Re: Zero?
Um novo mundo... Talvez não tão novo assim...
Durma... Junto de minha filha.
Era claro o que aquelas palavras significavam. Emilia estava morta, e novamente, Subaru não foi capaz de salvá-la. Não foi capaz de salvar nenhum deles.
O gelo pareceu abraçar sua pele, a câmera focando em suas costas quando sua cabeça caiu de seu pescoço, os olhos da criatura brilhando enquanto ele observava o agora morto Subaru, de cima da enorme mansão.
Quando os créditos finalmente começaram a rolar, eu pisquei algumas vezes, para tentar entender o que eu havia acabado de ver.
"Que porra?" Foi a única coisa que saiu da minha boca enquanto meus olhos ainda focavam na tela em minha frente.
Esse anime... Ele é realmente diferente. Quando meu amigo me recomendou, eu não esperava algo tão... Profundo, de certa forma. Realmente sinto empatia por Subaru, o que não costumo fazer com a maioria dos protagonistas de anime que assisto. Sério... Não é como The Gamer, onde o protagonista não parece correr perigo com aquele sistema ultra apelão.
Não há como culpar ele pelo que aconteceu com a Emilia e os outros. Era realmente esperado que sua mente fosse quebrar uma hora ou outra.
A capacidade de retornar no tempo logo depois da morte é tentador. Claro, ser incapaz de escolher o ponto de retorno é algo ruim, mas para uma segunda chance de viver, isso não importa muito.
Se fosse apenas por isso, esse seria um poder maravilhoso. Infelizmente, há alguns detalhes que o tornam realmente uma maldição, não algo de se gabar.
Primeiro, Subaru é incapaz de contar para qualquer um que ele pode retornar no tempo. Bem, quando ele tentou, o tempo pareceu parar quando uma mão negra quase o fez sofrer um ataque cardíaco. Aliás, a cena foi incrível.
Segundo, ele sente e se lembra de tudo. Mesmo depois de voltar no tempo, aparentemente uma dor fantasma ainda permanece por um tempo. Isso é horrível, considerando as formas com que ele morreu, e mesmo eu assistindo apenas até o episódio 8, não foram poucas.
Eu agarro minha barriga, a cena da Elsa segurando uma das entranhas de Subaru com ele ainda vivo voltando para mim.
Nunca senti tanta agonia assistindo algo...
"Ugh... Melhor eu ir dormir agora..." Meus olhos pousaram no relógio do notebook em minha cama, a tela ainda brilhando com os créditos do episódio ainda sendo mostrados.
4:48...
Fiquei tão focado em assistir o anime, que mal percebi o passar do tempo. Preciso dormir para ao menos ter energia para os exercícios de amanhã.
Eu fechei a tampa do notebook, suas luzes desligando após alguns segundos. Com um bocejo, coloquei o aparelho em cima da minha escrivaninha e deixei minhas costas caírem contra a cama.
Fiquei olhando para o teto enquanto pensava sobre o dia de amanhã, mas, principalmente, o anime que acabei de assistir devido uma recomendação de um amigo. Ainda não o terminei, mas com certeza o farei.
Eu pisco algumas vezes quando sinto o peso sobre minhas pálpebras.
A ideia de ser transportado para outro mundo é tentadora, não vou mentir. Mas se for para passar por coisas parecidas com que o Subaru passou, prefiro continuar vivendo um dia de cada vez de forma tediosa até morrer de velhice.
"Eu..."
Começo a fechar meus olhos, o sono me alcançando.
"Te..."
Deixo um suspiro escapar quando deixo meu corpo relaxar no colchão.
"Amo."
Uma sensação estranha atravessa todo meu corpo quando rapidamente abro os olhos, uma luz forte me obrigando a proteger meu rosto com as mãos.
Como se meus sentidos de repente voltassem, sons que conheço bem do centro da cidade me assustam. Vozes, passos e a sensação de queimação devido ao calor do sol fazem com que meu corpo trema.
Eu tenho certeza que um segundo atrás, eu estava confortavelmente deitado na minha cama.
