Cactos
Gaara & Naruto
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- Cultivar cactos parece um saco. Você não precisa fazer porra alguma! – queixou-se Uzumaki, que fora o visitar, devidamente invitado, para dar uma olhada na sua casa.
- ...
Quietude. Tudo aquilo que te segue e que ele nada tem. Você é calmo, você o fitou em resposta, calmo. Detrás do negrume das suas olheiras circularam tantas frases, tantas possibilidades que poderiam vir a serem tangíveis, tantas vontades para uma única resposta. E o resultado é quieto.
- Devia ter me avisado que eu te trazia algo mais... ahn... – a palavra o escapou a mente, ou ainda nunca esteve lá para ser recordada.
- Viçoso? – virasses a cabeça para os lados, vendo a própria sala repleta de cactos. Muitas cores, tantas espécies. Tantos tamanhos, muitas flores. – Desse jeito está bom.
- Não! É muito... sem graça uma planta que sobrevive sem água! – bracejou enquanto tentava explicar sobre algo que nem ao menos conseguiu convencer a si próprio.
Você fez um múrmur baixinho e virou o olhar para algum canto, confuso. Seus pensamentos festejavam alvoraçados na sua cabeça. Naruto tinha tantas palavras, tantos gestos, tanta energia para nenhuma palavra coesa. E o resultado te parecia desastroso demais. Não sabe mais o motivo pelo qual o convidara – isto te escapou da mente e correu mundo afora. Ou ainda, nunca soubestes a razão, uma frase espontânea entre tantas massivamente analisadas. "Você quer ir ver lá em casa?"
Ele quer falar de plantas, contudo o que queres dizer para ele?
Por que você não se apaixona?
Floricultura
Naruto & Ino
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Abriu a porta e o sininho sibilou indicando que você, um novo freguês, adentrava a loja Yamanaka. Particularmente não te agradava ir lá, pois tão logo que chegava era expulso. Isto quando pequeno, agora não é atrapalhado! Não era mais tão encrenqueiro, não era mais de aprontar para chamar atenção. Esperastes que o mesmo pensasse os donos.
Viu-a ali perto, na bancada, com o dorso da mão suportando o peso da cabeça. Uma cara de entediada, incomum. Ela era tão vivaz quanto você e não te percebeu, ali perto.
- Ino! Bom dia. – desejasse, sorrindo como lhe era comum. – Que cara horrível a sua.
- Vai se ferrar, Naruto. – bufou aborrecida, mas depois virou a cabeça e sorriu. – Deseja algo?
- Não sei, vocês têm outras plantas além de flores?
- Não... não temos, você sabe disso.
- Ah, tudo bem. – e andasse até alguma mesa baixa, abarrotada das mais diversas flores.
Ino te seguiu, esperando que mostrasse interesse por alguma para começar a falar sobre e acabar só te confundindo. No fim sabia que acabaria comprando tudo que aparecesse na conversa demasiada informática dela. Ino a superficial, a fútil, a do time dos idiotas, a interesseira, a briguenta. Ao contrário do que as pessoas poderiam ainda pensar dela e dele mesmo, você não a via mais assim como não queria que o vissem como era antes.
- Posso regar elas?
Ela está tentando te vender flores, entretanto tem alguém para dá-las?
Por que você não se apaixona?
Cerejeiras
Ino & Sakura
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- Vamos almoçar em baixo de cerejeiras, então por que trouxe um buque tão grande consigo? – debochou. – Se pensa em comer flores, me tira dessa.
Sakura te provocava enquanto estendia a enorme toalha sem estampa sobre o gramado. Estavam lá para o Hanami, porém tinha resoluto que o cenário de tal beleza plena poderia facilmente se tornar campo de guerra. Fariam crianças chorar e por isso, inconscientemente, escolheram um lugar afastado das outras famílias e casais.
- É para não vomitar enjoada de ver tanto rosa, testuda. – zombou dos cabelos coralinos dela.
Ao contrário do que esperava, ela sorriu para ti e deu um riso agradável. Vendo ajeitar-se numa posição confortável e abrir o bentou, notasse-a mudada. Ela não mais deixava o cabelo crescer como o seu. Também usava uma combinação degradante de roupas diferente das suas. E, principalmente, não alimentava mais a rivalidade, aquela dos tempos pueris. O único detalhe que permaneceu imutável foi, sem dúvidas, os insultos. Debaixo deles, do "Ino-porca" e do "testuda", sabia que ela não aceitou o convite por falta de pessoa melhor para o Hanami.
Ela está aqui, mas você sabe por qual razão foi levada a chamá-la?
Por que você não se apaixona?
Primavera
Sakura & Gaara
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Você acelerava a cada passo dado como se houvesse roubado aquele buque enorme de flores das abelhas e das borboletas. Tudo está lindo e celeste, tão em ordem em seu mundinho cor azul... até que... BAM!
- Me desculpe! Eu não te vi e, ah aah, e estava com tanta pressa... – dissesse com as palavras também atrapalhadas. Sua voz foi morrendo depressa ao perceber quão desastrada e estúpida era.
O ramalhete vicejante e gigantesco que você levava estava despedaçado e ferrado no chão, graças a força da colisão que teve com ele quando virou a rua correndo e não o viu surgir num segundo. Gaara tirava sutilmente as pétalas presas em si, parecia a pessoa mais calma da terra, como se nenhum elefante o tivesse atropelado. Viu-o bagunçar ainda mais o cabelo escarlate e algo aqueceu dentro de ti.
- Haruno Sakura, certo? – reconheceu-te, o rosto impassível. – Eu te compro outro. – e virou o corpo, provavelmente para ir até a floricultura.
Ele só lhe disse palavras imprecisas e secas, decidiu por segui-lo sem ter mais pressa ou vontade de correr. Ainda assim o coração batia desesperado dentro do peito, parecia assustada. Aproximou-se dele e ao encarar seu perfil sossegado, suas pupilas dilataram sutilmente. Você reconhece essa sensação? Ah, é a primavera.
Por que você não se apaixona?
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post scriptum: Está tão calmo e quieto até que você... ZING! BOOM! Ouve uma música da Björk.
