Disclaimer: BLEACH e seus personagens pertencem a Tite Kubo.


Quero Ser Seu!

Por Amanda Catarina

01. É sério, muito sério

Ottawa, Canadá, início da Primavera.

O jovem empresário Byakuya Kuchiki não se preocupou em disfarçar um sorriso contente quando viu a executiva Yoruichi Shihouin adentrando a ampla sala de reuniões. Depois de inúmeras tentativas frustradas, ele enfim teria a chance de atuar em um projeto gerido por aquela impressionante mulher.

Byakuya estava ali, na matriz da Energy Green, uma proeminente global no setor elétrico, como porta-voz do principal grupo de investidores do projeto em questão, que consistia na construção de uma estação de conversão de energia eólica e a posterior transmissão, na forma de energia elétrica, destinada a ser um reforço estratégico a um dos grandes centros comerciais da capital.

Ele tinha percorrido uma boa jornada, em pouco mais de um ano e meio, até conseguir uma vaga para trabalhar com Yoruichi, e agora estava empenhado em ser notado e conquistar o coração daquela que havia se tornado a musa inspiradora dele.

Ao término da reunião, Yoruichi demorou a deixar a sala, pois ficou conversando com ninguém menos do que o presidente da Energy Green. Observando os dois, numa conversa recheada de jargões técnicos, Byakuya percebeu que, mesmo que ele tivesse se preparado tanto, no quesito experiência no ramo, ele ainda estava um degrau abaixo se comparado aqueles dois veteranos. Sentiu-se inseguro em se aproximar, já que o pretexto que arranjara para ir ter um instante de prosa com a importante gestora era tão insignificante. Desistiu então da abordagem, e sem mais a fazer ali, tudo que restou foi deixar a sala.

Um tanto decepcionado, Byakuya ficou aguardando o elevador, uma espera que, em arranha-céus como aquele, podia ser coisa bem demorada. Tentava se consolar, dizendo a si mesmo que aquele era apenas o começo e que seriam meses de negociações pela frente, uma hora ou outra, o momento certo de ele interagir com a beldade chegaria. Mas, de repente, ele avistou Yoruichi Shihouin passando por ali, a poucos metros de distância, sozinha.

Fascinado, toda a atenção dele se voltou a ela. Desde os trajes até os menores gestos, nada passou ileso dos olhos perscrutadores dele. E por estar nessa atenta contemplação ele flagrou algo impensável.

Um homem encapuzado apareceu ali do nada, se aproximou correndo de Yoruichi por trás e apertou um pano contra o nariz e a boca dela. Desesperado, Byakuya se escondeu para que o sujeito não o visse. Sem tirar os olhos da cena, ele pensou no que poderia fazer.

Yoruichi parecia ter desmaiado e o cara a arrastava sem muitos cuidados em direção à porta que levava ao hall das escadas. Ao compreender a intenção do criminoso, Byakuya precisou agir. Ele nem soube como conseguiu se mover tão rápido. Não foi a atitude mais sensata de sua vida, mas quando deu por si já tinha nocauteado o bandido. Todas aquelas aulas de kendo e de defesa pessoal enfim se mostraram úteis.

Com extremo cuidado, ele pegou Yoruichi nos braços e fugia sem rumo e naquele exato momento o elevador que ele tinha chamado chegou ao andar. Ele entrou no elevador feito um raio e ficou apertando freneticamente o botão para adiantar o fechamento das portas. Assim que o elevador começou a descer, ele enfim deu uma olhada na executiva. Yoruichi estava pálida, mas a respiração era regular e o pulso, constante. Sem falar que a sensação de tê-la nos braços era incrivelmente boa.

Como ela é leve. E, olhando assim de perto, percebo que não é tão alta quanto imaginei.

O display do elevador indicava que já estavam no trigésimo andar, em pouco tempo chegariam à Recepção Geral. Porém, em um raciocínio muito analítico, Byakuya pensou que chegando na recepção, ele teria que relatar o ocorrido, esperar pela Polícia, entregar Yoruichi para ser levada a um pronto-socorro... Reagiu então por impulso e bateu o punho cerrado em outro botão do elevador, assim, em menos de um minuto, as portas se abriram no sexto andar.

Milagrosamente, nenhuma alma viva o viu sair do elevador com uma mulher desmaiada nos braços, nenhuma câmera o filmou, e ele não demorou a se esconder no hall das escadas. Sentou-se no chão, deixando Yoruichi de atravessado sobre as pernas, e recobrou o fôlego. Sabia que estava sendo totalmente imprudente, mas não queria se separar dela ainda. E em poucos minutos estava convicto de que podia contornar perfeitamente aquela situação sem a ajuda de ninguém.

Ligou então para a Polícia, avisando que havia sequestradores no prédio, mas omitiu que Yoruichi Shihouin quase fora feita refém. Ninguém além dele tinha testemunhado a cena, então ele podia inventar qualquer coisa. Com os policiais avisados, ele pensou então como sairia dali com a executiva naquele estado.

