Capítulo 37: casamento – parte II

A cerimônia do casamento de Harry e Ginny foi iniciada com algumas palavras do Ministro da Magia, que foi a pessoa habilitada a validar votos de matrimônio, escolhida para presidir aquele casamento.

— Sejam todos bem-vindos a esta memorável cerimônia. Em nome dos noivos, agradeço a presença de todos. — Começou o Ministro. — Este é um dia muito alegre e é com essa alegria que espero que todos aqui recebam Harry e Ginny.

Após essas palavras do Ministro, Harry e a senhora Weasley posicionaram-se ao final do tapete vermelho, prontos para iniciarem sua caminhada até o altar. Uma leve melodia começou a soar, vinda de um violino, tocado habilidosamente por um sorridente Charlie Weasley.

— Eu não sabia que Charlie tocava violino, — comentou Harry em voz baixa para a senhora Weasley.

— Ele toca e divinamente, — respondeu Molly — mas pediu para não contar, pois ele queria fazer uma surpresa para você e para Ginny. Esse é o presente dele para vocês dois.

Harry sorriu. Ele era realmente um homem de muita sorte, primeiro por ter alguém como Ginny amando-o e segundo por ter encontrado uma família incrível da qual fazer parte.

— Podemos ir, querido? — Perguntou Molly.

Harry respirou profundamente e disse:

— Podemos.

Harry e Molly iniciaram a caminhada em direção ao Ministro da Magia. A cada passo, o sorriso de Harry aumentava, pois cada passo o deixava mais perto de casar-se com o amor de sua vida. Os dois cruzaram o tapete vermelho e pararam em frente ao gazebo, Molly deu um apertado abraço e um beijo na testa de Harry. Em seguida se afastou e foi sentar-se ao lado de alguns de seus filhos.

Harry subiu os dois degraus do gazebo, se colocando em frente ao Ministro da Magia.

— Preparado, Potter, para casar-se? — Questionou o Ministro.

— Certamente, senhor. — Respondeu Harry ainda mantendo seu enorme sorriso.

Depois que Harry e Molly terminaram sua caminhada, os padrinhos colocaram-se no início o tapete vermelho. Rony e Luna fizeram o trajeto pelo corredor repleto de rosas, com largos sorrisos em suas faces, distribuindo a simpatia típica do casal. Assim que pararam em frente ao gazebo, Rony beijou a mão de sua namorada e a ajudou a subir os dois pequenos degraus do gazebo. Luna se colocou do lado esquerdo do gazebo, em seu posto de madrinha. Rony então se dirigiu a Harry, seu melhor amigo, abraçando-o carinhosamente. Depois se colocou atrás de Harry, em seu posto de padrinho, do lado direito do gazebo.

Em seguida, quem se posicionou no início do tapete vermelho foi Hermione. Naquele momento, Severus dedicou sua total atenção à ela, que estava ali parada, com um enorme sorriso nos lábios.

Hermione tinha em suas mãos uma delicada almofada de cetim branco, sobre essa almofada, estavam as alianças de Harry e Ginny, amarradas com uma delicada fita, também de cetim, no centro da almofada.

Hermione iniciou a caminhada em direção ao gazebo, em seu rosto estava nítida a felicidade de participar de um momento tão importante na vida de seus amigos.

Severus acompanhou atentamente todo o trajeto de Hermione por entre aquele corredor repleto de rosas brancas, viu o sorriso dela e também aquele olhar brilhante, tão típico de sua amada. Naquele instante, Severus se permitiu devanear um pouco e imaginar um futuro próximo, onde desejava ver Hermione fazendo esse mesmo trajeto, só que dessa vez para encontrá-lo no altar, para tornar-se sua esposa.

Enquanto Hermione caminhava seu olhar vagava entre os convidados de Harry e Ginny, mas assim que seus olhos castanhos encontraram os olhos negros de Severus, Hermione já não pode mais desviar o olhar. Caminhou até a frente do gazebo com seus olhos presos aos de Severus.

Quando terminou sua caminhada, Hermione foi ajudada por Rony a subir os dois pequenos degraus do gazebo, depois colocou-se em pé ao lado de Luna, para aguardar a entrada da noiva.

Assim que assumiu seu lugar, Hermione voltou a olhar para Severus, que também tinha os olhos nela. Hermione deu um brilhante sorriso para seu amado antes de voltar a atenção para a entrada da noiva.

