Gina

O fato de Harry Potter ser o melhor amigo de meu irmão sempre agravou a pequena queda que tive por ele. É claro que agora eu sei me controlar na frente dele e não derrubo, ou caio ou faço alguma coisa desastrada mais.

Mas eu realmente tenho que agradecer minha amiga Hermione por me ajudar com Harry. Ela me deu um valioso conselho ano passado, quando entrei no meu segundo ano em Hogwarts.

Ainda me lembro de suas palavras:

- Faça amigos, aproveite o tempo livre para estudar e seja você mesma Gina. Harry só tem treze anos, garotos de treze anos não pensam em garotas. Eles só pensam em coisas emocionantes e aventuras, e claro, quadribol. Você é bonita Gina, mas Harry não pensa nisso agora. Dê um tempo, quem sabe seus sentimentos por ele não viram outra coisa? Afinal, você ouvia falar do Menino-que-sobreviveu e bem, agora você o conhece de verdade.

- Ele enfrentou você-sabe-quem com onze anos e salvou a minha vida. Não acho que seja tão diferente assim, ele é um herói.

- Mas esse é o tipo de pensamento que Harry rejeita Gina. Ele quer ser normal entende? Ele não tem pais e vê nos seus a família que nunca teve. Ele não quer nenhum dos Wesley idolatrando-o, ele quer apenas irmãos que ele não pode ter. Se você esquecer toda essa coisa de herói, vai ver que Harry é apenas um bruxo em formação como eu e você, tente conhecê-lo e você vai descobrir.

Mesmo sonhando que um dia casaria com Harry Potter e que ele seria o pai dos meus filhos segui o conselho de Mione. Fiz amigos de minha idade (no meu primeiro ano não tinha feito nenhum amigo, afinal estava possuída pelo diário de Tom Riddle) e comecei a agir normalmente na frente de Harry. Como Mione falara, Harry era um bruxinho como eu. Passávamos horas discutindo quadribol com Rony ( por ter seis irmãos, sei tudo de quadribol desde que nasci). Mione apesar de não participar das conversas( ela odeia quadribol) me encorajava. Aprendi a guardar meus sentimentos para mim. Fiz amigas (poucas) e amigos (muitos, afinal nasci numa família com seis filhos homens né? De garotos eu entendo).

O segundo ano passou rápido e nas férias eu passei a treinar quadribol diariamente. Pretendia fazer os testes para entrar no time da Grifinória no próximo ano letivo. Claro que disse a mim mesma que não estava fazendo isso para ficar mais perto de Harry, mas não consegui ser muito convincente.

Harry foi conosco assistir a Copa Mundial de Quadribol e foi uma droga, não o jogo, mas a confusão que os comensais da morte fizeram. Eu já estava mais calma, não tinha tantos pesadelos, mas depois da copa voltei a ter pesadelos sobre a câmara.

Entrar na câmara secreta foi a pior experiência da minha vida. Durante aquele ano, eu não lembrava da maioria das coisa que fiz, mas da câmara secreta eu lembrava absolutamente tudo. Como entrei e de quando vi a enorme pele de basilisco no caminho. Tom Riddle foi cruel e mesmo enquanto tirava as forças do meu corpo, sugava a minha vida eu conseguia ouvir tudo o que ele dizia. Consegui ouvir Harry, tenho a impressão que foi minha alma, era com se ela estivesse deixando meu corpo e vendo tudo aquilo. Tive pesadelos todos os dias naquele verão. Papai e mamãe decidiram viajar para o Egito por minha causa. Ganharam um prêmio do profeta diário e acharam que uma viagem seria a melhor solução para me afastar de curiosos que queriam saber que aluno de Hogwarts entrara na câmara secreta. Quando chegamos lá no Egito, Gui nos levou até um medibruxo que me ajudou muito. Ninguém disse o que realmente acontecera á ele, mas papai falou que eu tinha sido exposta a artes das trevas avançada. Ele me examinou e disse que eu estava muito bem para quem havia lidado com artes das trevas.

Depois de muitas perguntas sobre minha vida e sobre minha família ele disse algo que meus pais pareciam saber.

- Gina, você acha que de algum modo sua magia foi afetada?

- Não, eu não sei. Me sinto exatamente como antes, apenas tenho pesadelos.

