- Meu irmão terminou o namoro! - anunciou Alice, durante o lanche, para uma mesa cheia de garotas que provavelmente adoravam seu irmão como eu adorava meus personagens literários.
Angela, talvez pensando na mesma coisa que eu, resolveu fazer a pergunta chave: "qual irmão?", afinal, Alice Cullen tinha dois irmãos, James e Edward, ambos mais velhos. James não era realmente seu irmão biológico, mas o Dr. Cullen o adotou quando precisou socorrer o garoto na emergência e viu que seus machucados eram resultado de uma violência doméstica constante.
A história apenas chegou aos meus ouvidos quando a família se mudou de Seattle para cá e Charlie, meu pai e xerife de Forks, se tornou amigo próximo de Carlisle Cullen e sua adorável esposa, Esme. James tinha vinte anos, já estava na faculdade, mas era muito bonito e até se parecia um pouco com os pais adotivos. O cabelo era de um loiro escuro diferente e se a família quisesse, poderia mentir que a genética tomou um curso diferente com o filho mais velho. E ele namorava a mulher mais intragável do mundo, uma ruiva chamada Victoria, que fazia questão de nos importunar sempre que podia, tecendo comentários irônicos sobre nós, pelas costas de Alice, é claro.
Se James tivesse terminado com Victoria, o caminho estaria livre para Irina, que nutria uma paixonite por ele e o brilho em seus olhos se apagou quando Alice sussurrou: "Edward".
O irmão do meio de Alice, Edward Cullen, era somente um ano mais velho que nós e namorava Kate Denali, irmã de Irina. Eu nutria um sentimento especial em relação a Kate, especialmente porque ela nos ajudava em matemática e bondade exalava de seu coração, mas Edward…
Eu nunca vira o que minhas amigas viam nele, aquilo que fazia com que elas babassem tanto em um cara que era absolutamente… Comum. Ele era sim, muito bonito, até mais que James e definitivamente as semelhanças com Esme gritavam que era seu filho, mas ele era desinteressante, para dizer o mínimo.
Quase nunca estava em casa quando passávamos por lá e quando estava, nos agraciava com piadinhas sem graça, ou brincadeiras desnecessárias. Era um bálsamo que ele ignorasse tanto a minha presença, assim como eu ignorava a dele.
- Kate não comentou nada comigo sobre isso. - murmurou Irina, checando o celular. - Mas eles não estavam muito bem mesmo.
- Meu irmão é teimoso. Gostaria de saber o que ele fez para que Kate desse um basta.
Alice, ao contrário do que pensavam, não passava a mão na cabeça do irmão e diversas vezes me narrava discussões recorrentes entre eles em que ela acabava colocando algum juízo em Edward.
- Pode ser que Kate também tenha feito algo, Alie. Ou os dois tenham percebido que com a faculdade se aproximando, as coisas vão ficar mais difíceis.
- Se eles se amam mesmo, um relacionamento a distância pode funcionar. - comentou Ang, que permanecia otimista em relação ao amor. Ah, a romântica incurável…
Permaneci em silêncio, focada em terminar meu almoço - um pedaço de pizza de queijo, e além das suposições, tive que aguentar Jessica fazendo planos para uma possível abordagem até Edward.
O resto da tarde foi assim e eu queria me jogar em um buraco por ouvir tantas vezes o nome "Edward". Me pronunciei, finalmente, quando já estávamos no estacionamento, revendo os planos para o dia seguinte, um sábado ensolarado e um possível encontro na lanchonete de Sue Clearwater. Estava doida para comer um hambúrguer com fritas e lá era o lugar perfeito para isso.
- Alguma de vocês já pensou que Kate pode ter terminado com Edward por que ele tem bafo? Ou é ruim de cama? Deixem disso e foquem em algo que não seja essa cara, pelo amor de Deus! E com todo respeito, Alice. - Meu tom de voz não foi exagerado, como o delas minutos antes, mas foi alto o suficiente para que alguém escutasse e cochichasse atrás de mim:
- Interessante… Podem ter sido por esses motivos mesmo, mas, não gostaria de checar para saber se está certa ou não?
Edward entrou no meu campo de visão, com um meio sorriso no rosto. Tentei, inutilmente, não corar com seu comentário, e com as bochechas igual a dois tomates, revirei os olhos.