Severus recebeu aquele sorriso com o coração palpitante, era um homem de muita sorte por ter uma mulher tão linda e perfeita ao seu lado. Ele teve que reunir toda a sua força de vontade para desviar os olhos de Hermione e fazer como todos os demais e virar-se para a entrada da noiva.

Assim que Ginny e o senhor Weasley se posicionaram no início do tapete vermelho, todos os convidados viraram-se na direção deles.

Quando Harry avistou Ginny, em seu estonteante vestido de noiva, foi incapaz de segurar as lágrimas, precisou até tirar os óculos para secá-las. E em vez de usar o lenço que havia em seu bolso, usou as próprias mangas de seu paletó.

Assim que Ginny viu o gesto, não pode evitar de sorrir, Harry não mudaria seu jeito simples de ser e ela amava isso.

Ginny respirou profundamente, estava muito emocionada, mas não iria chorar, não queria chorar, pois já havia derramado lágrimas demais em sua vida e não queria derramar lágrimas no dia mais feliz de sua existência, naquele dia só desejava sorrisos.

— Está pronta, meu amor? — Questionou o senhor Weasley.

Ginny ajeitou o pequeno buque de rosas em sua mão esquerda, olhou então para seu pai, que ainda não havia conseguido parar de chorar e disse:

— Sim, papai, eu estou pronta.

Ginny então iniciou sua caminhada em direção a Harry, sendo conduzida por seu pai. O olhar de Ginny estava em Harry, assim como o olhar de Harry estava em Ginny. Ela percebeu que ele estava com aquele típico sorriso bobo sobre os lábios.

Ginny suspirou novamente, mal conseguia acreditar que estava casando-se com seu amor de adolescência, sua felicidade quase não cabia no peito.

A ruiva estava fazendo uma enorme esforço para manter-se forte, não queria chorar, queria apenas dedicar sorrisos a Harry naquele dia tão especial para os dois.

Assim que chegaram em frente ao gazebo, o senhor Weasley abraçou a filha carinhosamente e deu um beijo em sua testa. Em seguida, apertou a mão de Harry, logo também o puxando para um abraço.

Arthur pegou a mão de Ginny e depois a mão de Harry, colocou-as juntas e disse:

— Eu sei que serão muito felizes.

Ele então se afasta, vai sentar-se junto com a esposa, que logo lhe alcança um novo lenço, pois as lágrimas dele ainda não haviam cessado.

Ginny e Harry sorriram um para o outro.

Harry abaixou-se e beijou a mão da futura esposa.

— Você está maravilhosa. — Disse ele.

— Você também está maravilhoso, meu amor. — Disse Ginny.

Harry então ajudou Ginny a subir os degraus do gazebo, para finalmente colocarem-se em frente ao Ministro.

— Harry, Ginny, é com grande prazer que estou aqui, em frente a vocês dois, para realizar a cerimônia de seu casamento.

A cerimônia não foi muito longa, porém foi emocionante. Assim, logo encaminharam-se para a parte final, os votos do casal, e posteriormente, a entrega das alianças.

Hermione saiu de seu lugar e parou ao lado de Harry, já que ele seria o primeiro a fazer os votos.

— Eu não sou muito bom expressando meus sentimentos e você sabe disso melhor do que ninguém, já que eu levei muito tempo para me dar conta do que sentia por você. Além disso, foi preciso que você tomasse a iniciativa. — Harry referiu-se ao primeiro beijo deles dentro da sala comunal da Grifinória.

Ginny e os convidados riram.

— Bom, então eu cheguei à conclusão de que esses votos deveriam ser sobre aquilo que eu amo em você, — continuou Harry.

Ginny deu um sorriso emocionado, seria muito difícil segurar as lágrimas depois dessas palavras de Harry.

— Eu amo como seus olhos brilham quando você fala sobre quadribol, — disse Harry. — Eu amo a forma como você sorri quando está do meu lado. Eu amo como você sempre se dedica por completo aos seus sonhos. Eu amo como você sempre vê a situação pelo lado positivo. Eu amo como você sempre apoia meus projetos. Eu amo a forma como você se preocupa com as pessoas ao seu redor. Eu amo seu humor e sua inteligência.

Harry deu uma pausa para secar seus olhos marejados pois já estava ficando difícil de ler os seus votos.

— Eu sou muito sortudo por você ter escolhido me amar e também por ter aceitado meu pedido de casamento, — prosseguiu Harry — sou muito grato por você ter aceitado construir uma vida ao meu lado. Ginny, eu amo você. Eu amo cada sorriso, cada olhar, cada parte sua, inclusive suas sardas.

