Olá. Minhas mais sinceras más vindas, revoltantes leitores. Seu velho amigo, o titio Creepy, novamente em carne e osso, ou melhor, mais osso que carne, lhe trazendo outro horrendo conto de arrepiar o bastante pra correrem pro colo da mamãe e do papai durante a noite. Ha, ha, ha, ha, ha, ha, ha.

Hoje temos um conto bem animalesco no bom sentido, melhor, no mau sentido da palavra, sobre como um desafortunado grupo aprendeu que qualquer ação pode voltar pra você e que o preço a pagar pode estourar mais do que seu crédito.

Então, fiquem plugados nesta obra de ficção científica e horror puro que intitulo...

PREÇO PELO PECADO.


Parte 1: A Reunião


Galáxia Empírica, planeta Alvorar-3.

Em outros tempos, uma avançada colônia de pesquisa de novas fontes de combustível cybertroniano, hoje está abandonado devido à uma tragédia que resultou na perda de vidas robóticas, algo digno de tristeza na atual época, quando autobots e decepticons enfim decretaram o fim da guerra que tomou a galáxia por inúmeras gerações.

Naturalmente, o planeta estaria desabitado, não restando nada além das ruínas do laboratório e dos poços de onde extraiam a matéria para pesquisa, mas hoje, como se deu nos últimos 6 anos, um grupo de autobots lá se encontra, aguardando impacientes pela missão que iam cumprindo nesse tempo.

"Bem. Imagino que estamos todos completos." Falou o líder da equipe.

"Sendo sincero, Torca, pra mim, falta um parafuso do roteador esquerdo."

"Quero dizer, Bantor, que não esteja faltando ninguém. Estou correto?"

"Ah, sim. Estava pensando...em outra coisa."

"Tipo, como se sustenta com uma função cerebral tão baixa? Ha, ha." Indagou a única fêmea presente no grupo.

"Sempre metida à engraçada, né, Stinkbomb? Ao menos, algo tinha de funcionar em você."

"Não lembro de ter pedido opinião sua, Noctorro. Só tentando descontrair, disfarçando o ritual enfadonho que temos de fazer todos os anos."

"Turma, turma. Nada de iniciar brigas. Deixem isso pros que merecem." Torca se colocou entre os dois companheiros.

"Olhem, entendo a importância desse nosso dever e que é necessário, mas querem minha opinião? Isso está enchendo. Todo ano precisamos nos reunir sobre esse assunto. Não ligo de ver vocês vez após vez. São meus melhores amigos e os vejo como uma família, mas com franqueza...não consigo aguentar mais."

Stinkbomb baixou a cabeça em depressão. Se fosse humana, era capaz de chorar. Torca veio em seu apoio e a abraçou, pois tinha ciência que ela era uma autobot forte e de aparência cética, mas também escondia um lado sensível, da qual não receava que percebessem.

"Obrigada, Torca. Sempre é bom ter um ombro amigo pra essas horas."

"Ei, ei, ei. Tá pensando que não sabemos o que é sensibilidade? Tem um ombro aqui pra você, meu bem." Falou Noctorro, apontando pra sua lateral.

"Também tenho um. Aqui somos todos amigos e nada muda isso. Querem a real?" Bantor armou seu rifle laser. "Vamos nessa que é bom à beça."

"Esse é o espírito, digo, a centelha. Gente, tudo vai dar certo se seguirmos o plano. Noctorro, obteve as informações?"

"Tudo à mão, chefe. Verificando..." Noctorro sacou um dispositivo do cinto, exibindo uma projeção holográfica de várias palavras escritas em cybertroniano. O grupo em volta contemplou as imagens flutuando como folhas ao vento. "Segundo meus contatos, são as coordenadas do nosso destino digitadas com exata precisão. Quem poderia crer que o alvo estava aqui nesses anos todos?"

"Oculto bem à vista. Muito conveniente. Foi mais esperto que os demais." Bantor citou com desdém.

"Não interessa. O caso é que por fim, iremos concluir nossa missão e dar um ponto final nesta rotina."

"Falou bem, Stinkbomb, tão logo nossa carona venha, se bem que seria melhor..." Noctorro nem teve como terminar, pois uma espaçonave acabara de ser avistada aos céus e vinha na direção da equipe. Em poucos minutos, ela aterrissou. Uma vez aterrada, outra fêmea autobot veio recebê-los.

