MoonWiccan: Eu fiz o capítulo anterior em um estilo confuso inspirado no episódio da luta Itachi vs Sasuke, onde creio que a maioria de nós espectadores ficamos perdidos. Tentei implantar na história e me diverti muito com seus reviews! Bom na segunda vez você acertou em cheio, Obito se aproveitou da vulnerabilidade da rosada para tocar na fraqueza de Itachi , mas ele não contava com o quão possessivo Itachi era, e despertar isso o levou a queda. Bjs e boa leitura.
Capítulo 42: Irreparável
O gotejar incessante batia em sua pele, gelando as profundezas de seu ser. Sakura abriu os olhos, e percebeu que não tinha ideia de onde estava. Tentou se levantar, mas estava completamente sem força, como se pesasse uma tonelada, até mesmo a cabeça era incapaz de mover.
Lágrimas vieram aos olhos quando se lembrou de Itachi e ela se forçou a contê-las, em busca de algum alento contra aquele frio dentro de si. A dor pulsava viva em seu abdômen, os dedos frios se ergueram colidindo com o receptor cravado em sua carne, reunindo o pouco que restou de sua força ela o arrancou, soltando um grunhido abafado.
O campo aberto a recebeu, o vento forte pareceu um açoite, o desespero toldou tudo junto a chuva acirrada que ensopava seu corpo. A imagem estava gravada em sua mente a ferro e fogo, os olhos vermelhos, as expressões, o ódio. A rosada sentiu-se usada, enganada...
O pranto foi terrível, mas forçou-se a levantar, cambaleando.
A dor aguda a empediu, derrubando-a no mesmo instante. Tudo que queria era esquecimento, pensava somente em sumir, em fugir, de Itachi, de Konoha, de tudo que os envolvia. Sabia que teria que voltar em algum momento, mas precisava daquele tempo.
Foi um sacrifício tomar aquela decisão, quando sabia que tudo que desejava era voltar para os braços de Itachi.
Embaixo da chuva rigorosa, tremendo de frio, ela imaginou que estava em Amegakure, apesar de não ter noção de como chegou até lá. Ela queria fechar os olhos mais um pouco, adormecer e recuperar as energias, mas uma voz distante se fez presente, soava em aflição.
— Sakura, fique acordada. A sombra caiu de joelhos próximo a ela.
A rosada congelou com essas palavras, o coração subindo pela garganta. Ela virou o rosto em desespero, vendo o jovem amigo de longa data.
— Na..ru..to. Ela mal conseguiu falar, mas o alívio era nítido em cada pronuncia.
Teve vontade de chorar, a tristeza pesava dentro de si e parecia a rasgar por dentro.
— Como? Ela viu os olhos azuis afiados, inspecionando todo seu corpo.
— Você vê? Ele tocou o tornozelo dela com ternura, exibindo a marcação criada, assim como a técnica de seu pai. — Nunca me movi tão rápido em toda minha vida, senti que estava em perigo.
Sakura se sentiu envolvida por um chakra vermelho, que aos poucos, a enchia de vitalidade. A ferida ampla cicatrizava lentamente, e ela pôde se mexer novamente.
— Estou indo embora. Ela disse baixo, abrançando-o e inalando o cheiro reconfortante que vinha dele.
— Nani? Pra onde? Naruto se alterou, incapaz de aceitar.
— Não sei... Ela se levantou calmamente.
Algo como reconhecimento brilhou nos olhos dele, que se tornaram selvagens e intensos.
— Está fugindo dele? Machucou você? Naruto indagou com os dentes a mostra.
— Eu só posso estar doente, Naruto. Ele me machucou de muitas maneiras, e ainda assim... Mesmo sabendo de seus erros, de tudo, eu... eu aceitei. Ela respondeu com voz embargada.
— Não precisa aceitar nada! Ele não é seu dono! O grito feroz que veio dele era tempestuoso.
Ela sacudiu a cabeça, pois ninguém entenderia aquela loucura.
O silêncio pesou entre os dois, ela o olhou sentindo culpa e fechou os olhos quando os sentimentos diversos vinham a tona, querendo explodir de dentro dela.
— Não pode contar aos outros que me encontrou, eu simplesmente desapareci. Ela murmurou.
— Não quero que vá. Ele retrucou um tanto magoado.
— Eu.. preciso. Ela desabou, chorando por tudo, pela despedida, por sua fuga, e principalmente por ele. Que estava cravado em seu coração.
— Promete que irá escrever? O loiro perguntou com olhos marejados.
— Prometo, obrigada por tudo. Ela o olhou profundamente, sentindo o coração comprimir no peito.
"Sayonara... Naruto." Com um último olhar, ela se foi.
Sakura andou muito, caminhou pela estrada sozinha e no escuro, a chuva não dando trégua. A cada passo dado, ela jurou arrancá-lo de si, curar-se daquela obssessão, refazer seus sentimentos e sua vida. E sentia falta dele com igual loucura, sua ira a assustava e enraivecia, mas a saudade que sentia dele a derrotava. Estava completamente sozinha e perdida.
Sasuke olhou para o irmão um tanto intrigado, a intensa sede de sangue de Itachi ressoava no ar tão fortemente que ele podia sentir em cada partícula de seu corpo. O Mangekyou Sharingan o mirou por um instante, fazendo algo amargo subir por sua espinha.
— Onde ela está? Itachi disse com voz rouca e irregular.