Com meus olhos se acostumando com a luz, finalmente tiro a mão da frente do meu rosto. Surpreso, abro a boca em espanto quando vejo uma diversidade de pessoas caminhando pelo que parece uma praça.
Quando digo diversidade, não estou falando sobre etnias ou coisa do tipo. Estou falando sobre humanos e seres humanoides com características de animais! Sério, acabei de ver um homem com cabeça de jacaré agora mesmo!
Eu olho em volta freneticamente, tentando entender a situação em que estou.
Ok, isso só pode ser um sonho. Talvez se eu me beliscar, eu possa acordar!
Com um sorriso tenso, eu rapidamente levanto meu braço, minha mão se movendo para minha pele rapidamente, agarrando-a entre os dedos e apertando com força.
Dor intensa não era o que eu realmente esperava que acontecesse.
"Ugh! Que porra é essa?!"
Eu olho para o local que belisquei, vermelhidão marcando como se alguém decidisse atirar em mim com uma airsoft modificada.
"Eu sei que deveria doer, mas isso foi demais." Eu sussurro.
Balançando a cabeça, eu olho em volta novamente, as engrenagens de minha mente girando com o que estava acontecendo.
Isso... Isso não parece ser um sonho, e essas pessoas não parecem estar de fantasia.
Como se tentasse confirmar a situação para mim mesmo, meus olhos pousam sobre uma pequena pessoa que parece ser um poodle andando sobre duas patas.
"Com certeza não é falso."
Eu dou um longo suspiro, meus ombros trêmulos com a ideia de ser transportado para outro mundo.
Merda, merda, merda. Já assisti animes o bastante para saber que esse tipo de mundo é perigoso até mesmo para seres poderosos, imagine para alguém como eu!
Eu ergo as mãos ao lado da minha cabeça e as acerto em minha bochecha.
Droga, se desesperar não vai ajudar numa situação dessas. Pense, Micael, pense!
Fechando os olhos, começo a me acalmar, meus ombros finalmente parando.
"Desespero... Não vai ajudar em nada... Ficar parado também, e eu duvido que alguém saiba o motivo de eu estar aqui, considerando que ninguém nem mesmo notou minha presença."
Eu novamente abro os olhos, dessa vez minha mente sã o suficiente para raciocinar sobre onde estou.
Pelo que parece, isso é uma praça, no que parece uma cidade... Reino? Bem, estamos em um mundo medieval, então.
Um cavaleiro completamente equipado com uma armadura passa por mim, confirmando o que eu estava pensando.
Eu acabei de descobrir em qual nível tecnológico esse mundo se encontra... Eu espero...
Massageando minha testa, eu penso em meu próximo passo.
"Agora preciso descobrir em que lugar exatamente eu estou, e como faço para voltar para casa. Talvez um mago possa me ajudar... Existem magos aqui, não é?" Eu digo, meu corpo virando para o a esquerda quando começo a andar.
Não sei exatamente para onde estou indo, mas ficar parado não vai me ajudar! Eu nem sei se há uma diferença de tempo entre esse mundo e o meu. Espero com todas as forças que isso não seja diferente, pois não quero chegar lá quando se passaram 10 anos e aqui apenas 10 dias.
O pensamento me faz estremecer.
Olhando em volta enquanto caminho, percebo que não faço ideia de qual língua é usada nesse lugar.
O que exatamente 4 rabiscos em uma placa de madeira deveriam significar?!
Com um suspiro, eu passo a mão por meu cabelo.
Bem, isso é um mundo medieval. Eu deveria ter esperado uma forma de escrita arcaica.
"Ei, garoto! Que roupas estranhas, é um viajante?" Uma voz grossa soa ao meu lado, fazendo-me virar para ver um homem musculoso e um pouco mais alto que eu parado ao lado de algumas caixas de... Maças?
Eu olho para a placa com alguns rabiscos, acima das frutas.
Não consigo entender nada...
"Senhor, o que é isso?" Eu pergunto enquanto aponto para a fruta vermelha.
"Isso são ringas, interessado?"
Eu paro, finalmente percebendo um erro grave que cometi.
