Em Chamas
Janeiro, 1909, Amestris.
O sol já tinha se posto quando chegaram a estação. Era possível observar pela janela a uma multidão de pessoas esperando na plataforma, muitos com semblantes que apontavam certa mistura de sentimentos, que perpassam pela angústia, expectativa e, por fim, uma certa alegria. Todos, sem exceção, estavam aguardando a volta dos seus familiares e entes da sangrenta guerra de Ishval. A movimentação do trem havia cessado completamente, e após alguns minutos era possível ver as faces, que outrora exibiam um nítido conflito de emoções, serem preenchidas pela mais autêntica expressão de felicidade, a medida que os soldados e militares desciam dos vagões. Tudo era meticulosamente observado por um casal de militares - que exibiam um semblante de surpresa, como se toda aquela expressividade fosse algo alheia a suas realidades, ou como se nunca tivessem experimentando-as - dentro da silenciosa cabine.
O silencio que reinava aquele pequeno recinto, fora rompido pelo jovem, de cor alva e negros cabelos.
-Melhor nos apressarmos... O trem já está quase completamente vazio.
-Sim senhor - respondeu uma jovem loira, balançando a cabeça em concordância, enquanto se pôs de pé, a fim de buscar sua mala nos compartimentos acima do banco no qual estivera sentada.
O jovem, que a observava com um olhar que beirava a certa indiferença, parecia apenas espera-la, com a sua mala em mãos. A loira se virou, agora com sua bagagem e olhou o semblante do moreno a sua frente. O que carregavam em comum, não era a simples farda militar, mas um olhar vago, como se tivessem experimentado todas as atrocidades humanas. Um olha de quem já perda da tudo, até mesmo a alma. Fitaram-se por alguns segundos, em tão começaram a caminha para fora do vagão. Não expressavam qualquer tipo de expectativas para aumentarem os passos e chegarem logo a plataforma, como fizera os demais militares, e a razão era mais uma semelhança que carregavam: não havia familiares, amigos ou amantes que os esperassem. Eles não possuíam qualquer vínculo, e os ínfimos conhecidos que tivessem, não compareceram.
A plataforma já se encontrava bastante vazia, quando se comparado aos 30 minutos anteriores. Ao saírem do trem, observaram um jovem casal que começaram a acenar quando os avistaram. O rapaz, que também vestia o uniforme militar, exibia em seu eximo rosto uma armação, o que lhe configurava um certo charme, quando se comparado a muitos colegas – já que dentro de uma organização como o exercito, em a masculinidade e a agressividade são grotescamente cultuados em grande parte do contingente de homens, um simples detalhe acaba por provocar mudanças, que normalmente não seriam notadas. Ao seu lado, uma jovem de cabelos curtos, cujos fios lembravam os raios de sol quando atingem um campo de trigo, exibia em seu rosto um certo ar de graça e alegria, o que lhe configurava um semblante infantil, ainda que aparentasse ter um pouco mais de 20 anos.
Quando o jovem casal, que acabara de desembarca, chegou próximo ao casal de "pombinhos" ( era possível ver estrelinhas e corações circulando o indivíduos, uma espécie de áurea, de tanto que se beijavam e se abraçavam) , o moreno de armação pôs a falar:
- Royyyyy! Cara, que demora para sair do trem. Achei que tivesse se perdido dentro dele. Já estava ficando preocupado, achando que não poderia te apresentar a Gracia-san! Era dela que viva falando pra você, man – nesse momento olhou para a garota que agora se identificava como Gracia, com um enorme sorriso, feito crianças quando recebem guloseimas – Ela não é linda?! Iremos nos casar o quanto antes, não é mesmo meu chuchuzinho? – enquanto falava a abraçava e colava suas bochechas uma na outra, o que fez a garota ruborizar.
- Sim, sim. Temos que primeiro organizar uma pequena festa de noivado, meus pais insistem – fala Gracia, olhando para o chão, com certo constrangimento. Não que não desejasse uma festa de noivado, mas conhecia os pais, e apesar de terem prometido algo "pequeno", ela sabia isso significava que TODA a família e amigos estariam presentes, o que lhe causava um certo receio, não queria afugentar o pobre rapaz. Imaginava que tivesse passado por fortes experiências na guerra, e não queria mais uma em sua vida. Sua família sabia ser extremamente IRRITANTE, principalmente quando se tratava de compromissos. Já haviam desfeito dois noivados de duas de suas primas, e receava que fosse a próxima.