Ginny e os convidados riram novamente.

Harry então virou-se na direção de Hermione, que lhe estendeu a almofada com as alianças. Ele desamarrou o laço que prendia as alianças à almofada, pegou a aliança menor e colocou no dedo anelar da mão esquerda de Ginny.

Ginny olhou para sua mão enquanto Harry colocava a aliança, ele tremia muito, certamente estava tão nervoso quanto ela.

O Ministro então passou a palavra para Ginny.

Hermione saiu do lado de Harry e se colocou ao lado de Ginny. Ginny pegou o papel onde estavam escrito seus votos e então iniciou a leitura.

— Eu sempre deixei bem claro o que sinto por você, Harry. Eu nunca fui de esconder meus sentimentos, hoje sou muito feliz por isso, porque isso nos fez chegar até o momento atual. Porém, também tive um pouco de dificuldade em escrever meus votos, então assim como você, eu passei a pensar no que eu amo em você.

Ginny sorriu docemente para Harry.

— Eu amo como seus olhos verdes brilham quando está animado com algo. Eu amo como sempre está disposto a ajudar todos à sua volta. Eu amo como você sempre procura ver o melhor em cada pessoa. Eu amo como você torce por mim durante meus jogos de quadribol e também como xinga os adversários. — Ginny disse a última frase com ar divertido.

Harry e os convidados riram das palavras de Ginny.

— Eu amo seus cabelos rebeldes e como eles fazem você parecer mais jovem do que realmente é. — Continuou a ruiva. — Eu amo a maneira como você sorri quando olha para mim. Eu amo a forma como você trata a minha família. Eu amo a forma como você sempre me incentiva a crescer. Eu amo seu coração generoso. E eu amo a forma como está olhando e sorrindo para mim agora.

Harry estava novamente em meio as lágrimas, mas dessa vez Rony lhe emprestou um lenço.

— Harry, eu amo cada parte de você. Eu amo principalmente a forma como você sempre se esforça para me ver feliz. Eu sou imensamente grata por ter você do meu lado. Eu amo você, Harry, de todo o meu coração.

Ginny então pegou a aliança, que estava sobre a almofada que Hermione segurava, e colocou no dedo anelar da mão esquerda de Harry.

— Agora, eu os declaro marido e esposa. — Disse o Ministro ao casal.

Harry e Ginny beijaram-se.

— Recebem agora o senhor e a senhora Potter. — Completou o Ministro.

Os convidados aplaudiram o casal sorridente.

~ x ~

Os convidados foram recepcionados em uma tenda, que lembrava muito a do casamento de Bill e Fleur. Harry e Ginny cumprimentavam os convidados na entrada, depois os convidados eram direcionados às mesas por alguns garçons, que estavam trabalhando na festa.

Hermione sentou-se junto com Snape, Draco, Zabini e Pansy em uma mesa próximo à mesa dos noivos.

Assim que acomodaram-se, Draco falou de forma divertida:

— Temos uma intrusa nessa mesa, não podemos permitir uma ex-aluna da grifinória aqui, para macular nossa imagem.

Hermione fez uma careta para Malfoy.

— Vou lembrar dessa provocação quando você me tirar para dançar, certamente vou me vingar nos seus pés. — Falou Hermione usando o mesmo tom do loiro.

Draco riu e disse:

— Acho que evitarei dançar com você hoje, Hermione.

Zabini, Pansy e Hermione riram das palavras de Draco. Até Severus esboçou um pequeno sorriso.

O serviço de garçons circulava pela tenda oferecendo os mais diversos tipos de bebidas. Hermione e Pansy escolheram rum de groselha, enquanto os três homens optaram por Firewhisky.

Enquanto bebiam, Hermione e Pansy iniciaram uma animada conversa sobre o vestido de Ginny.

— O vestido ficou perfeito nela, — disse Hermione — sendo extravagante e delicado ao mesmo tempo.

— Exatamente, — concordou Pansy — quando eu me casar quero usar um vestido tão lindo quanto esse.

— Olha, Blaise, vontade de casar a Pansy tem, você só precisa fazer o pedido. — Disse Hermione para zoar o amigo.

Blaise engasga com o Firewhiskey e começa a tossir após ouvir as palavras de Hermione.

Draco, Pansy e Hermione começam a rir de Zabini.

— Calma, amor, — disse Pansy em meio ao riso — é apenas brincadeira da Hermione.

