p style="border: 0px; outline: 0px; font-size: 15.12px; font-family: 'Lucida Grande', 'Lucida Sans Unicode', 'GNU Unifont', Verdana, Helvetica, sans-serif; vertical-align: baseline; list-style: none; margin: 1.286em auto; padding: 0px; line-height: 1.5; color: #2a2a2a;" align="justify"Já não consigo contar quantas vezes saí no meio da noite para olhar as estrelas. Elas me lembram ele e embora doa como o inferno, é um vicio que não posso ignorar. Ao virar uma esquina que dá acesso a ponte me deparo com um oficial (mesmo que esteja com a roupa mal arrumada, o que não é comum) e decido me esconder em uma minúscula rua até que ele passe. Eles não são confiáveis, ainda mais quando se trata de mulheres sozinhas no meio da /Porém ele se demora, bem no meio da ponte, sem avançar ou recuar. Coloco minha cabeça poucos centímetros além da parede para olhá-lo e ele está lá, encarando o rio. Estou quase me irritando e indo embora, mesmo que tenha que passar por ele, afinal ele parece estar hipnotizado, quando ele começa a cantar. Um arrepio passa pelo meu corpo quando percebo que conheço a música que, inicialmente sussurrada, toma corpo. Era a história de um prisioneiro e quem o perseguia, uma canção que não deveria ser cantada a uma criança como foi cantada a mim durante minha infâ /E quando ele canta "estrelas em suas multidões" não resisto e canto junto, ainda escondida. Vejo que ele percebe uma voz diferente em sua música, procura em seus lados mas não me vê. A conexão entre nossas vozes me assombra e o reconhecimento é certo: aquele era o famoso Javert. Mesmo o espanto que sua identidade me causa não me faz parar de cantar e sua parceira desconhecida também não o impede de continuar. A música acaba tão subitamente quanto começou, ele ainda procura por mim mais uma vez antes de seguir seu caminho em direção oposta a /Foi uma experiência tão gigante que não me movo. Sinto um misto de coisas e queria muito que ele tivesse me visto, embora não soubesse o que isso desencadearia. E quando estou ainda muito parada no mesmo lugar ouço vozes se avolumando conforme se aproximam. Congelo e torço para que a escuridão me esconda mas não é o que acontece. São outros oficiais, devidamente arrumados dessa vez, e minha desconfiança em relação a eles estava correta. Quando me veem, todos caminham rapidamente em minha direção e tentam me levar embora. Só Deus sabe o que acontecerá comigo se eu simplesmente deixar então grito o mais alto que meus pulmões me permitem, esperneio, tento evitar suas mãos apalpando-me já por debaixo do tecido velho de meu vestido mas eles são muitos. Conseguem me levar por alguns metros fora da rua em que estava /"Ela está dando trabalho demais. Talvez seja melhor nessa rua mesmo."br /Ouço risadas e a náusea toma conta do meu corpo. Talvez seja assim que tudo isso /Estou pronta para me render e parar de gritar quando uma forte voz ressoa pela rua em que estávamos e por muitas outras:br /"O que é isso?"br /Sinto um puxão no braço e no segundo seguinte estou sendo protegida por um uniforme também, mas dessa vez muito /"Vamos, Javert, queremos nos divertir e a moça estava sozinha no meio da rua a essa hora."br /Eles tentam se aproximar mas Javert dá um passo para trás me levando junto. Estou trêmula e me agarro a seu corpo e suas roupas. Os outros guardas ainda tentam me pegar, chegam a jogar dinheiro em minha direção, e começo a perceber que talvez nem Javert poderia me /"Ela é minha! Saiam daqui!"br /Engasgo com suas palavras. Vejo-o tirar a arma do bolso e já prevejo nossa morte. Mas segundos depois ouço passos acelerados se afastando./p
hr style="margin: 0.875em auto 1.2525em; border-style: solid; border-color: initial; border-image: initial; width: 359.234px; color: #2a2a2a; font-family: 'Lucida Grande', 'Lucida Sans Unicode', 'GNU Unifont', Verdana, Helvetica, sans-serif; font-size: 15.12px; background-color: #ffffff;" /
p style="border: 0px; outline: 0px; font-size: 15.12px; font-family: 'Lucida Grande', 'Lucida Sans Unicode', 'GNU Unifont', Verdana, Helvetica, sans-serif; vertical-align: baseline; list-style: none; margin: 1.286em auto; padding: 0px; line-height: 1.5; color: #2a2a2a;" align="justify"O silêncio reina novamente quando eles estão longe o suficiente. Javert guarda a arma e tenta de afastar mas ainda estou me prendendo a ele. Ele então puxa meu rosto para a fraca luz da lua e das estrelas e me /O medo, a incerteza, o amor não correspondido que sinto por outro e o frio me fazem chorar. Novamente ele me olha e sei naquele momento que me /"Éponine."br /"Você sabe quem sou."br /"Ora, sendo filha de quem é, óbvio que eu saberia." Ele ri mas respira fundo. "Não deveria estar na rua essa hora. Não é seguro."br /"Já não me importo."br /Solto-o e me distancio alguns passos. "Foi você quem cantou comigo."br /Sorrio e decido sair dali. Sequer tenho palavras para explicar tudo que aconteceu, ou para /Obrigo meus passos a acelerarem para chegar logo em casa mas quando estou na metade do caminho consigo ouvir alguém atrás de mim. "Menina!"br /Olho para trás e lá está ele de novo. Javert chega perto e penetra meu olhar com o seu. "Eu não moro longe, sabe."br /Eu não sabia isso naquele momento mas segui-lo mudaria nossas vidas. Na verdade, até pouparia elas./p