- Iremos organizar do jeitinho que você quiser meu amor – surgem corações no lugar dos olhos - e depois casaremos, e teremos uma linda família – olha com o olhar bobo - ... O que você acha que marcamos para daqui a uns 3 meses? – a pergunta agora não se dirigia apenas a Gracia, mas também a Roy.
- Hughes, você sabe que não sou a favor dessas loucuras. Espere mais um pouco para casar com a moça, desse jeito você vai acaba-la afugentando pensando que você é um desses maníacos a solta, que se aproveita de belas jovens – olha para a moça que agora estava da cor de um tomate maduro.
- B... Be-... Bem, acho que podemos discutir isso mais tarde querido – se dirigindo a Hughes - ... E você, como se chama? – olhava a jovem loira ao lado de Roy, que desde que chegaram se quer pronunciou uma palavra.
- Haa... Eu? Me chamo Riza Hawkeye – disse a jovem, com um sorriso que não chegava a ser "amarelo", mas que transparência pouco interesse de participar da conversa entre os amigos e a noiva de Hughes.
- Haaa... Prazer em conhecê-la. Gracia... – enquanto pronunciava, estendia a mão em um sinal de cumprimento.
- Prazer...
- Bem, Roy, Riza... acho que estamos indo. Só fiquei esperando vocês para apresenta a minha bela noiva. E vou logo avisando a você, man, quero te ver como padrinho desse casamento... Vai que descola uma noiva também – sorrir para o amigo, que não o retribui... Hughes sempre que podia, tocava naquele insistente assunto, de que o amigo deveria arranjar uma bela mulher logo, que a vida de militar era muito instável, e que a qualquer momento poderia haver uma nova guerra, e se ele não se apressasse logo, perderia a oportunidade de se deleitar na magia que é ter uma família e uma bela esposa. Não que ele conhecesse na pele o que isso se significava, mas pela cara e planos que Hughes estava fazendo, assim que chegou de Ishval, isso significava que logo mais teria que escutar relatórios detalhados dessa "incrível" vida de casal.
- Hare, hare... Quanto ao fato de ser seu padrinho... – sorri para o moreno de óculos – Acho que não precisa de respostas... E quanto ao segundo assunto – olha para o amigo que se encontrava ao seu lado, caminhando juntos para a saída da estação de metro - você sabe minha opinião " ...uma mulher diferente a cada dia em minha cama me deixará mais do que feliz..."
Hughes, que agora se encontrava na rua coberta de neve, acenava para o táxi, enquanto falava com seu amigo.
– Bem Roy, vê se toma jeito... Depois de tudo o que a gente viu na guerra, tenha certeza que a única coisa que me motiva a continuar a viver, é tentar fazer aquela mulher feliz – apontava com os olhos, embaixo da armação, a mulher mais alta, com roupas de civil, que se encontrava agora um pouco distante ao lado da militar.
- Bem, acho que você não deve deixa-la esperando mais Hughes – diz Roy batendo nas costas do amigo.
- É verdade – concordava, coçando a nuca - bem, acho que vou indo mesmo... – caminhando de volta junto com o outro moreno, ao local em que se encontrava as duas garotas, o qual aparentava ser um ponto de taxi – Haaa... É mesmo, já ia esquecendo... Vocês querem uma carona? Vou deixa a Gracia em casa, e pelo o que lembro você mora a uns dois quarteirões de distancia...!?
- Não, não... Obrigada Maes, mas vou deixa a Hawkeye em casa primeiro. Prometi ajuda-la em algo...
- Hummmm... – seu tom de voz parecia querer dizer "sei, conhecendo você, só sei de uma coisa que você pode ajudar a pobre garota...". Esses e alguns outros pensamentos um tanto quanto perversos perpassavam a mente de Hughes.