Cerca de uma hora mais tarde o jantar foi servido. Os pratos servidos estavam muito apetitosos e também muito saborosos.

Após o jantar, a banda contratada pelos Weasleys começou a tocar algumas músicas mais animadas, logo chamando os convidados para a pista de dança que havia sido montada no centro da tenda. Alguns dos convidados, assim como os noivos, logo foram divertir-se na pista de dança.

Porém, os ocupantes da mesa onde encontrava-se Hermione, preferiram manter a conversa animada que estavam tendo, deixando a dança para depois. Até Severus estava participando da conversa, apesar de não falar muito, eventualmente deixava um comentário ou outro sobre o assunto que seus antigos pupilos sonserinos e Hermione conversavam. Todos ali estavam divertindo-se, inclusive Snape, apesar de não demonstrar.

Pansy conversava ativamente e ria das histórias que Draco e Hermione contavam sobre Zabini, eram histórias do trabalho no hospital, algumas constrangedoras, outras apenas engraçadas, que naturalmente Zabini havia ocultado da namorada.

— Vocês são péssimos amigos, — protestou Blaise assim que Hermione terminou de contar uma história sobre ele ter sido pedido em casamento por uma bruxa idosa que havia dito que apaixonou-se por ele à primeira vista — vocês deveriam estar falando coisa ótimas de mim para Pansy, me enaltecendo, mas não, vocês até o presente momento só denegriram a minha imagem.

Hermione e Draco riram da indignação obviamente forçada de Blaise.

— Não fique assim, Blaise. — Disse Hermione ainda em meio ao riso. — Quando Draco começar a namorar podemos fazer o mesmo com ele.

— Ei, como assim fazer o mesmo comigo? — Draco parou de rir e protestou. — E quando vai ser a sua vez, Hermione?

Blaise riu e perguntou a Draco:

— Tem certeza que vai querer zoar a Mione?

Draco olhou para Hermione, que tinha um sorriso muito presunçoso no rosto. O loiro então apenas revirou os olhos e disse:

— Esquece.

Hermione riu, assim como Pansy e Blaise.

Logo depois, Zabini virou-se para sua namorada e perguntou:

— Minha cara Pansy, agora que eles já debocharam o suficiente de mim, — disse Blaise em tom forçosamente pomposo — me daria a honra dessa dança?

— É claro, meu caro Blaise. — Respondeu Pansy usando do mesmo tom.

— Se me dão licença, vou levar minha namorada para dançar um pouco. — Completou Blaise ainda mantendo o tom forçosamente pomposo.

Os dois então foram até a pista de dança, onde Harry e Ginny divertiam-se em meio a alguns dos outros convidados.

Draco, Hermione e Snape permaneceram na mesa, conversando por mais algum tempo. Ficaram assim até que Ginny aproximou-se da mesa deles.

— Me permita roubá-la por algumas danças. — Pediu uma sorridente Ginny dirigindo-se a Snape.

Severus olhou para Hermione, que lhe direcionava um olhar ansioso.

— Certamente, — disse Snape.

Hermione deu um largo sorriso a Snape e levantou-se da cadeira para seguir com Ginny. Mas antes de Ginny retornar a pista de dança com Hermione, ela virou-se para Draco e disse:

— Você vem também, Malfoy. — Falou a ruiva. — Alguém precisa ficar de olho na minha amiga e acho que você é a pessoa ideal.

Malfoy levantou as sobrancelhas surpreso com as palavras de Ginny, porém logo entendeu a quem a ruiva se referia: Viktor Krum.

— Assumo a tarefa com prazer, — disse Draco já seguindo pelo mesmo caminho que Hermione havia passado há pouco.

— Gostaria de juntar-se a nós? — Perguntou Ginny a Snape, mas o fez apenas por educação, porque sabia que ele recusaria.

— De forma alguma. — Severus foi direto.

Ginny riu e depois completou:

— Então, me desculpe por deixá-lo sozinho na mesa, mas eu não poderia deixar Hermione sem um "companheiro" na pista de dança.

Ginny sorriu novamente e depois afastou-se.

Severus não entendeu inicialmente ao que ela se referia, porém entenderia mais tarde.

Severus permaneceu sozinho na mesa, mas sinceramente não importava-se com isso, na verdade estava aproveitando o momento para admirar Hermione dançar em meio aos amigos. Ela ficava linda quando sorria tão espontaneamente.

