Reflexos do não espelho

Corra, corra se ainda puder!

Deixe uma investida, pule a segunda e parta rapidamente para a terceira. Não mais que isso, por favor! Há tempos te observam, há tempos se preocupam. Há tempos calculam quanto ainda falta para lamentarem-se de sua perda do Elísio. De um modo ou de outro, é verdade, tu o perdeu num pequeno estalar de dedos, numa pequena palavra assoprada. Sem conseqüências.

Grite por ele, grite o quanto quiser!

Ou, melhor dizendo, grite por ele e nada mais, volte a correr. Salve-se... Se puder. O dia esvai-se claro, a noite chega e as estrelas brilham, repousando nas mentes vividas; tu continuavas a lutar. Lutavas como a guerreira que um dia foi, a qual vocação um dia pertenceu. Oh, querida, tu sabes que Ártemis é a que mais lamenta por ti, certo?

Coração ingrato. Coração indômito. Coração despedaçado.

Ele já te pertenceu, e tu sabes disso. Criou nele uma ilusão que arruinou vidas; ora essa, estando ti presente quando tal facticidade aconteceu, na rapidez que uma estrela cruza o céu, levando uma mensagem para aqueles que ainda a podem ver, sabe disso muito bem. Bem demais, dizem alguns.

Batalha árdua. Batalha interminável.

Pare de batalhar, pequena! Levante-se, não se deixe cair pela simplicidade que a rodeia. És tão maior que tudo isso. Sempre foi. Sempre será.

Então corra mais um pouco, talvez agora até possa se desesperar. Nunca é tarde demais, aprenda isso também.

Detalhe seja, também, que todos hão de esquecer quão difícil é ensinar-te. Com essa invisível maldição que jogaram em ti, da qual corroí a mais pura alma, daquelas como a tua, que não te deixa seduzir pelas quietas ninfas das águas e nem as ninfas dos bosques te encantam com suas vozes dóceis.

Acresce ao fato de que sua estação do ano sempre fora o outono, mesmo que de outono nada tivesse. O s galhos quebradiços que permaneciam magicamente firmes enquanto as folhas soltavam-se leves, entregavam-se aos ventos, são meros detalhes perto do modo que tu entregaste-se; entregaste-se à loucura, à solidão. Era e não era, via e não via, sentia e não sentia até o corpo despencar.

E dizem ouvir gritos ora gélidos ora agourentos; de fato, não se sabe ser verdade, já que coração de vidro fácil quebra, porém de vidro sem vida é. Então, matado tantas vezes tivesse, tinha mesmo medo da morte?

Porém, mais do que tudo e de qualquer um que venha a vir, tu és nossa pequena ninfa. Frágil apesar das conseqüências. Graciosa apesar de derrotar qualquer um... Menos a si mesma. Esbelta apesar do estilo de vida, entre cigarros e bebidas, matadas e palavrões.

Tu foste tudo que qualquer uma poderia ser.

Para ele, nem nunca deixou de ser.

NA: Para o I Challenge Criaturas Mágicas, da PJFF, do Orkut (:

Desculpem pelos erros, fic sem betagem.

Se lerem, por favor, mandem reviews.

Alice.