- Não é nada disso que você estar pensando... E além do mais ela é a filha do meu falecido sensei... A vi crescer... – essa ultima frase era uma forma de dizer "...é como se fosse uma irmã para mim Hughes... E depois o pervertido, mulherengo, que só pensa coisas pecaminosas e sexo, sou eu, não é mesmo?"
- Enfim, Roy... acho que vou indo de vez agora, cara... Tenho que matar a saudade com a minha bonequinha... – olhava com alegria a bela mulher que possuía suas mãos entrelaçadas nas dele - ...E acho melhor vazar logo daqui, daqui a pouco minha Gracia-san vai pensar que prefiro sua companhia a dela... – faz cara de nojinho, enquanto entrava no carro amarelo e dizia - Tchau Roy... Tchau Riza-san...
O jovem casal, que agora via o carro partir, encontravam-se em uma rua que horas antes era preenchida por buzinas, faróis, vozes e risos. Agora, apenas o suave som do vento nas poucas arvores ,que não se encontravam desnudas, era ouvido. Novamente, como se falassem pelos olhos, os dois indivíduos, após se olharem alguns instantes, iniciou uma caminhada pelas desertas ruas da Cidade Central.
A presença de todos os militares, que tiveram participação ativa na guerra de Ishival, ao Quartel General Central fora requisitada ao fim do massacre. Como direito a todos e quaisquer militares, com status ativo no conflito, a dispensar dos serviços militares por um certo período – uma espécie de férias, caso o contexto fosse diferente da carnificina vivida por aqueles indivíduos – os eram concedidos. O prazo para requisitar a dispensa era de uma semana. Acabando tal período, os militares que não tivessem preenchido o formulário do pedido, seriam relocados aos quarteis de origem, devendo volta a suas funções burocráticas anteriores a guerra. E, em caso de subida de patente, seriam destinados a novas tarefas.
Os dois jovens que se encontravam frente a uma porta, do que parecia um apartamento, em um bairro próximo a Central, já havia decidido voltar ao serviço o quanto antes. A decisão final fora tomada dentro do trem, e apesar de terem chegado a um consenso com o seu interior, as razões que os motivavam divergiam. Enquanto que a primeira havia decidido continuar seus serviços no exercito, não só pelo simples fato de não existir mais nada que a motivassem – ausência de familiares e amigos – como também acha um quanto perturbador tirar uma licença para curar feridas que sabia que nunca sarariam. Elas estariam sempre lá, exposta, provocando dor e sofrimento. O que melhor podia fazer era ocupar sua mente, em vez de divagar sobre Ishval.
Já o segundo, via a dispensa como um atraso ao seu plano de ocupar o topo do regime militar. Após a guerra, tivera certeza que o seu sonho era mudar aquele país, manchado de forma brutal por uma guerra sem finalidade, de modo a poupar o sangue inocente de futuros cidadãos. Não mediria esforços, enquanto não se tornasse o Fuhrer, e dispensar o período de descanso oferecido era um desses.
Ao encarar o interior do imóvel, a jovem Riza, sentiu, pela primeira vez desde o inicio da guerra, um certo conforto invadir o seu corpo. Aquele ambiente, que embora tivera pouco contato, tornou extremamente familiar e aconchegante. Talvez fosse apenas a sensação de calor que aquele local transmitia – e com um clima frio, como o que estava invadindo a cidade, um pouco de calor já era o suficiente para causar essa sensação – mas não se importou muito em analisar essas estranhas sensações.
Adquiriu aquele imóvel antes de ir para a guerra. Antes de entrar para a academia militar, havia vendido a casa em que crescerá, não só por não ter mais intenção de adentrar aquele recinto, mas como símbolo de uma tentativa de recomeça a vida longe daquele ambiente que por anos fora seu cativeiro particular. Sempre quisera conhecer a cidade Central, e apesar de não haver garantias, tinha prometido a si mesma que se voltasse viva de Ishval, tentaria recomeçar sua vida naquela cidade, longe de seu passado. Poucas vezes estivera ali, provavelmente umas duas ou três vezes, apenas para acertar o contrato e da uma organizada no local. O apartamento era pequeno, e sem luxo. Assim que adentrava pela porta, era possível ver ao lado esquerdo um pequeno armário instalado, e logo em seguida duas portas – a primeira dava acesso ao banheiro, enquanto que a segunda, a cozinha. Olhando em frente era possível ver uma mesa, com dois acentos, e ao seu lado uma cama de casal encostada na parede. Colocou sua mala em cima do armário e deu passagem para o moreno passar, o qual repetiu a mesma ação, pondo sua bagagem ao lado da dela. Até aquele momento, nenhum dos dois havia trocado quaisquer palavras. Porém o silencio mais uma vez fora interrompido por Mustang.