- Você sabe que é sétima filha certo?

- Sim, tenho seis irmãos mais velhos.

- No mundo bruxo, o número sete não é apenas um número da sorte. No mundo bruxo o número sete significa poder. Você tem consciência do enorme potencial que você tem?

Pensei um pouco e respondi:

- Bom, sou boa em feitiços.

- Além de ser sétima filha, você é a única mulher nascida em sete gerações e seu nome e sobrenome tem sete letras. Você é bem mais que uma bruxinha poderosa, você é uma feiticeira.

Essa parte meus pais pareciam não saber.

- Feiticeira? – Perguntaram minha mãe, meu pai e Gui, meu irmão mais velho que nos acompanhou a consulta.

- Sim, feiticeira. De tempos em tempos, nasce um bruxo-feiticeiro. Ele precisa ter o número sete três vezes, e você minha querida, tem mais que isso. O número sete lhe persegue por quatro vezes, então você é uma feiticeira muito poderosa.

Fiquei alguns segundos absorvendo aquilo. Uma feiticeira. E o que aquilo significava? O medibruxo pareceu entender minha expressão de dúvida e disse:

- Você tem magia irradiando pelo seu corpo. Não precisa de varinha para fazer mágica e você pode inventar seus próprios feitiços. Tem um ótimo instinto de proteção e por isso a magia negra que você tocou, não lhe destruiu, pelo contrário, fortaleceu.

- Mas eu quase morri.

- Sim, você é mortal não? E não sabe como usar seus poderes. Permita-me dizer que Dumbledore me enviou uma carta explicando o acontecido, sei exatamente o que aconteceu. Não precisam se preocupar, nunca direi isso a ninguém.

- Então... Como vou saber usar isso?

- Bem, eu não posso dizer ao certo, mas em situações de perigo e se você for treinada e ensinada adequadamente, a qualquer hora.

Uau! Eu sou uma feiticeira? O medibruxo disse que Dumbledore explicaria melhor as coisas quando retornássemos e disse para não contarmos nada a ninguém, inclusive meus outros irmãos, pois a informação era muito perigosa, pois aparentemente eu era a única feiticeira viva no mundo bruxo no momento.

Ele disse que os pesadelos eram normais, afinal eu era apenas uma garotinha e nada mais normal do que estar assustada. Saí bem mais aliviada e meus pais mais preocupados.

-Gina, você precisa jurar que não vai contar isso a ninguém certo? – meu pai falou olhando em meus olhos.

- Eu juro papai, nunca vou contar nada disso a ninguém. Quer dizer, nunca vou contar isso a alguém que não mereça.

- Mas isso é muito importante Gina. – Gui falou.

- Mas, um dia eu vou casar certo? Então posso contar ao meu marido não?

Não sei por que a imagem de Harry veio a minha cabeça.

- Claro que sim minha filha – mamãe falou dando um grande sorriso para mim.

O resto da viagem foi maravilhoso.

Amanhã começarei o terceiro ano. Harry está aqui em casa e meus pesadelos voltaram. A marca negra trouxe aquela mesma angústia que senti na câmara.

Era dia 31 de agosto e iríamos no outro dia para Hogwarts. Mione estava no meu quarto e foi a primeira a ouvir meus gritos.

Sonhava que estava na copa de quadribol e olhava para a marca negra, mas a marca negra logo se tornava a câmara eu começava a correr. Quanto mais eu corria, maior a câmara ficava e não tinha fim. O basilisco se arrastava em minha direção eu começava a gritar. Harry nunca aparecia e eu comecei a gritar seu nome.

Quando eu consegui acordar do pesadelo, todos estavam em meu quarto e papai me sacudia.

Fiquei mais de dez minutos gritando e não conseguia acordar.

Harry me olhava intensamente, afinal eu gritei por seu nome.

- Eu destruí o diário Gina, está tudo bem. – Harry falou.

- Ele voltou, eu sei que ele voltou. A Marca negra, eu vi, ele voltou. – minhas palavras não faziam sentido para todos, mas para Harry sim, de algum modo ele concordava comigo.

- Todos para cama, vou ficar com Gina até que ela durma. Podem ir, foi só um pesadelo. - minha mãe falou. Todos saíram, mas o olhar de Harry não saiu do meu até que ele saísse pela porta.