Nas primeiras músicas que a banda barulhenta estava tocando, Severus percebeu que Hermione, ainda que estivesse divertindo-se em meio aos amigos, lançava olhares a ele sempre que possível e depois sorria.

Ao final da terceira música, Hermione afastou-se dos amigos brevemente e foi até Snape. Ela sentou-se ao lado dele por alguns instantes, logo depois discretamente, por baixo da mesa, enlaçou seus dedos aos dele.

Severus apenas a olhou de canto e perguntou:

— Está se divertindo, Hermione?

— Estou, — respondeu ela lhe direcionando um sorriso doce.

— Fico feliz em saber, — respondeu ele.

— Severus, — chamou Hermione — quer que eu fique aqui com você? Eu já dancei um pouco, se quiser posso ficar aqui do seu lado.

Severus olhou nos olhos dela e respondeu:

— Não se preocupe, Hermione. Vá se divertir com seus amigos, eu estarei bem aqui. Além disso, estou aproveitando muito a sua visão em meio a pista de dança.

Hermione corou levemente com o comentário.

— Severus, — ralhou ela baixinho.

Severus deu um meio sorriso e repetiu:

— Vá divertir-se, Hermione.

— Tudo bem, — disse Hermione enquanto soltava a mão de Severus — mas volto daqui a pouco.

Hermione levantou para voltar para a pista de dança, porém antes de fazê-lo deu um leve beijo no rosto de Severus e então se foi sorrindo.

Severus surpreendeu-se com o gesto de Hermione, não foi algo que esperava, mas certamente não ficou decepcionado. Ele gostou daquela pequena demonstração de afeto da parte dela, era como se ela quisesse se certificar de que Severus realmente ficaria bem ali sentado sozinho.

Logo depois do gesto de Hermione, um homem aproximou-se da mesa de Severus.

— Como está, Snape? — Pergunta Lupin.

Severus direciona seu rosto para o homem, então responde:

— Estou bem, porém estaria melhor sem tanto barulho em meus ouvidos.

Lupin dá uma leve risada e responde:

— Concordo plenamente.

Sem esperar ser convidado, o bruxo se senta na mesa com Snape, então diz:

— Só alguns copos de Hidromel podem me ajudar permanecer até o final da celebração, aceita um copo? — Perguntou Lupin estendendo uma garrafa, que havia pego de um garçom, na direção de Snape.

— Certamente. — Responde Snape inclinando uma taça em direção a garrafa que Lupin lhe oferecia.

Lupin encheu a taça de Severus e depois levantou a própria para fazer um brinde.

— Aos sacrifícios que fazemos em nome do amor que temos por nossas jovens companheiras. — Disse Remus, logo depois dando um sorriso em direção a Snape.

— Não sei ao que se refere. — Disse Snape dissimuladamente.

Lupin deu uma audível gargalhada.

— Snape, não tente esconder a verdade, não de mim, um homem que passou pela mesma situação que a sua.

Severus estreitou os olhos e dirigiu sua carranca mais tenebrosa a Lupin.

— Como descobriu? — Perguntou Snape.

— Até o jantar que Ginny e Harry organizaram, era apenas uma suposição. — Disse Lupin apoiando a mão pelo queixo. — Só tive certeza há poucos momentos, um pouco antes de Hermione afastar-se da mesa.

"O beijo!", concluiu Severus.

— Não se preocupe, não direi a ninguém. Afinal, revelar isso é uma decisão de vocês. — Falou Lupin. — Agora, levante esse taça e faça esse brinde logo, homem! — Continuou Lupin. — Vamos aproveitar para beber.

Snape, dando-se por vencido, levantou a taça e brindou com Remus.

Enquanto isso, Hermione dançava animadamente ao lado de Draco.

— Não esperava que soubesse dançar bem, Hermione. — Falou Draco levemente debochado.

— Sou uma exímia dançarina, Malfoy, não me insulte com suas suposições. — Rebateu Hermione de forma divertida.

Seu momento de descontração com Draco foi interrompido pela chegada de Viktor Krum. Viktor aproveitou o momento em que a música havia acabado para aproximar-se de Hermione e então tirá-la para dançar.

Hermione olhou para Draco, que virou-se seriamente para Krum e falou:

— Apenas uma por uma música, Krum, depois Hermione volta a ser minha parceira. — O loiro falou com um ar sério.

Krum não pareceu feliz com as palavras de Malfoy, mas no fim acabou concordando. A dança seguinte foi uma música lenta. Krum estendeu sua mão para Hermione, que a aceitou prontamente.