Eu esqueci de checar minhas roupas!
Eu imediatamente começo a checar meus bolsos, minha mão encontrando com um objeto retangular.
"Isso... Isso é..."
Eu puxo o objeto e o levanto até a altura do meu rosto.
"Meu celular!"
Sinto a esperança se acender em meu peito quando ligo sua tela, mas ela vai embora tão rápido quanto veio.
"Sem sinal... É obvio!"
Eu coloco o aparelho de volta no bolso enquanto suspiro de frustração.
"Ei, moleque!"
Eu levanto meu olhar para encontrar com o homem de antes. Dessa vez, analiso atentamente sua aparência, o que me faz o achar estranhamente familiar.
"Se não vai comprar nada, saia da frente da minha loja! Está afastando meus clientes!"
Pisco algumas vezes.
"Isso realmente é familiar..."
"Ei!"
"Tudo bem, tudo bem! Estou saindo!" Eu resmungo enquanto me retiro do local.
Que cara rude! Não é como se tivesse alguém por perto realmente interessado naquela maça... Ringa... O que for!
Eu puxo meu celular e abro minha galeria. Meus olhos vagam em algumas fotos minhas com meus pais e amigos.
Felizmente, elas não sumiram.
Sussurros chamam minha atenção, minha cabeça levantando para encontrar algumas pessoas cochichando enquanto olham para mim. O motivo eu rapidamente percebo.
"Ah, merda. Um aparelho como esse não deveria existir."
Procurando uma forma de escapar daquele local, um beco entra em meu campo de visão. Em passos rápidos, passo por algumas pessoas e entro no local escuro.
A primeira coisa que me chama a atenção são três degraus no final do beco.
Bom, descansar pode ser bom.
Eu ando até os degraus e me sento, meus cotovelos apoiando no chão enquanto eu estico minhas pernas.
Vamos avaliar minha situação.
Estou em um mundo completamente desconhecido. As únicas coisas que sei, é que estou completamente perdido e que há possibilidade da existência de magia. Aliás, estou com meu celular, mas tenho certeza de que não dormi com ele no bolso. Será que a pessoa que me trouxe para cá o deixou comigo para facilitar minha sobrevivência...?
Que merda estou falando? Nem mesmo sei se foi alguém que me trouxe para cá. Pelo que sei, uma anomalia completamente aleatória pode ter causado isso.
Eu olho para cima enquanto tento relaxar.
"Que tipo de força da natureza eu irritei para causar isso?" Melancolicamente, eu digo.
"Ei, seu idiota?!"
Eu olho para frente, três figuras caminhando lentamente em minha direção. A escuridão não me permite distinguir suas aparências até que eles estarem bem acima de mim.
Seus traços são um tanto... Diferentes?
O menor tem um cabelo de tigela e mesmo para alguém com nanismo, ele é estranhamente baixo. Já o segundo, é magrelo e pálido. Parece até que esse cara não tem sangue circulando pelo corpo. O terceiro é o mais "comum". Gordo com braços musculosos. Não é algo incomum no meu mundo. A forma com que eles se vestem deixa nítido suas classes sociais nesse... Império?
De qualquer forma, tenho uma sensação de que já vi esses caras em algum lugar.
"Uh, posso ajudá-los?"
A hostilidade é nítida em suas expressões, por isso me enrijeço rapidamente.
"Claro que pode! Passa tudo o que você tem, e a gente não te machuca!" O magrelo exigiu com um sorriso de merda no rosto.
Bom, não sou burro o bastante para não entender o que está acontecendo aqui.
Me levantando, dou alguns tapas em minha calça antes de encará-los.
A última coisa que quero no momento é me envolver em uma briga, então vou tentar resolver isso sem violência.
"Olha, tenho certeza de que estou mais falido que vocês. Não tenho uma única moeda no bolso." Eu falo, minha voz soando a mais sincera possível.
"Nós vimos você com um objeto estranho! Passa ele!"
O mais baixo falou, o que me fez cerrar minha expressão.
Querem roubar a única coisa que pode me ajudar no momento?
