Um beijo não tem significado algum, mas pode mudar tudo.

Pov Bella.

A chuva era apenas uma névoa e os únicos sons eram o esmagar de terra molhada debaixo de meus pés, o vento gelado soprou fios negros sobre meu rosto, e eu os retirei - um gesto rotineiro- olhei o céu com desanimo grossas nuvens escuras se formavam, eu sabia que deveria me apressar, mas por teimosia mantive meus passos no ritmo de quem passeava.

Tentei desesperadamente ocupar minha mente com qualquer coisa que não fosse o que estava por vir, havia tantas árvores... Isso me deixou com poucas distrações, tentei sem sucesso relaxar, parei e procurei respirar profundamente dei uma pequena risada, mas mesmo aos meus ouvidos ela soou nervosa, recomecei a andar e parei novamente minha perna estava doendo levei a mão no lugar onde parecia doer mais, um pouco acima do joelho esquerdo, minha calça jeans estava molhada ,olhei rapidamente para o céu, mas não chovia , olhei minha mão e arfei , era sangue.

Eu estava confusa não conseguia me lembrar de onde havia me machucado, olhei em volta pela primeira vez com mais atenção, havia muitas árvores e qualquer direção que olhasse só se via árvores, senti o pânico vindo, mas empurrei-o para o fundo da minha mente, tentei lembrar o que me levou ali, mas minha cabeça doía dificultando o processo...

Dei mais um passo, mas a dor agora se fazia presente e eu tive que parar, olhou a perna novamente tentando avaliar a profundidade do corte foi quando sentir que não estava sozinha.

Olhei rapidamente em volta e não havia ninguém. Olhei vagamente as nuvens se movendo e quando dei por mim encontrei aquele que me observava, ele estava em cima de um carvalho, sua postura imóvel não condizia com o grande carvalho que se dobrava com a força do vento ele fez um gesto mínimo com a mão e o vento cessara e tudo ao redor era de um silencio absoluto quebrado apenas pelas batidas do meu coração.

Minhas vistas ficaram turvas , sentir minhas pernas cedendo e esperei a queda inevitável, mas não foi o chão que meu corpo encontrou , estava embalada nos braços daquele que me observava , olhei seu rosto jovem seus cabelos loiros cortados á altura do queixo e seus olhos verde em um tom levemente prateado dando um ar de felino e sem perceber dei um pequeno suspiro.

Ele era lindo e quando ele sorriu para mim algo se agitou em meu intimo e antes que me dessa conta do que se passavam seus lábios tocaram os meus em um beijo suave e contido e, apesar da minha mente vagamente registrar o que se passava dizendo que eu não deveria permitir, meu corpo tinha ideias próprias, pois com meus braços enlaçava seu pescoço diminuindo a distancia dos dois corpos e aprofundando o beijo sentindo os braços dele afrouxarem para em seguida me apertar contra seu corpo como se fundisse em um único ser.

Seu beijo que era gentil agora era faminto e desesperado então eu deixei escapar um gemido de prazer e dor, ele se afastou, mas me manteve em seus braços cativa... O que era bom, pois se não fosse ele a me segurar em seus braços eu cairia no chão, seus olhos se mostravam surpreso e eu pude o ouvir murmurar "você existe... Eu finalmente te encontrei." A última coisa que vi foi seu sorriso e então eu desmaiei.

–Bella... Bella...

Eu ouvia meu nome ao longe, abri os olhos, um gesto simples que se mostrava doloroso, levei as mãos aos olhos devido à claridade.

–Diminua as luzes do quarto.

–Pai...

–Querida que bom que está bem.

Quando as luzes diminuíram eu consegui focar as imagens a minha frente, meu pai estava com uma aparência cansada como se não dormisse há dias e seus olhos pareciam preocupados.

– De um tempo a ela.

Olhei em direção a voz.

– Olá meu nome é Denise, sou a enfermeira que está cuidando de você.

Denise era uma mulher na faixa dos cinquenta anos de olhar doce e voz suave que constratavam com seu cabelo cor de fogo.

– Gostou da cor? - disse ela afofando as madeixas, me senti constrangida em ser pega encarando seus cabelos.

– É muito... Bonito.

– Denise não é hora para isso - meu pai se aproximou de mim respirando profundamente e assumindo um ar profissional. – Bella, você sabe onde está?

Olhei em volta com atenção, sem sombra de duvida era um quarto de hospital.

– Em um hospital.

– Bem sim o que eu quero dizer é se você se lembra de como chegou aqui? Qual a ultima coisa de que você se lembra?

Levei à mão a testa apertando levemente com os dedos, eu estava confusa, não conseguia me lembrar de como chegara ali.

– Eu me lembro... Eu me lembro de estar no carro com Caroline - olhei assustada para meu pai. – Caroline... Onde ela está?

– Caroline está bem. Está em casa, ela vira mais tarde para vê-la. O que mais você se lembra?

– Eu me lembro... Que um cervo estava no meio da estrada e que... Batemos em uma arvore... Ela se machucou?

–Não ela está bem, só teve uma pequena torção no pulso, mas ficará bem. Do que se lembra de mais?

Eu olhei meu pai confuso, ele parecia ansioso.

–Eu... Não me lembro de mais nada.

Meu pai ficou visivelmente aliviado o que me deixou mais confusa, tentei levantar, mas uma tontura me fez deitar novamente.

– É melhor ficar deitada, você bateu a cabeça com muita força, mas fora isso está tudo bem.

Eu não tive reação nenhuma, mas me lembrava de claramente de haver um corte profundo na minha perna, meu pai se inclinou dando um beijo em minha testa.

– Descanse um pouco.

– Mais tarde eu trago algo para você comer- sorriu a enfermeira.

– Pai...?

Antes de sair do quarto ele se virou para mim.

–Sim?

–Quanto tempo eu estou aqui?

Houve uma troca de olhares entre a enfermeira e meu pai que me deixou inquieta, pois se não havia mais corte na perna eu devia estar a muito tempo ali. Meu pai se aproximou de novo da cama e pegou a minha mão com carinho.

– Você está aqui há dois dias. -novamente ele me beijou a testa e saiu.