- Você tem certeza que quer fazer isso?
- Sim, senhor. Tenho certeza sim. Eu não desejo carregar esse fardo por mais nem um minuto, nem o medo de gerar um novo alquimista das chamas... – apesar de seu semblante transparecer calma, sua voz tinha um fio de tristeza e angustia.
Começou assim, a se despir em frente ao moreno, retirando primeiro o grosso casaco azul, parte do uniforme de Amestris, pondo em cima da mesa de madeira. De costas, retirou mais uma peça, uma blusa preta de gola alta e mangas curtas. Por último retirou o sutiã que cobriam os seus seios. Quatro anos antes, essa mesma cena ocorria. Sendo que, invés de destruir os segredos da Alquimia das chamas, ela os mostravam para o único homem – além de seu pai – a ter conhecimento de tal sigilo. Ajoelhou-se, ainda de costas a Mustang, cobrindo os seios com as mãos. Foi quando ouviu:
- Hawkeye, por favor, não há a necessidade disso. Além de mim, não há mais ninguém que saiba que você carrega esse segredo... – ele tentava a subornar, a desistir daquela ideia ridícula de queimar suas costas.
- Senhor, acho que deixei bem claro quando estávamos diante daquela sepultura, que eu não tenho desejo de continuar a carregar esse fardo. O senhor concordou em me ajudar. Por favor, não desista... – por alguns segundos o silencio volta a reinar, porém é logo interrompido por Riza, que continua a fala – Eu não quero mais carregar esse peso que não me permite ser Riza Hawkeye...
- Desculpa, Riza...
Ao ouvi o seu nome, sentiu um certo desconforto. Não dos ruins, mas dos bons. Fazia anos, que não a chamavam pelo nome. Com exceção a sua amiga Rebecca, os demais chamavam pelo sobrenome.
- Tudo bem senhor, sei que deve ser difícil pra você também isso.
Roy pôs suas mãos dentro do casaco, à procura de suas luvas. Ao encontra-las, as vestiu, e posicionou suas mãos de forma a produzir as faíscas, porém antes de concretizar tal ato, dirigiu-se para mais perto de Riza, e falou:
- Estar pronta?
- Sim senhor.
Nesse instante, faíscas surgiram no ar e começaram a tocar a pele da jovem Riza, de forma a queima-la, e já em alguns pontos filetes de sangue começavam a escorrer sob a desnuda costa branca. Roy não pretendia prolongar muito esse sofrimento, que não só afligia a loira, como o lhe atingia também. Vê-la estática, diante de tal dor, o apenas o machucava ainda mais. Antes de iniciar esse verdadeiro circo de horrores, decidira queima apenas algumas partes, que considerava crucial para o entendimento do conhecimento ali tatuado. Sabia, porém, que tal desenho não havia sido gravado de maneira convencional, o que o faria queimar um pouco mais a carne da filha de seu sensei.
