são. Agradeça pelo tempo que tiveram e aproveite o tempo que lhes restam.
— Como pode dizer isso? — Questionou desesperado com a possibilidade de perde-la. — Ela é como uma filha para você!
— Acha que não me machuca saber que ela vai morrer?
— Ela não vai morrer! — Rugiu.
— Eu sou médico, Edward. Sei o que essa doença faz com as pessoas. Sei o que vai acontecer.
— Quanto tempo ela tem?
— Quando os exames chegaram, cerca de um ano.
— Um ano? Isso é...- Se desesperou e lágrimas escorreram por seu rosto. Ele olhou para ela e ela parecia tranquila. Serena. Como se apenas dormisse. — Isso não é o bastante!
— Você não entendeu, filho. — Declarou apoiando a mão no ombro do filho. Seu semblante também demonstrava dor. Considerava Bella uma filha. E ele também a perderia.
Edward não conseguia encarar o pai. Seus olhos estavam focados na imagem da mulher de sua vida, deitada em uma maca. E sua vida sendo sugada.
— Eu disse um ano, quando os exames chegaram. — Declarou fazendo com que Edward se virasse.
— Então ela...
— Ela tem sete meses. Talvez mais, talvez menos. Eu sinto muito, Edward. - Acrescentou se afastando e os deixando sozinhos.
Ele sentia, mas não tanto quanto Edward. Ninguém poderia sentir tanto quanto ele. Ele sentia como se alguém estivesse tentando tira-la dele. Ela era sua vida, sempre foi. Como seguir adiante, quando se sabe que você tem apenas mais sete meses com sua vida?
