Capítulo 38

Rony estava parado no meio do Quarto do Prazer, tentando manter os olhos fixos na mulher que explicava tudo sobre a festa. Seus lábios se mexiam, mas Rony estava com dificuldade em prestar atenção. Qualquer um teria. Droga, ele estava se sentindo extremamente desconfortável!

— Então. — A mulher pegou uma folha de papel. — Só marquem os produtos que gostariam que eu incluísse na apresentação. Vou chegar cedo. Ah! Cobramos uma taxa extra pelas fantasias.

— Fantasias?

A mulher assentiu.

— Mas é claro! Pensei que Nadine tivesse avisado. Os convidados da noiva usarão fantasias. Ela escolheu o tema: couro e renda. Fantástico, não é mesmo?

Ela estourou a bola de chiclete e piscou para Rony.

Consequentemente, ele quase se engasgou com a própria saliva.

— Então, você vai levar as fantasias e nós...

— Vocês vão usá-las. — A mulher sorriu. — Enquanto mostro os produtos, as pessoas vão comer, beber vinho...

— Uísque — corrigiu Rony. — Litros de uísque.

Ela o calou com um gesto.

— Sim, o que você preferir. E então poderão ir para os quartos, caso desejem olhar os itens mais de perto, se é que você me entende. — Ela mordiscou o lábio inferior e apertou o braço de Rony.

— Ótimo — completou Hermione, ríspida, sentada à direita de Rony. — Faz muito tempo que quero experimentar esse, hã... — ela olhou para a lista — ...pacote Me Chicoteia.

Rony a encarou, desesperado. Não era possível que ela esperasse que ele mantivesse a expressão serena. Como é que ele iria se concentrar? Couro? Renda? Chicotes? Rony se agarrou à mesa com força e tentou manter a respiração estável.

— Bem, vou deixar vocês decidirem.

— Isso mesmo — concordou Rony, brusco. Estava cerrando os dentes com tanta força, que acabaria travando a mandíbula.

Quando a mulher já não podia mais ouvi-los, Rony suspirou e se apoiou na mesa.

— Tudo bem? — Hermione deu tapinhas em suas costas.

— Não encoste em mim. — Ele não queria soar como um babaca, mas estava prestes a perder a cabeça.

— Ah... — Maldita Hermione, que continuava a tocá-lo! — Isso é tensão sexual. Faz muito tempo, amiguinho? Você está um pouco... estressado? — Suas mãos passearam por suas costas e depois por seu pescoço. Ele gemeu.

— Vejo que estão aproveitando a lista! — Eles ouviram a voz da atendente, na sala dos fundos.

Sacudindo-se para tentar se recompor, Rony se afastou de Hermione.

— Pode escolher. Marque qualquer um. Não me importo.

— Sério? — Hermione andou devagar em sua direção. Nem mesmo o metal frio do balcão, que cutucava as costas de Rony, foi suficiente para acalmar seu estado de excitação. — Não se importa?

— Não — mentiu. Ah, claro que se importava! Se importava até demais.

— E que tal marcar... — Ela pegou a folha e leu algumas palavras que ele não saberia nem soletrar, quanto mais pronunciar. — Acha que seriam boas escolhas?

— Vovó e Deus estão de sacanagem comigo — retrucou Rony com sinceridade. — É isso que eu acho. E também acho que... — ele se desencostou do balcão e foi andando lentamente na direção de Hermione enquanto ela recuava — se você não parar de olhar para mim deste jeito, não vou me responsabilizar pelos meus atos.

— Que atos? — Os olhos de Hermione pareciam suplicantes. Estavam quase implorando que ele a beijasse.

Xingando, ele se virou e interrompeu o contato visual.

— Este, por exemplo.

— Prontos? — A mulher retornou ao aposento.

— Na verdade, não. — Hermione lhe devolveu a folha. — Será que você poderia escolher por nós? Tenho certeza de que o que decidir estará ótimo.

Dando de ombros, a mulher pegou o papel e lhes entregou um cartão.

— Vou chegar por volta das sete, para ajeitar as coisas. Vejo vocês hoje à

noite!

— Hoje à noite? — perguntaram Rony e Hermione, em uníssono.

A mulher parecia confusa.

— Sim, hoje à noite. Fui informada de que o jantar de ensaio será no sábado, e hoje é sexta. É a única noite disponível para a demonstração.

— E quanto tempo dura? — indagou Rony.