Havia se passado 15 minutos, quando as chamas cessou. A jovem diante de Mustang, durante todo o procedimento não soltara se quer um som. Estava estática. Porém a dor que sentia era desumana. Fazia questão de sentir cada sensação de dor, de modo a tentar redimir um pouco todos os pecados cometidos naquela sangrenta guerra. Sabia que não se redimiria dessa forma, mas era o mínimo que poderia fazer. Porém, por mais que estivesse "aproveitado" cada momento daquele autoflagelo, seu corpo era humano, e como tal, sua resistência à dor não era inexistente. A não hesitação de Roy junto com o silêncio da loira, fez com que a mesma chegasse ao limite de dor suportado por uma pessoa, antes de seus sentidos falharem, em uma nítida reação do cérebro em diminuir a carga de impulsos enviada a ele. Fora nesse momento que Riza desfaleceu sob o chão frio do apartamento, provocando, pela primeira vez desde o desembarque do trem, uma reação no rosto do moreno. O homem, que agora possuía sua face dominada por um evidente desespero, correu em direção a Riza, tentando evitar que ela se choca-se contra o chão, porém foi em vão. Encarou as costas, agora queimada, e se sentiu mal ao sentir o cheiro de carne queimada, bem como os filetes, que agora se transformaram em nítidos "rios" de sangue nas costas nuas da loira, escorrerem pelas suas roupas. Sabia que teria que fazer algo, para evitar que esse sofrimento se tornasse maior que já estava. E apesar de não se sentir, necessariamente, confortável com a situação, começou a retirar o restante da roupa da garota em sua frente. Primeiro retirou os coturnos de couro, bem como suas meias. Subiu suas mãos então pelo corpo de Riza, até parar sobre seus quadris, puxando tudo (calça, calcinha...), deixando-a nua em sua frente. Sem pensar, suspendeu-a e a pôs de bruços sob um dos seus ombros e a carregou até o banheiro, enchendo a banheira com água em temperatura normal – e que devido ao clima, se aproximava de temperaturas negativas - pondo o belo corpo da loira na banheira. De imediato, a cristalina agua adquiriu uma tonalidade rubi, devido ao sangue que saia das queimaduras. Ele sabia que as baixas temperaturas aliviariam a dor, como também estancariam os sangramentos. Com certo cuidado, limpou as feridas nas costas de Riza – nessa altura da situação, já tinha despido algumas de suas peças, encontrando-se apenas com a calça do exercito, e também muito molhado. Ao perceber que o corpo de Riza tremia um pouco, retirou-a da banheira, pondo na configuração inicial de quando a carregou pela primeira vez. Foi ate o quarto, e a deitou de buços na cama, mesmo que ainda molhada. Então pôs a procurar uma toalha, encontrando no armário um par. Aproveitou e pegou as duas, já que ele também precisava se enxugar. Retornou ao quarto, e a jovem Hawkeye encontrava-se ainda desacordada. Não sabia ao certo se aquele estado era devido mais ao desmaio ou o cansaço acumulado nesses anos de guerras. Porém, de qualquer forma não poderia deixa-la dormir molhada, pois com o clima frio e as eventuais ondas de resfriado que anualmente acometia a população de Amestris, ela adicionaria mais um problema a lista de enfermidade – agora com serias queimaduras para tratar -: um resfriado.
Dessa forma, começou a enxugar o corpo da jovem a sua frente. Se antes, Mustang não observará os atributos daquela mulher, devido à preocupação que o desmaio de lhe causará, agora, com mais tranquilidade, passará a observar aquele corpo em sua frente.
Antes de ser tornar o famoso Coronel Mustang – daqui a alguns meses – não só pela sua habilidade em guerra, mais também pelas conhecidas guerras travadas na cama, o jovem Roy já havia visto muitos corpos. E não de indigente, vale ressaltar. Vira inúmeras mulheres nuas na sua vida. Todas dos mais variados tipo. E tinha certeza que nenhuma se aproximava se quer da perfeição que aquele corpo em sua frente. As sinuosas curvas de Riza encantaram o Mustang. Todas as linhas que ela possuía não eram demasiadamente grande, nem tão pouco pequenas. Na verdade, Roy não sabia para onde olhar primeiro, para gravar aquilo em sua memoria. Porém achou que seria melhor começar a "enxugar" o corpo pelos pés e ir subindo seu campo de visão sob aquele corpo.