- Não, obrigada, - respondi, enquanto ele enfiava as mãos no bolso do casaco cinza e me encarava, me desafiando a provocá-lo. Vá para o inferno, Edward, queria gritar. Meu rosto suavizou, em uma expressão de pura plenitude, e observei quando ele franziu a testa.
Acho que em parte, sua maior frustração era que eu simplesmente não revidava quando alguma provocação era direcionada a mim, o que acontecia raramente, já que nós simplesmente não conversávamos, independente do momento.
- Bem, o dia que quiser, estarei às ordens. Alice, vamos? - e puxou a irmã delicadamente pelo cotovelo, em direção ao carro.
Ele realmente se achava. E demonstrava isso no jeito de andar, no sorriso caloroso que dava a todas as meninas, não só meninas, a praticamente todas as mulheres da cidade. Como se ele fosse único, um cristal lapidado e raro, vindo diretamente da Noruega. E eu nem sabia se existiam cristais raros por lá.
Foi assim, com o sorriso besta no rosto e as mãos bagunçando o cabelo que Edward se retirou, com Alice logo atrás ainda acenando animadamente para nós. Nada abalava seu ânimo, nem as atitudes do irmão e por isso a amávamos. Considerávamos Alie o sol do grupo, a única capaz de mudar nosso dia de cabeça para baixo. Minhas amigas murmuraram despedidas aos dois, enquanto eu permanecia entretida em apenas observar… E me perguntar mais uma vez o que elas viam de tão especial naquele homem.
- Qual é seu problema com Edward mesmo? - perguntou Angela, me puxando para longe das outras, que continuavam encarando fixamente o Volvo prateado que dava partida. Ela, pelo menos, era completamente imune aos charmes de Edward, apenas porque tinha olhos para um de seus amigos, Ben.
- Além do fato dele se achar completamente e ser um idiota? - ela riu, ainda agarrada a meu braço.
- Sério, Bells! Eu não consigo me lembrar de um motivo concreto para vocês não se gostarem. Ou você não gostar dele, sei lá!
Ponderei sobre as palavras de Ang. Poderíamos facilmente ter brigado, mas mal trocávamos uma palavra, então… Não havia um motivo específico. Nossa falta de diálogo poderia ser um? Tentei me lembrar da primeira vez que nos vimos, na fila do refeitório, no seu primeiro dia. Eu o achei bonito, realmente achei, mas perdi o encanto assim que ele se empoleirou na minha frente, para se juntar a Jasper, sem se importar com quem estava atrás. Sem se importar se estávamos há dez minutos esperando. Um sorriso simpático na direção da Sra. Lowell foi o suficiente para não ganhar uma bronca ou ser mandado até o final da fila. Aquilo me tirou do sério e sanou qualquer tipo de vontade de interagir com o garoto novo, não que eu fosse o tipo amigável, que sai falando com Deus e o mundo.
Mas, para mim, isso era motivo o suficiente para não acreditar que Edward era um Deus supremo. E a cada dia mais, eu percebia que ele era exatamente igual aos outros garotos, usando seu charme para conseguir uma dispensa da aula ou flertando incansavelmente com outras meninas, antes de Kate... Optei por ocultar aquele acontecimento específico da lanchonete de Angela, afinal, ela tentaria contornar a situação e achar uma explicação condizente para seu comportamento. Simplesmente me contentei em dizer:
- Não sei. Apenas não gosto muito dele.
- Minha mãe diz que muito ódio assim acaba em amor… - seus olhos brilhavam com expectativa e rapidamente me soltei dela, um pouco dramática talvez, apenas para sussurrar em completo horror.
- Com amigas como você, não preciso de inimigas, hein?
Ela grudou seus braços novamente em mim, caminhando até a picape laranja estacionada perto demais das árvores. Tinha sido meu presente de dezesseis anos, dado por meu pai e era meu xodó. Eu poderia destruir o mundo com aquela coisa.
Meu carro era uma Chevy 1963, monstruosamente grande e nada convencional para os carros que costumavam ficar estacionados na Forks High. Ninguém aqui era exatamente rico, a não ser pelos Cullen e os Hale, então não havia ostentação, apenas carros populares e… discretos. Minha picape praticamente gritava no meio daquele emaranhado cinza. Graças a Jacob, meu mecânico e amigo de longa data - o carro tinha sido de seus pais e vendido a preço de banana para Charlie - tudo por dentro estava novinho em folha.