— Como está, Hermione? — Perguntou Krum com seu forte sotaque russo enquanto dançavam.

— Estou ótima! — respondeu Hermione. — E você, como está? Ainda está jogando ou já decidiu-se por tornar-se treinador de quadribol?

— Ainda estou jogando. — Disse Krum. — Talvez eu jogue por mais uns quatro ou cinco anos. E você, Hermione, ainda trabalha no hospital?

— Sim, mas estou avaliando outras opções. — Disse Hermione sem revelar seu planos de ir trabalhar no Ministério para Viktor. — Talvez em breve eu acabe mudando de emprego.

O homem pigarreou e então fez a pergunta que desejava desde o início daquela conversa.

— E você está comprometida? — Viktor fingiu indiferença enquanto perguntava.

Hermione sorriu e respondeu:

— Sim, eu estou.

Viktor havia procurado por notícias sobre o estado civil de Hermione nas últimas semanas, como não havia encontrado nada, acreditou que ela estava solteira e poderia ter alguma chance com ela, veio ao casamento de Potter principalmente para vê-la. Mas agora suas esperanças haviam sido destruídas.

— É uma pena, — disse Krum visivelmente desiludido. — Posso perguntar se esse homem sortudo é o Malfoy?

Hermione riu e respondeu:

— Não é Draco. Ele é apenas um amigo muito querido.

— Então quem é o homem de sorte? — Questionou o russo.

Hermione riu novamente.

— Eu não posso revelar, ainda não fizemos de nossa relação pública.

Krum suspirou e tentou uma última vez:

— Então não tenho chances?

— Infelizmente, não. — Disse Hermione de forma direta e sincera.

— Continuamos amigos? — Perguntou Viktor.

— Certamente. — Disse Hermione.

Mal a dança havia acabado, Draco voltou a aproximar-se.

— Com licença, vou pegar minha parceira de volta.

Krum assentiu. Mas antes de afastar-se segurou a mão de Hermione e a beijou.

— Foi um prazer revê-la, Hermione.

Krum então afastou-se com Draco lhe dirigindo uma expressão nada amigável.

— Meu padrinho tem sorte por eu estar aqui hoje para afastar esses "pretendentes" de você, Hermione. — Disse Draco com falso ar de superioridade enquanto voltava a dançar com Hermione.

— Não sei o que eu faria sem você para me proteger, Draco. — Disse Hermione com voz afetada.

Depois de dançar mais algumas músicas, Hermione retornou a mesa e voltou a sentar-se perto de Severus, que naquele momento conversava com Lupin.

— Olá, Remus. — Disse Hermione assim que sentou-se. — Onde está Tonks? E o Ted?

— Olá. — Respondeu o homem. — Tonks está em meio a pista de dança, certamente divertindo-se. Ted ficou em casa com minha sogra, como a festa era noturna, achamos melhor deixá-lo em casa.

— Entendo, — disse Hermione — e por que você não está dançando com Tonks? Não me diga que veio à festa apenas para ficar sentado? — Hermione usou um tom leve e divertido.

— Eu já sou do time dos mais velhos. — Brincou Lupin. — Prefiro poupar as minhas pernas.

Hermione riu.

Depois ela dirigiu-se a Severus:

— Está tudo bem? Me avise quando quiser ir para casa.

Snape pensou em responder que queria ir para casa imediatamente para ter sua recompensa e retirar aquele vestido do belo corpo de Hermione. Mas se conteve.

— Está tudo bem. — Respondeu Snape. — Lupin está me fazendo companhia. — Completou Severus, não totalmente certo de que aquela frase havia saído de seus lábios.

Hermione deu um novo sorriso, era bom ver que Severus não estava de todo mal-humorado por estar naquela festa.

Alguns minutos mais tarde Tonks aproximou-se deles, deu um estalado beijo na bochecha do marido e reclamou um pouco por ele ainda não ter ido dançar nenhuma música com ela.

— Minha querida, sou um péssimo dançarino, sabe disso. — Respondeu Remus.

— Sei que você é péssimo dançando, porém não é pela dança e sim pela sua companhia. — Rebateu Tonks.

Depois de mais algumas palavras trocadas, Tonks chamou Hermione para acompanhá-la até pista de dança, já que o marido não estava inclinado a tal.

Hermione olhou para Severus e disse:

— Volto daqui a pouco.