Vão se foder.
Eu fecho meu punho, minha mente raciocinando sobre o que fazer.
Esses caras parecem que não vão desistir com diálogo. Terei que ser um pouco bruto.
O grandalhão com certeza é o mais forte e resistente dos três. Se eu derrubar ele, não terei problema com os outros dois. Agora se um deles estiver armado, com uma lâmina ou algo do tipo, terei alguns problemas, mas treinei o suficiente para aprender a lidar com esse tipo de situação.
Talvez a violência não seja a melhor opção no momento, mas preciso descarregar minha raiva em algo.
Felizmente esses três vão servir.
"Com licença, com licença!"
Uma voz feminina soou atrás dos três, o que chamou a atenção de todos, inclusive a minha.
"Saiam da frente!"
Uma garota de baixa estatura pula sobre a gente, de uma forma que com certeza é humanamente impossível. Ela ignora completamente o que está acontecendo no local e simplesmente some nos telhados.
Eu sinto que também há vi em algum lugar, mas essa sensação é ofuscada pelo estresse.
"Então, isso me irritou um po-"
Eu ignoro completamente o que o grandalhão tem a dizer quando soco seu rosto com toda força que consigo reunir. Claro, eu obviamente esperava que isso fosse causar um belo dano, mas não esperava um estalo alto com ele voando para a entrada do beco.
Eu arregalo os olhos e olho para minha mão. Nem parece que acabei de socar alguém. Não há dor nem, mesmo uma sensação de desconforto. E essa força... Eu não deveria ser capaz de algo assim!
"O-O que?!"
Eu escuto a voz irritante do mais baixo perguntar, um pequeno sorriso se formando em minha boca.
"Ei, podem vir." Eu estalo o nó dos meus dedos.
Estou treinando para me tornar policial desde os 15 anos! Não vou recuar diante alguns bandidinhos medíocres!
"Vocês não queriam me roubar?" Eu pergunto.
O medo em suas expressões é hilário quando os dois rapidamente pegam o terceiro do trio, e o puxam com dificuldade para fora do beco.
Me seguro para não cair na gargalhada.
"Merda, eles pareciam tão assustadores. Bastou um deles cair, e suas máscaras se foram rapidinho. Isso me lembra dos bandidos do meu mundo." Eu digo, mais para mim mesmo do que para outra pessoa.
O sorriso em meu rosto rapidamente some quando olho para meu punho, o soco que dei no grandão vindo à tona.
"Eu com certeza não lembro de ser tão forte assim. Quer dizer, não lembro de ninguém ser capaz de enviar um homem de 90 quilos voando com um soco no meu mundo!" Eu abro minha mão e olho para meus dedos. "Que merda está acontecendo aqui?"
"Ei, você!"
Uma voz ecoa por todo o beco.
Novamente? Esses caras não aprenderam a lic-
Ao olhar para o responsável pela voz, sinto o mundo ao meu redor parar por um instante, minha mente tentando freneticamente entender o que eu estava vendo.
Cabelos longos e prateados, olhos com uma coloração roxa que parecem brilhar com a luz e...
Orelhas pontudas.
Memórias de algumas horas atrás me acertam como uma bola de baseball.
Subaru transportado para outro mundo. Ele se encontrando com o mesmo vendedor que eu encontrei. Ele entrando neste mesmo beco, e ele sendo salvo dos três ladrões pela...
Emilia...
Merda...
Eu estou em Re:Zero.
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Informações do personagem:
Nome: Micael L.
Idade: 18 anos.
Micael é um jovem garoto de pele bronzeada e cabelos castanhos que se estendem até seu nariz. Olhos de mesma cor, ele tem um físico trabalhado e 176cm de altura. Sua expressão normalmente demonstra traços de felicidade e diversão. Por desde jovem estar treinando para se tornar um policial, tem um ótimo raciocínio em situações perigosas. Pode parecer um garoto que se desespera facilmente, mas pode retomar o controle da situação em poucos instantes.
Apesar de não se considerar um otaku, Micael é apaixonado por animes e mangás, seu gênero favorito o romance.