Para começar, os pés de Riza não eram nem pequenos, nem tão pouco grandes. Assemelhava-se mais a um pé do que poderia ser uma princesa. A pele dos pés de tom claro exalava uma macies e textura jamais tocados. Subindo, encontrará suas pernas. E "OHHH que pernas", ele pensava. Firmes – que a seu ver, eram decorrentes dos intensos exercícios praticados, tanto na academia, quanto em campo – lisas, e bem torneadas, o que definitivamente combinava com o seu bumbum arrebitado. Como estava deitada, com o corpo levemente inclinado para o lado, era possível ver todo o contorno daquele traseiro. Não muito grande, mas tão pouco era pequeno. Era do tamanho ideal para apalpar. E aproveitando essa "torturante" tarefa de enxuga-la, não poderia deixar de seca aquela bela parte do corpo de Riza. E ao toca-los, "Nossa!", pensava o Mustang, admirado com a textura. Uma certa mistura de rigidez com macies definiria o prazeroso ato de toca-los. "Haaa, como eu queria segura-la pelo bumbum, e apertar cada centímetro desse lindo corpo em minha frente". Naquele momento, o que poderia haver de sensato no alquimista, desaparecera, pois se quer a estava vendo como filha do seu sensei, como afirmara ao amigo mais cedo. O que via ali era uma mulher que tanto queria possuir.
Faltava pouco para acabar a sua excursão pelo corpo da jovem loira em sua frente. Com um certo toque firme, começou a enxugar a barriga de Hawkeye, que até o exato momento se encontrava desacordada. Lisa, firme e sem muitos músculos – tal como o restante do corpo – essa era a definição de sua barriga. Uma fina cintura, que dava acesso não só acesso ao seu belo sexo – que devido à posição de Riza, estava escondido sob as pernas – como também aqueles seios fartos em sua frente. Sim, esses eram os mais belos já vistos. Os mamilos exibiam uma tonalidade rosa, bastante convidativa, o que despertava uma certa "fome" em possui-los. E o seu tamanho encaixava perfeitamente nas grandes mãos daquele homem. Porém ao toca-los com a toalha, sentiu que a loira havia de certo modo, respondido aquele toque, se mexendo um pouco na cama. Mas logo, voltara ao profundo descanso que estava instante atrás. Foi nesse momento, em que Mustang percebeu a grande idiotice que estava fazendo, desejando-a. "WTF? O que é que estou fazendo?" – pensou enquanto afastava as mãos, que outrora repousava nos fartos seios a sua frente – " De todas as mulheres, essa é a única que não deveria tocar um dedo... Prometi ao sensei que cuidaria dela... E acho que quando ele pediu para eu cuida-la, não era pra cuidar da forma que eu cuido das 'outras', mas acho que mais para um cuidado de irmão...". Se sentiu um pouco envergonhado com o que acaba de fazer e pensar, e o calor e volume que crescia por baixo de suas calças, intensificava ainda mais esse sentimento.
Tratou de ir ao banheiro. Como estava dormindo, achou que ela não se importaria dele usar seu banheiro para tomar um banho e acalmar os ânimos. Demorou alguns minutos dentro do relaxante banho, e quando voltou devidamente tomado banho, e vestindo as poucas vestes secas que havia sobrando após o incidente do banheiro, tratou de ver como Riza estava. Nada havia mudado, lá estava ela calma, dormindo com um semblante digno de anjo. Percebeu também, que nunca havia notado muito o seu rosto. Sabia que tinha belos traços, mais nunca havia de fato parado para analisa-los. E este, agora diante de si, exibia um ar um tanto quanto sedutor, ao mesmo tempo infantil, o que lhe configurava um certo charme, o que fazia um belo contraste com o corpo de mulher que carregava. Mas, novamente, ele não estava ali para fica lhe admirando, mais para cuida-la. Tratou de pega um kit de emergência, que carregava na mochila militar, e algumas ataduras, para cobrir os ferimentos.
Haviam se passado 20 minutos desde que cuidava dos ferimentos de Riza, quando Roy finalmente terminou os procedimentos. Como a neve havia se intensificado – era mais provável que agora se tratasse de uma nevasca, devido à grossa camada de gelo que já cobria a rua – como pode constar ao observa-la pela janela do imóvel. Como também já estava tarde, algo entre meia noite e 1h da manhã, o moreno decidiu dormir por ali mesmo. Ajeitou algumas colchas que encontrara no armário, e improvisou uma espécie de cama, no meio da sala/quarto. O seu corpo, após tanto tempo, poderia ter o devido descanso.