Hermione então passou a dançar ao lado de Tonks e também de Draco, ela sorria dos estranhos passos de dança da mulher de cabelos rosa chiclete.

Severus os observava de seu lugar, ele gostava de ver Hermione divertir-se de forma tão espontânea.

O que Severus não gostou foi de ver Viktor Krum rondando Hermione por diversas vezes. Mas aparentemente, Draco, seu afilhado estava fazendo um excelente trabalho mantendo o russo longe de Hermione, sempre que Krum aproximava-se demais Draco intervia e se colocava entre eles.

Snape lembraria de agradecer a Draco mais tarde.

~ x ~

A festa estendeu-se noite adentro, com muita dança e animação.

Já era madrugada e ainda haviam alguns bruxos na pista de dança. Porém, só continuavam na festa os amigos mais próximos do, agora, casal Potter e seus familiares.

Hermione dançou praticamente todo o tempo com Draco, trocando algumas vezes de parceiro para dançar com Zabini, Potter ou algum Weasley.

Depois de dançar a quarta música seguida, Hermione disse a Draco:

— Vou beber alguma coisa e descansar um pouco, volto logo.

Draco apenas assentiu e continuou dançando entre Blaise, Pansy e Fleur.

Hermione voltou para a mesa, onde Snape agora estava sentado sozinho, pois Lupin já havia sido arrastado para a pista de dança pela esposa há algum tempo.

A castanha sentou-se ao lado de Severus e discretamente, enlaçou seus dedos aos dele novamente. Então perguntou:

— Está tudo bem? Você já quer ir?

— Estou bem, ainda podemos ficar mais um pouco. — Respondeu o homem.

Hermione sorriu docemente.

— Obrigada, Severus, por ficar aqui comigo até agora.

Severus deu um sorriso de lado e disse:

— Sei que serei devidamente recompensado por isso.

Hermione corou. Mas respondeu:

— Certamente será.

Severus então mudou de assunto.

— O moleque russo já foi embora? — Perguntou com certo ar irônico.

Hermione o olhou de forma curiosa.

— Viktor? — Hermione olhou em volta, logo o avistando perto de Charlie. — Ainda não foi, está conversando com Charlie. Porquê?

— Eu pensei que ele havia desistido, mas se ele ainda continua aqui, quer dizer que, apesar de correr a noite toda atrás de você e ser ignorado, ele ainda não desistiu de conseguir a sua atenção pela segunda vez. — Snape falava com seu tom de voz sério e profundo.

Hermione olhou para Severus com as sobrancelhas levemente arqueadas.

— Severus Snape essas suas palavras estão me parecendo ser ciúmes. — Disse Hermione tentando não parecer feliz com isso.

Snape fechou a cara diante das palavras de Hermione e virou o rosto para o lado, porém disse:

— Talvez.

Dessa vez Hermione, não conseguindo se segurar, riu.

— Severus, — disse com voz doce — quando dancei com Viktor no início da noite, eu deixei bem claro a ele que já estou comprometida. Eu apenas não disse com quem.

— Você não disse a ele com quem está comprometida?

— Não. — Disse Hermione simplesmente. — Nós ainda não conversamos sobre fazer público o nosso relacionamento.

— Você se oporia a revelar nossa relação?

— De forma alguma. — Respondeu Hermione rapidamente. — Severus, se eu pudesse eu andava com um faixa no peito escrita "eu amo Severus Snape".

Severus esboçou um pequeníssimo sorriso, ele tinha um plano em mente, que foi amadurecido por algumas das palavras que ele e Lupin haviam trocado enquanto estavam dividindo a garrafa de Hidromel.

Severus terminou o restante de Hidromel, que havia em sua taça, em apenas um gole, levantou-se e estendeu a mão para Hermione.

— Cara senhorita Granger, me concederia esta dança?

Severus percebeu que o olhar de Hermione iluminou-se instantaneamente. Porém, antes de ela aceitar, ela perguntou:

— Tem certeza, Severus? Não precisa se forçar a isso.

— É claro que tenho certeza e não estou me forçando a nada. Além disso, esse é o único tipo de música que me arrisco a dançar. — Disse Snape referindo-se a música lenta que começava a tocar naquele momento.

Hermione estende a mão para Snape e sorri brilhantemente.

— Então eu aceito dançar com você, Snape.

Severus conduz Hermione, pelo mão, para a pista de dança. Assim que se colocam entre os poucos casais que ainda estão dançando, Snape coloca uma de suas mãos na cintura de Hermione e a outra ele estende, esperando que Hermione coloque a dela sobre. Hermione prontamente coloca sua mão sobre a de Severus e depois coloca a outra mão sobre o ombro dele.