Ang se apoiou na capota, sustentando sua mochila com um braço.
- Sabe que a Rosalie vai ficar doida quando souber da novidade, não é? Aquele amor todo vai… Triplicar.
Fiz uma careta quando o nome de Rosalie saiu da boca de Angela, flashbacks doloridos da loira praticamente se jogando em cima de Edward Cullen, sem pudor algum durante uma festa, vindo até mim. Rose, minha melhor amiga de infância, estava fora havia uma semana, acompanhando os pais e o irmão em alguma viagem chique para longe de Forks, sem nenhum motivo aparente.
"Minha mãe disse que precisa de férias, então fizemos as malas e estamos aqui!", essa era a legenda da foto que recebemos por mensagem, já que os Hale praticamente saíram na calada da noite. Renee nos contou no jantar que este último fato tinha servido de pólvora para começarem os rumores em Forks.
Mas os Hale eram uma família boa e apesar de serem herdeiros, juntaram sua pequena fortuna em algo mais rentável. Os pais de Rosalie e Jasper eram os responsáveis por nossas melhores lojas de roupas na cidade e ao redor. Seattle contava com mais de duas lojas gigantes e isso garantia que viagens, festas e muito luxo fossem parte da vida da nossa amiga, até mesmo mais do que ela gostaria.
E Rosalie possuía alguns defeitos, além da vaidade excessiva e alguns luxos desnecessários, o pior deles sendo sua paixão por Edward Cullen. Apaixonada ao ponto de ignorar a existência de Kate e nos fazer implorar por Deus para que parasse o que estava fazendo, durante a festa de aniversário de Irina.
- Não quero nem me lembrar daquela última vez. - murmurei, afastando as memórias ruins de vez da minha cabeça. Edward gentilmente havia se afastado de Rosalie na ocasião, mas não sem nos encarar e abrir um sorriso, que a loira interpretou como um incentivo.
- Não quero ser a pessoa a contar, assumo, mas fico preocupada que ela ouça através de Jéssica. Ela costuma adicionar muitas coisas ruins a história, não vou me surpreender se algo podre sobre Kate for inventado.
- Kate vai levar a culpa por um término? - parecia que cada palavra saia em voz lenta, porque não podia acreditar que alguém inventaria algo ruim dela por algo tão… Comum. Pessoas terminavam, e daí? E se Edward fosse o culpado nisso? Não seria uma benção Kate tê-lo fora de sua vida?
- Se depender de Jess, sim. Ela não brincou quando disse que agora iria ter sua chance com ele.
Abri a porta da picape, jogando meu material no banco do passageiro, sem importar muito com as folhas que caíram e garanti a Angela que contaria a Rose, pediria discrição e que ela não acreditasse no que inventassem sobre a irmã de nossa amiga. Isso machucaria muito mais Irina do que qualquer outra pessoa.
- Quer uma carona? - ofereci, quando ela parecia um pouco mais aliviada. Angela, dentre nós, era a mais bondosa, mais paciente e justa. Um pouco justa demais às vezes.
Seu cabelo castanho, da mesma cor de seus olhos, estava perfeitamente preso para trás, sem nenhum fio fora do lugar e sua roupa, ao contrário das minhas, não eram desconjuntadas ou amassadas. Ang era organizada, pontual, verdadeira e não apontaria o dedo a ninguém, não sem antes ouvir os dois lados, como uma mãe. E por isso sua preocupação com Rosalie, Kate e Irina era real, não apenas algo que ela exporia para fingir que se importava.
- Não precisa, obrigada. Meu pai veio conversar com a Sra. Cope, alguém da família dela pretende se casar e querem que ele faça os votos. - e sorriu, apontando para o prédio da secretaria. - Nos vemos amanhã na lanchonete?
E concordei com a cabeça, finalmente entrando na picape. O motor praticamente rugiu quando liguei o carro e com um tchauzinho pela janela peguei o caminho para casa, observando pelo para-brisa enquanto minha amiga caminhava tranquilamente até o carro do pai.