— Ora, querido! Se essa é a sua dúvida, você não deve estar fazendo direito.

Hermione precisou puxá-lo para fora da loja. Não estava fazendo direito? Não estava fazendo direito?

O olhar de Rony parecia indicar que ele estava prestes a bater em alguém.

— Ei, bonitão! Fique calmo. — Ela o conduziu para o carro, sentindo cada centímetro daqueles músculos que se contraíam sob seu toque.

— Não estou fazendo direito? — repetiu ele, desta vez em um tom mais suave, como se de fato estivesse tentando entender o que vinha fazendo de errado esse tempo todo. — Hermione? — Ele olhou para cima. Ah, não. Não mesmo.

— Hum? — Ela brincou com o próprio cabelo e desviou o olhar.

— Eu fiz?

— Fez o quê?

Ele ficou em silêncio.

Então praguejou por alguns segundos.

— Você sabe o que eu estou perguntando.

— Não sei, não.

— Sabe, sim.

— Não, acho que...

— Hermione. — Rony deu a volta no carro e se aproximou dela. Ela devia ter descartado as preocupações dele com algumas risadas, afastando-se em seguida. O melhor teria sido mentir, mas ela não conseguia, não enquanto sentia o toque dele. Nem sob o efeito daquele rosto perfeitamente esculpido tão perto do seu. — Responda.

Com o coração batendo forte contra o peito, Hermione engoliu em seco e respondeu:

— Talvez eu precise que você me ajude a lembrar, já que minha memória está um pouco confusa...

Ele abriu um sorriso.

— É mesmo?

— É.

— Acho que isso não seria muito difícil. — Ele passou as mãos pela lateral do corpo de Hermione.

E aí o celular dela tocou outra vez.

Era do trabalho.

Droga. Rony deu um passo para trás enquanto ela apertava o botão de ignorar chamada.

— Tem alguma coisa errada? — Ele ergueu as sobrancelhas, preocupado.

— Não. Na verdade, está tudo muito bem. — Ela se ergueu na ponta dos pés e o beijou com vontade.

Soltando um gemido, ele segurou Hermione com as duas mãos e usou seu corpo para empurrá-la contra o carro.

— O que a gente está fazendo? — sussurrou Rony, junto a seus lábios.

— Nos beijando.

Ele mergulhou a língua na boca de Hermione. O beijo e o gosto dele eram indescritíveis. O calor se espalhou pelo corpo dela, e todos os seus nervos estavam à flor da pele, de modo que cada toque da língua dele lhe provocava calafrios. E, mesmo quando ele a tocava de leve, ela quase se derretia.

Tudo o que ele fazia parecia marcá-la. Se aquilo era um beijo, nenhum outro se comparava.

Rony se afastou.

— Você tem certeza de que quer isso?

Ele parecia vulnerável de uma forma como Hermione jamais tinha visto. Os olhos de Rony estavam cheios de carência, mas tinha algo mais... Desejo e insegurança. Durante toda a vida ela quisera ser seu porto seguro. Sempre desejara o melhor dos dois mundos — amigos e amantes — e agora sentia que talvez pudesse tê-lo.

— Tenho certeza.

O telefone tocou outra vez.

Rony soltou um palavrão.

— Sério, vou jogar seu celular no rio.

Ela espiou o visor e suspirou.

— É vovó. Ou a gente atende ou sofreremos as consequências.

Rony pegou o telefone das mãos de Hermione e atendeu, colocando no aparelho de viva voz.

— É bom que seja importante. — Os olhos de Rony ficaram mais escuros enquanto ele umedecia os lábios.

— Estou morrendo! — uivou vovó, do outro lado da linha.

— Você está em casa? Onde você está? — gritou Rony.

— Em casa! Venha logo!

— Merda! — Ele destravou as portas do carro e eles entraram depressa.

Em pânico, Hermione só conseguia agarrar o assento enquanto Rony dirigia, torcendo para que vovó ficasse bem. Ela possuía o pior timing do mundo!


N/A: Oi gente, desculpem esses dias sem postar, mas foi imprevistos acontecendo e eu fiquei sem tempo e no final de semana eu tive crise de coluna e rinite, ai os remédios me deixaram bem sonolenta, mas ja estou bem e de volta. Espero que gostem desses dois capítulos e me digam se estão gostando, beijos e ate semana que vem e bom fim de semana para vocês.