Raciocinou um pouco, fez alguns cálculos mentais, do sexto andar até a garagem onde seu carro estava eram vários e vários lances de escada. Mas ele estava em forma e ela era leve. Felizmente, ele estava com uma SUV naquele dia, sorte ter desistido de vir com a Ferrari de última hora. Então, ele só teria que acomodar Yoruichi no banco de trás, jogar o terno por cima do corpo dela que os seguranças do prédio nunca desconfiariam de nada.

Convencido de que tinha bolado um ótimo plano, Byakuya Kuchiki não hesitou um só instante e tratou de colocar tudo aquilo em prática.


Quando Byakuya finalmente chegou ao próprio apartamento, com Yoruichi nos braços, um enfermeiro estava à espera dele em frente à porta do lugar.

– Desculpe te fazer esperar, Yamada Hanatarou.

– Ah, não se preocupe comigo, Kuchiki-dono. E não tem nem cinco minutos que cheguei!

Na sequência, eles adentraram o interior do luxuoso apartamento, uma cobertura em um conjunto residencial de altíssimo padrão. Byakuya não fez cerimônias em acomodar a desfalecida na própria cama e o jovem enfermeiro não ousou fazer comentários quanto a isso, ocupando-se logo da tarefa de examiná-la.

Como Byakuya tinha deduzido, Yoruichi estava bem e só continuava desacordada em função do sossega-leão que havia sido obrigada a inalar.

– Quando ela voltar a si, talvez sinta um pouco de náuseas. Então vou deixar esse remédio com você, Kuchiki-dono.

– Certo. E, muito obrigado, Yamada-san.

Já fazia algum tempo que o enfermeiro tinha deixado o apartamento e um silêncio revigorante preenchia o quarto de Byakuya.

Yoruichi Shihouin continuava estirada na cama king size dele. Inconsciente, vulnerável e tentadoramente linda. Byakuya ainda custava a acreditar em tudo que tinha acontecido e não ignorava o fato de que só não tinha sido pego por pura sorte.

Era fato também que o dito sequestrador àquela altura, quase sete da noite, já estava preso, mas, mesmo assim, Byakuya levou o caso a um amigo que tinha no Departamento de Polícia. E este o assegurou que encontraria os mandantes daquele quase sequestro, então ele soube que não precisava se preocupar com mais nada. Deixou então a beldade descansando ali e foi tomar um banho rápido.

Ao voltar, vestindo jeans e camiseta, e uma toalha pequena atravessada no pescoço, Byakuya reparou em um item que tinha largado em cima do criado mudo, a bolsa da executiva.

Aproximou-se e pegou o objeto. Vasculhando o interior com curiosidade, percebeu entre os itens femininos que o passaporte dela estava ali também. Reagindo outra vez por instinto, ele separou aquele item do resto e, bem naquele momento, sua musa começou a se revirar na cama. Rapidamente, ele jogou a toalha em um canto, fechou de qualquer jeito a bolsa e a escondeu na gaveta do criado mudo, porém ficou com o passaporte, deixando-o no bolso de trás do jeans.

Depois de um remexer hipnotizante, que o fez compará-la a uma gatinha dengosa, Yoruichi repentinamente abriu os olhos, e em questão de instantes a expressão dela era de pura confusão.

– Hã? Que lugar é esse?

– Por favor, não se assuste, Shihouin-san.

– Você é... - começou ela e ficou a encará-lo, parecia buscar o nome dele no fundo da memória. – Kuchiki Byakuya?

– Eu mesmo... Fico feliz de ver que ainda se lembra do meu nome, Shihouin-san!

– Claro que lembro! Mas que lugar é esse, Kuchiki-kun? E como eu vim parar aqui?

– Foi uma situação bem fora do comum, Shihouin-san... A senhorita por pouco não foi vítima de um sequestro!

– Sequestro? Mas como assim?

– Foi muito perigoso! Mas por acaso eu estava por perto quando a senhorita foi atacada e consegui impedir o sujeito. Só que ele deu um sedativo em você e nisso a senhorita acabou desmaiando.

A executiva o escutava com um olhar atônito.

– Ah, meu Deus! Não me diga que o infeliz levou a minha bolsa? Meu passaporte estava lá! E eu preciso embarcar pros Estados Unidos amanhã no primeiro horário! Tenho uma reunião muito importante!

Ao ouvir aquilo Byakuya teve a certeza que a sorte estava do lado dele naquela noite. Pelo tom desesperado, era evidente o quanto ela precisava do documento e pensou que poderia se aproveitar daquilo e propor uma barganha do tipo o passaporte em troca de um beijo.

– Os equipamentos mais importantes pra obra dependem dessa viagem... Quanto tempo demora pra tirar outro passaporte? Tudo bem se eu arranjar um falso? - ela falava mais sozinha do que com ele, tentando achar uma solução para o impasse.