Durante o caminho, repleto de mais árvores altas, sem um resquício do sol brilhante que Rose tanto se gabava quando fazia suas viagens, imaginei como minha amiga reagiria a solteirice de Edward e mais do que isso, se algum dia, eu teria esse tipo de amor ou admiração por alguém. Seria como Rosalie? Agiria desesperadamente por um pingo de atenção, me contentaria com sorrisos provocativos? Ou sofreria em silêncio, como os livros de romance que insistia em ler de madrugada, até que meus olhos ou meus pais reclamassem da luz acesa.
Mal terminei de formular meus pensamentos quando cheguei a casa de dois andares, em uma rua tranquila, que terminava para uma pequena parte da floresta. Minha casa. Aquela que Charlie construíra assim que conheceu minha mãe - perdidamente apaixonado. E gloriosamente, era mútuo. Fiquei um tempo na garagem, talvez cinco minutos, relembrando as histórias que me foram contadas e recontadas ao longo dos anos. Meus pais no auge dos vinte anos, se conhecendo durante uma reunião de amigos na praia. Os olhares trocados - e como meu pai sempre foi fascinado nos olhos azuis de minha mãe, que combinavam perfeitamente com o mar...
O som estridente do meu celular ecoou pelo carro e revirei a mochila em busca do aparelho, que agora brilhava com o nome de Rosalie na tela.
- Bells! Estou de volta! - gritou, assim que atendi e antes que pudesse dizer algo. - E sozinha! Jasper e meus pais saíram, então… Temos a casa para nós!
- Olá, Rosalie! Como você está? Eu estou ótima! - debochei, me preparando para pegar a mochila e caminhar em direção a casa, que também estaria vazia.
- Ah, pare com isso, quanta formalidade, Isabella! Sei que está bem e irá melhorar quando vier até aqui, fofocar comigo.
- Só porque estou com muita saudade, Rose! E estamos em uma sexta-feira. - recordei, sabendo que provavelmente garrafas de vinho estariam envolvidas nessa noitada. - E vou tomar um banho.
- Eu espero, sem problema! Mas venha, quero te contar sobre os lugares, mostrar fotos, entregar o seu…
- Rosalie, por favor não me diga o que estou pensando. - murmurei, rezando aos céus que ela não tivesse trazido nada para mim. Absolutamente nada.
- Se eu tiver comprado algo para você, você vai aceitar de bom grado. - não era uma afirmação, era uma ordem, pelo seu tom de voz. - Preciso ligar para Alice. Quando estiver saindo de casa, me ligue, ok?
Eu já estava na soleira, destrancando a porta, quando a ligação se encerrou. Suspirei, dando alguns passos para dentro, a fim de checar se por algum milagre, Renee ou Charlie tinham chegado mais cedo em casa. Nada. O espaço reservado para a espingarda de meu pai: vazio.
Subi com pressa, desesperada por um banho quente e joguei as roupas pelo quarto, sem me importar em pendurá-las. Por sorte meus pais tinham feito meu quarto com um banheiro anexado, nada gigantesco, mas não precisar usar o banheiro do corredor ou o deles já era um alívio. Nada melhor do que privacidade.
Prendi meus cabelos em um coque desajeitado, sem a menor vontade de lavá-los e permaneci com ele quando desliguei a água quente e procurei por uma roupa confortável: um moletom cinza e jeans. Antes de deixar a casa, com meu celular em mãos e a carteira, deixei um bilhete para Renee, avisando do meu paradeiro.
"Estou na Rose! Volto antes de amanhecer! - Bells"
E se tivesse vinho envolvido, como eu já previa, talvez nem voltasse. Meus pais preferiam assim ou, que eu ligasse e Charlie me buscasse. O caminho para a casa de Rosalie era relativamente curto, poucos metros afastada da cidade e provavelmente a única com portões majestosos à sua frente, que se abriram quando algum dos funcionários me identificou pelas câmeras.
Antes mesmo que eu pudesse enviar a mensagem avisando que tinha chegado. Estacionei próximo a garagem coberta, onde sempre costumava deixar a picape e abri sem cerimônias a porta de entrada.
- Você sabe que essa segurança toda na sua casa é completamente desnecessária, certo? - Comentei, assim que coloquei minha bolsa em cima de uma das poltronas da primeira - de muitas - saletas espalhadas pela casa. - Temos uma excelente equipe de segurança, liderada por um xerife muito competente.
E a loira gargalhou, gritando para ir até a cozinha. Rose também usava um moletom similar ao meu, porém vinho, e largou tudo o que estava preparando quando correu até a porta e me abraçou.