— Divertiu-se esta noite, Hermione? — Snape iniciou a conversa enquanto eles dançavam.

— Sim, me diverti muito. Obrigada por me acompanhar hoje. — Respondeu Hermione enquanto desfrutava do momento.

Severus continuou dançando e conduzindo Hermione habilmente pela pista de dança.

— É uma grata surpresa descobrir que você dança tão bem, Severus. — Disse Hermione enquanto era levada pelos braços do homem.

— Tenho muitas outras habilidades escondidas, Hermione, se as revelasse todas de uma vez eu perderia meu ar de mistério. — Disse Snape com um leve ar enigmático.

Hermione riu da colocação dele e então respondeu:

— Eu gostaria de conhecer todas essas outras habilidades. — A voz de Hermione já havia adquirido o tom de flerte.

— Será um prazer mostrar tudo a você, — disse Snape usando o mesmo tom de Hermione.

Hermione deu um novo sorriso, feliz em ver que Severus parecia carregar um ar mais leve consigo.

Um pouco antes da música terminar, Hermione sentiu que Snape segurou com mais força a sua cintura, colando seu corpo ao dele. Ela levantou seu olhar e encontrou aquela imensidão negra, que eram os olhos de Severus, mirando-a intensamente.

Snape aproximou mais seu rosto do rosto de Hermione, primeiro colando sua testa a dela. Nesse momento, a castanha já segurava sua respiração, seu corpo já começava a reagir a proximidade de Severus.

Aquela situação estava ficando "perigosa", mas Hermione notou que Snape não parecia importar-se. A bruxa então, inconscientemente, aproximou mais seu rosto. Severus notou esse pequeno gesto dela e então fez algo, que certamente Hermione não esperava, colou seus lábios aos dela. Hermione, esquecendo-se de tudo à sua volta, retribuiu o beijo de Severus.

O beijo dos dois foi encerrado pelos gritos e assovios que surgiram a volta deles.

— Finalmente! — Gritaram Draco e Zabini em coro.

Pansy e Krum apenas olhavam surpresos para a cena.

Luna, Rony e Ginny assoviavam. E os demais Weasleys batiam palmas animados.

— Já estava mais do que na hora! — Disse Harry de forma divertida, ainda em meio ao barulho de assovios e palmas.

Hermione olhou para Severus com o rosto completamente corado e deu um sorriso envergonhado.

— Desculpa por essa cena, Severus. — Disse Hermione referindo-se a "bagunça" dos amigos.

— Eu imaginava que algo do gênero pudesse acontecer. — Comentou Severus, agora com as mãos em volta da cintura de Hermione.

— Então não está incomodado com a situação? — Perguntou Hermione com as mãos espalmadas no peito de Snape.

— De forma alguma, — disse o homem. — E ainda resolvemos duas questões com apenas um beijo.

Hermione olhou de forma confusa para Severus.

Snape aproximou seus lábios da orelha de Hermione e disse:

— Agora todos já sabem que você está comprometida e com quem, inclusive o moleque russo.

Hermione estreitou os olhos e perguntou:

— Fez isso só para afastar o Viktor de mim?

— Não. Eu fiz isso por que eu desejava beijar você, Hermione. — Explicou-se Severus. — Afastar o moleque russo foi apenas um bônus. — Concluiu Severus com uma expressão vitoriosa.

Severus decidiu seguir o conselho de Lupin, que havia lhe instruído a demonstrar um pouco o que sentia por Hermione. Era a melhor forma de mantê-la segura de seus sentimentos e afastar os pretendentes indesejáveis e insistentes.

Hermione ri e diz de forma divertida:

— Essa deve ser uma das maiores declarações de amor que já recebi de você.

Snape não respondeu, apenas estendeu a mão à Hermione.

— Gostaria de continuar dançando? — Perguntou Snape quando notou que outra música lenta havia iniciado.

Hermione deu um largo sorriso.

— É claro!

Severus voltou a conduzir Hermione no ritmo da música, dessa vez muitos olhares acompanhavam o movimento do casal.

Hermione respira fundo e diz a Severus em voz baixa:

— Eu amo você. Não quero sair de seu lado. — Depois ela escora sua cabeça no peito de Severus.

Hermione finalmente havia reunido coragem suficiente para revelar seu maior desejo a Severus.