Imbécile

por Sophia Prince


Tolo. Você era um tolo, Malfoy. Acreditava que tudo o que acontecia era conveniente para um fato no futuro, que poderia pagar qualquer preço. Você sempre pareceu inteligente, mas agia feito um burro. Deixou que sua sede de vingança lhe deixasse cego, que lhe fizesse perder a cabeça. Você criticava a todos e quando lhe atingiam, você enchia a boca pra falar sobre a influência do seu pai na Sociedade.

Hogwarts te mudou e com o tempo, eu fui te perdendo. Eu fui perdendo o irmão que eu nunca tive. E sabe o que era pior? O seu fingimento. Você fingia que estava tudo bem, que nada importava, mas era mentira. Eu via em seus olhos. Nunca fomos bons em mentir para o outro, nem mesmo quando brincávamos de verdade ou mentira. Eu conseguia ver o que ninguém mais podia, era pra mim que você contava seus maiores medos da infância. Afastamos-nos um pouco, mas os meus olhos mantiveram-se focados em você e eu percebia com o passar dos anos, o que acontecia com você.
Seus maiores alvos se tornaram: Harry Potter e Albus Dumbledore. Você criticava Potter apenas por inveja, por recalque. E Dumbledore era seu alvo apenas porque você tinha raiva que ele não o bajulava como fazia com Potter. Em sua cabeça, o pequeno massacre aos trouxas era algo que deveria acontecer, pois eles eram a escória do mundo. O que você não via era que os trouxas faziam parte do futuro – por mais que me doesse ter que admitir isso – essa era a pura verdade. Os sangue-puros já não eram minoria e qualquer dia, nós seríamos massacrados por eles. A Câmara havia sido aberta por alguém que ninguém sabia, mas que todos achavam ser você. Ledo engano, você era um fracassado, Malfoy. Seu sobrenome deveria ser fracasso, pois isso resumia bem o que você estava se tornando. Você se negava a ver o que estava diante dos seus olhos mesmo quando tentava me tratar como seu igual. Mas eu não era. Eu era melhor, Draco. Eu era tudo o que você poderia ser, mas que não foi capaz.

Aos poucos você foi perdendo tudo de valor que tinha, foi se tornando vazio e sem valor. Não havia mais escapatória, Draco. O que você tinha na cabeça para deixar-se levar? Nunca percebeu que isto não o levaria para lugar algum? E quando se viu perdido, veio querendo conversar, mas eu não podia ajudá-lo. Eu não podia tomar as decisões no seu lugar. "O que está feito, está feito" era o que papai muitas vezes me dizia e eu o escutava dizer para o seu pai, Lucius. E agora essa frase lhe caía como uma luva. Acho que, no fundo, você sabia que as coisas só iriam piorar e agir como tal apenas para se proteger, para não se machucar tanto quanto poderia. Mas, sinceramente, era uma bobagem. Você já havia sido machucado há muito tempo, as feridas sempre fizeram parte de você e não havia o que fazer para melhorar. Por diversas vezes, eu quis sentir a sua dor, mas eu também tinha as minhas dores. Você tinha Narcisa para protegê-lo no que fosse preciso, diferente de mim que fui abandonado pela minha mãe. Você, Draco, tinha muitas coisas ao seu favor, mas não foi o suficiente. No buraco que você cada vez se enfiava, não seria possível jogar uma corda para salvá-lo. Havia acabado pra você e, no fim, você não seria o vencedor.