- Senti sua falta! - confidenciou, me dando um sorriso que chegava aos olhos.
- Eu também! Quer explicar por que vocês saíram literalmente na calada da noite? Rendeu muita fofoca por aqui. - avisei, sabendo que Jaqueline Hale provavelmente gostaria de saber disso.
- Não me importo com o pessoal de Forks, você sabe, mas minha mãe fará questão de calar todos eles com sua simpatia. - concordei com a cabeça.
Rosalie deu um suspiro e sumiu por uns instantes, apenas para pegar a garrafa de vinho branco, sinalizar para que eu pegasse os potes com porções, e nos guiar até o jardim nos fundos da casa.
- Minha mãe se estressou com o trabalho e simplesmente comprou passagens para irmos à noite ao Havaí. Cheguei do colégio e ela ordenou que fizéssemos as malas, com roupas quentes.
- Para aliviar o estresse? - perguntei, enquanto ela servia as taças. Levamos duas viagens para pegar tudo e agora na mesa, de vidro, tínhamos salgadinhos, pães cortados e um patê caseiro de frango feito por minha amiga.
- Mais tarde pediremos alguma coisa, isso é apenas um aperitivo. - disse, apontando para as coisas. - Sim, para aliviar o estresse. Colocou Jasper e eu em quartos bem distantes do dela e além de ter passado os dias tomando sol, fez uma terceira ou quarta lua de mel com meu pai.
Gargalhei, tentando me lembrar a última vez que minha família ou meus pais haviam feito uma viagem… Nenhuma memória vinha a mente.
- Vocês ricos tem um jeito estranho de fugir das preocupações do dia-a-dia, Rose.
- Quando você for rica, vai entender o que uma viagem é capaz de fazer, mesmo que seja no meio da semana e atrapalhe seu calendário escolar inteirinho. - apesar de sua voz conter certa ironia, o sorriso em seus lábios antes de tomar o vinho me diziam que ela tinha amado a viagem e não se importava com meus comentários.
- Quando eu for rica? – perguntei, franzindo a testa.
- Você vai fazer medicina, acha que vai viver uma vida humilde como uma pacata médica em Forks? Esperava mais de você.
E o sorriso desapareceu, dando lugar a uma expressão séria, de quem estava prestes a me dar uma bronca.
- Não ligo para o dinheiro, Rose. Se tiver que ficar por aqui, fazer uma faculdade comunitária, vou aceitar o destino e fazer meu melhor. O doutor Cullen tem uma vida boa em Forks. – retruquei. Boa demais, inclusive.
- O doutor Cullen trabalhou por anos em Seattle, só Deus sabe o quanto de dinheiro ganhou só por ser cirurgião lá. E um bom cirurgião! Imagine só você!
E determinada a mudar de assunto, porque sabia onde Rose queria chegar, tomei um grande gole do vinho e me preparei para contar o que tanto me atormentou a manhã inteira.
- Por falar nos Cullen, - comecei - você conversou com Alice hoje?
- Sim! Chamei ela para vir até aqui, mas, está ajudando Edward com algo e como Jasper não está em casa, não tenho desculpas para chamar ambos.
Agradeci internamente por isso. Hora de fofocar.
- Edward terminou com Kate. Sim, é sério. - me virei para encarar seus olhos azuis arregalados, um pouco mais claros que os de Renee. Sua boca estava aberta, mas logo se curvou em um sorriso. - Rose…
- Finalmente os céus atenderam meus pedidos. - agradeceu, inclinando sua cabeça para trás e levando as mãos ao peito, o sorriso ainda dançando em seus lábios.
- Qual foi o motivo da separação?
- Não sei, mas continuo com a certeza de que Kate se livrou de uma. E, - adicionei - você vai se segurar.
- Bells… - ela falou, lentamente, apenas para comer um salgadinho logo em seguida. - Por que lutar contra o amor? - suspirou.
- Porque você é intensa. Intensa demais. Espere para saber se existe realmente uma chance, Rosalie. Se você investir e ele ainda sentir algo por Kate… Não quero te ver machucada.
Minha amiga apenas estendeu sua mão, acenando e garantiu que não, eu não precisaria me preocupar com seu coração. Ela sabia o que estava fazendo. E era exatamente disso que eu tinha medo.