E diante daquilo Byakuya não conseguiu sustentar os próprios anseios egoístas. Aquela devoção que ela tinha pelo trabalho era uma das coisas que ele mais admirava nela.

– E não será pela falta do passaporte que a senhorita deixará de estar nessa reunião tão importante... – disse ele, com um ar derrotado, tirando o passaporte do bolso do jeans e exibindo-o a ela.

Yoruichi suspirou de alívio.

– Ah, graças aos céus! Eu te devo essa, Kuchiki-kun!

O prêmio de consolação foi aquele sorriso maravilhoso dela. Ele só não estava gostando do jeito que ela o chamava, como se ele fosse um adolescente. Tinha consciência que era mais novo que ela, mas a diferença mal chegava a cinco anos.

– Shihouin-san, fico admirado com a sua dedicação ao trabalho. Mas a senhorita entendeu o que eu disse antes? Entendeu a parte que passou por uma situação muito perigosa? E que poderia ter sido morta?

Ao ouvir aquilo, Yoruichi dilatou os olhos, ficando visivelmente abalada. Ela ficou o encarando por algum tempo, e por fim disse:

– Mas que coisa... Bom, se a situação é essa, Kuchiki-kun, me parece que estou mesmo em débito com você. Diz aí... O que posso fazer pra te recompensar?

Byakuya achou que estivesse ouvindo coisas. A situação não podia ter virado a favor dele daquele jeito. Podia?

– Que é isso, Shihouin-san... Não diga uma coisa dessas. O que importa é que a senhorita está bem e não se feriu.

Ele nem tinha terminado de falar e já se sentia amargamente arrependido. Como pôde desperdiçar uma brecha daquela?

– Exato! - rebateu Yoruichi. – Mas se estou bem é graças a você. Vamos, não fique com vergonha e nem se faça de modesto. Deve ter algo que você queira. Pode ser dinheiro, contatos, ingressos para jogos... É só me dizer que consigo pra você hoje mesmo!

O tom simpático demostrava que ela estava sendo sincera e não esnobe, além de um tanto ingênua, seria muita canalhice dele se aproveitar. Só que ficou difícil manter a compostura quando ela começou a insistir no assunto.

– E aí? O que vai ser? Pra qual time você torce? Tem um campeonato de futebol famoso rolando, não tem?

Byakuya nem deu a mínima pra pergunta, primeiro porque ele odiava futebol, e segundo porque uma ideia bem mais interessante do que um bando de homens correndo atrás de uma bola, começou a se desenhar na mente astuta dele.

– Shihouin-san, está me dizendo que eu posso te pedir qualquer coisa?

– Pode sim! – ela confirmou muito espontânea.

Yoruichi já tinha se levantado da cama, então ele se aproximou até ficar a poucos passos de distância dela, e disse:

– Então tem uma coisa que eu gostaria de te pedir, Shihouin-san.

– Vai em frente! - ela incentivou, ainda na mesma espontaneidade.

– Quero que você faça sexo comigo.

A expressão espontânea da linda empresária se converteu em uma careta de assombro.

– Que?!

Nem o próprio Byakuya achava que era capaz de ser tão despudorado. Em contextos normais, ele nunca tinha sido cara-de-pau daquele jeito, mas só conseguia pensar que já tinha transgredido tantas regras naquele dia, que não fazia sentido querer dar uma de cavalheiro agora.

– Garoto, por acaso isso é algum tipo de brincadeira?

– Não, Shihouin-san... É sério, muito sério. Eu encarecidamente te peço: Me deixa fazer sexo com você.

Continua...


Nota do Capítulo:

Gente, aposto que ficaram tão sem chão quanto a Yoru. Porque nessa o Byakuya se superou, né? Como ele me solta uma dessas sem nem ficar vermelho? Quem iria imaginar? Mas calma porque o segundo capítulo já está em fase de revisão e será postado daqui uns dias. Enquanto isso, que tal me contarem nos comentários qual vocês acham que vai ser a resposta da Yoru? Bom, então é isso aí. Comentários serão muito bem vindos.

Nota sobres fanfic:

Hello minna! E lá vamos nós para mais uma fanfic de Bleach! Esse pode não ser mais meu anime favorito, mas ByaYoru segue sendo um dos meus ships preferidos para escrever. Bom, de cara, acho que deu pra perceber que o Byakuya estará bem OOC nessa fic, né? Mas não façam um mau juízo dele ainda. Fica o aviso também que a pegada aqui é mais hot, então se não curte, é melhor ir dando linha na pipa... ^_^'

Minha expectativa é de que serão uns 12 capítulos. E teremos pegação, comédia e um tiquinho de drama, porque, né... Não resisto! A principal motivação para a escrita dessa fic foi a galera que têm acompanhado "Vítimas do Dever" e comentado que gostariam de momentos mais românticos do Byakuya com a Yoruichi. Foi daí que nasceu "Quero ser seu!", uma fanfic que tem a proposta de ser mais focada nesse ship tão pouco comum. Espero que apreciem!

Amanda Catarina

12-04-2021.