Os primeiros raios de sol começaram a invadir aquele ambiente, despertando o moreno que ali dormia. Abriu os olhos e ao olha onde Riza repousava, perceberá que ela ainda estava dormindo. Então, começou a organizar os lençóis que havia servido de cama. Estava um pouco dolorido devido ao duro chão, mas tinha que se apressar. Não queria que ela soubesse que ele havia dormido em sua casa, sem ao menos a consulta-la. Não que houvesse como saber que tudo aquilo iria acontecer, mas de qualquer forma tinha dormindo sem o seu consentimento. Quando se preparava para por a jaqueta militar e pegar suas coisas, ouve-a falar:
- Senhor, o que você esta fazendo aqui?
Sem hesitar, Roy se vira em direção a ela, porém ao olha-la, percebe que o lençol que a pouco cobria o seu corpo, deslizara, relevando seus fartos seios a ele, tal como se recordara. E, ao contrario do que o alquimista pensou, ela não ligou para esse detalhe. Continuou a encara-lo.
- Senhor...?
- ... Haaa, desculpe Riza. Acabei dormindo aqui... Logo após eu queimar suas costas, você acabou desmaiando... Coloquei você de imediato na banheira, pra ver se a água fria estancava seu ferimento, e como você não acordava, a pus na cama... - tentava justificar o porque dela estar nua em sua frente, mesmo não tendo perguntando – Fiz os seus curativos e acabei adormecendo por aqui...
- Haaa... –sente sua face fica levemente corada, coisa rara de se acontecer. Tenta por sua mão nas costas, para sentir os ferimentos, porém sente dor, e acaba deixando escapar um som, muito baixo, mas perceptível.
- Acho que os ferimentos não formaram uma casquinha ainda, Riza. – explana em seu rosto um leve sorriso, e se aproxima da jovem, sentando na beirada da cama - Se vire para eu poder trocar os curativos... Se quiser posso fica vindo aqui cuidar dos ferimentos... afinal fui eu que os causeis... – agora o rosto, que antes exibia um sorriso alegre, era preenchido por um certo sentimento de tristeza.
- Ehhh... Eu acharia ótimo – fala Riza, se virando e dando um sorriso meigo.
Após trocar os curativos, que, diga-se de passagem, estavam cobertos por sangue e pus, Roy faz menção de se levantar da cama, e seguir o seu curso, porém sente uma mão o segurar.
- Fique mais um pouco - diz Riza, que se aproxima do moreno, até suas faces ficarem encostadas, ao passo de escutarem a respiração do outro.
Ele então toma a iniciativa, e cola os seus lábios nos dela. E mais uma vez, em vez que oferecer resistência aos atos de Mustang, Riza apenas se entrega aquele momento, pondo sua mão na nuca do moreno, acariciando seus fios macios. Ele então põe sua mão com cuidado nas costas da loira, enquanto que com a outra segura os poucos fios da Riza, aproximando ainda mais suas bocas. Ela por sua vez começa a retirar a blusa branca que o alquimista do fogo usava, revelando um eximo peitoral e tórax, coberto por músculos, bem como os largos braços que a envolvia. Roy então a puxa para o seu colo, o que a faz saltar um leve gemido. O calor e volume que se alastrava por aquela região a excitava, fazendo com que entre as caricias e beijos, fosse retirando as poucas peças que ele ainda vestia. Quando viram, Riza estava nua em cima de Mustang, agora também despido, em caricias e beijos. Afastaram um pouco os rostos para respirarem, e como sabia que não queria perder tempo apenas respirando, Roy começou a distribuir beijos em seu pescoço, próximos a orelha e foi descendo até o busto da loira. Ela por sua vez, apenas o observava, e soltava alguns gemidos de prazer.