"Oi, pessoal. Lamento o atraso, mas precisei parar e dar uns apertões no processador de transdobra."

"Não me surpreende, K-9. Essa nave é o fim. A essa altura do campeonato, já é peça de museu. Devia obter uma mais moderna."

"Ei, isso é ofensa. Lembra de todas as missões que estivemos juntos com ela? A Kay-Em é mais que um transporte, é uma integrante valiosa e na prática, da família." K-9 deu um tapinha amigável no trem de pouso.

"Vou te dizer: se não te conhecesse, diria que está apaixonada por ela. Não querem ir à um motelzinho? Conheço um ótimo na galáxia de Cão Maior."

"Muito engraçado, Bantor. Tão hilário que até esqueci de rir."

"Gente, tem hora pra piada e definitivamente, não estamos no momento mais propicio. Estão prontos para nosso trabalho final?"

"Todos aqui, sim, Torca, mas temos um ausente e acho que ele não tá muito animado." Stinkbomb apontou na direção das ruínas do laboratório. Torca notou de quem se tratava. "Aguentem. Vou trocar uma ideia com ele. Preparem-se para partirmos logo."


O comandante foi até o prédio caído e no meio dele, junto a um painel de monitoramento quebrado, havia um pequeno veículo com brocas olhando com seus sensores para a tela. Torca chegou perto dele.

"Armordillo?" O veículo escutou o chamado. "Ei, rapazinho. Está tudo bem?" Algumas piscadas pareciam dar a resposta. "Ei, se anima. Eu entendo que parece meio repetitivo termos que fazer isso todos os anos nesses 6 anos desde que...bem, você entende, mas precisamos de sua ajuda. Lembre do juramento que fizemos. Verdadeiros autobots cumprem com seu dever e para todos os efeitos, seja por razões grandes ou menores, cumprimos nosso compromissos."

Armordillo pareceu recuar como que quisesse sair de vista, mas Torca o seguiu. "Vamos, amiguinho. Prometo que será a última vez e pense não só em nós, mas...nele também. Não deseja que ele esteja junto conosco, como nos velhos tempos?"

O tímido autobot ponderou sobre a argumentação de seu líder e amigo, recordando dos anos anteriores e das boas recordações que teve antes...do ocorrido. Vendo que não podia escapar do dever e se tratando de seus amigos mais queridos, tomou o caminho para fora, seguido de Torca.


"Estou vendo que tudo deu certo, Torca, mas Armordillo não vai se transformar?"

"Deixa ele, Noctorro. Creio que ele não se sente seguro o bastante para isso, mas o importante é que estamos juntos mais uma vez. Amigos, prontos para cumprirmos com nosso destino?"

"SIM." Todos clamaram em uníssono. Tendo todo o esquadrão reunido, os autobots entraram na Kay-Em e ela logo levantou voo, saindo na velocidade da luz e deixando o planeta em pouco tempo, bem mais do que levou na chegada.

Dentro da nave, K-9 e Noctorro pilotavam com precisão até o destino retratado nas coordenadas obtidas; Stinkbomb, Bantor e Armordillo trocavam ideias e ajeitavam seu arsenal, buscando como sempre esperar o inesperado. Torca deixou seu lugar e seguiu até o compartimento de carga.

Lá, apertou um botão, acionando um elevador onde desceu uma cápsula de hibernação lacrada coberta por uma lona, retirada até a metade. De dentro, se via um autobot imóvel e silencioso. Torca pôs as mãos sobre a tampa da cápsula, como que lamentando por algo. Depois de segundos em silêncio, ele falou:

"Não se preocupe com nada, velho amigo. Brevemente, tudo estará acabado e mais uma vez, ficaremos juntos. Pode confiar em mim, Razorbeast."

Antes de deixar o compartimento, Torca acionou o elevador de novo, recolhendo a cápsula e dando uma última olhada para o alto onde ela ia ser guardada. "Pode confiar."

Continua...


Esta escolha dos protagonistas me veio de uma edição de TF BW onde os integrantes são uma força-tarefa maximal e a qual ainda estou tentando juntar na minha coleção.

Os fãs das antigas irão reconhecer o nome Alvorar. Já o nome da galáxia é derivado da hq Dreadstar e o nome da nave, de Jason X.