Sasuke negou com a cabeça, vendo o olhar do irmão se intensificar.
— Vamos encontrá-la. Sasuke garantiu, manipulando seu Rinnegan e criando uma fenda dimensional.
Ambos adentraram, e procuraram em um ritmo incansável, por diversas dimensões, uma após a outra. Itachi estava possesso naquele fim de luta, e não saber o paradeiro de Sakura aumentava tudo.
Sasuke respirou com dificuldade, sentindo a visão embaçar, ele levou a mão a frente dos olhos em desconforto.
— Tsc. Ele sentiu a dor penetrar o globo ocular por inteiro, fazendo-o sibilar baixinho.
— Não está aqui. Itachi afirmou irado.
A queimação se esparramou dentro dele a ponto de explodir, até mesmo o vínculo que mantinham era inatingível.
Itachi parou de andar, nervoso, pensando se teria acontecido alguma coisa com ela, inquieto, correu os dedos entre os cabelos, sem saber o que fazer.
Não sabia mais respirar sem ela, e estar ali, longe, sabendo que desapareceu, quase o sufocava. Nunca imaginou que poderia se descontrolar tanto, tornar-se tão obcecado por uma pessoa.
Ao voltar para a similiar arena, Itachi estava enfurecido, era como se algo ruim tomasse conta dele, estava a ponto de perder a cabeça.
— Temos que voltar a Konoha. Relatar a Godaime e contatar uma equipe de busca e investigação. Sasuke disse friamente.
— Não posso perder tempo. Ele retrucou em um rosnado.
— Já estamos perdendo! Sasuke aumentou o tom de voz, confuso pela atitude errática do irmão mais velho.
Sem nem perceber o que estava fazendo, Itachi se viu com a mão em volta do pescoço de Sasuke.
Sasuke fez um som como se estivesse engasgando, com a mão puxando os dedos dele. Itachi se forçou a soltá-lo, dando um passo atrás. Ele tremia de raiva e sabia que mataria Sasuke se não colocasse uma certa distância entre os dois. Algo como culpa se apossou dele, ao ver o irmão mais novo esfregar o pescoço em desagrado.
— Faça isso. Ele disse antes de se virar e partir em velocidade sobre o muramento.
Itachi decidiu que reviraria o mundo se fosse preciso, mas a encontraria. Ou acabaria enlouquecendo.
Naquela noite, Tsunade pensou que iria estourar, não bastasse os acontecimentos do dia envolvendo a total ruína da prisão, agora, o pirralho Uchiha jogava a notícia em si como uma bomba. Ela indagou seriamente se valeria a pena mandar tudo pelos ares...
— Como assim, sumiu? Tsunade vociferou.
Sasuke explicou calmamente, retirando a capa longa dos ombros.
A loira apertou os punhos, enchendo-se de preocupação por sua discípula, continuou paralisada, sem poder acreditar no que tinha ouvido, ao menos, Itachi tinha aniquilado o inimigo. Mas ainda... lidar com as Bestas com caudas traria uma reunião eminente, assim como uma dor de cabeça.
— Onde está Itachi? Ela perguntou duramente.
— Procurando. Sasuke suspirou.
— Você vai liderar a equipe de busca, esteja pronto em trinta minutos. Ela bateu a porta com violência, ordenando aos shinobis de plantão que solicitassem os melhores anbu, e também investigadores. Tsunade se preparou pro que viria, assim que Naruto recebesse a notícia.
A rosada sentia o corpo doído e cansado, já era noite, e ela não havia parado um minuto sequer. Por sorte a chuva cessara, e ela pensou estar na fronteira, finalmente. Mas, com apenas um passo, a respiração dela falhou, e o mundo girou diante seus olhos.
Ela estava fraca ao extremo, como se algo estivesse se alimentando de seu chakra, sugando como uma coisa viva. A rosada se arrastou, até deslizar sobre uma árvore, ela inalou profundamente, sentindo o estômago revirar como ácido.
Foi então que as palavras de Obito voltaram para ela uma e outra vez.
"Então, você tem um trunfo."
Os olhos de Sakura se arregalaram, o coração zumbiu nos ouvidos. Ela sacudiu a cabeça em descrença. Não, eu não posso. Ela gritava em seu interior.
Suas mãos eram instáveis no momento que se aproximou, e com relutancia, tocou o ventre.
Estava lá, um pequeno chakra, envolvido e protegido dentro de si. Sakura baixou o olhar para onde tocava, a barriga queimava, ela afastou a mão em choque prendendo o ar.
Primeiro, veio o susto, com um misto estranho de felicidade, tão forte que seus olhos se encheram de lágrimas. Depois, veio o desespero, a rosada teve um medo absurdo, era a pior hora para isso acontecer, estava tudo errado, tudo fora do lugar.
Não conseguiu se concentrar em mais nada, repetiu mil vezes para si mesma que não era verdade, no fim, a rosada chorou até não restar nada além de soluços e olhos inchados.
Em nenhum momento tinha cogitado aquela possibilidade, e no entanto, ela ia ter um filho dele.
Ela respirou fundo e enxugou os olhos, fechando-os em seguida apenas parea capturar seu rosto em sua mente, ela precisava disso, da imagem dele.
Acariciando a saliência ínfima na barriga, Sakura seguiu em frente, sem olhar para trás. O objetivo de Itachi sempre foi deixar uma marca permanente em si. Ela poderia dizer que ele alcançou o seu objetivo...
Em mais de um sentido.