Não acreditava que estava ali com ela, tendo esse momento tão prazeroso, quando começou a chupar os tão desejosos seios da moça. Ele a tocava com maestria, um toque firme e seguro, como se fossem antigos amantes. Ao de deleitar com um dos seios, Mustang aproveitava sua outra mão, nada boa, para acariciar o outro seio, massageando e acariciando o rosado mamilo. Riza, agora, gemendo de prazer, pôs sua mão no membro ereto do alquimista, o massageando, o que provocou um estado de torpor no moreno, fazendo solta a mão que antes acariciava os belos seios, para começa a estimular o sexo dela. Percebeu que esse já se encontrava molhado, "perfeito para eu penetra-la", ele pensou. Enquanto que um dos dedos massageava o clitóris, o outro começou a penetrar pela cavidade, levando a loira, que antes estava aos delírios, ao êxtase. Porém Roy sabia que aquilo só seria o começo, então após lamber o mel que escorria em seus dedos, e logo em seguida a beijou, fazendo a provar do próprio sabor. E sem lhe dá tempo para reagir, a penetrou de forma sensual e prazerosa, e a sensação que tivera é que nunca sentira tamanho prazer na vida. Ela por sua vez falava:
- Ohh... Mustang... isso... – e aproximava mais os corpos um do outro.
- Haaa, Riza... Você esta me fazendo o homem mais feliz do mundo... – a beijando e aumentando o ritmo das estocadas.
- Isso, isso... oh Mustang... - encrava suas unhas nas costas do moreno, o atiçando ainda mais – Mustang... Mustangggg!
-Mustang!
Roy abre os olhos ao perceber que alguém o chamara. Quando percebe, Riza, que antes estava preste a ter um orgasmo em seu sonho, estava prostrada em sua frente, e diferentemente do sonho, ela se encontrava vestida. Aquilo havia sido uma punhalada no ego do moreno. Achava que o sonho era de fato realidade, mas ao encarar a verdade nua e crua, um sentimento de culpa o invadiu. Tinha sonhado com a garota que virá crescer, que tinha revelado o segredo das chamas para ele, e que antes de seu sensei morrer, prometera cuidar dela, como se fosse uma irmã. Era essa Riza, que agora a pouco povoava seus sonhos eróticos. Ao lembrar-se disso, percebeu um grande volume por debaixo da calça, o que o fez esconder sob os lençóis sua ereção.
- Mustang! Você esta me ouvindo? O que o senhor faz aqui, deitando no meu chão? E por que eu acordei nua? – a jovem loira, agora olhava o alquimista com um certo ar de fúria.
- Haaa, desculpa Riza... Você acabou desmaiando ontem, quando terminei de queima suas costas, e como estava sangrando muito, pus você na banheira, para ver se água fria estancava o sangramento... Depois disso a coloquei na cama, fiz alguns curativos, e acabei dormindo por aqui... – breve momento de silencio - você parecia muito tranquila ao dormir, e sei que depois do que vivemos em Ishval, esses momentos são raros... Por isso não a acordei – apesar dela não ter verbalizado a pergunta, o seu olhar o questionava sobre isso, por isso a resposta do moreno – Bem e ao fato de eu ter dormindo aqui – responde o alquimista, devido a mais um olhar o lançado – foi porque ontem, após você apagar, uma nevasca começou a cair... Ai acabei pegando alguns lençóis e dormir por aqui...
Ela o observa com um certo olhar questionador, como se tenta-se extrair a verdade daquele que estava diante de si. Por fim, ao observar que o que ele dissera era de fato o que ocorrera, da de ombros, e começa se prepara para sair. Não havia comida em casa, e também não jantara no dia anterior, o que a fazia sentir uma grande fome.
- Espere, eu vou com você – dizia Roy, enquanto terminava de fechar alguns botões de sua blusa aberta, e jogar a jaqueta por cima. Parou do lado dela, próxima a saída, e pegou sua mala, jogando atrás do ombro.
Ela por sua vez fechou um belo casaco preto que vestia, e abriu a porta, saindo do recinto com Mustang, enquanto fechava a porta atrás de si.
Ainda que não admitisse, saber que ele a vira nua a tinha deixado um pouco desconsertada, mas como se tratava de Riza Hawkeye, não deixava transparecer sequer uma expressão que revelasse o que estava sentido. Mesmo inconsciente, tivera nas mãos daquele, que estivera à procura, e, mesmo sem saber o que era aquilo que sentia, sabia que com ele estaria segura, não só para confiar os seus sonhos, mas quem sabe um dia, o seu coração também.
